Correio Braziliense
Puxadinho da Câmara custará R$ 270 milhões
Os deputados federais decidiram ampliar o Anexo 4 da Câmara. Já abriram até concorrência para escolher a empresa que tocará a obra, orçada inicialmente em R$ 270 milhões. O puxadinho abrigará parlamentares que hoje despacham no Anexo 3. Geralmente, eles trabalham apenas três dias por semana em Brasília. Apesar disso, reclamam: os gabinetes do setor, de 33 metros quadrados, seriam pequenos para o volume das atividades que desempenham. Com a construção, a nova estrutura do Congresso terá cinco pavimentos – dois serão garagens – e um terraço. Além dessa construção, eles decidiram reformar apartamentos funcionais da Casa. Somadas, as obras custarão R$ 314,7 milhões ao bolso dos brasileiros que suam a camisa cinco meses por mês só para pagar impostos.
De acordo com o primeiro-secretário da Casa, deputado Eduardo Gomes (PSDB-TO), o puxadinho receberá os parlamentares que atualmente despacham no Anexo 3 e reclamam que os gabinetes do setor são pequenos (33 metros quadrados enquanto o dos colegas do Anexo 4 apresentam mais de 40 metros quadrados) e não têm banheiros privativos. “O Anexo 3 tem uma subcondição de funcionamento, pois os gabinetes não têm banheiro. A ampliação atende aos gabinetes que faltavam. Os recursos vêm da venda da folha de pagamento, o importante para fazer a obra é observar critérios de concorrência e a origem dos recursos. A mesa ainda não discutiu a construção do Anexo 5, projetado por Oscar Niemeyer”, explicou o primeiro-secretário ao Correio. O Anexo 3 abriga 76 deputados. Outros cinco parlamentares — que já ocuparam ou ocupam a presidência da Casa — utilizam salas no Anexo 2 e no prédio principal da Câmara.
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Eduardo Gomes afirma que, com a construção dos novos gabinetes, o Anexo 3 será destinado a outra finalidade. A estrutura será utilizada para ampliar as salas e plenários destinados às comissões parlamentares, que atualmente ocupam apenas o Anexo 2. “O Anexo 3 não acaba. O volume de audiências públicas e a necessidade de espaços na Casa é escandaloso e a dificuldade é imensa. A estrutura de comissões atende a um movimento antigo, quando a Casa tinha metade das comissões. Não dá para fazer um espaço acabando com outro.”
Pajelança para um ministro em apuros
Lula e Dilma se encontraram ontem para inaugurar a ponte de R$ 1 bilhão sobre o Rio Negro, ligando Manaus à vizinha Iranduba. Foi a primeira vez em que ficaram frente a frente desde a sexta-feira, quando ele manobrou para evitar a demissão de Orlando Silva. Policial entregou à PF 13 gravações com supostas provas de corrupção no Ministério do Esporte. Pela terceira vez na gestão de Dilma, ex-presidente sai em defesa de ministro envolvido em denúncias. Palocci e Alfredo Nascimento não resistiram e deixaram o cargo, mas Orlando Silva garantiu uma sobrevida.
Três dias depois de telefonar para o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo, afirmando que Orlando Silva deveria resistir às denúncias envolvendo o Ministério do Esporte, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva esteve pessoalmente com a presidente Dilma Rousseff para participar da inauguração de uma ponte sobre o Rio Negro, em Manaus, avaliada em R$ 1,099 bilhão. Dilma e Lula tiveram pouco tempo para conversar sobre o caso, já que o ex-presidente prosseguiu viagem direto para o México, onde participará de um encontro de negócios. Mas o roteiro seguido pelo ex-presidente no caso repete o mesmo script de crise anteriores, colocando as opiniões dele e da presidente em campos opostos.
