O Globo
Pressão de R$ 120 bi à espera de Dilma
O atual governo e a equipe da presidente eleita Dilma Rousseff trabalham na elaboração do Orçamento de 2011 sob a pressão de projetos que representam uma bomba-relógio de cerca de R$ 120 bilhões. Entre eles estão a reestruturação das carreiras de policiais, bombeiros e delegados, o reajuste de 56% dos servidores do Judiciário e o fim da contribuição previdenciária dos servidores inativos.
Os lobbies são poderosos e estão renovados com a iminência de uma nova legislatura. O mais forte é o pedido de aumento de 56% para os servidores, cujo custo é de R$ 7,5 bilhões. O governo avisou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que não há condições de aprovar a proposta. Mas a manutenção da decisão precisará de respaldo político. O próprio relator-geral do Orçamento, senador Gim Argello (PTB-DF), que vem dizendo que o cobertor das receitas é curto, já sinalizou com o escalonamento deste reajuste em seis anos.
Enem vira caso de polícia e pode acabar na Justiça
Marcado por erros no primeiro dia, o Enem terminou ontem em meio ao risco de uma guerra judicial. O exame já virou caso de polícia: uma aluna, em Salvador, entrou com queixa-crime requerendo a anulação do teste, e o Ministério da Educação (MEC) chamou a Polícia Federal para apurar o uso de celulares e do Twitter durante a prova. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) considerou as falhas um “desastre” e anunciou que vai pedir ao Ministério Público Federal (MPF) que apure o caso. Os promotores devem analisar o caso hoje. O MEC admitiu que poderá aplicar novas provas para dois mil alunos. São os que responderam as questões do caderno amarelo, que continha erros.
Erros em série levam credibilidade à discussão
Reitores, educadores e parlamentares ligados à área do ensino, além de especialistas em concurso, lamentaram ontem as falhas na prova do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Um ano após ser cancelada por conta de um vazamento, a prova teve novos problemas. Apesar dos tropeços, especialistas manifestaram a preocupação de manter e aperfeiçoar o atual formato do Enem, cujo objetivo é substituir os vestibulares nas universidades federais.
O presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Edward Madureira Brasil, disse que falhas abalam a credibilidade do exame. Diretora executiva da Associação Nacional de Proteção e Apoio aos Concursos (Anpac), a advogada e professora, Maria Thereza Sombra, classifica a troca nos cabeçalhos como um “erro artesanal”.
Dilma e aliados definem transição de governo
A equipe de transição de governo, composta pelo vice-presidente eleito, deputado Michel Temer, o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra e os deputados paulistas José Eduardo Cardozo e Antonio Palocci, se reúne nesta segunda-feira, a partir das 11h.
A conversa será pautada pela presidente eleita Dilma Rousseff, que alinhavou no domingo alguns pontos com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em encontro à noite no Palácio da Alvorada. Ela deveria encontrar-se ainda no domingo com Temer, para passar algumas orientações.
Um dos pontos da reunião desta segunda-feira será as conversas com os partidos da coalizão, às quais Dutra dará continuidade esta semana. O presidente do PT foi escolhido interlocutor com as legendas da base para a composição do ministério.
Governadores em ação
Com prestígio em alta por ter garantido a segunda maior votação do Nordeste a Dilma Rousseff (PT), o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB-CE), estará na comitiva oficial para a viagem à África e Ásia, que inclui a presidente eleita.
O governador leva na bagagem uma lista de pelo menos oito projetos que encabeçam as prioridades da agenda estadual. Algumas são obras já previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), que somam R$ 31 bilhões de investimentos. Cid já pleiteava uma audiência com Dilma. E, ao invés disso, terá cinco dias com a presidente.
A governadora reeleita do Maranhão, Roseana Sarney, também tem um leque de reivindicações a serem apresentadas ao Palácio do Planalto. Respondendo por R$ 57,6 bilhões em investimentos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), apenas 5% do total, Roseana quer mais obras federais nas áreas de transporte e energia, além do aumento do número de beneficiados pelo Programa Bolsa Família.
Folha de S. Paulo
Bancos estatais patrocinam evento de juízes em resort
Empresas públicas e privadas patrocinarão nesta semana encontro de juízes federais em luxuoso resort na ilha de Comandatuba, na Bahia, evento organizado pela Ajufe (Associação dos Juízes Federais do Brasil). Cada magistrado desembolsará apenas R$ 750. Terá todas as despesas pagas, exceto passagens aéreas, e poderá ocupar, de quarta-feira a sábado, apartamentos de luxo e bangalôs cujas diárias variam de R$ 900 a R$ 4.000. A diferença deverá ser coberta por Caixa Econômica Federal (com patrocínio de R$ 280 mil), Banco do Brasil (R$ 100 mil), Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e Lubrificantes (R$ 60 mil), Souza Cruz, Eletrobras e Etco (Instituto Brasileiro de Ética Concorrencial).
