Folha de S. Paulo
Para ministro do STF, favor a ex-mulher incrimina Dirceu
O ministro Joaquim Barbosa, relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF), deverá apontar os favores prestados pelos operadores do esquema a uma ex-mulher do ex-ministro José Dirceu como uma prova decisiva do seu envolvimento com o mensalão. Na fase de instrução do processo, Barbosa e seus assessores fizeram vários questionamentos à Polícia Federal e à Procuradoria-Geral da República para esclarecer detalhes sobre os favores prestados à ex-mulher de Dirceu.
Esse procedimento indica que Barbosa considera esse ponto particularmente relevante para incriminar Dirceu, acusado no STF de cometer os crimes de formação de quadrilha e corrupção ativa. O julgamento do mensalão entra amanhã na sua quinta semana. Ele ainda está no começo e só deverá chegar daqui a duas semanas ao capítulo em que serão analisados os crimes atribuídos a Dirceu. Os favores à sua ex-mulher lançam dúvidas sobre a distância que o ex-ministro diz que sempre manteve do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza, apontado como operador do mensalão. Dirceu diz que mal conhecia Valério e que só teve contato com ele em reuniões no Palácio do Planalto às quais ele compareceu na companhia de outros empresários.
Leia também
Ex-ministro não sabia dos favores, afirma advogado
O defensor do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu no processo sobre o mensalão, o advogado José Luis Oliveira Lima, disse que as “provas coletadas no processo afirmam” que Dirceu nada sabia sobre os favores que foram prestados à sua ex-mulher. “As testemunhas ouvidas na ação penal afirmam categoricamente que o ex-ministro não tinha qualquer conhecimento dos fatos relacionados à sua ex-mulher. Os autos é que dizem”, afirmou o advogado.
O advogado disse ainda que Ângela Saragoça relatou o assunto a Dirceu somente depois que o escândalo do mensalão teve início. Oliveira Lima disse que não gostaria de se manifestar diretamente sobre a possibilidade de o episódio ser incluído no voto do ministro Joaquim Barbosa, “em respeito ao relator”, para não “falar numa suposição sobre um voto que é sigiloso”.
Pizzolato diz que poderia ter sido mais convincente
A defesa do ex-diretor de marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato reconheceu, em memorial entregue sexta-feira ao Supremo Tribunal Federal, que o cliente poderia ter sido “mais convincente” em sua versão no processo do mensalão. O relator do processo, Joaquim Barbosa, e o revisor, Ricardo Lewandowski, condenaram Pizzolato por corrupção passiva e peculato.
O memorial, nesse caso, funciona como uma espécie de última cartada da defesa, na tentativa de convencer os outros nove ministros da corte que ainda não votaram. Em janeiro de 2004, Pizzolato recebeu em sua casa um pacote com R$ 326 mil sacados das contas do empresário Marcos Valério Fernandes de Souza. Na época, uma empresa de Valério, a DNA Publicidade, mantinha contrato de publicidade com o BB, área sob controle de Pizzolato, homem ligado ao PT. Numa lista entregue por Valério aos investigadores, Pizzolato aparece como o beneficiário do dinheiro. Desde 2005, Pizzolato alega que estava só fazendo “um favor” a Valério, não sabia que o envelope continha dinheiro, mas apenas “documentos”. Diz que entregou o envelope, ainda lacrado, a uma pessoa do PT do Rio cujo ele nome nunca revelou. E alega que “não pegou” o nome do mensageiro.
‘Capinhas’ que assessoram os ministros falam sobre as brigas
Doze homens e nenhum segredo. Sempre à sombra dos 11 ministros do Supremo Tribunal Federal e do procurador-geral Roberto Gurgel, eles têm visão privilegiada do julgamento do mensalão. Testemunhas das discussões, eles elencam nos bastidores as principais cenas entre os ministros no cafezinho do STF, com destaque para um bate-boca acalorado entre Gilmar Mendes e Marco Aurélio: a palavra mais gentil no episódio foi “moleque”.
Encarregados da estrutura oferecida aos ministros -da arrumação das cadeiras à distribuição de votos-, eles são os assistentes de plenário, apelidados de “capinhas” pela capa de cetim preta. “É uma função de extrema confiança e responsabilidade, eles ouvem conversas reservadas, acompanham tudo”, disse Gilmar Mendes.
Do Planalto à planície
Eles foram ministros de Estado, desfrutaram das mordomias do poder em Brasília e voaram no avião presidencial para representar o país no exterior. Hoje, passam horas no trânsito de São Paulo para promover reuniões pequenas, algumas com menos de dez eleitores, de olho em uma vaga na Câmara Municipal. Estrelas de primeiro escalão dos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, Andrea Matarazzo (PSDB) e Orlando Silva (PC do B) são exceções no exército de 1.226 candidatos a vereador em São Paulo.