Pelo menos nesse caso, Lula ajudou a garantir uma sobrevida a Orlando. A solidariedade expressa ao PCdoB ocorreu na sexta-feira, dia em que a crise atingiu o ápice e os comunistas chegaram a temer pela demissão do ministro. Dilma decidiu que Orlando Silva ficaria, mas exigiu que ele promova uma reforma administrativa na pasta, limpando-a dos apadrinhados políticos e imprimindo um novo ritmo na gestão da pasta. No domingo, o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, admitiu que a permanência de Orlando no ministério não é uma “situação definida”. Não é a primeira vez que Lula envolveu-se diretamente em denúncias de corrupção no governo Dilma. A inauguração desse estilo ocorreu justamente no primeiro episódio traumático — as suspeitas de enriquecimento ilícito do ex-chefe da Casa Civil Antonio Palocci.
PM volta à Polícia Federal
Pela segunda vez desde que denunciou irregularidades no Programa Segundo Tempo do Ministério do Esporte, o soldado da Polícia Militar do Distrito Federal João Dias Ferreira prestou depoimento na Polícia Federal. O PM conversou por mais de três horas com os delegados que cuidam do caso e entregou gravações de áudios e documentos que podem servir como prova das acusações. Ontem, o PM voltou a afirmar que vários dirigentes estão envolvidos em supostas fraudes no ministério, mas disse não ter elementos para acusar diretamente o titular da pasta, Orlando Silva. A PF ainda não decidiu se abrirá inquérito para apurar as declarações do soldado.
“Devagar vamos trazendo novidades”, afirmou o policial ao chegar à superintendência da PF no Distrito Federal, no fim da manhã de ontem, levando 13 gravações em áudio — espelhadas em um gravador digital e um telefone celular — para serem entregues aos delegados Jackson Rosales e Fernando Souza Oliveira, que conduzem a investigação. Ele apresentou também uma relação de 300 ONGs e sugeriu que em algumas delas podem haver irregularidades. Para facilitar o trabalho dos investigadores, separou uma relação de 10 entidades que poderiam ser chamadas pela Polícia Federal. A corporação, entretanto, não informou quais serão os próximos passos da apuração do caso.
O policial militar disse que as gravações são de reuniões mantidas com auxiliares próximos a Orlando Silva, mas ressaltou que não existe diálogos com o ministro. Ferreira afirmou que encontros ocorreram no 7º andar do prédio do Ministério do Esporte, onde ficava o gabinete da secretaria executiva. “Fui em reuniões nada convencionais”, afirmou o policial militar, observando que uma delas teria acontecido entre 21h e meia-noite. Ferreira também fez relatos de contatos que teve com outros secretários da pasta.
A vez da República Federativa da Fifa
Governo passado prometeu à entidade poderes que, em alguns casos, ferem a soberania brasileira, independentemente do trâmite da Lei Geral no Congresso. Pressionado pela Fifa, o governo federal se articula no Congresso para aprovar rapidamente o projeto da Lei Geral da Copa. Entretanto, mesmo se o conjunto de normas que vão reger a realização do Mundial de 2014 no país demorar a ser sancionado — ou, em uma hipótese remota, nem sair do papel —, a entidade máxima do futebol desfrutará de uma série de poderes que, em alguns casos, se sobrepõem à própria legislação brasileira. Em 11 documentos que reúnem as garantias assinadas ainda na gestão de Luiz Inácio Lula da Silva, o Brasil promete à Fifa direitos soberanos, independentemente da aprovação de lei específica sobre o tema, até o fim do ano de realização do torneio.
O Correio teve acesso aos compromissos assinados entre 2007 e 2009 por integrantes do Executivo e o presidente da Fifa, Joseph Blatter. As garantias estão divididas nos 11 documentos que tratam desde os trâmites para a entrada e a saída do país, a permissão de trabalho (leia-se poder de a Fifa contratar funcionários no Brasil), facilidades alfandegárias e isenção de impostos à proteção e exploração de direitos comerciais, incluindo hinos e bandeiras nacionais, além do pagamento de indenizações e o fornecimento de infraestrutura tecnológica e de telecomunicações que atenda aos requisitos da entidade.
