Folha de S. Paulo
Pesquisa faz PSDB voltar à carga para Aécio ser vice
Sob o impacto do último Datafolha, que registra um empate com a petista Dilma Rousseff para a Presidência, a coordenação de campanha de José Serra (PSDB-SP) se reúne hoje para redesenhar sua estratégia e agenda, que agora será intensificada. Além disso, o partido pretende fazer uma nova investida sobre Aécio Neves, que volta amanhã após 25 dias fora do país, para que o mineiro aceite ser vice na chapa. O comando da campanha avalia que, com Aécio como vice, Serra somaria mais 2 milhões de votos, ao menos. Aécio encontrará um cenário em que aliados, antes relutantes, recomendem que reconsidere. Na semana passada, o secretário-geral do PSDB-MG, Lafayette de Andrada, expressou esse desejo -foi a primeira vez que um dirigente tucano em MG admitiu a chapa puro-sangue.
Embalada pelo Datafolha, Dilma curte folgas em NY
Embalada pelo resultado da pesquisa Datafolha que a mostra em empate técnico com seu principal adversário, o tucano José Serra, a pré-candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, esbanjou bom humor no final de semana em Nova York. Sem agendas oficiais desde a tarde de sexta-feira, Dilma aproveitou para descansar passando um típico final de semana turístico na cidade: jantou em bons restaurantes (como o francês Daniel), passeou por ícones nova-iorquinos, como a Times Square, e fez compras. No sábado pela manhã, já conhecedora do resultado da pesquisa Datafolha -em que aparece pela primeira vez empatada com o pré-candidato tucano em 37%-, a petista mostrou cautela.
PV “esconde” Marina ao lançar Gabeira
Sem citar nem sequer uma vez o nome da pré-candidata de seu partido à Presidência, Marina Silva, em discurso de 20 minutos, o deputado federal Fernando Gabeira (PV) lançou-se ontem pré-candidato ao governo do Rio. José Serra, pré-candidato do PSDB, foi citado uma vez. A campanha de Marina (que não foi ao evento) é coordenada pelo ex-vereador Alfredo Sirkis, presidente do PV no Estado do Rio, com quem Gabeira está rompido. Nas faixas no salão nobre da sede do América Futebol Clube (Tijuca, zona norte), o nome de Marina aparecia riscado ou coberto por fotos de Gabeira para não melindrar os outros partidos da coligação (DEM, PSDB e PPS).
Deputado denuncia “compra” de políticos no Estado
Em seu discurso, o pré-candidato do PV ao governo estadual, Fernando Gabeira, disse que há no Estado do Rio políticos, os quais definiu como “um punhado de velhacos”, subornados por empresas de ônibus. Ele fez a acusação em discurso e, mais tarde, em entrevistas. “Infelizmente não posso dar os nomes, mas há uma compra sistemática de vereadores e até de deputados do Estado. Vamos fazer valer o direito do usuário e tentar evitar, e denunciar, qualquer decisão que seja feita na base da compra de deputados e vereadores”, afirmou.
Lula idealiza recriação do clima do Real
Condutor de sua sucessão, Lula idealizou para 2010 uma atmosfera que evoca os pleitos de 1994 e de 1998. No primeiro, como responsável pelo Plano Real, o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, foi o candidato da continuidade. Os eleitores se dividiram entre os que queriam entregar a Presidência ao homem que domava a inflação e os que preferiam seus opositores. Vivia-se uma quadra de sim ou não a FHC. Algo que pode ser traduzido num vocábulo: plebiscito. Dali a quatro anos, o eleitorado daria um novo voto de confiança ao tucano. Nos dois casos, FHC prevaleceu sobre Lula no primeiro turno. Dá-se agora, imagina o cabo eleitoral de Dilma Rousseff, algo bastante semelhante.
Estados desembolsam R$ 1,69 bi em propaganda
O governo tucano do Estado de São Paulo foi o que mais gastou com propaganda e publicidade no país -quase um quinto de R$ 1,69 bilhão que as administrações estaduais desembolsaram na véspera do ano eleitoral.
Sozinho, o governo federal teve gastos publicitários de R$ 1,119 bilhão em 2009. O gasto estadual com propaganda por habitante mais alto é o do Distrito Federal, seguido de Tocantins, Goiás e Rio Grande do Sul.
Cada cidadão do DF pagou R$ 80,56 pela propaganda da gestão José Roberto Arruda (então no DEM); os tocantinenses desembolsaram, cada um, R$ 24,51 para promover o governo de Marcelo Miranda (PMDB). Os goianos arcaram, cada um, com R$ 19,34 para as campanhas de Alcides Rodrigues (PP), e os gaúchos, com R$ 18,98 para custear atos de divulgação da governadora Yeda Crusius (PSDB).