Os três últimos não quiseram informar o valor pago pelo patrocínio. Entre os juízes, este tipo de encontro subsidiado é chamado de “0800”, em referência às chamadas telefônicas gratuitas. A cobertura dos gastos vale para os acompanhantes dos juízes, que também só pagarão a taxa de inscrição. O evento deverá reunir cerca de 700 pessoas. O encontro prevê “programação científica” (quatro palestras) e assembleia geral. A maior parte do tempo será dedicada a competições e atividades esportivas (como oficinas de golfe e arco e flecha), além da programação social (jantar de abertura e show no encerramento).
Ajufe diz que encontro é “financiado em grande parte” por ela e por sócios
A Ajufe informa que “em todas as oportunidades anteriores adotou o mesmo modelo de encontro, concentrando os seus esforços de organização para proporcionar o debate de temas importantes para o Poder Judiciário e para a sociedade brasileira”.
Segundo a diretoria da Associação dos Juízes Federais do Brasil, o encontro é “financiado em grande parte pela própria Ajufe e por seus associados, que arcam com passagens aéreas”. “Serão debatidos desde temas corporativos a matérias de grande relevância para a sociedade, como combate à impunidade”, diz a entidade.
“Não é hora de falar de política”, diz Serra
José Serra, candidato derrotado na eleição presidencial do último dia 31, afirma que agora não é hora de falar de política brasileira. Passada apenas uma semana desde o segundo turno, afirmou à Folha que é o momento de descansar dos sete meses de campanha.
É para isso que está na Europa. Passou o fim de semana em Biarritz (litoral francês) e fica mais uns dez dias no continente. Ele não diz, mas, ao evitar os assuntos políticos, busca não alimentar agora a discussão interna do PSDB sobre culpados pela derrota para Dilma Rousseff (PT).
Durante transição, Dilma ficará no Torto
Para fugir do assédio dos jornalistas que acompanham a rotina da presidente eleita, Dilma Rousseff decidiu mudar-se para a Granja do Torto quando voltar da viagem que fará a Seul para acompanhar a comitiva de Luiz Inácio Lula da Silva na reunião do G20. Dilma reclama da casa alugada por R$ 12 mil mensais pelo PT em área nobre de Brasília. Numa rua estreita, sua entrada e saída é vigiada por jornalistas. No Torto, poderá usar helicóptero.
A eleita voltou na noite de sábado da Bahia para Brasília. Ontem, foi até o Torto, mas a assessoria não soube dizer se era para checar detalhes da mudança. O Torto é a residência da Presidência predileta de Lula -segundo ele mesmo, pela churrasqueira. Dilma repetirá o antecessor, que morou lá em 2002, na transição.
“Pragmático”, NE rico e pobre vota em Dilma
Micinéia Santos e o marido, Pedro, votaram em Dilma Rousseff (PT) para presidente e em Eduardo Campos (PSB e aliado de Dilma) para governador em Pernambuco. Favelados no Suvaco da Cobra, em Jaboatão dos Guararapes, vizinha a Recife, e com três filhos dependentes do Bolsa Família, Pedro e Micinéia dizem que a vida vem melhorando. Daí a escolha. A meia hora de carro da favela, o empresário Leonardo Simões, diretor de um terminal de contêineres no porto de Suape, no litoral sul de Pernambuco, toma cerveja na praia de Boa Viagem. Ele conta que também votou em Dilma e em Campos.
Micinéia, Pedro e Leonardo não têm nada em comum, a não ser o fato de serem pernambucanos e representarem os pobres e ricos que votaram nas mesmas pessoas. Ao contrário do que se deu no Sul e no Sudeste, onde os votos para o PSDB ficaram concentrados em “ilhas” de renda e escolaridade elevadas cercadas pelo vermelho do PT, o Nordeste pobre e rico votou em massa (e de forma homogênea) em Dilma e em seus aliados. Eduardo Campos, reeleito governador no primeiro turno com 83% dos votos válidos, arrisca uma explicação: “A sociedade cansou. Quer gente que faça a coisa funcionar. E a vida do povo, melhorar. Quer a profissionalização da política”, diz.