Em cada ato de campanha, os dois têm sido instados por eleitores a explicar por que afinal, depois de reinar na Esplanada dos Ministérios, agora querem ocupar um dos 55 gabinetes no viaduto Jacareí. “É a pergunta que eu mais ouço”, diz Matarazzo, que renunciou às prévias do partido para abrir caminho ao amigo José Serra. “Meu projeto é ser prefeito, mas às vezes a gente tem que recuar…” “Muita gente se surpreende. ‘Mas vereador?’ E eu ainda sou chamado de ministro…”, afirma Silva, que deixou o governo Dilma Rousseff como um dos alvos da “faxina” do fim de 2011. Os dois têm pouco em comum além do passado de glória na política e do fato de disputar a primeira eleição.
Candidato a vice de Paes vive em favela controlada por tráfico
Após seis mandatos, o vereador Adilson Pires (PT), 53, saiu da oposição, virou líder do prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), e acabou escolhido vice na chapa pela reeleição do prefeito. Apesar da ascensão, ele não saiu de onde cresceu: a favela Vila Aliança, zona oeste, uma das comunidades mais violentas do Rio.
Até dois anos atrás, Pires morava a 50 metros da boca de fumo mais movimentada da favela, onde homens armados vendem e consomem drogas, e troncos de árvores e muretas na rua evitam a aproximação de carros. A Folha visitou o local com o presidente da associação de moradores, Ricardo Ananias -Pires não quis acompanhar. “Fui criado ali, minha família e meus amigos estão ali. Sinto compromisso de não abandonar essas pessoas”, diz. Segundo ele, “ninguém pode achar natural conviver com isso [pessoas armadas]. Mas tenho confiança no governo de que participo. Estamos criando as condições para garantir a política de pacificação em curso.”
Maioria em SP aprova horário eleitoral
O horário eleitoral na TV e no rádio deve ser mantido, diz a maioria dos entrevistados de pesquisa Datafolha realizada na semana passada, em São Paulo. Mais da metade dos que apoiam a propaganda política, entretanto, acha preciso rever o formato. De acordo com o levantamento, 64% da população pensa que a publicidade eleitoral deve continuar de algum modo. Esse índice se divide entre os 30% que avaliam que ela deve ficar como está e os 34% que afirmam que o modelo deve ser repensado. Outros 32% sugerem que o espaço seja extinto.
A pesquisa mostra ainda que 57% dos ouvidos declaram que assistirão ao programa. A maioria (62%) diz que o horário eleitoral influenciará na definição de seu voto. Entre os mais ricos (renda familiar acima de dez salários mínimos), a impressão de que a propaganda eleitoral deveria ser abolida atinge seu índice mais alto (43%). É nesse mesmo grupo que a influência do horário eleitoral sobre o voto é menor -64% dizem que não é “nada importante”. Especialistas ouvidos pela Folha se dividem sobre a relevância da propaganda e propõem alternativas distintas para oxigenar o formato.
Vídeo contradiz faculdade sobre morte de estudante
Vídeo gravado por um aluno da FMU (Faculdades Metropolitanas Unidas) contradiz a versão da instituição sobre a morte da estudante Angelita Pinto Simões Caldas, 28, na quinta-feira, na unidade do Itaim Bibi (zona oeste). Angelita morreu após ter uma parada cardíaca durante aula do curso de ciências contábeis. A FMU afirmou anteontem que o primeiro atendimento, pelos bombeiros, foi às 21h51. A prefeitura disse que o Samu (serviço de ambulâncias) chegou às 22h05.
Mas o vídeo gravado pelo estudante Rodrigo Dias Pedro mostra um relógio marcando 22h11 enquanto uma aluna faz massagem cardíaca em Angelita. Nem bombeiros nem Samu estavam no local. Outro vídeo exibe um bombeiro chegando, minutos depois. As imagens não mostram quando Angelita começou a passar mal, mas, segundo alunos e o professor que dava a aula, foi às 21h30. Por esta versão, foram ao menos 42 minutos entre a aluna passar mal e a chegada dos bombeiros. O atendimento rápido em caso de parada cardíaca amplia a chance de sobrevivência do paciente.