Congresso aprova nova lei para regular contratos
A dificuldade para fiscalização e definição dos serviços de publicidade e propaganda levou à aprovação pelo Congresso de uma lei, que entrou em vigor neste mês para reger o setor. A nova legislação começou a ser elaborada após o chamado escândalo do mensalão, em 2005, esquema de repasse de verba para parlamentares da base que usava agências do publicitário Marcos Valério como fachada. A nova lei exige que os governos façam licitação e define quais serviços podem ser oferecidos pelas agências de propaganda. Havia governos que incluíam na mesma conta serviços de assessoria de imprensa, relações públicas e até patrocínios a eventos.
Eleger deputado em SP demanda mais de 300 mil votos
Partidos ou coligações terão de romper a barreira dos 300 mil votos para eleger neste ano ao menos um deputado federal em São Paulo, 11 mil a mais que em 2006. O cenário no Estado, que tem 41 milhões de habitantes e 70 cadeiras na Câmara, mostra que a disputa por um mandato se torna mais difícil, já que não houve redefinição do número de vagas destinadas a cada Estado pelo Congresso e pelo Tribunal Superior Eleitoral. Na eleição federal de 2006, a soma dos votos válidos dividida pelo número de vagas resultou no quociente de 296.987 votos em São Paulo. Agora, deve chegar a 308.070, mantida a taxa de votos brancos, nulos e abstenção da eleição passada, considerando o eleitorado de março deste ano.
Para sociólogo, Brasil ainda vive um abismo social
Na contramão dos estudos que apontam melhora da distribuição de renda no Brasil, o sociólogo Jessé Souza afirma que o país ainda vive uma “desigualdade abissal” em sua sociedade. Coordenador do Centro de Pesquisa sobre Desigualdade Social da Universidade Federal de Juiz de Fora, Souza lançou recentemente o livro “A Ralé Brasileira”, em que estuda as características dessa “parcela da população que vive como subgente”.
A seguir, trechos da entrevista concedida por Souza.
Servidor do MT vendia madeira, afirma PF
O ex-secretário-adjunto da Sema (Secretaria Estadual de Meio Ambiente) de Mato Grosso Afrânio Migliari era proprietário “de fato” de uma empresa que vendia madeiras extraídas de planos de manejo que ele próprio “acompanhava e aprovava” dentro da secretaria. É o que aponta o relatório final da investigação da Polícia Federal, ao qual a Folha teve acesso. A maioria dos projetos continha “graves irregularidades”, diz trecho do documento do órgão federal. A empresa pertencente a Migliari, segundo a PF, é a Comol Comercial de Madeiras Ltda., com sede em Ourinhos e uma filial em Marília, no Estado de São Paulo.
Ação da PF para proteger fronteira no AM perde força
A Operação Cobra, criada há dez anos para combater o tráfico na fronteira do Brasil com a Colômbia, está a caminho da extinção.
A região é uma das mais visadas por narcotraficantes ligados às Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia). É também o principal ponto de entrada de drogas colombianas destinadas aos EUA e à Europa.
A operação, que foi criada em 2000 e abrigou mais de cem policiais, tem hoje apenas 20. De 2008 para cá, 5 dos 9 postos da Polícia Federal na fronteira foram fechados. Uma décima unidade, prevista no início da operação, nunca foi implantada.
O Globo
Gastos do governo com publicidade crescem 63%
Impedido de fazer publicidade dos órgãos públicos nos 90 dias que antecedem as eleições, o governo Lula acelerou os gastos com propaganda. Nos primeiros quatro meses do ano, já foram desembolsados R$ 240,7 milhões – 63% a mais do que no mesmo período de 2009. Para promover a imagem e as ações do governo, o orçamento total para a propaganda chega a R$ 700,4 milhões, 29,2% a mais do que no ano passado. Estão de fora dessa conta os valores gastos pelas estatais. A Secretaria de Comunicação da Presidência nega, em nota, motivação eleitoral.
Presidente do partido diz que os índices não conferem com sondagens internas
O presidente nacional do PSDB e coordenador da campanha de José Serra, senador Sérgio Guerra (PE), acredita que os resultados regionais da pesquisa Datafolha divulgada ontem pelo jornal “Folha de S.Paulo” não podem ser considerados na avaliação do cenário eleitoral.
