Folha de S. Paulo
STJ determina a suspensão integral da Castelo de Areia
O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Cesar Asfor Rocha, determinou a suspensão imediata de todos os processos e inquéritos derivados da Operação Castelo de Areia, que investiga supostos crimes financeiros da construtora Camargo Corrêa. Cesar Asfor Rocha, que dirige o segundo tribunal mais importante do país, acolheu em caráter provisório (liminar) os argumentos apresentados pelo advogado Celso Vilardi, que defende a empresa. Segundo Vilardi, a investigação começou ilegalmente com a quebra de sigilos telefônicos a partir de uma denúncia anônima. O advogado reuniu decisões anteriores do próprio tribunal que afastavam a possibilidade de denúncias anônimas serem usadas para quebras de sigilo. “Assim é que se requer, como anotam os impetrantes, que a quebra do sigilo telefônico só se dê por decisão exaustivamente fundamentada e individualizada”, escreveu o ministro.
Acesso a dados foi amplo demais, afirma tribunal
A concessão de senhas para agentes da Polícia Federal para que pesquisassem dados cadastrais de envolvidos na Operação Castelo de Areia foi considerada, numa primeira análise, demasiadamente ampla pelo presidente do Superior Tribunal de Justiça, ministro Cesar Asfor Rocha.
“Com essas senhas, o agente policial poderia acessar os dados cadastrais bem como os números das ligações feitas e recebidas de qualquer usuário e em todas as operadoras de telefonia, o que é um absurdo. Até as empresas de telefonia demonstram preocupação com isso”, afirmou o advogado da Camargo Corrêa, Celso Vilardi. Na decisão de ontem, o ministro disse não ter ficado “desatento” a essa crítica.
Anotações de executivo sugerem propinas
O relatório final da Polícia Federal sobre a Operação Castelo de Areia, que foi suspensa ontem pelo Superior Tribunal de Justiça, revela que as principais evidências de um suposto pagamento de propina por parte da Camargo Corrêa a políticos ou autoridades públicas partiram de arquivos pessoais e extremamente detalhados do diretor da empresa Pietro Francesco Giavina Bianchi. Em dezenas de anotações manuscritas, digitalizadas e arquivadas em dois pendrives atribuídos a Bianchi, há informações sobre o andamento de obras públicas com o nome de autoridades públicas e valores em dólares e em reais.
Entidades fazem manifesto em apoio a Vannuchi
A CUT, a UNE, o MST e a ONG Tortura Nunca Mais lançaram ontem em São Paulo um manifesto de “integral apoio” ao Programa Nacional de Direitos Humanos e ao ministro Paulo Vannuchi (Direitos Humanos).
Pressionado pelo ministro da Defesa, Nelson Jobim, e pelos comandantes militares, o presidente Lula editou decreto criando grupo de trabalho interministerial que vai elaborar projeto de lei da comissão da verdade sobre a ditadura militar (1964-1985) sem mencionar a expressão “repressão política”. O Programa Nacional de Direitos Humanos foi alvo de críticas também da igreja, da mídia e de ruralistas. O governo recuou em alguns aspectos. O recuo foi criticado pelas entidades que defendem os direitos humanos, que entregaram ontem um documento no escritório da Presidência em São Paulo. Assinam o manifesto mais de 70 entidades.
Índios são 15% dos miseráveis no mundo, aponta ONU
Relatório divulgado ontem pela ONU (Organização das Nações Unidas) revelou que os índios, apesar de representarem só 5% da população mundial, são 15% dos mais pobres do mundo. Nas áreas rurais, eles chegam a ser um terço dos 900 milhões de habitantes em situação de miséria extrema. O estudo considera indígenas os descendentes das populações originárias de regiões depois colonizadas por outros povos, como os índios brasileiros e os aborígenes australianos. Estima-se que, atualmente, eles cheguem a 370 milhões de pessoas e representem 5.000 culturas distintas. Juntos, ocupam cerca de 20% do território do planeta, distribuídos por 90 países.