Correio Braziliense
Polícia Civil quer ver dados da CPI para procurar comparsas de Cachoeira
Agentes do Distrito Federal continuam à caça dos dois comparsas da organização criminosa comandada por Carlinhos Cachoeira considerados foragidos pela Polícia Civil. Na sexta-feira, cinco mandados de prisão foram cumpridos, mas Antônio José Sampaio Naziozeno e Edvaldo Ferreira Lemos não foram encontrados e não tinham se apresentado à polícia até o fim da tarde de ontem. Os dois foragidos, com Otoni Olímpio Júnior, Raimundo Washington de Souza Queiroga e Bruno Gleidison Soares, foram investigados no âmbito da Operação Jackpot, que apurou a transferência dos negócios de jogos ilegais de Cachoeira de Goiás para o Distrito Federal.
O delegado Fernando Cocito, que comandou a operação com o chefe da Delegacia de Combate ao Crime Organizado (Deco), delegado Henry Peres, informou ao Correio ontem que a Polícia Civil usará dados das quebras de sigilo da CPI do Cachoeira, em curso no Congresso, para acelerar as investigações. Integrantes da comissão se colocaram à disposição para compartilhar informações e contribuir com a Operação Jackpot. “Pode ser interessante o compartilhamento de dados com a CPI. A gente parte para algumas representações de quebra de sigilo, mas sabemos que esses pedidos não são encaminhados de pronto, isso leva semanas, talvez meses. Com relação aos sigilos já disponíveis na CPI, seria interessante usá-los”, afirmou o delegado Fernando, acrescentando que as apurações da Operação Jackpot serão remetidas ao Congresso.
Reunião entre governo e servidores continua para tentar fechar acordo
O esforço do governo de fechar acordo com os servidores, ainda neste fim de semana, esbarrou ontem na recusa das lideranças sindicais em aceitar a proposta do governo. O secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, Sérgio Mendonça, reuniu-se com representantes de dezenas de categorias de servidores. Nenhuma aceitou a proposta apresentada em 16 de agosto pelo governo: 5% de reajuste ao ano entre 2013 e 2015, o que significa 15,8% acumulados.
Hoje, as reuniões serão retomadas às 13h. É o último dia do prazo que o governo deu para que os servidores aceitem a proposta. Até a próxima sexta-feira, 31 de agosto, o governo precisa enviar ao Congresso o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) já com a proposta de aumento aos servidores. O Palácio do Planalto ameaça enviar a proposta com zero de aumento para as categorias que não concordarem com o reajuste de 15,8% em três anos.
A 42 dias das eleições municipais, comitês sofrem com escassez de doações
Faltam 42 dias para o primeiro turno das eleições municipais deste ano, e a maior parte dos comitês financeiros das campanhas em todo o país ainda sofre com a escassez de doações, tanto de pessoas físicas quanto de empresas. A “seca” atinge indiscriminadamente partidos, que se preocupam tanto com o fluxo de caixa quanto com possíveis dívidas no pós-campanha.
O ritmo lento da arrecadação fica mais evidente quando se compara os primeiros resultados parciais dos comitês neste ano com as cifras obtidas em igual período na campanha municipal de 2008. Em Belo Horizonte, o prefeito e candidato do PSB à reeleição, Marcio Lacerda, registrou, em seu primeiro relatório parcial de campanha, uma receita de R$ 1 milhão. Em 2008, o resultado consolidado durante agosto apontava R$ 2,12 milhões arrecadados. O principal oponente na campanha deste ano, o petista Patrus Ananias, conseguiu R$ 897,5 mil.
Ensino fundamental e médio no Brasil ainda trabalham à moda antiga
No mundo da TV de LCD, do telefone touchscreen, da conexão de internet banda larga, escolas de ensino fundamental e médio no Brasil ainda trabalham à moda antiga. Soma-se aos problemas arquitetônicos a falta de equipamentos que tornem a aula interessante aos olhos dos alunos. Centros de informática, por exemplo, pelos dados do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), só estão presentes em 44% das escolas públicas de ensino fundamental. No caso dos laboratórios de ciências, a situação é ainda pior. Nem 8% dos estabelecimentos até o 9º ano contam com o espaço.
Manifesto criado há 80 anos para avançar na educação anos avançou pouco
No país que escalou posições em termos econômicos, tirou milhares da pobreza extrema e conseguiu solidificar suas instituições democráticas, a constatação feita 80 anos atrás, no Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova, continua atual. “Na hierarquia dos problemas nacionais, nenhum sobreleva em importância e gravidade ao da educação”, começava o documento histórico, marco do movimento brasileiro que definiu, em 1932, as bases para a construção de uma escola pública de qualidade. Oito décadas depois da carta aberta assinada por notáveis como Anísio Teixeira, Fernando de Azevedo e Cecília Meireles, as propostas lançadas, até hoje consideradas fundamentais para uma reforma educacional de verdade, tiveram avanços tímidos.
