Mário Coelho
Sete novos vídeos, além da íntegra da conversa entre o então candidato ao governo do Distrito Federal José Roberto Arruda (DEM) e o coordenador da sua campanha, Durval Barbosa, aumentam as evidências de um amplo esquema de propinas e caixa 2 na capital do país. As imagens foram divulgadas na tarde desta sábado no site da revista Veja.
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Para tentar diminuir as condenações nos 32 processos que enfrenta, o ex-delegado e ex-secretário de Relações Institucionais do GDF Durval Barbosa entregou à Polícia Federal e ao Ministério Público vídeos de conversas que manteve nos últimos anos com políticos, empresários e lobistas, nas quais seus interlocutores – inclusive Arruda – recebem dinheiro vivo e articulam negociatas.
O ex-policial e braço direito de Durval, Marcelo Toledo, operador clandestino do governo Arruda, diz a ele que o vice-governador precisa de mais dinheiro. Em outro vídeo, o empresário Abdon Bucar, dono de uma produtora que presta serviços para o DEM e para o governo de Brasília, reclama do atraso no pagamento de “750 mil do PFL”. E conta que precisou destruir uma nota fiscal fria, usada para esquentar dinheiro sujo na campanha de Arruda ao governo local, em 2006.
Numa nova imagem divulgada pela revista, o chefe da Casa Civil do governo do DF, José Geraldo Maciel, consulta Durval a respeito de pagamento de propina a aliados – e informa que Arruda ordenou que a Brasif, empresa ligada ao DEM, faturasse uma licitação. “Esse pessoal (da Brasif) vai assumir os compromissos com você”, explica Maciel. Segundo a publicação, compromisso significa dinheiro.
Em um dos vídeos restantes, aparece a empresária Cristina Boner, empresária do ramo de informática, abraça Durval Barbosa depois que o ex-secretário informa que realizará um contrato emergencial, sem licitação, com a empresa dela, a TBA. Também foi flagrado pela câmera do ex-secretário o ex-chefe de gabinete e amigo do governador Arruda, o lobista Renato Malcotti. Ele admite a Durval que participa de um esquema de corrupção na Secretaria de Saúde do DF. Eles criticam os “exageros” do PPS, que comanda a Secretaria, no achaque aos empresários do ramo.
O deputado Benício Tavares, do PMDB, admite ter fraudado uma licitação, quando era presidente da Câmara Legislativa, em favor da agência SMP&B, do lobista Marcos Valério. Diz que agiu a pedido do ex-governador Joaquim Roriz. Ele aproveita a conversa e pede a Barbosa que facilite sua entrada num esquema de corrupção comandado pelo secretário de Transportes, Alberto Fraga.
Por último, a revista divulgou a íntegra do vídeo da conversa de Arruda com Durval em 2006, pouco tempo antes da eleição vencida pelo então deputado no primeiro turno. Na gravação, o candidato ao GDF pede emprego para o filho, quer ajuda para uma empresa-amiga, pede cuidado na arrecadação da campanha.
Ao final do encontro, Arruda fala ao celular com o então governador Joaquim Roriz, a quem promete “levar uns documentos” – segundo Durval, propina. Em seguida, Arruda confidencia ao delator que o pagamento em questão relaciona-se a um misterioso voto no Tribunal Superior Eleitoral.
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