— Eles não conferem com os números que nós temos — disse o tucano, referindo-se às pesquisas encomendadas pelo próprio PSDB.
O Datafolha mostrou o crescimento da précandidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, em todas as regiões do país. E queda de Serra. O tucano só não caiu no Nordeste, onde segue com 33% das intenções de voto, mas está atrás de Dilma, que passou de 37% para 44%. Até no Sudeste, única região em que Serra continua liderando além dos limites da margem de erro, a vantagem diminuiu. O pré-candidato do PSDB tem 40% das intenções de voto, contra 33% da adversária. Em abril, a vantagem era de 45% para 26%.
Gabeira promete check-up para carentes
Com promessas que traziam embutidas críticas ao Legislativo fluminense e ao governador Sérgio Cabral (PMDB), o deputado federal Fernando Gabeira (PV) foi lançado oficialmente ontem como pré-candidato a governador do Rio pela coligação PV-PSDB-DEM-PPS. Na lista de propostas, ele incluiu melhorias no saneamento básico, checkup médico para a população carente e expansão do metrô para São Gonçalo e Itaboraí, na Região Metropolitana. Gabeira afirmou ainda que será preciso romper a cumplicidade de vereadores e deputados com empresas de ônibus: — Vamos fazer o transporte pensando em função do homem e da mulher que dependem dele.
Um balaio inusitado de partidos
A preocupação e o esforço em mostrar ontem que, apesar das diferenças, há sintonia entre os quatro partidos que se uniram para eleger Fernando Gabeira governador do Rio de Janeiro, deixou transparecer que tal união fomenta, contraditoriamente, um racha: eles se dividem em relação à presidência da República. Uns apoiam Marina Silva; outros, José Serra.
— O problema dessa coligação é essa situação inusitada de ela ter dois candidatos a presidente.,Isso faz parte da política, faz parte dos encontros e desencontros — justificou Cesar Maia (DEM).
Sem estrutura para bancar candidato próprio com chances reais de conquistar o governo do estado, restou ao PV, ao DEM, ao PPS e ao PSDB deixar de lado velhos atritos e discordâncias para formar uma inusitada coligação em torno de um só nome. No lançamento da précandidatura de Gabeira (PV), cada um justificou a estratégia à sua maneira.
PT do Maranhão desafia o comando nacional
Desafiando o Diretório Nacional do partido, lideranças do PT maranhense reuniram-se sábado à noite, em São Luís. O grupo reafirmou o apoio à candidatura do deputado Flávio Dino (PC do B) ao governo do estado e indicou a petista Terezinha Fernandes, ex-deputada federal, para vice.,Dino é adversário da governadora Roseana Sarney (PMDB), que disputa a reeleição com apoio do presidente Lula e da candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff. A guerra política no estado resvala agora também para a área criminal. Esta semana, a cúpula do PT formará uma comissão para apurar denúncia de que emissários da família Sarney estariam oferecendo dinheiro a delegados petistas em troca de apoio a Roseana.
O Estado de S. Paulo
Governo pagou R$ 3,3 milhões a sindicato que terceiriza mão de obra
O governo federal pagou R$ 3,3 milhões nos últimos sete anos pelos serviços prestados por um sindicato de fachada que, em vez de representar os interesses dos trabalhadores, atua como empresa de terceirização de mão de obra. O dinheiro foi repassado pelo Ministério da Agricultura ao Sindicato dos Trabalhadores na Movimentação de Mercadorias em Geral (Sintram), da cidade de Montividiu, em Goiás.
A reportagem do Estado esteve sexta-feira na cidade de 9 mil habitantes e encontrou, no endereço fornecido pelo sindicato ao governo, um pequeno imóvel alugado de dois cômodos, sem placa de identificação, ao lado de um salão de beleza.
TCU investiga uso de imposto sindical
O Tribunal de Contas da União (TCU) investiga há seis meses, sob sigilo, o uso do imposto sindical por três sindicatos e uma federação nacional ligados a uma mesma família. As entidades filiadas à Força Sindical “representam” os trabalhadores de restaurantes “fast food” em São Paulo, Goiás, Distrito Federal e Santa Catarina. É o primeiro processo aberto pelos ministros do tribunal desde a decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2008, de liberar as centrais sindicais da prestação de contas sobre o uso do imposto, que movimenta R$ 2 bilhões por ano. No acórdão que trata da abertura da investigação, os ministros afirmam que objetivo é “averiguar os indícios de incompatibilidade entre o patrimônio e a renda” dos sindicalistas.