Uso de cartão de crédito combina facilidade e risco
Nem inofensivo nem lobo mau. O cartão de crédito só é vilão de quem se deixa seduzir pela fantasia do financiamento fácil e acaba por construir um conto de fadas ao contrário, em que o final infeliz, quase sempre, é um ingresso para o cadastro de maus pagadores. Entre famílias endividas no Brasil, 74% estão penduradas nessa ferramenta de consumo segundo a Confederação Nacional do Comércio (CNC). De cada 100 brasileiros que usam o dinheiro de plástico, 27 ficaram inadimplentes no ano passado, de acordo com o Banco Central (BC). Segundo dados de julho da instituição, as famílias brasileiras usam, em média, 43% de suas receitas para o pagamento de despesas em atraso. É o índice mais alto desde 2005.
Não se deixe enganar. Que o cartão de crédito tem juros altos, todo mundo sabe. Na média, o brasileiro que deixa atrasar a fatura é obrigado a encarar 323,24% de aumento da dívida ao ano. É a maior taxa em toda a América Latina, segundo ranking elaborado pela Proteste, a Associação Brasileira de Defesa do Consumidor. De acordo com a pesquisa feita em julho, o índice argentino era de 50%, o chileno, de 54,24%, e o colombiano, de 29,23% — apenas 9% da média do Brasil.
O Globo
Ex-dirigentes do Banco Rural são os próximos alvos do Supremo
Próximos alvos da análise do voto do ministro relator Joaquim Barbosa no julgamento do mensalão, ex-dirigentes do Banco Rural têm motivos para se preocupar. Em seus primeiros votos, Barbosa já reconheceu que os saques em dinheiro entre 2003 e 2004 feitos no banco foram realizados de forma a se omitir os verdadeiros beneficiários dos recursos. E isso é lavagem de dinheiro. Mantido o entendimento em relação ao tema, o relator compromete os então executivos do banco, cuja suspeita de gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro será apreciada assim que acabar a votação do item 3 da denúncia contra o deputado João Paulo Cunha (PT), o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, Marcos Valério e seus sócios.
Documentos que constam na ação penal 470 mostram que o Rural informou ao Banco Central as movimentações suspeitas comandadas pelo cliente Marcos Valério. Mas, mesmo avisados por Simone Vasconcelos e Geiza Dias (funcionárias da SMP&B) sobre quem eram os reais destinatários dos recursos, a instituição financeira informou aos órgãos de controle que se tratava de saque feito pela própria agência de publicidade, a título de pagamento de fornecedores.
Voto divergente no STF deve ser justificado por ministros
Após 14 sessões de julgamento do processo do mensalão, o veredicto se aproxima, da mesma forma que as dúvidas sobre como serão os capítulos finais: é preciso justificar os votos? Quais recursos podem ser apresentados? Quando serão apresentados? O GLOBO questionou pesquisadores do Centro de Justiça e Sociedade da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com cinco perguntas recorrentes sobre o julgamento.
Centro social em São Gonçalo trocava exames médicos por votos
Documentos apreendidos pela Justiça Eleitoral esta semana levantaram suspeitas sobre o envolvimento de médicos e outros profissionais de saúde pública em redes de captação ilegal de votos em São Gonçalo. No Projeto Renascer, centro social controlado pelo candidato a vereador Manoel Júlio, o Julinho do Renascer (PSC), ex-coordenador da Ouvidoria da prefeitura, foram encontrados 104 papéis, entre receituários de controle especial, requisições de exame, atestados de saúde e autorizações de procedimentos ambulatoriais, todos em branco, carimbados e assinados por dois médicos e uma administradora do sistema de saúde municipal.
Para driblar a morosidade, uma das mazelas da rede pública, bastava ao morador de Trindade, bairro de São Gonçalo onde fica o centro social, atravessar uma rua. O Projeto Renascer, fechado pela Justiça Eleitoral, fica em frente ao posto de saúde municipal Irmã Dulce, na Avenida Domingo Damasceno Duarte. Enquanto no sistema público um exame pode custar até seis meses de espera, tempo exigido pela burocracia oficial, no balcão do Renascer o paciente conseguia furar a fila valendo-se de um pedido carimbado e assinado por um médico que nunca o examinou.
Marcio Lacerda diz que petistas nacionalizaram as eleições
Prefeito de Belo Horizonte e candidato à reeleição, Marcio Lacerda (PSB), 66 anos, diz ter se empenhado para manter a aliança com os petistas na capital mineira e que o grupo que domina o PT no município impôs a candidatura própria ao ver que o PSB não aceitou fechar chapa para vereador. Apoiado por Aécio Neves (PSDB) e Eduardo Campos (PSB), Lacerda reconhece a nacionalização da disputa em BH.