Dos 11 documentos, em 10 constam o seguinte trecho: “Essa garantia do governo é e permanecerá obrigatória, válida e executável contra o Brasil e seu governo, bem como todas as autoridades estaduais e locais, desde a data desta garantia até 31 de dezembro de 2014, independentemente de qualquer mudança no governo do Brasil ou em seus representantes, ou qualquer mudança nas leis e regulamentos do Brasil”. Entre essas garantias previstas, também conta, por exemplo, a liberação da venda e do consumo de bebidas alcoólicas nos estádios durante os jogos da Copa, medida que fere o Estatuto do Torcedor, em vigor no país desde 2003.
Correios pagam caravana do rock
Funcionários da ECT ganharam ingressos após a estatal aumentar a verba de patrocínio para o festival no Rio. Distribuição de entradas era cláusula contratual. A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos (ECT) aumentou o patrocínio destinado ao Rock in Rio 2011 enquanto o festival já estava sendo realizado. O extrato do termo aditivo, publicado no Diário Oficial da União de 30 de setembro — quinto dia de shows —, estabeleceu um acréscimo de 25% ao valor do contrato, que era de R$ 1,75 milhão e passou para R$ 2,2 milhões. A alteração foi feita para incluir mais um dia de evento, que não estava previsto no projeto original, e novas contrapartidas. Entre elas, ingressos do maior e mais rentável festival de música da América Latina.
Funcionários dos Correios também organizaram uma “caravana” para o evento, que durou uma semana no Rio de Janeiro. A distribuição de ingressos para a ECT era uma das exigências previstas no novo contrato. Os Correios foram os maiores apoiadores do festival, que contou com a autorização de R$ 12,3 milhões do Ministério da Cultura. A captação, via Lei Rouanet, já chegou a R$ 7,4 milhões. O aval da pasta contrariou pareceres técnicos e decisões recentes do Tribunal de Contas da União (TCU) que cobram a descentralização dos recursos. O Correio mostrou, na edição de ontem, que o ministério ainda distribuiu convites do festival para funcionários. Segundo a Secretaria de Fomento e Incentivo à Cultura, a política faz parte da capacitação dos servidores em “vivenciar” a cultura brasileira. De acordo com os Correios, os ingressos entregues aos funcionários foram utilizados para “ações de relacionamento institucional”. Os empregados, segundo a empresa, estavam a serviço. Com relação ao aditivo, a assessoria de imprensa informou que o novo contrato foi feito para a veiculação da marca em mais um dia de evento e a inserção da logomarca no envelope do ingresso extra.
Folha de S. Paulo
Ministro ajudou ONG sob suspeita em novo contrato
Ato assinado por Orlando beneficiou entidade de policial que hoje o acusa. Ministério reduziu exigência mesmo após identificar desvio em convênio; Orlando diz que seguiu área técnica. O ministro do Esporte, Orlando Silva, autorizou de próprio punho uma medida que beneficiou uma organização não governamental do policial militar que hoje o acusa de comandar um esquema de desvio de dinheiro público. Em julho de 2006, Orlando assinou um despacho que reduziu o valor que a ONG de João Dias Ferreira precisava gastar como contrapartida para receber verbas do governo, permitindo que o policial continuasse participando de um programa do ministério.
A medida foi autorizada mesmo depois de auditorias internas terem apontado os primeiros indícios de fraude nos negócios do policial com o ministério, num período em que ele ainda mantinha relação amistosa com o governo. Os documentos obtidos pela Folha são os primeiros a estabelecer uma ligação direta entre Orlando e o policial. O ministro está no centro de uma crise há dez dias, desde que Ferreira afirmou que os desvios nos convênios das ONGs com o Esporte serviam para alimentar os cofres do PC do B, partido que controla o ministério desde 2003.
