O Globo
Serra culpa a histerese pelo aumento da violência em SP
O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), disse ontem que o aumento da violência no estado entre 2008 e 2009 está relacionado à crise econômica e à alta do desemprego. E afirmou que, após a recuperação da economia, no segundo semestre, os dados começaram a melhorar.
— A média de crimes no ano cresceu porque houve um calombo no primeiro semestre de 2009 em função do desemprego e da crise — disse Serra, após evento num hospital da Zona Sul da capital paulista.
Serra afirmou que, no último trimestre de 2009, houve queda de 4,7% no número de homicídios em comparação com o mesmo período de 2008. Ele reclamou que esses dados foram ignorados pela imprensa, que, disse, deu atenção apenas ao aumento da média anual. Segundo o levantamento, em 2009 os índices de roubo foram os mais altos da década. Foram 257.004 roubos no ano passado, contra 217.867 em 2008, um aumento de 18%. — Não é um termo jornalístico, mas isso se deve à histerese (um conceito da física). É um fenômeno segundo o qual algo leva mais tempo para melhorar do que levou para piorar. Se você recupera a economia, o índice de crimes melhora, mas numa velocidade menor do que a de quando piorou. Existe defasagem — disse Serra, ao falar do aumento da criminalidade em São Paulo, sobretudo em cidades do interior.
Governo só vai privatizar aeroportos após eleições
O governo não vai repassar nenhum aeroporto à iniciativa privada este ano para não dar munição à oposição em ano eleitoral, apesar de já ter concluído uma proposta de modelo de privatização. Essa é a avaliação de pessoas próximas ao ministro da Defesa, Nelson Jobim, que trata pessoalmente do tema com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Durante balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), o ministro afirmou que “as concessões estão fora de cogitação”. Segundo interlocutores, Jobim tem insistido na proposta nas conversas com o presidente. Porém, falta a ele o respaldo da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, pré-candidata à Presidência da República. A ministra já bateu o martelo de que nenhum aeroporto existente será concedido este ano. Para Dilma, o principal para 2010 é concluir a abertura de capital da Infraero, administradora de 67 terminais do país e que poderá vender 49% de suas ações.
Com Cabral desde Garotinho
No mesmo dia em que participou, com o presidente Lula, de inaugurações ao lado do governador Sérgio Cabral (PMDB), no Rio, a ministra da Casa Civil e pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, teve um encontro reservado com o exgovernador Anthony Garotinho (PR), num apartamento em Copacabana. A reunião, no último dia 25, foi um pedido de Garotinho, que já foi um crítico feroz de Lula mas que negocia o apoio de seu governo. Ambos são pré-candidatos ao Palácio Guanabara e querem ter a petista no palanque nas eleições de outubro, já que seus partidos fazem parte da base do governo Lula. Cabral teria ficado irritado com o encontro, o que seus assessores negam.
Em reação a Ciro, governo pressiona PSB nos estados
Diante do bombardeio do deputado e ex-ministro Ciro Gomes (PSB) para manter sua candidatura presidencial, o Planalto decidiu mudar de estratégia: agora vai jogar pesado com o PSB e tentar sufocar o partido, principalmente dificultando as alianças regionais. O governo fará forte pressão em Pernambuco, onde o governador Eduardo Campos, presidente do PSB, vai tentar a reeleição com o apoio do PT. Também deve jogar pesado em estados como Rio Grande do Norte, Ceará e Sergipe, ameaçando dificultar acordos regionais já adiantados. A estratégia, com isso, é repassar para o PSB o ônus político da retirada da candidatura de Ciro.
Oposição insiste em dupla Serra-Aécio
Apesar das negativas públicas, discretos movimentos do governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), nos bastidores, alimentam a esperança entre tucanos e integrantes do DEM de que ele poderá ser o vice na chapa presidencial do governador José Serra (SP). Aécio procurou aliados de sua confiança para sondá-los sobre o assunto, o que foi visto como um sinal de que começa a reconsiderar a possibilidade de compor a chapa puro-sangue para a disputa com a petista Dilma Rousseff.