PP de Maluf também apoia Alckmin, diz Haddad
O candidato do PT à prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad, disse que não há nenhuma insinuação à sua conduta ética à frente de cargos públicos, ao responder sobre o apoio do PP do deputado federal Paulo Maluf (PP-SP) à sua candidatura em entrevista ao telejornal “SPTV”, da TV Globo. Maluf é acusado de desviar dinheiro do município quando era prefeito. Ao ser questionado se o PT, que sempre criticou as políticas de Maluf, não mostrava-se de certa forma conivente com Maluf ao aliar-se a ele, Haddad lembrou que o PP também apoia a gestão do governador tucano Geraldo Alckmin. O governador é aliado de um dos adversários de Haddad nas eleições, José Serra (PSDB).
Rosinha Garotinho faz protesto contra impugnação de candidatura
Em uma manifestação que ganhou ares de comício, no final da manhã deste sábado em Campos, a prefeita Rosinha Garotinho, candidata à reeleição, afirmou que a decisão do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RJ) de torná-la inelegível não mudará o curso da campanha. Para uma multidão estimada pela PM em cinco mil pessoas, ela afirmou que seus advogados conseguiram liminar no TSE, garantindo a manutenção do seu registro.
– Não estou sendo acusada de desvio de verba ou de ter contas reprovadas, pois todas foram aprovadas pelos tribunais do estado e da União. Esse processo é aquele da entrevista que dei a uma rádio na eleição passada. Nada vai mudar. Já tentaram me tirar da prefeitura e não conseguiram. Agora querem me tirar o registro, mas não conseguirão. Agora mesmo que vou dobrar o ritmo da campanha – disse Rosinha que estava acompanhada do marido, o deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) e da filha Clarice, deputada estadual.
O Estado de S. Paulo
Grevistas recusam proposta do governo
Servidores federais recusaram ontem a proposta do governo Dilma Rousseff de reajuste salarial de 15,8%, fatiado em três parcelas, de 2013 a 2015. O impasse continua e representantes de algumas categorias saíram da reunião no Ministério do Planejamento dispostos a radicalizar a greve. “Se o governo insistir nessa postura intransigente, vamos à greve por tempo indeterminado”, ameaçou Allan Titonelli Nunes, do Fórum Nacional da Advocacia Pública Federal. Os profissionais da Advocacia da União – que nunca fizeram greve, mas estão promovendo manifestações de protesto – recebem salários entre R$ 14,5 mil, no início de carreira, e R$ 19,5 mil, no topo. Eles querem ser equiparados à magistratura e ao Ministério Público, instituição com remunerações que chegam a R$ 26 mil.
A União das Carreiras de Estado (UCE), que congrega 22 sindicatos e mais de 50 mil servidores de áreas estratégicas, foi uma das entidades que rejeitaram ontem a proposta do governo para encerrar as ações de protesto. O movimento prejudica as atividades da Polícia Federal, da Receita e de órgãos de controle e fiscalização.
Greve custa caro na saúde e na educação
Enquanto sindicatos e governo prosseguem sua queda de braço, com cerca de 370 mil servidores parados em todo o País – em alguns casos, há quatro meses -, no Recife o menino Lucas Dantas, de 6 anos, tem um problema prático e urgente: ele depende diariamente de Aminomed, um alimento só fabricado na Alemanha – e o estoque da casa só dá para mais dez dias. “Não há mais nenhuma lata em Pernambuco nem nos Estados vizinhos. Um amigo conseguiu duas em São Paulo”, diz o pai do garoto. Lucas sofre de alergia alimentar severa e, agora, sofre também dos efeitos da greve de funcionários da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que reduziu o ritmo de liberação de medicamentos nos portos e aeroportos do País. Como ele, outro menino recifense, Igor Lacerda, 9 anos, depende do fornecimento permanente de um medicamento holandês, o Nutrison.
Governo faz mutirão para fechar acordo
Num último esforço para romper o impasse nas negociações, o governo iniciou ontem um mutirão de dois dias de reuniões com núcleos mais radicais de grevistas. O secretário de Relações do Trabalho, Sérgio Mendonça, reafirmou que este fim de semana é a data-limite para que as categorias aceitem os 15,8%, fatiado em três parcelas, oferecidos pelo governo. Segundo ele, quem não aceitar ficará sem reajuste no ano que vem.