TSE mostra que país tem mais de 15 milhões de eleitores filiados
Há 15.381.121 eleitores filiados a um dos 29 partidos políticos no Brasil, segundo informações do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). A grande maioria está concentrada em sete partidos, somando 10,4 milhões. São eles: PMDB (2,4 milhões); PT (1,6 milhão); PP e PSDB (1,4 milhão); e PDT, PTB e DEM (1,2 milhão). O prazo para que os partidos informassem a lista de filiados terminou em 14 de outubro. O PT foi a sigla que teve maior número de novas filiações no período: 155 mil eleitores.
Com 149 mil inscrições, o recém-criado PSD, do prefeito Gilberto Kassab, foi o segundo partido com maior número de novas filiações. Já os eleitores que optaram por se desvincular de partidos políticos nos últimos seis meses somaram 560 mil. O partido que registrou maior número de desfiliações foi o PMDB, com 86 mil baixas. Em seguida aparece o PSDB, com 60 mil.
14% das filiações ao PSD estão irregulares
PSD leva um em cada cinco deputados da oposição
PSD estreia na Câmara como a terceira maior bancada
Governo tenta votar lei contra lavagem
Projeto obriga consultor, empresário de jogador e artista a informar movimentação financeira aos órgãos de controle. Texto está em debate na Câmara desde 2003; ordem para viabilizar a votação foi dada pela equipe da presidente. O governo quer votar ainda hoje na Câmara projeto que facilita a investigação e o combate à lavagem de dinheiro. Assessores do Planalto acertaram ontem os últimos detalhes do projeto de lei que trata do assunto. A Folha apurou que, para viabilizar a aprovação da proposta, o governo cedeu e deve tirar a possibilidade de o Ministério Público e a polícia terem acesso, sem autorização judicial, a dados mantidos pela Justiça Eleitoral e pelas empresas telefônicas, entre outros, de investigados.
Deputados da base aliada dizem que o trecho dá “muita autonomia a Ministério Público e polícia” e por isso inviabilizaram a votação do projeto nas últimas semanas. “O delegado vai poder vasculhar a vida de qualquer um aqui, isso não é certo”, disse o líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO). O projeto está em tramitação no Congresso desde 2003 e foi apresentado pelo senador Antonio Carlos Valadares (PSB-CE). O presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), tenta pautá-lo há quase um mês. Agora, as ordens para viabilizar a votação foram dadas pela equipe da presidente Dilma Rousseff.
PF vai indiciar ex-ministro Wagner Rossi sob a acusação de peculato
A Polícia Federal pediu o indiciamento do ex-ministro da Agricultura Wagner Rossi, de seu ex-chefe de gabinete Milton Ortolan e do lobista Júlio Fróes após investigar suspeitas de corrupção na pasta. As acusações levaram à queda de Rossi em agosto. A PF pretende intimar o ex-ministro, Ortolan e Fróes na próxima semana para que prestem depoimento. No despacho da PF são imputados a Rossi (PMDB) os crimes de peculato, formação de quadrilha e fraude em licitações.
Em agosto, a Folha revelou que o nome da Fundação Getúlio Vargas foi usado indevidamente para fraudar licitação da Agricultura que levou à vitória da Fundasp (Fundação São Paulo). O contrato era de R$ 9,1 milhões. A PF confirmou que um documento da FGV usado na licitação era “falso”.
O episódio contribuiu para a queda de Rossi, pois o lobista Júlio Fróes, que tinha livre acesso ao ministério na gestão do ex-ministro, foi acusado de distribuir propina a funcionários após assegurar o contrato para a Fundasp. A fundação nega que o lobista a representasse. A PF não quis dar mais detalhes da investigação ontem. Ao todo serão indiciadas nove pessoas, entre funcionários e ex-funcionários do Ministério da Agricultura e das empresas envolvidas.