Proliferação de sindicatos vai na contramão mundial
A proliferação de sindicatos no Brasil vai na contramão da tendência mundial. Nos demais países, as entidades passam por um processo de fusão para ganhar poder de barganha. A avaliação é do professor José Dari Krein, diretor adjunto do Centro de Estudos Sindicais e Economia do Trabalho da Universidade de Campinas (Unicamp). “Seria necessário criar condições de estimular a unificação dos sindicatos”, disse. “Vemos a legitimação do movimento de fragmentação, quando deveria acontecer o contrário”, diz ele. A pulverização dos sindicatos é mal vista também pelos próprios dirigentes sindicais e pelo governo. “Não é bom para a força dos trabalhadores”, analisa o ex-secretário de Relações do Trabalho Luiz Antônio de Medeiros. “Enquanto existir o imposto sindical, isso vai acontecer.” O imposto sindical não é a única explicação para o crescimento do número de sindicatos no País. Há casos, por exemplo, em que grupos políticos derrotados nas eleições optam por fundar outra entidade. Para tanto, precisam driblar a Constituição, que prevê a unicidade (um sindicato por categoria a cada município).
Eleitorado ‘fiel’ a Lula supera o que declara intenção de voto em Dilma
A última pesquisa Datafolha, que mostrou um empate entre José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT), indica que a pré-candidata petista ainda tem potencial para crescer no contingente de eleitores disposto a seguir a indicação de voto dada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Dilma tem 37% das intenções de voto, menos do que os 44% de eleitores que dizem que votarão no candidato de Lula “com certeza”. Nesses 44% há hoje uma maioria “dilmista”, mas também uma parcela de desinformados, que ignora a opção do presidente ou até pensa que ele apoia Serra ou Marina Silva (PV). Um décimo do eleitorado não sabe que a ex-ministra da Casa Civil é a candidata de Lula e, em tese, gostaria de votar nela. Alem dos 44% de “lulistas convictos”, há mais 22% de entrevistados que respondem “talvez” aos serem questionados se votariam em um candidato apoiado por Lula. Ou seja, no total, dois terços dos eleitores admitem estar sob a possível influência do presidente na corrida eleitoral.
Datafolha acende luz amarela para candidato tucano
Ao ratificar o empate de Dilma Rousseff (PT) com José Serra (PSDB), a pesquisa Datafolha confirma que a propaganda petista no rádio e na TV foi eficiente para associar sua pré-candidata a Lula. Mas as repercussões vão além disso. As inserções de 30 segundos e o programa de 10 minutos do PT conseguiram projetar uma imagem aceitável de Dilma para mais eleitores, ampliando seu eleitorado potencial. Fizeram sua taxa de rejeição cair de 24% para 20%. E elevaram seu porcentual na simulação de 2º turno para 46%, empatando tecnicamente com Serra. A consolidação do eleitorado de Dilma está ocorrendo mais rapidamente do que a do seu principal rival. Ela subiu de 13% para 19% entre abril e maio, chegando à liderança isolada no voto espontâneo. Hoje, metade da intenção de voto total na petista está na ponta da língua do eleitor, não é apenas “efeito memória”. Ao confirmar que Serra perdeu eleitores para Dilma, o Datafolha faz acender uma luz amarela na campanha tucana. A estratégia de assoprar por cima e morder por baixo parece ter efeito limitado. Elogiar Lula e criticar pontos específicos do governo pode não ser suficiente para sustentar a candidatura de Serra.
Suplicy está disposto a ser vice de Mercadante
Se depender da militância petista das zonas norte, noroeste e oeste da capital paulista, o senador Aloizio Mercadante será o próximo governador do Estado e o senador Eduardo Suplicy ocupará a vaga de vice. Depois de ter acatado apelo da direção estadual do PT para abrir mão da candidatura ? apesar de estar à frente de Mercadante nas pesquisas de intenção de votos ao governo do Estado ? Suplicy aguarda aprovação de seu nome pelo PDT. A prioridade para que o partido defina o vice de Mercadante foi acertada na aliança feita com o PT e o PR. Mercadante conta com o apoio de 12 partidos para sua candidatura e ontem o vereador Milton Leite (DEM) anunciou que também vai apoiá-lo, embora seu partido esteja fechado com a candidatura de Geraldo Alckmin (PSDB) no Estado. “O sujeito quando quer ser candidato tem que chamar político para conversar. Tenho 80 mil votos. Alckmin não me chamou”, disse Leite. Em 2008, o PSDB e DEM romperam em São Paulo quando o tucano resolveu se lançar candidato à prefeitura.