Ministros de Dilma liberam emendas que foram propostas por eles mesmos
Ao assumir seus cargos após a chamada “faxina ética” promovida pelo Planalto, os ministros da Agricultura, Mendes Ribeiro Filho (PMDB-RS), e do Trabalho, Brizola Neto (PDT-RJ), usaram a caneta de suas pastas para pagar emendas parlamentares propostas por eles mesmos no Congresso, quando ainda eram deputados. Um terceiro ministro, Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE), da Integração Nacional, reservou fatia generosa de recursos destinados por sua pasta para agraciar, em ano de campanha, projeto apadrinhado pelo seu filho, o deputado federal Fernando Bezerra Coelho Filho (PSB-PE), candidato à Prefeitura de Petrolina.
Na Agricultura, Mendes Ribeiro já pagou R$ 1,2 milhão para emendas de sua autoria em 2012 – ele figura entre os quatro maiores beneficiados com recursos. O dinheiro foi repassado em maio para seis municípios do Rio Grande do Sul nos quais o ministro teve boa votação em 2010: Passa Sete, Segredo, Doutor Ricardo, Barros Cassal, Salto do Jacuí e Tunas – os últimos quatro municípios são administrados pelo PMDB, partido do ministro. Segundo o sistema controle orçamentário do governo, os recursos liberados bancaram projetos de “desenvolvimento do setor agropecuário”.
Parlamentar de partido que comanda pasta se beneficia
Os titulares da Esplanada têm favorecido os próprios partidos no pagamento de emendas. Dados do sistema de controle orçamentário mostram que em alguns casos mais da metade dos recursos vai para correligionários. No Desenvolvimento Agrário, sob o comando de Pepe Vargas (PT), R$ 5,3 milhões dos R$ 10 milhões desembolsados este ano foram para emendas petistas. O deputado José Geraldo (PA), com R$ 1,7 milhão, e a ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, com R$ 1,1 milhão, senadora por Santa Catarina e agora responsável pela negociação das emendas com o Congresso, figuram entre os cinco mais contemplados. O dinheiro bancou projetos de infraestrutura em assentamentos e áreas rurais.
O Turismo desembolsou R$ 23,7 milhões em emendas específicas, dos quais R$ 7,2 milhões para membros do partido do ministro Gastão Vieira (PMDB-MA). Os mais beneficiados são o deputado paulista Antônio Bulhões, com R$ 3,2 milhões, que deixou o partido rumo ao PRB, e Odílio Balbinotti (PMDB-PR), com R$ 1,8 milhão. Os recursos foram para a obras de infraestrutura e centros de informação. Na Agricultura, fora o próprio ministro Mendes Ribeiro (PMDB-RS), os peemedebistas ficaram com quase 40% dos R$ 27 milhões.
Ministérios dizem não controlar repasses e negam favorecimento
Os ministros negam favorecimento no rateio de verbas. Dizem que a liberação de emendas, assim como seus pagamentos, são decididos pela Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, em negociações diretas com os parlamentares. A assessoria do ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro (PMDB-RS), não comentou o pagamento de emendas dele mesmo. Sobre os valores liberados a parlamentares do partido dele, explicou que deputados e senadores indicam à secretaria os projetos que querem ver contemplados.
O ministro do Trabalho, Brizola Neto (PDT-RJ), disse, via assessores, que o pagamento feito à Prefeitura de Belford Roxo quatro dias depois de assumir foi uma “coincidência”. Em nota, disse que a emenda que apresentou foi aprovada pelo Congresso em 2011, mas que o recurso só foi liberado após o município depositar sua contrapartida, o que só teria ocorrido em abril deste ano. “O ministério não privilegia emendas de alguns. Parlamentares de todos os partidos fazem suas emendas, nos termos da lei, e as alocam em vários ministérios. No geral, atendidos os requisitos legais e havendo disponibilidade orçamentária, os recursos são liberados”, diz a nota.
Desavença entre relator e revisor está longe do fim
O armistício entre os ministros Joaquim Barbosa e Ricardo Lewandowski durou pouco e sinaliza como será beligerante a convivência da dupla quando estiver no comando do Supremo Tribunal Federal. Em novembro, com a aposentadoria compulsória do atual presidente da Corte, Ayres Britto, Barbosa assumirá o posto e terá Lewandowski como vice.
Sob holofotes no julgamento do mensalão, eles têm demonstrado divergências na forma de conduzir o processo nos papéis de relator (Barbosa) e revisor (Lewandowski), antecipando o que poderá ocorrer na próxima administração do STF. Após episódios de troca de farpas, na quinta-feira os dois aparentavam ter declarado paz. No entanto, o clima voltou a esquentar depois de Lewandowski discordar de Barbosa, absolvendo o deputado e candidato a prefeito de Osasco, João Paulo Cunha (PT).