Valor Econômico
Dilma abre negociações para substituir Orlando Silva
A presidente Dilma Rousseff abriu negociações com o PCdoB para a substituição do ministro Orlando Silva (Esportes). Emissários de Dilma já tratam do assunto com integrantes da cúpula do partido, segundo apurou o Valor, apesar de em público a legenda ainda manter o apoio político ao ministro. Um dos nomes avaliados pelo Planalto e PCdoB é o de Aldo Arantes, comunista histórico, ex-deputado federal e um dos secretários do partido. Mas há dúvidas no PCdoB de que Arantes faça “um desvio de rota” – ele é secretário de Meio Ambiente do partido e tem se dedicado à causa nos últimos anos.
Uma solução eleitoral seria a nomeação da deputada Manuela D”Ávila (RS), numa composição para o PT indicar o candidato a prefeito de Porto Alegre. Tal cenário, no entanto, ainda é visto como improvável. Até agora, Manuela tem dito que não abre mão de disputar a eleição municipal. Parlamentares petistas também já fizeram chegar a Dilma suas preferências: Flávio Dino (MA), presidente da Embratur, e o deputado Aldo Rebelo (SP). A nomeação de Dino tiraria o ex-deputado da disputa pela Prefeitura de São Luís, onde é um dos favoritos em 2012 para enfrentar o candidato do presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP) – seu desafeto e um dos aliados estratégicos do governo federal.
Já a indicação de Rebelo o desviaria da eleição para presidente da Câmara em 2013, o que facilitaria a execução do acordo de PT e PMDB para a condução de Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) ao cargo. Além disso, o PT acredita que o gesto promoveria uma reaproximação entre o partido e Rebelo, depois de a maior parte dos deputados petistas ter votado contra o ex-ministro das Relações Institucionais na eleição para ministro do Tribunal de Contas da União. Para auxiliares da presidente e até mesmo pessoas ligadas a Orlando Silva, a situação do ministro continua delicada. O ministro, que rechaça as denúncias que lhe atingiram, é acusado de participar de um suposto esquema de corrupção na Pasta.
Denúncias antecipam debate sobre sucessão no DF
A extensão da crise que envolve a atual gestão do Ministério do Esporte ao ministro antecessor, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) – acusado de receber propina por ONGs ligadas ao ministério -, antecipou o debate sobre a sucessão do petista e acirrou as divergências dentro da base aliada. Mais especificamente, com o PSB do senador Rodrigo Rollemberg (DF). Os petistas veem por parte do senador um movimento crescente para se consolidar como candidato a governador nas próximas eleições. E traçam um paralelo entre sua atuação em relação a Agnelo com a do governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, em relação à presidente Dilma Rousseff: ambos são aliados, mas querem o cargo dos eleitos.
“Sentimos essas movimentações extemporâneas, porque não faz nem um ano da posse. O correto era que todos se unissem. O que o Rodrigo faz está mais ou menos do mesmo nível do que o Eduardo Campos faz com a Dilma, querendo se viabilizar para ser candidato a presidente em 2014. Mas com trabalho vamos mostrar lá na frente que essas ideias não passam de aventura”, disse o deputado distrital Chico Vigilante (PT-DF), fundador regional do partido e seu presidente em três ocasiões. A três anos das eleições, há uma óbvia incerteza quanto ao quadro eleitoral. Mas o nome de Rollemberg é dado como certo dentro de uma reconfiguração em andamento do amplo leque de alianças que hoje sustenta Agnelo. Ele traria consigo antigos aliados históricos do PT, como o PDT do senador Cristovam Buarque e do deputado federal Reguffe. E Agnelo ficaria com os adversários tradicionais do petismo regional, como o PMDB, PR e PTB.