Correio Braziliense
Força-tarefa contra notas falsas
A Polícia Federal e o Banco Central decidiram unificar suas forças para diminuir a falsificação de dinheiro no país. Nos últimos dois anos, as autoridades brasileiras começaram a intensificar operações de combate a esse tipo de crime, que vinha crescendo. O motivo é a valorização do real (1)diante de outras moedas. Na semana passada, a PF tirou de circulação pelo menos 240 mil notas falsas em São Paulo. A quadrilha presa tinha ramificações em outros estados e distribuía, por mês, pelo menos R$ 250 mil em dinheiro irregular. Para chegar aos criminosos, a PF também alterou sua forma de investigação e agora mira os fabricantes.
Sem liberdade nem interesse político
Para garantir o direito do voto aos presos provisórios e menores infratores, tribunais regionais eleitorais de todo o Brasil têm traçado uma verdadeira estratégia de guerra. O plano inclui monitoramento de riscos nos presídios e casas de detenção, acompanhamento, em parceria com a polícia, de grupos criminosos organizados, seleção minuciosa de mesários voluntários que irão atuar nessas seções e análise sobre o acesso à propaganda eleitoral(1). Levantamento feito pelo Correio nos 26 estados e no DF mostra, porém, que o aparato montado não se traduz no número de presos com intenção de participar da eleição. Até agora há estimativas de que 22.456 presos provisórios irão votar, número bem abaixo dos 150 mil detentos com direito a voto. O número baixo tem algumas explicações. Ao contrário do eleitor em liberdade, os presos provisórios podem decidir se vão votar. A avaliação é a de que existe desinteresse pelo processo político entre os detentos. Outra questão é a preocupação com a segurança do processo. Em Goiás, não haverá eleições nos presídios. O TRE-GO alega falta de segurança.
Artilharia voltada para Dilma
O crescimento de Dilma Rousseff (PT) nas pesquisas de intenções de voto divulgadas nas últimas duas semanas acendeu um sinal de alerta no ninho tucano. Lideranças ligadas à campanha de José Serra (PSDB) avaliam que chegou a hora de intensificar as comparações entre as biografias dos dois principais pré-candidatos à Presidência da República. A análise é de que a exposição na TV, a partir de junho, pode alavancar o nome de Serra, o que, para aliados, será uma boa oportunidade para o tucano mostrar-se como um candidato mais experiente que a concorrente.
Novo Legislativo, velhos políticos
Quem apostar que os escândalos, responsáveis por crises profundas e turbulências na rotina da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, promoverão em outubro uma taxa de renovação inédita nas duas Casas, perderá. A opinião é de cientistas políticos e de especialistas, que apontam como um dos fatores que tendem a levar o parlamentar ao sucesso da reeleição a estrutura disponível ao cargo, o que lhe permite ganhar visibilidade e manter a conexão com as suas bases eleitorais. Não que os eleitores estejam alheios ao noticiário negativo. Mas o impacto dos escândalos tenderá a ser pontual, para aqueles parlamentares que estiveram mais expostos ao bombardeio, sem, contudo, afetar substancialmente os índices gerais médios de reeleição verificados nas duas últimas décadas. Na Câmara dos Deputados, a renovação média verificada na eleição de 2006 foi de 47%. Nas assembleias, de 44%. No Senado, em 2002, chegou a 74% das 54 cadeiras em disputa.
Inocência provada de nada serviu
Era uma quinta-feira. A servidora Maria Francisca Soares, 53 anos, levantou cedo, tomou banho e fez café em sua residência no Setor Leste do Gama. Às 7h em ponto, abriu a janela do quarto e olhou para fora. Já estavam no seu quintal um delegado e mais dois policiais vestidos de preto, com armas de cano longo nas mãos. Um dos policiais se aproximou com um revólver apontado para ela, perguntou pelo seu nome e ordenou: Abra a porta. Ela conta que não sabia o que estava acontecendo. Mas logo entendeu. Começava ali um pesadelo que já dura cinco anos. Maria teve a casa revirada, foi presa, algemada, fotografada pela imprensa, transportada em camburão e depois levada para Macapá (AP). Era suspeita de fazer parte de uma quadrilha que fraudou o Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) naquele estado. Tratava-se da Operação Pororoca, que, em novembro de 2004, prendeu 28 empresários e políticos acusados de montar uma quadrilha para fraudar licitações para 17 grandes obras realizadas no Amapá, no valor de R$ 103 milhões. Quatro anos depois, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a servidora agiu dentro da norma legal. Era tarde. Sua carreira estava destruída e a vida, arruinada.