Estado frágil dificulta socorro às vítimas da tragédia no Haiti
Centenas de corpos acumulados dividindo as calçadas e as ruas com milhares de haitianos caminhando aparentemente a esmo. Sobreviventes sob escombros à espera de um resgate que provavelmente nunca chegará, em meio à ausência quase completa de Estado. Dois dias depois do terremoto, Porto Príncipe ainda não começou a reagir à tragédia que arrasou a capital mais pobre da América Latina. Durante seis horas ontem, a reportagem da Folha percorreu de carro a capital do Haiti. Em quase toda a cidade, principalmente nas partes mais altas e com casas de alvenaria, o cenário é de casas e edifícios desmoronados, corpos abandonados, multidões nas ruas e trânsito caótico. Os serviços de resgate praticamente inexistem.
Arruda omite do STJ pagamento de R$ 24 mi
O governo de José Roberto Arruda (sem partido) omitiu do STJ (Superior Tribunal de Justiça) um pagamento de R$ 24, 2 milhões na área de informática, afirma a subprocuradora-geral da República, Raquel Dodge, em documento ao qual a Folha teve acesso. Na investigação do mensalão do DEM, o STJ mandou o governo Arruda informar todos os pagamentos de serviços de informática -área que pagaria propina ao governador e a seus aliados em troca de contratos. Entregue no dia 7 passado, o relatório foi analisado de forma preliminar pela procuradora.
Pastoral do Idoso é a mais afetada sem Zilda
A maior preocupação entre os que participam dos projetos legados por Zilda Arns não é com a Pastoral da Criança, e sim com a Pastoral da Pessoa Idosa, da qual a médica era a coordenadora nacional.
Fundada oficialmente em novembro de 2004, a pastoral atende 165 mil idosos em 700 municípios brasileiros -números ainda bem menores do que os da Pastoral da Criança, que tem o prestígio de 26 anos de atuação e atende 1,6 milhão de crianças em 20 países. “Estamos ainda atordoados”, diz a secretária-executiva da Pastoral da Pessoa Idosa, irmã Terezinha Tortelli, que balança a cabeça com preocupação quando questionada sobre o futuro da instituição sem Zilda.
TSE faz resolução para barrar doação oculta
O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) divulgará hoje uma resolução para reprimir a realização das doações eleitorais que não permitem a identificação dos candidatos beneficiados, as doações ocultas.
Também foram elaboradas resoluções com regras para permitir a realização de contribuições eleitorais por meio de cartões de crédito e pela internet. As minutas dessas disposições foram elaboradas pelo ministro do TSE Arnaldo Versiani. Os textos ainda dependem de aprovação do plenário do tribunal e serão submetidos a audiências públicas nos dias 2, 3 e 4 de fevereiro.
O Globo
Horror, fome e revolta
Os tremores que destruíram boa parte de Porto Príncipe, somados à falta de coordenação das Forças de Paz da ONU na garantia da segurança e na orientação do trânsito na capital, fizeram a cidade mergulhar no caos. Os soldados da Força de Paz estão por ora preocupados em garantir a segurança das propriedades públicas, ajudar nos trabalhos de resgate (impedidos pela absoluta falta de guindastes e tratores no Haiti) e proteger os comboios que, por terra e por ar, chegam à capital com remédios, alimentos e combustíveis. Mas há falta de praticamente tudo, de água a medicamentos. Corpos se amontoam nas ruas do Centro – cerca de 1.500 jogados ao relento jaziam ontem em frente ao necrotério do maior hospital – e começam a cheirar mal, sendo motivo de preocupação pelo potencial transmissor de doenças. Sete mil já foram enterrados numa fossa coletiva, segundo o presidente do país, René Préval.
Palanques oficiais para Dilma
Opresidente Luiz Inácio Lula da Silva está intensificando a mobilização de ministros e governadores aliados para definir um roteiro de obras federais que serão inauguradas ou visitadas no primeiro semestre deste ano para expor a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata do PT à Presidência da República. Lula acertou ontem com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, e com os governadores de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), e do Piauí, Wellington Dias (PT), visitas à Transnordestina nesses estados, em março. Na próxima quinta-feira, Lula comandará a primeira reunião ministerial do ano para montar o plano de campanha e cobrará empenho de todos na execução dos projetos prioritários de cada pasta.
