Em entrevista publicada ontem pela Folha de S. Paulo, o estilista Rogério Figueiredo diz que doou mais de 400 peças de sua coleção para a primeira-dama de São Paulo, Lu Alckmin. “Dei tudo de presente a ela”, revela Figueiredo, que tem um ateliê nos Jardins, à colunista Mônica Bergamo.
Cada vestido dele custa de R$ 3.000 a R$ 5.000. “Tudo de dona Lu é exclusivo. Ela não tem nada meu que outra pessoa também tenha”, afirma. O estilista conta que começou a se dedicar à transformação do guarda-roupa da primeira-dama em 2001, quando Geraldo Alckmin assumiu o governo de São Paulo. “Dona Lu era muito simplesinha. Vestia jeans e camiseta. Ela não tinha uma única calça de alfaiataria. Nem sabia o que era isso.”
De lá pra cá, as coisas mudaram. Segundo Mônica Bergamo, o guarda-roupa de Lu Alckmin tem também peças de grifes internacionais, como Valentino, Burberry, Chanel e Seven. Um Valentino vermelho clássico, modelo que ela usa, pode custar de R$ 1.500 a R$ 15 mil na Daslu.
Tudo importado
A primeira-dama queria adotar um estilo clássico, “tipo bonequinha de luxo”, e inspirado em Jacqueline Kennedy, a primeira-dama americana, conta Figueiredo. Uma das primeiras providências do estilista foi desenhar tailleurs e vestidos tipo tubo, básico, para ela usar no dia-a-dia. Quase todos foram confeccionados num tecido que não amassa, o crepe vogue. Francês. “Tudo de dona Lu sempre foi importado. Nada é nacional”, diz Figueiredo.
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O estilo Marisa
Em 2003, a primeira-dama do país, Marisa Letícia, teve dissabores por causa de seu guarda-roupa. Após a revelação pela imprensa de que usava 55 jóias emprestadas de joalherias de São Paulo, num total de R$ 166 mil, Marisa decidiu devolver todas para as lojas.
Mônica Bergamo lembra que a mulher do presidente Lula foi criticada pelo Ministério Público e inocentada pelo então presidente da Comissão de Ética, José Geraldo Piquet Carneiro, que entendeu que, por ser uma cidadã “livre” e “comum”, ela poderia receber os presentes que quisesse.
No ano passado, o estilista Ivan Aguilar, que já fez 27 tailleurs e 15 ternos para Marisa, deu à colunista da Folha três versões para os custos das roupas: primeiro afirmou que eram pagas pelo governo. Depois disse que Lula pagava tudo, com cheque. Enfim, admitiu que doava as roupas.
Na época, o prefeito do Rio, Cesar Maia (PFL), o mais novo cabo eleitoral de Alckmin na disputa pelo Planalto, disse que as doações para Marisa eram um escândalo e motivo até para o impeachment de Lula.