Governo e PT temem que Câmara aumente prejuízo do Rio com royalties
Setores do governo e do PT temem que o debate em torno das novas regras de repartição dos recursos gerados pela exploração do petróleo seja mais acirrado na Câmara dos Deputados, havendo o risco de a Casa aumentar os prejuízos da União e dos Estados confrontantes (com litoral defronte de campos), especialmente o Rio de Janeiro. A preocupação deve-se ao fato de as iniciativas de maior radicalização da proposta aprovada no Senado partirem de deputados do PMDB. O líder, Henrique Eduardo Alves (RN), está em campanha para presidir a Casa a partir de 2013. Um desgaste com os colegas não lhe interessa.
Os dois deputados que, por enquanto, têm propostas (distintas) para mudar o substitutivo do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), aprovado pelo Senado na semana passada, são Alceu Moreira (PMDB-RS) e Marcelo de Castro (PMDB-PI). “Uma proposta para beneficiar mais Estados e municípios não produtores tem apoio da massacradora maioria da bancada”, diz Moreira, coordenador da frente parlamentar em defesa da democratização na distribuição dos royalties e participação especial (PE) do petróleo extraído na plataforma continental, Moreira. Nas duas propostas, a receita que a União arrecada com o pagamento de participação especial (compensação devida em caso de campos muito rentáveis) cai ainda mais: dos atuais 50% para 40%, em vez dos 42% propostos por Vital. E sem a recomposição gradual prevista pelo projeto do Senado.
Para OAB, projeto de lavagem de dinheiro é inconstitucional
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) decidiu ontem à tarde, por unanimidade, recomendar ao Congresso Nacional que não aprove o projeto de lei que endurece a legislação sobre crimes de lavagem de dinheiro no país, por considerá-lo inconstitucional. O conselheiro Guilherme Batochio criticou diversos pontos do projeto, como a elevação da pena máxima para lavagem de dinheiro. Segundo ele, está provado que o agravamento da pena não induz a redução da marginalidade. Outro ponto contestado é o que impede que o réu possa ter liberdade provisória mediante fiança ou possa apelar em liberdade, ainda que primário e detentor de bons antecedentes. Também criticou a possibilidade de que autoridades policiais e Ministério Público tenham acesso direto às informações cadastrais dos investigados, independentemente de autorização judicial.
PSD rompe com único governador do DEM
O vice-governador do Rio Grande do Norte e presidente do PSD no Estado, Robinson Faria, rompeu oficialmente com a governadora Rosalba Ciarlini (DEM). O fim da aliança acaba com o apoio do PSD ao único governo estadual do DEM, dois partidos que vivem clima de guerra nacionalmente, briga que se reflete no cenário municipal. “É radical romper com o governo após 10 meses, mas eles trataram o PSD no Estado como oposição, como inimigo”, afirma o deputado federal Fábio Faria (PSD), filho do vice-governador. “A gente só serviu para a hora da eleição, na hora de pedir voto”, reclama.
A aliança acabou formalmente na sexta-feira, depois de Robinson Faria, que acumulava a Secretaria Estadual de Recursos Hídricos, não ter sido reconduzido ao comando da Pasta por Rosalba. Ele havia renunciado para assumir o governo interinamente, durante viagem da governadora aos Estados Unidos no começo do mês. A relação, entretanto, estava estremecida desde que o grupo de Faria decidiu formar o PSD. Houve atritos entre o vice-governador e o senador José Agripino, aliado de Rosalba e presidente nacional do DEM. O parlamentar tentou barrar a criação do partido, formado por dissidentes do DEM, como o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab, e acusou o PSD de cometer fraudes na coleta de assinaturas para registro da legenda no Rio Grande do Norte, o que levou a críticas do grupo de Faria, que ajudou Agripino na eleição de 2010. Depois, a governadora articulou para reduzir a base do PSD na Assembleia Legislativa. A legenda, que pretendia ser a maior bancada do Legislativo, com seis deputados estaduais, incluindo o presidente, o vice-presidente e o segundo e terceiro secretários, terminou com apenas dois parlamentares, sem cargos na mesa diretora e com pouca capacidade de pressionar o governo.