Serra também terá pacote de inaugurações
Líder das pesquisas de intenção de voto para presidente da República, o governador de São Paulo, José Serra (PSDB), também prepara a entrega de pacotão de obras em seu último ano no governo. O pré-candidato tucano concentrará investimentos no setor de transportes: serão R$12,2 bilhões, em inaugurações previstas para o fim de março. Os eventos estão previstos para acontecer poucos dias antes da data limite para o tucano deixar o cargo (3 de abril), caso resolva mesmo se lançar à disputa. Procurado ontem, o governo paulista não quis comentar o assunto.
Acordo entre PV e PSDB no Rio ameaça apoio do PSOL a Marina
O acordo que está sendo costurado no Rio entre o PV e o PSDB para garantir um palanque estadual ao tucano José Serra ameaça outra aliança almejada pela pré-candidatura da senadora Marina Silva (PV) à Presidência. O PSOL, que daria à candidatura de Marina um viés mais à esquerda, ameaçou ontem não apoiá-la caso o PV se alie aos tucanos do Rio para lançar o nome do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) ao governo do estado. Com o acordo, Gabeira teria de subir em dois palanques na disputa presidencial: o de Marina e o do governador de São Paulo, José Serra (PSDB). Segundo o deputado federal Chico Alencar (PSOL-RJ), a aliança entre o partido e os tucanos é como “água e azeite”:
– Estamos num processo de convencimento. E um dos nossos pontos fundamentais abordados é a construção de uma candidatura (de Marina) que esteja fora da aliança PV e PSDB. Nossa relação com o PSDB é como água e azeite.
Senado começa a tentar reaver R$ 260 mil
Com até seis anos de atraso, o Senado começou a se mobilizar para tentar reaver R$262.835,13 pagos a mais a 131 servidores comissionados exonerados entre 2004 e 2008, conforme antecipou a “Folha de S.Paulo”. Embora em março do ano passado a Secretaria de Controle Interno da Casa tenha concluído relatório identificando casos, até agora só dois servidores devolveram o que haviam recebido a mais. O prejuízo é estimado em R$257.251,93. A Secretaria de Comunicação do Senado se recusou a divulgar nomes dos 131 servidores beneficiados por rescisões superfaturadas. A Advocacia Geral da Casa alega que eles poderiam processar a instituição caso algum nome fosse divulgado indevidamente. Entre esses funcionários, estariam indicações políticas de parlamentares, como Marina de Holanda Menezes Jucá, filha do líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), que trabalhou no gabinete do pai até 30 de novembro de 2004. Quando foi exonerada, ela recebeu R$2.302 a mais do que deveria.
Lula quer ‘filtrar’ novas polêmicas sobre plano
Após a crise com os militares, o governo já tem uma estratégia pronta para diminuir o desgaste político em torno de outras polêmicas envolvendo o Programa Nacional dos Direitos Humanos. O Palácio do Planalto pretende se valer do grupo de acompanhamento que vai analisar o programa para filtrar as propostas, fazer a mediação e, em alguns casos, até mesmo propor alterações. De acordo com um ministro, a determinação do presidente Lula é de adequar o programa com a posição do governo em relação a alguns temas. Em outros casos, a ordem é de adiar o debate por tempo indeterminado. Neste primeiro momento, o Planalto quer ganhar tempo e esfriar o debate, para tirar a crise do noticiário. O grupo ficará encarregado de transformar essas propostas em políticas públicas.
Deputados do DF convocarão Durval Barbosa
CPI que investiga mensalão do DEM vai ouvir ex-secretário de Arruda que filmou pagamento de propina
A CPI instalada pela Câmara Legislativa do DF para investigar o escândalo de corrupção no governo de José Roberto Arruda (sem partido) aprovou ontem a convocação do ex-secretário de Relações Institucionais do GDF Durval Barbosa, autor das denúncias. O requerimento foi aceito por unanimidade, mas não há data marcada para o depoimento. A briga entre governistas e a oposição, agora, será sobre a data em que Durval vai depor. Aliados de Arruda querem retardar o depoimento, mas o PT insiste que ele ocorra na próxima semana. Além da convocação de Durval, a CPI aprovou a de representantes de 23 empresas citadas no inquérito policial, inclusive a do vice-governador Paulo Octávio. O deputado distrital Paulo Tadeu (PT) defendeu que Durval seja ouvido já na próxima quinta-feira, e que a data seja fixada pelo Ministério da Justiça e pela PF, já que ele está no programa federal de proteção a testemunhas.