Região vive “renovação”, afirma Campos
Eduardo Campos (PSB), 45, governador reeleito de Pernambuco, afirma que o crescimento econômico da região se deu a partir da renovação política que ocorre desde 2006, “com a eleição de novas forças políticas”.
Custo das reservas ficou R$ 3,5 bi acima do investimento federal
Proteger o país de crises externas aumentando a poupança do governo em dólar pesou mais no bolso do contribuinte brasileiro do que os investimentos feitos pelo governo Lula em estradas, hospitais, escolas e outras obras. Nos últimos sete anos, o estoque das chamadas reservas internacionais cresceu mais de seis vezes e atingiu níveis históricos, o que foi considerado um feito da área econômica. Atualmente as reservas somam US$ 287 bilhões.
Mas manter isso custou cerca de R$ 136,2 bilhões, R$ 3,5 bilhões a mais do que os investimentos federais, que somaram R$ 132,7 bilhões entre 2003 e 2009. Ainda assim, somente no ano passado, o custo de ter US$ 240 bilhões em reservas foi R$ 4,7 bilhões maior do que os desembolsos do governo com investimento, segundo levantamento feito pela Folha. Essa quantia corresponde a quase quatro meses de repasses do programa Bolsa Família, uma das bandeiras da gestão atual.
MEC admite reaplicar Enem a aluno prejudicado
O Inep, instituto do Ministério da Educação responsável pelo Enem, admite aplicar outra versão do exame a alunos que fizeram a prova anteontem com questões repetidas e outras faltando. A falha ocorreu em algumas provas do caderno amarelo, uma das quatro versões. Segundo o Inep, a orientação aos fiscais foi trocar a prova na hora por outra sem o problema. O instituto admite, porém, que em algumas situações isso não ocorreu. Nesses casos está sendo estudada a possibilidade de reaplicar o exame, mas não há certeza se essa será mesmo a solução adotada. “Garantimos que nenhum aluno será prejudicado”, disse o presidente do instituto, Joaquim José Soares Neto.
O Estado de S. Paulo
Prejudicados do Enem poderão ir a nova prova
O Ministério da Educação pode aplicar outro exame do Enem para candidatos prejudicados anteontem pelo erro de montagem de um dos quatro cadernos de prova, o amarelo. A falha levou estudantes a se depararem com textos repetidos ou questões ausentes. Pelo balanço oficial, 20 mil alunos receberam cadernos com problemas, mas muitos conseguiram trocar e a estimativa é que os candidatos com direito a nova prova sejam 2 mil. Alunos que fizeram exame no sábado enfrentaram outra dificuldade: a inversão do cabeçalho do cartão-resposta entregue aos candidatos. O MEC, que registra diversas confusões com o Enem desde 2009, comprometeu-se a analisar as reclamações dos estudantes “caso a caso”, o edital para a impressão do Enem mostra que a gráfica contratada era responsável por todo o processo, mas cabia ao MEC a aprovação das matrizes das provas que foram impressas e entregues aos estudantes no fim de semana.
Sindicatos vão cobrar Dilma sobre mínimo
O primeiro teste sobre a disposição da presidente eleita, Dilma Rousseff, de promover ajuste fiscal será nesta semana: a reunião com centrais sindicais sobre o reajuste do salário mínimo e das aposentadorias acima do mínimo, itens que mais pesam nos gastos do governo.
Palocci inaugura hoje transição, que pode custar R$ 2,8 milhões
Oito anos após haver comandado a histórica transição entre as administrações de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e Luiz Inácio Lula da Silva (2003-2010), Antonio Palocci volta hoje ao mesmo prédio, o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), para iniciar a passagem entre os governos de Lula e Dilma Rousseff. Ele recebe o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, encarregado de pilotar as discussões técnicas da transição pelo lado do governo. Formalmente, quem coordena a transição é o ministro interino da Casa Civil, Carlos Eduardo Esteves Lima. Ele ficará a cargo das tarefas mais burocráticas.
Duas equipes vão cuidar dos trabalhos, cujo objetivo é evitar interrupções no funcionamento da máquina pública durante a troca de comandos. Dilma pode nomear até 50 pessoas para assessorá-la e dispõe de R$ 2,8 milhões para pagar salários. Na semana passada, ela enviou ao Planalto uma lista com 39 nomes que comporão a equipe num primeiro momento. Pelo lado do governo, foi designado um técnico de cada ministério.
‘Lamento a conversão forçada de Dilma’
O cardeal e arcebispo emérito do Rio de Janeiro, d. Eugênio Sales, que completa 90 anos hoje, lamentou o que chamou de conversão tardia da presidente eleita, Dilma Rousseff, na reta final da campanha eleitoral.