Dirceu evita declarar apoio a Haddad
Apesar dos rumores de que tenha fechado apoio à candidatura do ministro da Educação, Fernando Haddad, à Prefeitura de São Paulo, o ex-ministro José Dirceu evita dizer publicamente quem é seu candidato favorito em 2012. “A tendência é que ele [Haddad] vença as prévias. Mas uma coisa é a opção dos filiados, outra é o apoio dos eleitores. E a Marta tem 30% de apoio”, disse Dirceu ontem à noite em Belo Horizonte durante lançamento de seu livro “Tempos de Planície”.
O PT deverá decidir entre Haddad e a senadora Marta Suplicy. São os dois nomes mais fortes na pré-campanha do partido. Eduardo Suplicy, Carlos Zarattini e Jilmar Tatto também disputam a indicação. “Acredito que sem a Marta não se ganha eleição em São Paulo”, disse. No caso de se confirmar a tendência do partido de escolher o ministro da Educação para disputar a sucessão do prefeito Gilberto Kassab (PSD), Dirceu diz o PT “terá de encontrar uma forma de que essa vitória que unifique o partido”. Perguntado sobre se apoia Haddad, Dirceu disse: “Meu apoio eu vou dar na hora de votar”. O ex-ministro da Casa Civil disse ja ter conversado com Haddad sobre eleições e que é muito próximo de Marta.
O Estado de S. Paulo
Centro olímpico que esporte prometeu para 2007 não existe
A obra de um centro de treinamento de alto nível para atletas olímpicos em Campos do Jordão (SP) – que, segundo o Ministério do Esporte, seria entregue em 2007 – ficou parada desde aquele ano e só foi retomada há dois meses. Apenas três operários trabalham no local, onde pastam cavalos e se criam cabritos. A obra foi financiada com recursos do governo federal, por meio de convênio assinado em 2006 pelo ministro Orlando Silva – que, na ocasião, disse que era uma forma de “capacitar o País” visando a sediar a Olimpíada em 2016. O empreendimento já consumiu R$ 800 mil, informou a prefeitura. Segundo o Portal da Transparência, o ministério já liberou R$ 1,37 milhão do convênio, mas a prefeitura disse que recebeu R$ 1,3 milhão, em contrapartida a um aporte municipal de R$ 1,4 milhão. Até o fechamento desta edição, o ministério não comentou o caso. Convênio entre o Ministério do Esporte e a Prefeitura de Campos do Jordão foi assinado em 2006 pelo ministro Orlando Silva.
Projetado para fornecer infraestrutura ao esporte brasileiro em modalidades olímpicas e paraolímpicas, o Centro de Treinamento de Esportes de Alto Rendimento de Campos do Jordão, a 175 km de São Paulo, está longe de ficar pronto para servir de apoio na preparação de atletas para os jogos de 2016. Apenas três pessoas trabalham na obra que deveria ter sido entregue no fim de 2007, de acordo com nota do próprio Ministério do Esporte divulgada em 2006, e já recebeu o R$ 1,37 milhão previsto.
Financiada com recursos do governo federal, por meio de contrato de repasse com o Ministério do Esporte e a prefeitura, a obra está paralisada desde 2007 por problemas com as empresas vencedoras da licitação, segundo o Executivo local. Só há dois meses foram retomados os trabalhos, que ainda assim já consumiram R$ 800 mil, segundo a prefeitura. Três operários trabalham de segunda a sexta-feira. Cavalos pastam livremente na imensa área reservada para o projeto.
O projeto do Centro de Treinamento foi assinado pelo ministro do Esporte, Orlando Silva, em 2006, e inclui participação da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que será responsável pelo uso do espaço como centro de pesquisa científica e tecnológica na área do esporte. Dados do Portal da Transparência, do governo federal, mostram o repasse do R$ 1,37 milhão para a Prefeitura de Campos do Jordão e a previsão de R$ 733 mil de contrapartida. A última liberação foi de R$ 1 milhão, em dezembro de 2006. A vigência do convênio é até 26 de dezembro deste ano. O Departamento de Convênios (Deconv) da prefeitura confirma que recebeu da União R$ 1,3 milhão.