No Brasil, 285 mil índios são miseráveis
Dos 750 mil índios brasileiros, cerca de 285 mil (38%) vivem em situação de extrema pobreza. Os dados fazem parte do primeiro relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a situação dos povos indígenas, apresentado ontem, no Rio. Segundo o documento, dos 370 milhões de índios (cerca de 5% da população) existentes no mundo, 300 milhões estão na mesma situação. São índios um terço dos 900 milhões de miseráveis do planeta. No Brasil, foram usados dados do Censo de 2000. De acordo com a ONU, a expectativa de vida da população indígena chega a ser 20 anos inferior à média de alguns países, como Nepal e Austrália. Os motivos, aponta o estudo, são a pobreza e a falta de acesso à saúde e educação. Povos indígenas enfrentam sério risco de extinção.
O Estado de S. Paulo
Candidato não é chefe da oposição, diz Serra
O governador José Serra só oficializará a candidatura presidencial em março, mas já adianta que o foco da campanha do PSDB não será o atual governo. Demonstrando, pela primeira vez, menos preocupação com a condição de candidato natural à sucessão de Lula, ele conversou com o Estado na noite de quarta-feira, depois de participar, no Itamaraty, de evento em que foram anunciados investimentos federais nos Estados que sediarão jogos da Copa de 2014. “Candidato a presidente não é chefe da oposição”, afirmou, delegando ao PSDB a tarefa de criticar o governo Lula e se guardando para o que considera o confronto real, com a candidata Dilma Rousseff, mais adiante. A síntese é a de que o exercício da oposição é tarefa partidária. A sua é a de governar o Estado.
Garotinho cogita hipótese de apoiar tucano
O governador José Serra (PSDB) pode ganhar mais um palanque forte no Estado do Rio – terceiro maior colégio eleitoral do País. Após anúncio da volta do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) à disputa pelo governo, ontem foi a vez de Anthony Garotinho, ex-governador e pré-candidato ao Palácio Guanabara, acenar com apoio ao tucano. Garotinho está furioso com manifestações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a favor da reeleição do governador Sérgio Cabral (PMDB). Caso não haja posição neutra por parte de Lula e da candidata à sua sucessão, a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, ele pode reavaliar a sua estratégia de alianças.
Depois do Rio, PV mira São Paulo
Uma vez solucionado o impasse no Rio em torno da candidatura do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ), a senadora Marina Silva (PV-AC) sentou-se com seu time para discutir outro caso problemático, o de São Paulo. O PV tenta convencer o ex-deputado Fabio Feldmann a concorrer ao governo e tem o secretário municipal Eduardo Jorge como opção.
A negociação de Gabeira com o PSDB não tardou a atrair críticas do PSOL, que acena com apoio a Marina. Em carta, três membros da sigla, entre eles a deputada Luciana Genro (RS), disseram que o acordo tende a levar PV e PSOL a caminharem “para o encerramento das negociações”.
Lula chama Aécio, baixa tom e prevê campanha de ”alto nível”
Exatas 24 horas depois de anunciar para uma plateia de políticos, ministros e governadores que não adotará o estilo “Lulinha paz e amor” nas eleições presidenciais deste ano, como fizera em 2002, e de apresentar a nova versão “capoeirista”, afirmando que “vale chutar do peito para cima”, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva arrependeu-se.
Foi essa a síntese do recado que o próprio Lula fez chegar ontem à cúpula do PSDB, por intermédio do governador tucano de Minas Gerais, Aécio Neves.