Marina faz contraponto com Lula na TV
A pré-candidata do PV à Presidência, senadora Marina Silva (AC), sem maquiagem ou produção mais apurada de figurino, ocupou praticamente sozinha ontem os dez minutos do programa do PV na televisão. O contraponto mostrado com a biografia do presidente Luiz Inácio Lula da Silva é que também venceu os obstáculos das doenças e pobreza no interior do Acre, mas optou por estudar muito e, hoje, é um nome respeitado por importantes lideranças mundiais, não só as do meio ambiente. O tema do programa foi a educação, apontado como o maior problema brasileiro.
— Tudo o que aconteceu comigo foi porque tive oportunidade de estudar, ainda que tardiamente — disse Marina.
PF prende acusado de subornar testemunha do mensalão do DEM
A Polícia Federal prendeu ontem em flagrante Antônio Bento, funcionário do metrô de Brasília acusado de tentar subornar com R$3 milhões o jornalista Edmilson Edson Santos, o Sombra, amigo de Durval Barbosa, uma das principais testemunhas do mensalão do DEM, supostamente chefiado pelo governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda (sem partido, ex-DEM). Bento foi preso momentos depois de entregar uma sacola com R$200 mil a Edson numa lanchonete, em Brasília. Os dois são diretores do jornal “O Distrital”, em Brasília.
Comissão de Anistia indeniza família de Covas
O ex-governador de São Paulo Mario Covas, morto em 2001 em decorrência de um câncer no intestino, foi considerado ontem pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça vítima da ditadura militar, e sua família receberá uma indenização de R$ 100 mil. A decisão foi anunciada em São Paulo pelo ministro da Justiça, Tarso Genro, durante reunião da Caravana da Anistia, na sede da Força Sindical, onde foram julgados 88 processos de pessoas perseguidas politicamente durante o regime militar, de 1964 a 1985. A família de Covas queria uma indenização de R$ 2,3 milhões, referentes ao salários que ele deixou de receber durante dez anos como deputado federal. Covas teve o mandato cassado em 1969, mas a Caravana da Anistia não reconheceu esse pleito e fixou a indenização em R$ 100 mil.
Senado quer ouvir de novo general sobre gays
As declarações do general Raymundo Nonato de Cerqueira Filho sobre a suposta incapacidade dos gays de assumirem postos de comando na carreira militar provocaram polêmica e ameaçam retardar a indicação dele para uma vaga de ministro do Superior Tribunal Militar (STM). A indicação ainda tem que ser aprovada pelo plenário do Senado, mas, diante da repercussão, senadores que já haviam aprovado seu nome na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) agora querem voltar a ouvi-lo. O STM é a corte que julga processos contra militares, inclusive os que envolvem homossexuais militares. O primeiro a pedir a volta do general à CCJ foi o senador Eduardo Suplicy (PT-SP). Para tentar impedir nova sabatina, assessores do Ministério da Defesa passaram o dia em reuniões com senadores e tentando convencer Suplicy a desistir. Queriam que ele recebesse Cerqueira a sós. Sem sucesso.
Caças: novo embaixador dos EUA defende Boeing
O novo embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon, afirmou ontem que uma eventual derrota da empresa americana Boeing para a francesa Dassault na venda de caças à Força Aérea Brasileira (FAB) não irá prejudicar a relação do Brasil com os EUA. O diplomata acredita que a Boeing, fabricante do F-18, ainda está no páreo para a venda de 36 caças ao governo brasileiro. Ele defendeu o avião F-18 Super Hornet: — O produto Boeing é bom e merece a atenção do governo brasileiro. Esta é uma concorrência comercial, que não vai afetar nossa relação. É parte da nossa diplomacia comercial.
