As empresas de Marcos Valério de Souza pagaram R$ 1,4 milhão para um empresário mineiro que prestou serviços no final da campanha de reeleição do senador Eduardo Azeredo (PSDB) ao governo de Minas Gerais em 1998. A informação foi dada pela área técnica da CPI dos Correios.
O empresário José Vicente Fonseca confirmou ter sido contratado em 1998 "pelo PSDB" por meio do tesoureiro de Azeredo, Cláudio Mourão. O contrato previa "alocação de mão-de-obra" para a campanha. Os repasses ao empresário José Fonseca são a primeira evidência de um pagamento direto de Valério para a campanha de Azeredo. Fonseca também doou cerca de R$ 700 mil para a campanha tucana por meio da empresa Sertec. O curioso é que a Sertec é a mesma empresa que foi contratada por Mourão com recursos do valerioduto.
José Fonseca afirmou que não sabe o motivo pelo qual os depósitos em sua conta pessoal têm como origem as empresas DNA Propaganda e SMPB Comunicação no Banco Rural, e não a conta da campanha de reeleição do então governador.
“Eu só chego à conclusão de que esses depósitos deveriam ter sido feitos na conta da empresa. Se eles não foram feitos, e fizeram na minha conta de pessoa física, é porque ou eles não entendem de contabilidade ou porque pensavam em não contabilizar", declarou. De acordo com Fonseca, o montante foi registrado na contabilidade da Sertec.
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Os quatro depósitos para Fonseca ocorreram no final da campanha de 1998. O primeiro repasse da conta da SMP&B Comunicação ocorreu no dia 30 de setembro de 1998, no valor de R$ 653,5 mil. No dia seguinte, ocorreram dois depósitos, um de R$ 40 mil, da DNA, e outro de R$ 607 mil, da SMP&B. Em 7 de outubro, dois dias depois do final da campanha, entraram mais R$ 100 mil da SMP&B na conta pessoal de Fonseca.
Por intermédio de sua assessoria, Azeredo alega que desconhece o assunto e que Mourão era o responsável pelas finanças da campanha. “Se houve esses pagamentos à Sertec, é um detalhe que o senador desconhece. Os detalhes dessa contabilidade ele desconhece", disse a assessoria.
A Lei 9.504/97, já em vigor na época da disputa de 98, prevê, no artigo 21, que "o candidato é o único responsável pela veracidade das informações financeiras e contábeis de sua campanha". Segundo a declaração entregue ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE), a prestação de contas da campanha de Azeredo apontou uma arrecadação oficial de R$ 8,5 milhões.