Garcia ironiza declaração de Guerra e diz que PSDB é ”partido da direita”
As declarações do senador tucano Sérgio Guerra (PE) de que o PSDB está à esquerda do PT foram tratadas com ironia pelo coordenador do programa de governo petista na sucessão presidencial, o assessor de Assuntos Internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia. “Tive uma crise de identidade”, brincou Garcia ontem. “O PSDB não é um partido de direita, é um partido da direita”, definiu. Garcia disse que há pessoas de esquerda no PSDB e que admira “alguns artigos” do economista e ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira. Presidente nacional do PSDB, Guerra comparou a posição de seu partido em relação ao PT em entrevista à revista Veja desta semana. O senador revelou que, se a oposição chegar ao poder, haverá mudança na política econômica e que a ação será rápida e objetiva. Sem detalhar as iniciativas, falou em mudança na taxa de juros, na política cambial e nas metas de inflação. Também citou investimentos mais efetivos em infraestrutura, educação e saúde e a manutenção do Bolsa-Família. Na entrevista, Guerra afirmou que o PT “já foi” de esquerda e se transformou “num partido populista”.
CPI da Corrupção convoca autor de gravações no DF
A CPI da Corrupção instalada pela Câmara Legislativa do Distrito Federal aprovou ontem a convocação do ex-secretário de Relações Institucionais Durval Barbosa para prestar depoimento. Barbosa é o autor dos vídeos anexados ao inquérito da Operação Caixa de Pandora, da Polícia Federal, que desbaratou um esquema de corrupção, que ficou conhecido como “mensalão do DEM”, coordenado, segundo o Ministério Público, pelo governador do DF, José Roberto Arruda. O ex-secretário gravou encontros que mostram deputados distritais recebendo dinheiro do suposto esquema de distribuição de propina. A data da audiência ainda vai ser agendada.
Desde que deflagrado o escândalo no DF, Barbosa está sob proteção do Programa de Proteção à Testemunha do Ministério da Justiça. Os deputados informaram que conversarão com o ministério e com o Superior Tribunal de Justiça, para definir em quais condições será colhido o depoimento do ex-secretário.
Lula desiste de novas mudanças em decreto
Mesmo pressionado, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva pretende resistir e não fazer mais mudanças no decreto do Programa Nacional dos Direitos Humanos, informou sua assessoria. Ele decidiu que, apesar da reação da Igreja, por causa do aborto e casamento homossexual; dos meios de comunicação, que entendem ser o texto favorável à censura e ao controle do conteúdo; e do setor agrícola, que repudia o item relativo à desocupação de terras invadidas, por enquanto o decreto fica como está.
Segundo um assessor, o presidente considera que o maior problema já foi sanado – a divergência entre grupos de defensores dos direitos humanos e o Ministério da Defesa e as Forças Armadas, por causa da possibilidade de revisão da Lei da Anistia. Como Lula recuou, mudou o texto e determinou criação de grupo de trabalho com a participação da Casa Civil, Ministério da Defesa, Ministério da Justiça e Secretaria dos Direitos Humanos para formular o anteprojeto de lei da Comissão da Verdade, a questão está resolvida, no entendimento de Lula.
TJs ameaçam resistir a norma de transparência
Tribunais de Justiça poderão oferecer resistência à norma do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que impõe publicidade total, inclusive pela internet, de dados relativos à administração e execução orçamentária e financeira dos TJs de todo o País. O alerta é do juiz Mozart Valadares, presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), mais influente entidade da toga. A Resolução 102, proposta pelo conselheiro Marcelo Neves e em vigor há dez dias, cria no Judiciário um Siafi (Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo) e abre a qualquer contribuinte informações sobre desembolso com servidores e juízes, despesas com vencimentos e gratificações, gastos com manutenção, construção ou reforma de prédios e aquisição de veículos.
Liminar do STJ suspende investigação contra empreiteira
O ministro Cesar Asfor Rocha, presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decretou ontem a suspensão de toda a Operação Castelo de Areia – investigação sobre suposto esquema de corrupção, evasão de divisas e lavagem de dinheiro envolvendo executivos da Construtora Camargo Corrêa. O sobrestamento acolhe habeas corpus de 98 páginas da defesa da empreiteira e tem caráter liminar. Vale até julgamento de mérito pela 6ª Turma do STJ. Ficam paralisadas duas ações penais, inquéritos que a Polícia Federal iria instaurar e 29 outros procedimentos relativos a políticos e administradores públicos citados em dossiê de propinas.