Folha de S. Paulo
Suecos e americanos também oferecem desconto nos caças
Surpresos pela negociação direta do governo brasileiro com a fabricante francesa Dassault, os concorrentes na disputa pelo fornecimento dos novos caças da FAB reclamam o direito de oferecer novos preços para seus aviões. Conforme a Folha revelou ontem, a Dassault baixou em US$ 2 bilhões a oferta pelo pacote de seu caça, o Rafale. O avião, favorito do governo Lula, foi então escolhido em uma reunião entre o presidente e o ministro Nelson Jobim (Defesa) na terça passada. Ainda não há previsão do anúncio formal.
Jobim diz que compra de novos caças da FAB ainda não foi definida
O ministro da Defesa, Nelson Jobim, negou ontem que o governo já tenha escolhido o caça francês Rafale. O ministro foi questionado sobre o assunto ontem pela manhã durante o anúncio do 3º balanço do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento). “Não está definida a compra dos caças, o procedimento está em andamento no Ministério da Defesa. A notícia não tem fundamento”, afirmou o ministro, sem dar mais detalhes e referindo-se a reportagem publicada ontem pela Folha.
Petrobras cancela licitação de agências
Em meio a uma disputa interna, a Petrobras decidiu ontem cancelar a licitação para a escolha das três agências de publicidade que vão partilhar a conta da companhia -de R$ 250 milhões ao ano, uma das mais cobiçadas do país. Apesar do vazamento do nome das três agências mais bem classificadas na fase mais importante da licitação -que praticamente definiu a concorrência-, a Petrobras relutava em cancelar a licitação.
Petistas defendem escolha de Dilma para disputar Planalto
A cúpula do PT criticou ontem a declaração do ministro Tarso Genro (Justiça), que, em entrevista à Folha na véspera, disse que o presidente Lula definiu sozinho a candidatura da ministra Dilma Rousseff à Presidência porque havia um “vazio” no partido, que estava “fragilizado” com o mensalão. Para o líder do governo na Câmara, Cândido Vaccarezza (PT-SP), a ministra é unanimidade dentro do PT. “Ela tem intimidade com nossa história, intimidade com o nosso projeto. O nosso partido é rico em quadros e ela foi a melhor dos melhores. Sua escolha não tem relação nenhuma com o mensalão.” O deputado José Genoino (PT-SP) disse que a declaração de Tarso Genro foi extemporânea, e deveria ter sido feita quando Dilma foi escolhida. “Ela tem o nosso respaldo e também do presidente Lula”, afirmou.
Promotoria acusa ex-prefeito de BH de superfaturar obras
Um dos coordenadores da pré-campanha presidencial da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), o ex-prefeito de Belo Horizonte Fernando Pimentel (PT) é acusado pelo Ministério Público de Minas Gerais de ter se beneficiado eleitoralmente de um suposto esquema de superfaturamento de obras de construção de casas populares durante seu primeiro mandato, entre 2003 e 2004. Em ação ingressada em dezembro contra Pimentel e outros nove acusados, o Ministério Público afirma que houve superfaturamento de R$ 9,1 milhões na execução de convênio firmado em 1999 entre a Prefeitura de Belo Horizonte e a ASA (Ação Social Arquidiocesana), uma ONG vinculada à Arquidiocese da capital. O caso foi revelado ontem pelo jornal “O Estado de S. Paulo”.
Para Procuradoria, carta de vice é “propaganda eleitoral completa”
O envio de cartas a eleitores e crianças de Mato Grosso pelo vice-governador Silval Barbosa (PMDB), pré-candidato ao governo do Estado, concentra todos os elementos de “uma propaganda eleitoral completa”.
A afirmação é do Ministério Público Federal, em trecho de representação encaminhada ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de Mato Grosso por propaganda eleitoral extemporânea. As cartas, personalizadas com o auxílio de dados específicos dos destinatários (nome, idade, opção religiosa), são distribuídas desde o final do ano passado.
