Roseann Kennedy*
A presidente eleita Dilma Rousseff está de endereço novo. Agora, instalada na residência oficial da Granja do Torto. Uma forma de ter mais privacidade ou, pelo menos, dificultar um pouco o trabalho de “portaria” da imprensa.
É que, embora haja uma tenda montada para os jornalistas na porta da Granja, não há acesso dos jornalistas para nenhuma aproximação com a nova presidente. Se não for interesse da autoridade, os carros já passam pelo local num ritmo a não permitir que se chegue perto.
Uma situação, portanto, bem diferente do que acontecia no endereço anterior, no Lago Sul, zona nobre de Brasília. Ali havia toda uma vizinhança. Os jornalistas ficavam em contato direto com quem chegasse para as reuniões da equipe de transição e Dilma, ao abrir a porta, dava de cara com a rua e o batalhão de jornalistas.
A mudança segue o mesmo caminho feito pelo presidente Lula, que ficou na Granja do Torto na transição de 2002.
Endereço novo e negociações para composição da equipe de Governo retomadas. Os mais próximos a Dilma dizem que ela já estabeleceu alguns critérios.
A história da “porteira fechada” nos Ministérios, pregada internamente por alguns partidos, a exemplo do PMDB, a presidente eleita não aceita. Isso geraria um loteamento de cargos por legenda muito maior do que já ocorre hoje.
A idéia de super-ministro também está descartada, segundo interlocutores. O entendimento de Dilma é de que isso pode dar problema. O presidente Lula que o diga frente a todos os escândalos que envolveram a Casa Civil, frente à concentração de poder que alguns integrantes tiveram e a forma como usaram, a exemplo de José Dirceu e Erenice Guerra. Essa pasta, inclusive, deve ter funções diluídas.
Dilma Rousseff também já pediu à sua equipe que, ao apresentar nomes, façam uma triagem para garantir que os pretensos ministros e ocupantes de estatais e autarquias tenham ficha limpa.
Por fim, uma indagação: seria mera coincidência o fato de a retomada das negociações de composição da equipe de Governo ocorrer justamente com a presença do ministro dos Transportes?
A pasta está entre as mais disputadas na Esplanada, no momento. Atualmente é comandada pelo PR. Mas o PMDB quer muito ficar com o comando desse ministério que tem um dos maiores orçamento da União e concentra as obras do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
Difilmente o PT aceitará, sem reclamar mais espaço, que a legenda beneficiada seja o PMDB, se o comando dos Transportes trocar de partido.
* Comentarista política da CBN, Roseann Kennedy escreve esta coluna exclusivamente para o Congresso em Foco.
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