Correio Braziliense
Luxo sobre quatro rodas
O Congresso virou o ano disposto a colocar a mão no bolso do contribuinte. Depois de o Senado garantir passagens extras e anunciar licitação para construir uma praça de alimentação, a Câmara resolveu renovar parte da frota de veículos. O preço das aquisições foi estimado em pouco menos de R$ 1 milhão. O detalhe é que os deputados devem estar com dinheiro sobrando, afinal, estão esbanjando. A lista de compras contém dois automóveis luxuosos para uso do corpo administrativo. Os carros — que têm valor proposto em R$ 124,4 mil cada — terão o mesmo patamar de potência e conforto dos utilizados pelos presidentes da República, da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal. Para se ter uma ideia, o presidente da Casa, Michel Temer (PMDB-SP), dispõe de um automóvel importado, ano 2007, modelo 2008. O carro zero km, hoje, está avaliado em R$ 122 mil.
Fim de crise não acaba com todas as polêmicas
O Palácio do Planalto considera encerrada a crise gerada pelo terceiro Plano Nacional de Direitos Humanos (PNDH), publicado em dezembro. Após encontro com os ministros Nelson Jobim, da Defesa, e Paulo Vannuchi, da Secretaria de Direitos Humanos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva editou, na quarta-feira, um novo decreto, que exclui a expressão “contexto da repressão política”, que tanto irritou os militares. Mas para diversos setores da sociedade, o plano ainda continua polêmico.
O presidente se limitou a alterar a descrição do trabalho a ser realizado pela Comissão Nacional da Verdade, cuja tarefa passa a ser “examinar as violações de direitos humanos” praticadas no período da ditadura militar (1964-1985). O novo decreto foi publicado ontem no Diário Oficial da União. O extenso conteúdo do PNDH, no entanto, voltou a ser alvo de críticas.
Independência comprometida
A possibilidade de o PV dar o aval para a candidatura do deputado Fernando Gabeira ao governo do Rio de Janeiro com o apoio de partidos como o DEM e o PSDB despertou reações no PSol. A legenda presidida pela ex-senadora Heloísa Helena (AL) estava dando como certa a aliança com o PV e o apoio à candidatura verde de Marina Silva à Presidência da República. “Mas essa sinalização de uma aliança no Rio com a oposição de direita muda tudo. Entendemos que, se o Gabeira sair candidato com o apoio desses partidos, a Marina estará se posicionando alinhada com o José Serra. Não é isso que estamos buscando”, comenta o líder da legenda na Câmara, Ivan Valente (SP).
PT quer resposta de Ciro
Cansado de ver aliados dentro do governo do tucano José Serra em São Paulo, o PT vai pressionar o deputado Ciro Gomes (PSB-CE) a antecipar a sua decisão sobre a candidatura a governador do estado. A avaliação feita na primeira reunião de coordenação da campanha da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, à Presidência da República é a de que não dá para esperar março, quando Ciro pretende anunciar seu plano eleitoral. Até lá, calculam os petistas, a maioria dos aliados no plano nacional já estará decidida pelo PSDB na disputa estadual, reduzindo as chances de ampliação dos votos em favor da ministra e do candidato paulista de Lula, seja ele Ciro ou um nome petista.
Dilma: pé na estrada
A cúpula nacional do PT não vai abrir mão de colocar a ministra Dilma Rousseff ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagens oficiais por todo o país, e a estratégia vai ser reforçada este ano. Depois das férias de fim de ano, Lula e Dilma põem o pé na estrada e retomam as viagens para lançar e inaugurar obras. Os dois embarcaram ontem para São Luís, no Maranhão, onde hoje lançam a pedra fundamental de uma refinaria da Petrobras, em Bacabeira, a 60km da capital maranhense. Ontem à noite, a dupla participou de um jantar oferecido pela governadora Roseana Sarney e seu pai, o senador José Sarney (PMDB-AP). Na semana que vem, Lula e a ministra vão a Minas Gerais.
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