Nas cartas endereçadas a adultos, a conotação eleitoral é explícita: “Refleti muito quando o partido me convidou para ser seu pré-candidato a governador […]. Aceitei a missão”.
Filha de secretário de GO cobra propina de entidade beneficente
Dois vídeos entregues ao Ministério Público de Goiás mostram a filha do secretário estadual da Fazenda, Jorcelino Braga (PP), recebendo maços de dinheiro da presidente de uma entidade que atende pessoas carentes e com câncer. Autora da gravação, a presidente da Renafé (Associação Renascer da Fé), Ivone Francisco dos Santos, acusa Aniela Braga de cobrar propina de 10% sobre repasses à entidade efetuados pelo governo de Goiás. O pai de Aniela é um dos pré-candidatos à sucessão do governador Alcides Rodrigues (PP). Ele diz desconhecer as supostas atividades da filha. Só no segundo vídeo o montante entregue é revelado: Ivone dá cinco maços e afirma que ali estão R$ 4.800. Aniela coloca o dinheiro nos bolsos. O Ministério Público abriu inquérito para investigar crime contra a administração pública, improbidade administrativa e extorsão.
Jorcelino diz desconhecer irregularidade
O secretário de Fazenda de Goiás, Jorcelino Braga (PP), disse que desconhece as supostas práticas da filha e que pediu providências do Ministério Público assim que soube das acusações. Aniela Braga não foi encontrada ontem. Braga tentou distanciar sua imagem da filha. “Ela é fruto de um relacionamento que tive na faculdade, não tenho muito contato com ela”, afirmou. Ele negou conhecimento ou participação em cobrança de propina ou ingerência em convênios celebrados com secretarias.
Em programa do PV, Marina evita fazer crítica a Lula e FHC
A estratégia da pré-candidata à Presidência, senadora Marina Silva (PV-AC), de evitar o confronto com petistas e tucanos foi colocada em prática na propaganda partidária da sigla que foi ao ar ontem em cadeia nacional.
Com 8% das intenções de voto na pesquisa Datafolha de dezembro -em cenário com José Serra (PSDB), Dilma Rousseff (PT) e Ciro Gomes (PSB-CE) -, Marina aparece por vezes risonha num programa leve, cujo eixo não foi a questão ambiental, bandeira com a qual se identifica, e sim a educação. “O presidente Fernando Henrique e o presidente Lula deram uma grande contribuição colocando todas as crianças na escola, mas ainda é preciso dar um passo adiante: a educação com qualidade”, disse Marina.
Conselheiro do DF é preso ao pagar suborno
A Polícia Federal prendeu ontem o servidor público aposentado e conselheiro do Metrô do DF Antonio Bento Silva, flagrado quando tentava, segundo a PF, subornar uma testemunha do mensalão do DEM. Antonio Bento foi preso no momento que entregava, numa sacola, R$ 200 mil ao jornalista Edson Sombra. A polícia filmou a prisão, que ocorreu às 9h numa lanchonete de Brasília. Segundo a PF, Sombra disse que o dinheiro foi ofertado para que ele mentisse para a polícia e favorecesse o governador José Roberto Arruda (sem partido). Sombra também entregou à PF bilhete que diz ter sido escrito pelo próprio Arruda com frases soltas. A polícia confirma que recebeu o bilhete, mas não comenta a autoria. O bilhete faz, segundo Sombra disse à PF, parte da negociação da propina. “Deixei o bilhete com a polícia. É do José Roberto”, disse o jornalista. A assessoria de Arruda nega que exista o bilhete.
Arruda nega envolvimento com episódio
A assessoria do governador José Roberto Arruda (sem partido) negou envolvimento dele com a tentativa de suborno, flagrada ontem pela Polícia Federal. Em nota, afirmou que a prisão do funcionário público aposentado é “mais uma tentativa de armação do grupo de Durval Barbosa para comprometer o governo do Distrito Federal e turvar as investigações”.