O religioso disse temer a pressão que grupos favoráveis à descriminalização do aborto e aos direitos dos homossexuais farão sobre a presidente. “Espero que o compromisso, que ela assumiu, ela possa cumprir.”
Apesar de classificar o homossexualismo como “anormalidade” e dizer que uma de suas preocupações no mundo é a China, d. Eugênio nega ser conservador ou reacionário. Cita como exemplo a ajuda que deu a “milhares” de refugiados de ditaduras sul-americanas e a animosidade que sofreu de militares brasileiros por se opor à tortura de presos políticos.
Convite dá à petista status de participante oficial do G-20
A presidente eleita Dilma Rousseff terá lugar ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na mesa de negociações do G-20, em Seul, na Coreia do Sul, na quinta e sexta-feira. O convite oficial chegou ao Brasil na noite de quinta-feira e prevê que ela se sente à mesa do G-20 no jantar e almoço com os chefes de Estado e de governo, além de participar de todas as discussões sobre guerra cambial, no dia 12.
Dilma pode até fazer alguma intervenção oficial, se o Brasil achar conveniente. No G-20, cada país tem direito a quatro assessores na reunião. No caso do Brasil, serão cinco lugares. A presidente eleita vai se integrar à comitiva em Seul, onde chega de avião comercial, junto com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, e mais dois assessores. Todas as despesas dela e de seus assessores serão pagas pelo Planalto. Depois, retorna ao Brasil na companhia do presidente.
PT mineiro já briga pela eleição de 2012
A confirmação da vitória de Dilma Rousseff na eleição presidencial desencadeou nova movimentação no PT mineiro. O pano de fundo dessa vez é a disputa pela Prefeitura de Belo Horizonte em 2012.
Os sinais de movimentação surgiram antes da votação do primeiro turno, quando a iminência da derrota da chapa de Hélio Costa (PMDB) e Patrus Ananias (PT) fez recrudescer no diretório estadual as dissensões entre os grupos do ex-ministro do Desenvolvimento Social e do ex-prefeito Fernando Pimentel.
Agora, enquanto Pimentel, derrotado na eleição para o Senado, busca espaço no governo Dilma, Patrus é apresentado como opção para o PT recuperar o terreno perdido na capital mineira.
Obama força Paquistão e Índia a acordo
O presidente dos EUA, Barack Obama, exortou Índia e Paquistão a trabalharem juntos para resolver suas disputas. Ele disse que a Índia tem muito a ganhar se seu rival tiver êxito na luta ao terror. Obama também desafiou o Paquistão a se esforçar mais nessa luta.
Fischer descarta economia forte com moeda fraca
É difícil pretender uma economia forte com moeda fraca, como quer o Brasil, diz Stanley Fischer, um dos mais celebrados economistas do mundo, em entrevista a Celso Ming.
Correio Braziliense
Violência no trânsito subiu 9,5% este ano
De janeiro a agosto deste ano, 310 pessoas morreram nas ruas da capital. Isso significa um aumento de 9,5% em relação ao mesmo período do ano passado. Do total, 96 eram pedestres — ontem, por exemplo, dois foram atropelados: um na EPTG e outro em Planaltina. Em agosto, o pior mês desde 2004 em acidentes fatais, morreram 55.
Educação: Confusões voltam a ameaçar o Enem
O Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) se tornou um problema contínuo para o governo. As provas deste fim de ano, encerradas ontem, foram marcadas por erros no cabeçalho e o vazamento de algumas questões por meio do Twitter. A OAB classificou o teste como “um desastre”, o MPF pode pedir o cancelamento do exame e o MEC anunciou que os alunos que divulgaram conteúdo pelos celulares devem ser processados.
Transição: Passagem do bastão de olho no caixa
Tanto no GDF quanto na Presidência os novos ocupantes dos cargos a partir de 1º de janeiro — Agnelo e Dilma — iniciam hoje suas respectivas transições com duas preocupações em mente: a divisão de cargos entre os partidos e, especialmente, o estudo orçamentário, fundamental para pôr em prática as promessas de campanha.
Fundos de pensão: Partidos aliados na briga por R$ 500 bilhões
Mesmo a dois meses de seu início, o novo governo já administra uma disputa na base aliada pela bolada de meio trilhão de reais disponibilizado pelos fundos para investimentos. Além do cofre cheio, os partidos cobiçam a lista de cargos — 8 mil vagas com salários de até R$ 30 mil.
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