Conversa entre caciques
A convite de Dilma, Lula participou ontem da inauguração da Ponte do Rio Negro: em conversa reservada durante a viagem até Manaus, o ex-presidente disse à sucessora não estar mais convicto da inocência do ministro Orlando Silva. Preocupado com crise no Esporte, ex-presidente muda discurso e agora critica o PC do B: “Não me falam a verdade”.
Depois de comandar uma campanha de bastidor pela permanência de Orlando Silva à frente do Ministério do Esporte e de pedir ao PC do B que resistisse às pressões para abandonar o posto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva mudou o discurso, passou a criticar o partido e o ministro e admitiu que o desfecho da crise “está em aberto”. Em conversa com um correligionário ontem, Lula confessou que está preocupado e desabafou: “Não tenho mais convicção de nada. Esses caras não me falam a verdade”. Também foi este o tom do encontro reservado com sua sucessora Dilma Rousseff. A convite da presidente, ele a acompanhou na viagem de Brasília a Manaus para a inauguração da Ponte do Rio Negro ontem. Segundo um dos interlocutores do ex-presidente, o tema da conversa foi a situação de Orlando.
Diante de mais uma notícia de fraude em programa do ministério, conforme notícias publicadas ontem pelo Estado, Lula reclamou dos dirigentes do PC do B que não lhe contam a história por inteiro. A mais de um interlocutor, ele admitiu ter sido surpreendido pelas denúncias e pela sequência de suspeitas levantadas. E não escondeu o incômodo causado pela situação. Nessas conversas, Lula deixou claro que está “muito preocupado”, e que não tem convicção formada sobre as denúncias, “nem para o bem, nem para o mal”. Sua única certeza é a de que ele não vem recebendo as informações por completo. “Só me contam o que interessa. O que não interessa, eu fico sabendo pelos jornais”, queixou-se.
Vitória ampla dá início ao ‘cristinismo’ na Argentina
A presidente argentina, Cristina Kirchner, foi reeleita com mais de 50% dos votos e obteve maioria no Congresso. Para analistas, com esse desempenho encerra-se o “kirchnerismo”, vertente peronista de Nestor Kirchner, e começa o “cristinismo”, No Parlamento, Cristina quer uma base de lealdade inquestionável
“Vitória contundente”, “Cristina arrasou” e “Quatro anos a mais” foram algumas das manchetes na Argentina sobre os resultados das eleições presidenciais de domingo, quando Cristina Kirchner – segundo 98% das urnas apuradas – foi reeleita para um novo mandato de quatro anos, com 53,96% dos votos. A marca supera os 45% obtidos em sua primeira eleição, em 2007, e ultrapassa amplamente os 22% conseguidos por seu marido, Néstor Kirchner, em 2003, quando o casal chegou ao poder. Cristina, candidata da Frente pela Vitória (uma sublegenda do partido peronista) também obteve a maioria da Câmara de Deputados e do Senado.
Os analistas políticos destacam que, com essa vitória – e com o novo peso do governo no Parlamento – encerra-se o “kirchnerismo” (a vertente peronista criada pelo ex-presidente Néstor Kirchner) e surge o “cristinismo”, que terá a presidente Cristina como figura central nos próximos anos. O filósofo Ernesto Laclau, mentor ideológico da presidente, considera que o cristinismo poderia representar um “kirchnerismo mais aguçado”. Segundo ele, o kirchnerismo é uma etapa “transcendental” do peronismo. Nesse contexto, afirma, o cristinismo, com a colaboração de grupos como “La Cámpora” (a juventude kirchnerista), poderia “dar um passo além” do kirchnerismo.
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