O governo disse ainda que repudia as insinuações de que o suborno foi ofertado para favorecer Arruda. Segundo a PF, o jornalista Edson Sombra disse, logo após o flagrante, que o dinheiro foi repassado para ele prestar declarações falsas aos responsáveis pela investigação do mensalão do DEM.
OAB critica general que rejeita gays no Exército
A declaração de um general do Exército, que defendeu que gays só devem ser aceitos nas Forças Armadas caso mantenham segredo sobre sua orientação sexual, provocou ontem protestos. As reações partiram tanto de entidades quanto de parlamentares. A OAB afirmou que as declarações foram “discriminatórias”, e ONGs ligadas ao movimento gay classificaram o episódio de “absurdo”. Segundo o presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ophir Cavalcante, “é lamentável que este tipo de discriminação ainda continue existindo nos dias de hoje nas Forças Armadas brasileiras”.
Audiência entre vítima de sequestro e ex-agente do Dops vira acerto de contas
A ação de reparação de danos morais movida pelo ex-agente do Dops João Augusto da Rosa contra Luiz Cláudio Cunha, autor do livro “Operação Condor: o Sequestro dos Uruguaios”, acabou se transformando, em audiência realizada ontem, em Porto Alegre, num acerto de contas entre perseguidores e perseguidos nas ditaduras dos anos 70 e 80.
A obra de Cunha, que é jornalista, relata o sequestro dos ativistas uruguaios Universindo Díaz e Lilian Celiberti e de seus dois filhos menores, em 1978, em Porto Alegre (RS), por agentes do Dops, entre os quais Rosa. Rosa foi chamado de “sequestrador” e “mentiroso” durante a sessão. O ex-agente queixou-se da “dor” de seus “filhos e netos” após o ressurgimento da acusação.
O Estado de S. Paulo
Plataforma do PT para Dilma amplia papel do Estado
Ancorado pelo mote de um novo “projeto nacional de desenvolvimento”, o programa de governo do PT vai situar a candidatura presidencial da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, à esquerda da gestão Lula. Documento com as diretrizes que nortearão a plataforma política de Dilma, intitulado A grande transformação, prega maior presença do Estado na economia, com fortalecimento das empresas estatais e das políticas de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal para o setor produtivo. O texto a ser apresentado no 4º Congresso Nacional do PT, de 18 a 20 de fevereiro – quando Dilma será aclamada candidata ao Palácio do Planalto num megaencontro em Brasília – diz que a herança transmitida à “próxima presidente” será “bendita”, após duas décadas de estagnação e avaliações “medíocres”. Em 2003, quando assumiu o primeiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou ter recebido uma “herança maldita” do então presidente Fernando Henrique Cardoso.
Partido quer governo movido a conferências
Alvo de críticas da oposição, as conferências nacionais promovidas pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para tratar dos temas mais diversos – de segurança alimentar a direitos humanos – ganharão peso num eventual governo Dilma Rousseff. No documento que esboça as diretrizes para o programa da ministra-chefe da Casa Civil, um dos tópicos diz que as conferências “serão convocadas para subsidiar as políticas públicas do governo e suas iniciativas no Legislativo”.
Aécio espera pesquisas de abril para definir se aceita ser vice de Serra
Cotado para ser vice na chapa do PSDB que disputará a Presidência, o governador mineiro, Aécio Neves, tomará uma decisão entre a abril e maio deste ano e, até essa data, pretende ponderar o desempenho de José Serra nas pesquisas de intenção de voto, dizem aliados. Se avaliar que o paulista sustenta a dianteira, é provável que abrace a causa. Do contrário, se dedicará à eleição em Minas. Aécio diz que não está nos seus planos compor a vice. A cautela, no entanto, baseia-se no temor de que o favoritismo de Serra seja recall das eleições passadas e a tendência do governador seria perder espaço para os demais candidatos.