‘O Banco Rural crê num julgamento apartado da política’
O banco tem uma relação de estrita obediência a todas as normas do poder público, em especial às provenientes da autoridade supervisora. O Rural é um banco de crédito há 48 anos. Atua financiando a produção em um mercado essencialmente privado. É um banco de grande expertise no seu segmento e que sabe procurar o seu lugar diante da concorrência. O crédito para empresas está em franca expansão e daí há boas perspectivas.
Tucano e petista voltam a trocar ataques em campanha
Candidatos à Prefeitura de São Paulo, o tucano José Serra e o petista Fernando Haddad voltaram a se atacar ontem em eventos de campanha. Serra criticou a proposta de um bilhete único mensal feita pelo petista. Haddad, por sua vez, disse que a presidente Dilma Rousseff já o havia alertado sobre o “tom rebaixado” que seria adotado pela campanha do PSDB. No horário eleitoral veiculado no rádio entre 7h e 7h30 da sexta-feira, o programa de Serra chamou de “bilhete mensaleiro” a proposta do candidato petista. Questionado, Serra disse não ter ouvido o programa, mas desqualificou a proposta. “Encarece a passagem, cobra de quem não anda de ônibus e não vale para trem e metrô”, disse. O bilhete proposto por Haddad teria tarifa única, sem limite de viagens, com validade de um mês.
As declarações de Serra foram feitas após uma visita à feira livre do Pacaembu, diante do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho. No local, prometeu que, caso seja eleito, ampliará o horário das feiras livres nos fins de semana. E, questionado por um feirante, afirmou que não deixaria a Prefeitura após dois anos de mandato, como já fez no passado.
PSDB e PT ignoram adversários ao duelar na TV
Enquanto a estratégia eleitoral nas ruas de São Paulo reflete a disputa pela liderança nas pesquisas de opinião entre Celso Russomanno (PRB) e José Serra (PSDB), o horário eleitoral gratuito reedita a polarização de 2008, com o campo tucano-kassabista e o PT como maiores protagonistas. Na última eleição municipal, Marta Suplicy (PT), candidata de oposição ao governo paulistano de Gilberto Kassab, que estava no DEM, estreou o programa eleitoral na TV com uma declaração do então presidente Lula. A ideia era reforçar a parceria com o governo federal numa eventual segunda gestão da petista, além de tentar se beneficiar dos altos índices de popularidade do presidente à época. “Temos afinidade. E juntos faremos muita coisa”, disse o petista logo no primeiro programa.
Nas ruas, Haddad tem malufista a tiracolo
Seja pedindo votos no extremo leste ou nas represas ao sul da capital, Fernando Haddad, candidato do PT à Prefeitura de São Paulo, costuma ter em sua cola um empresário de 42 anos, adepto de roupas de grife e grande admirador de Paulo Maluf, neoaliado dos petistas. Marcello Frisoni, marido da apresentadora Ana Maria Braga, dono de um patrimônio declarado de R$ 6,5 milhões e candidato a vereador pelo PP, já é conhecido na campanha como o “papagaio de pirata” de Haddad.
Quando ele próprio não marca presença sobre o ombro do petista na hora da foto, seus cabos eleitorais não deixam por menos: são treinados para posicionar a placa do candidato no melhor ângulo para as câmeras. A tática por vezes irrita militantes petistas. Na quinta passada, durante caminhada pelo Capão Redondo, zona sul, um deles bloqueou a placa de Frisoni com outra que mostrava a foto de Haddad. “Tira esse cara daí”, gritou.
Campos diz a Dilma que ficará de fora da disputa em BH
Em guerra com o PT do Recife, o governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos, está em campanha pelo Brasil, mas Belo Horizonte ficará fora do seu roteiro nas eleições municipais. Depois de comprar uma briga pessoal com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que decidiu enfrentá-lo na capital e não esconde a mágoa pelo rompimento da aliança pernambucana, ele não quer confronto com o governo.
Campos já avisou à presidente Dilma Rousseff que não vai se meter na disputa mineira. Ela, por sua vez, também não fará campanha no Recife, onde o governador lançou Geraldo Júlio (PSB) contra a candidatura do senador petista Humberto Costa. No encontro que teve com Dilma para tratar das desavenças entre seus partidos, Campos afirmou que vencer na capital de seu Estado é uma questão de honra, assim como ganhar em São Paulo é fundamental para o PT.
