Ronaldo Brasiliense* |
Unidos na Frente Parlamentar de Redivisão Territorial, 80 deputados federais e senadores pressionam o presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), a apressar a tramitação das propostas de criação de 12 novos estados no Brasil. Pelos projetos que tramitam no Congresso Nacional, seriam criados na região Norte os estados do Tapajós (PA), Carajás (PA) e Solimões (AM), além dos territórios federais do Marajó (PA), Alto Rio Negro (AM) e Oiapoque (AP). A região Nordeste ganharia os Estados do Maranhão do Sul, Rio São Francisco e Gurguéia. O Sudeste, por sua vez, teria três novas unidades: São Paulo do Leste, Minas do Norte e Triângulo. Além disso, seria recriado o estado da Guanabara. No Centro-Oeste, seriam três novas unidades da Federação: Araguaia, Mato Grosso do Norte e Planalto Central. Leia também Apenas a região Sul permaneceria com seus três estados atuais: Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Se as propostas forem colocadas em prática, o Brasil – que hoje tem 26 estados e o Distrito Federal – passará a ter 38 estados e três territórios. “Como desenvolver estados enormes como o Amazonas, o Pará ou mesmo o Mato Grosso, com a dimensão que temos hoje – o Amazonas com cerca de 1,6 milhão de quilômetros quadrados; o Pará, com 1,2 milhão de km2 e o Mato Grosso, com alguma coisa em torno de 900 e poucos mil km2?”, pergunta um dos maiores defensores da redivisão territorial do país, o senador Mozarildo Cavalcante (PTB-RR). O Pará, por exemplo, seria fatiado com a criação dos estados do Tapajós e Carajás e, ainda, pelo território federal do Marajó. Com isso, deixaria de ter os atuais 143 municípios para ficar com 62. A justificativa dos defensores da divisão é a ausência da estrutura de governo em estados de grande extensão territorial, como o Pará, Amazonas e Mato Grosso. Se a separação se consumar, as novas unidades já nascem com milhões de hectares de terras griladas. Retalhado com a criação do estado de Carajás, no sul e sudeste de seu território, levando 39 municípios, proposta do ex-deputado Giovanni Queiroz, o Pará perderia a província mineral de Carajás, a maior do planeta, e mais de 60% de seu rebanho bovino. Ceifado em 25 municípios no oeste, em toda a calha norte do rio Amazonas, com a implantação do estado do Tapajós, o Pará ficaria sem uma de seus principais atrações turísticas, as praias do rio Tapajós, com destaque para Alter-do-Chão, o Caribe amazônico. E sem o arquipélago do Marajó, outro pólo turístico, transformado em território federal, os paraenses perderiam outros 17 municípios e veriam seu território reduzido à região metropolitana de Belém e ao nordeste do Estado. No caso do separatismo no oeste paraense, o mais inusitado é que a proposta de criação do estado do Tapajós foi apresentada por um parlamentar que nem do Pará é: o senador Mozarildo Cavalcante, eleito por Roraima. Autor da proposta de criação do estado de Carajás, o ex-deputado Giovanni Queiroz diz que o fato que o motivou a lutar pela subdivisão territorial foi a vontade do próprio povo, que reclama constantemente o direito ao desenvolvimento, o qual só será possível com um governo presente. “Um estado com as dimensões do Pará não consegue pensar e planejar o desenvolvimento, seja no aspecto fundiário, rodoviário, da infra-estrutura ou da segurança”, defende Queiroz. Já a proposta de criação do território federal do Marajó foi feita pelo deputado federal Benedito Dias (PP-AP), um dos principais escudeiros do presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti. “Se olharmos o nosso mapa, o Amazonas e o Pará são dois estados gigantescos, verdadeiros latifúndios, que não permitem aos seus governantes realizar um trabalho de desenvolvimento, de maneira harmônica, de todos os seus municípios”, justifica Mozarildo Cavalcanti.
* Ronaldo Brasiliense já recebeu três prêmios Esso por reportagens publicadas ao longo de seus mais de 25 anos de carreira jornalística. Em Brasília, no Rio de Janeiro ou em Belém, trabalhou na Veja, na IstoÉ, no Jornal do Brasil e no Correio Braziliense, entre outras redações. Atualmente, dirige a agência de notícias Amazon Press e é repórter especial do jornal paraense O Liberal (www.oliberal.com.br). |
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