Aliados de Gabeira vão discutir chapa
Líderes dos quatro partidos que apoiarão a candidatura do deputado Fernando Gabeira (PV-RJ) ao governo do Rio se encontrarão, na semana que vem, para tentar estabelecer o desenho da chapa majoritária da aliança e debater a divisão dos palanques no Estado. Já está definido que Gabeira fará campanha apenas para a pré-candidata do partido à Presidência, senadora Marina Silva (AC). O PSDB, que indicará o candidato a vice em sua chapa, o DEM, que terá Cesar Maia como candidato ao Senado, e o PPS vão marchar na campanha presidencial do governador de São Paulo, José Serra.
Só 40% das obras do PAC foram concluídas
A ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, saiu ontem em defesa do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), sua principal plataforma política na corrida presidencial. Mesmo com apenas 40% das obras concluídas em três anos de execução, a futura candidata ao Planalto disse que o programa mudou as condições de se investir no País e será um “legado” que o governo Luiz Inácio Lula da Silva deixará para o sucessor. Para concluir todas as obras previstas na meta, o governo terá de fazer em 12 meses o que não fez em três anos. “Quando passar os julgamentos políticos do PAC e parar com essa mania de falar que ele não existe, que ele vai acabar, quando parar com isso e olhar para trás, vai se ver, seriamente, que este programa mudou as condições de se investir no Brasil”, afirmou Dilma durante a apresentação do nono balanço quadrimestral do programa, o último feito pela ministra antes de deixar o governo, em abril.
Uruguaia sequestrada reconhece ex-agente
Uma audiência ontem no Foro Central de Porto Alegre colocou frente a frente a militante de esquerda uruguaia Lilian Celiberti e João Augusto Rosa, um ex-policial civil que ela identifica como integrante da equipe do Departamento de Ordem Política e Social (Dops) gaúcho que a sequestrou, em novembro de 1978, e entregou para o Exército do Uruguai. Esse foi um dos episódios mais conhecidos acerca da Operação Condor – aliança político-militar entre as ditaduras latino-americanas que teria coordenado a repressão aos opositores dos regimes. Cercado pela imprensa, o ex-agente negou que a tivesse encontrado alguma vez na vida: “Só a conhecia por fotos.”
Senado quer ouvir Jobim e Vannuchi sobre polêmica
Os ministros da Defesa, Nelson Jobim, e da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, serão convidados pela Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado para falar sobre o Programa Nacional de Direitos Humanos. Como convidados, os ministros têm a prerrogativa de não comparecer à audiência. Divulgado em dezembro, o plano foi duramente criticado por diversos setores da sociedade ? como militares, Igreja e ruralistas, entre outros.
Além de Jobim, outro ministro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Reinhold Stephanes, da Agricultura, criticou publicamente o projeto. Com isso, se abriu uma crise institucional dentro do governo.
França reduz preço de caças e Brasil vai anunciar compra
A redução do preço do avião Rafale, fabricado pela Dassault, era o sinal que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Defesa, Nelson Jobim, precisavam para iniciar a preparação do anúncio da decisão final pela escolha do caça francês, que já havia sido tomada em setembro do ano passado, durante visita do presidente Nicolas Sarkozy ao Brasil.
O preço de US$ 8,2 bilhões para o pacote da Dassault de venda de 36 Rafale para a FAB, com peças de reposição, armas e logística era considerado muito alto e o governo brasileiro exigia a diminuição do valor para poder garantir e confirmar que a França é o parceiro militar estratégico do Brasil, o que acabou acontecendo, como noticiou ontem o jornal Folha de S. Paulo. De acordo com a reportagem, o preço caiu para US$ 6,2 bilhões.
Senado convida Jobim para explicar operação
A Comissão de Relações Exteriores do Senado aprovou ontem dois requerimentos convidando o ministro da Defesa, Nelson Jobim, para explicar a compra de aviões militares pelo governo brasileiro.