Sabendo que em Belo Horizonte se dará o grande embate nacional, com Dilma patrocinando a candidatura petista, o governador lembrou ter advertido o prefeito Marcio Lacerda (PSB) sobre o impacto e as consequências do fim da aliança com o PT na capital mineira. E deixou claro que BH é responsabilidade do senador Aécio Neves (PSDB-MG), o mais forte cabo eleitoral do prefeito contra o ex-ministro Patrus Ananias (PT), candidato da presidente.
Serra usa visitador contra Russomanno
Uma dupla de cabos eleitorais toca as campainhas de 30 casas de uma ruazinha tranquila no bairro de Sapopemba, na zona leste de São Paulo, para colocar uma dúvida na cabeça do eleitor: “Você conhece algum projeto do Celso Russomanno? Você não acredita no que ele tá dizendo, né?”
Com um trabalho porta a porta, concentrado em bairros estratégicos da capital paulista, militantes da campanha de José Serra (PSDB) à Prefeitura, conhecidos como visitadores, foram a campo esta semana para iniciar um trabalho de desconstrução da imagem de Celso Russomanno, candidato do PRB com quem o tucano divide a liderança nas pesquisas de intenção de voto. No portão de casa, o eleitor ouve argumentos ensaiados que valorizam o currículo do tucano – ex-prefeito e ex-governador – e o contrapõem à inexperiência de Russomanno na administração de um grande município.
Respostas prontas sobre a renúncia e privatizações
A cartilha passada oralmente aos visitadores da campanha de José Serra (PSDB) tem uma lista de “antídotos” contra questionamentos que os eleitores costumam fazer à candidatura do tucano – em especial críticas ao episódio da renúncia ao cargo de prefeito, em 2006, para disputar o governo de São Paulo. “O Serra só saiu da Prefeitura porque precisava continuar o trabalho do Geraldo Alckmin no governo”, disse a visitadora Maria Tânia de Oliveira a um eleitor que se declarou simpático ao PT. “Desta vez, ele fica. Eu garanto.”
A equipe da campanha de Serra atribui boa parte de seu índice de rejeição de 38% àquela renúncia. No trabalho de casa em casa, os visitadores tentam convencer os eleitores de que o tucano não abandonou a cidade e de que ele ficará na Prefeitura por quatro anos, se for eleito.
Dilma dá a militares mais espaço dentro do Planalto
A presidente Dilma Rousseff está ampliando o espaço dedicado a arapongas e militares na área do Palácio do Planalto. Três novos anexos estão sendo construídos nos fundos da sede do governo federal para abrigar mais funcionários contratados pelo Gabinete de Segurança Institucional, a antiga Casa Militar que perdera influência nos anos 1990. Além do aumento do espaço físico e do número de agentes na ativa, a Presidência elevou os gastos com a espionagem oficial.
Em seu primeiro ano, o governo Dilma executou R$ 347 milhões em despesas com ações da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), órgão do GSI que se chamava Serviço Nacional de Informações (SNI) no tempo da ditadura militar (1964-1985). É o maior valor gasto pelo Executivo nessa área nos últimos cinco anos – R$ 32 milhões a mais que no ano anterior. Já a despesa com a área civil caiu de R$ 490 milhões em 2010 para R$ 436 milhões no ano passado.
A estimativa é de que o número de militares e espiões lotados no Planalto aumente com a inauguração dos novos pavilhões. Em 2002, o efetivo do GSI era de 649 agentes. Quando Luiz Inácio Lula da Silva deixou o governo, em 2010, o número chegava a 800. Agora, no começo de 2012, o gabinete conta com 907 militares e espiões, sendo 46 com funções gratificadas. Dos 3.066 funcionários lotados no Planalto, quase um terço é militar.
Caça AMX lança bomba ‘inteligente’
O caça bombardeiro AMX, o A-1 da Força Aérea, realizou uma série de ensaios de lançamentos de precisão com bombas “inteligentes” de 230 quilos, guiadas por meio de um laser. Depois de um voo planado, as armas chegam ao alvo com o erro máximo de oito metros. A distâncias curtas, a precisão final pode chegar a cerca de 50 centímetros. Os testes foram feitos durante os primeiros dez dias de maio no Rio Grande do Sul, no estande de tiro de Saicã, próximo à Base Aérea de Santa Maria, sob o controle do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial. A bomba utilizada é de emprego geral, de queda livre – portanto, “burra”. A capacidade de busca dos objetivos é obtida com o uso do sistema Lizard, fornecido pelo grupo israelense Elbit Systems – é um kit formado por um nariz e um anel eletrônicos, dotados de uma espécie de GPS acoplado a um buscador do raio laser que fará a indicação do ponto de impacto. Convertida em “inteligente”, a arma passa a procurar um ponto específico.