Em um discurso que durou 55 minutos, para uma platéia de quase 2 mil petistas, o presidente Lula não assumiu a sua candidatura à reeleição, mas lançou um desafio à oposição, elevando a temperatura da disputa eleitoral: "Que venham! Que venham, porque estaremos prontos para rechaçá-los". Durante o 13º Encontro Nacional do PT, encerrado ao som do jingle da campanha presidencial de 1989, "Lula lá", o presidente disse estar preparado para enfrentar a quinta disputa ao Planalto, mas impôs condições.
Cobrou unidade do PT em torno de um projeto nacional e disse que voltará para casa se não for atendido. "Não vou decidir se sou candidato enquanto não souber de uma coisa: se o que vocês estão falando é um projeto nacional ou não. Porque estou com a impressão que muita gente aqui está mais preocupada em eleger o seu companheiro deputado. Muito cuidado com os interesses regionais", disse.
O petista enalteceu o próprio governo, atacou a oposição e a imprensa e disse que está preparado "fisicamente, psicologicamente e politicamente" para a disputa. E que tudo o que quer na vida é fazer comparações, inclusive no campo ético. "É preciso levantar a cabeça para não ter vergonha do debate ético. Não podemos permitir que os setores mais conservadores venham nos dar lição de ética."
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Lula disse que não quer comparar seu governo ao do PSDB, mas a todos os governos do país e do mundo. E ainda fez uma analogia com uma disputa entre o Corinthians, campeão brasileiro, e o Íbis, time pernambucano que se declara "o pior do mundo". E mais, desafiou os presentes a encontrar em qualquer momento da história mundial um governo com tanta participação e respeito aos trabalhadores quanto o dele.
Em referência aos ex-ministros José Dirceu e Antonio Palocci, que deixaram o governo sob o calor de denúncias de irregularidades, Lula prometeu defendê-los: "Companheiro nosso, na dúvida, é nosso companheiro." Dirceu, que estava presente ao encontro, foi aplaudido pelos militantes.
O presidente também criticou as elites e vinculou a crise a uma espécie de disputa de classes, ao dizer que é vítima da má vontade dos ricos. "Tenho noção do que uma parte muito pequena da elite política brasileira faz com aqueles que ocupam postos que eles pensavam que eram só deles na história deste país."