No seu requerimento, o presidente da comissão, senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), afirma que não existem informações precisas sobre a escolha dos fabricantes, como aspectos técnicos e os preços das aeronaves. Segundo ele, a imprensa ora divulga a preferência da Força Aérea Brasileira (FAB) pelo modelo Gripen NG, da empresa sueca SAAB, ora informa a opção do governo pelos aviões de caça Rafale, da empresa francesa Dassault.
Correio Braziliense
Declaração de general sobre gays provoca polêmica
Os quatro anos e meio que passou na Base Aérea de Florianópolis, em Santa Catarina, contribuíram para que o produtor de moda Renato Agostinho, de 30 anos, desistisse da carreira militar. “Ainda é um tabu. Sofri perseguição, discriminação… Em contrapartida, dentro da própria organização, o que mais tem são homossexuais, inclusive na alta patente”, conta o jovem, que manteve em segredo sua opção sexual durante o tempo em que serviu na Aeronáutica.
O primeiro confronto
A convenção que o PMDB faz amanhã para escolher o futuro presidente da legenda é apontada por setores do PT como o início oficial de uma queda-de-braço. Com um diretório favorável à aliança com a ministra Dilma Rousseff, será travada um confronto entre a parcela do PMDB que deseja a vaga de vice para o presidente da Câmara, Michel Temer, e alas do PT ansiosas pela escolha de alguém com outro perfil. Se o cenário na época da campanha for buscar alguém que complemente a chapa com votos, por exemplo, a vaga estará mais para o ministro das Comunicações, Hélio Costa. Se for para dar tranquilidade a grupos econômicos, o nome mais adequado será o do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.
A favor das doações ocultas
Três partidos políticos — PT, PSDB e DEM — apresentaram ontem petição ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para afrouxar a resolução que trata de prestação de contas e possibilita identificação dos doadores de recursos captados pelos partidos e transferidos para candidatos e comitês financeiros. A regra questionada impede que empresas façam doações ocultas, o que dificulta o rastreamento dos recursos destinados às campanhas.
Alencar perto do “sim” à corrida por Minas
Começam a ganhar corpo as articulações em torno da pré-candidatura do vice presidente José Alencar (PR) ao governo de Minas Gerais. Ontem, o vice-presidente admitiu que pode disputar o Palácio da Liberdade desde que haja consenso da base aliada do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em torno de seu nome. Também condicionou sua candidatura ao resultado de exames médicos que deverão sair em março, mas adiantou que seu estado de saúde é excelente e que o câncer que ele enfrenta há mais de uma década regrediu 90%.
Aos olhos da mãe, é só alegria
A julgar pelos números apresentados ontem em cerimônia pirotécnica —com direito a simulação feita em computador sobre o processo de transposição do Rio São Francisco —, o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) é um fenômeno de eficiência. Ladeada por um batalhão de ministros da área econômica e de investimentos do governo federal (eram 13, ao todo), a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, apresentou o balanço de três anos de execução do programa. Durante seu discurso, ela exaltou a capacidade de geração de empregos e impulsão da economia do PAC. O problema, na avaliação de especialistas, é a metodologia de cálculo usada pela equipe do governo para mensurar os avanços.
Tucanos em “café com Obama”
O líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (PSDB-AM), acordou ontem às 5h45 para um compromisso histórico: participar de um café com o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama. O encontro foi divulgado pela assessoria do tucano com ares de seleto evento: “Arthur Virgílio encontra-se esta semana com Obama e parlamentares americanos”. “Foi uma bobagem da minha assessoria”, admitiu o senador pelo telefone, direto de Washington. Pompa ou não, o fato é que o tucano ficou a 50 metros de distância do governante americano em mais uma edição do tradicional National Prayer Breakfast(1). No 58º encontro, mais de 3 mil autoridades e personalidades de 160 países estiveram presentes ao luxuoso Hotel Hilton para celebrar as bênçãos de Deus. Com forte apelo religioso, o evento tem por objetivo valorizar as instituições norte-americanas. Desde a terça-feira até hoje, os inscritos participam de uma série de palestras, encontros e orações — muitas orações.
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