O Estado de S. Paulo
Ministério de Dilma deixa PT e PMDB insatisfeitos
O PT e o PMDB na Câmara estão convencidos de que, por enquanto, só o presidente Luiz Inácio Lula da Silva está satisfeito com a montagem do ministério de Dilma Rousseff. E já ameaçam criar problemas para a presidente eleita. Parlamentares dos dois partidos ficaram irritados com a indicação à revelia das bancadas do petista Paulo Bernardo para as Comunicações e do peemedebista Sérgio Côrtes, na pasta da Saúde. Ignorados no processo de escolha, petistas e peemedebistas – incluído aí o vice-presidente eleito, deputado Michel Temer (PMDB-SP) – não conseguiram, até agora, emplacar seus indicados e sentem-se desprestigiados. Os mais nervosos advertem que está em jogo a governabilidade no mandato de Dilma, porque serão os deputados que vão votar os interesses do Palácio do Planalto no Congresso. Os nomes do PT e do PMDB já divulgados não passaram pelas bancadas federais, nem tampouco são ministros com os quais os parlamentares que dão sustentação ao governo no Congresso se identificam. A exemplo do que fez Lula, os dois partidos apontam uma manobra para impingir mais uma vez aos deputados o apadrinhamento de ministros na cota da bancada.
Na divisão de cargos, petistas de São Paulo disparam na frente
A divisão do bolo de cargos do governo da presidente eleita Dilma Rousseff já aponta para um primeiro grande vencedor: o PT de São Paulo. A seção paulista do partido de Dilma já sabe que deverá ser contemplada com pelo menos seis ministérios.
Antônio Palocci ficará com a Casa Civil. Guido Mantega continuará à frente da equipe econômica, na Fazenda. José Eduardo Martins Cardozo deverá assumir a Justiça, enquanto Miriam Belchior cuidará do Planejamento e Fernando Haddad permanecerá à frente da Educação.
O provável chamado para que Aloizio Mercadante comande a pasta de Ciência e Tecnologia completa a hegemonia que o PT de São Paulo terá no próximo governo. A lista ainda pode ser ampliada se o tesoureiro de campanha de Dilma, José De Filippi, for convidado para algum posto.
Petistas buscam fórmula para deter o ‘blocão’
O PT deflagrou um movimento para tentar impedir a formação de blocos parlamentares na Câmara a fim de facilitar as negociações da futura presidente, Dilma Rousseff, no Congresso e se manter como a maior força na disputa com o PMDB por espaços na Casa. O PT já avisou a cúpula do PMDB que assinará o acordo pelo qual dividirão o comando da Casa nos próximos quatro anos, mas quer o fim do “blocão”.
O PMDB tem reiterado a disposição de formalizar um bloco com PR, PTB, PP e PSC, para reunir 202 deputados. O megabloco, com 55 deputados a menos do que a maioria absoluta da Casa, poderá deixar Dilma refém do interesse desses partidos.
Blairo Maggi pode ir para Agricultura
O ex-governador e senador eleito Blairo Maggi (MT) pode ser o nome do PR para o ministério de Dilma Rousseff. Embora não houvesse nenhum motivo especial, ele foi convidado a acompanhá-la ontem à viagem a Tucuruí, para a inauguração de duas eclusas no Rio Tocantins. O nome de Maggi – grande produtor de soja em Mato Grosso e o maior plantador individual do grão no mundo – tem sido lembrado para ocupar o Ministério da Agricultura.
Como Dilma tem dito que os ministérios não serão entregues aos partidos que os comandam hoje, cresceram as apostas de que o ex-governador pode ocupar a pasta que está com o PMDB e para a qual o partido indicou o ex-deputado Wanger Rossi.
Lula reage a pergunta sobre oligarquia Sarney
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva ficou irritado, ontem, em Estreito (MA), com uma pergunta do Estado sobre sua relação com o grupo do senador José Sarney (PMDB-AP) no Maranhão. A reportagem indagou se a visita era uma forma de “agradecer o apoio da oligarquia Sarney” a seu governo. Para Lula, a pergunta foi “preconceituosa”.
“Agradeço, agradeço… e a pergunta preconceituosa como esta é grave para quem está há oito anos cobrindo Brasília. Demonstra que você não evoluiu nada. O presidente Sarney é presidente do Senado… preconceito é uma doença. O Senado é uma instituição autônoma diante do Poder Executivo, da mesma forma, o Poder Judiciário. O Sarney colaborou muito para a institucionalidade. E ademais é o seguinte: o Sarney foi eleito pelo Amapá, eu não sei por que o preconceito. Você tem de se tratar, quem sabe fazer uma psicanálise para diminuir o preconceito”, disse o presidente ao repórter.
Em discurso, presidente diz que é a ‘encarnação do povo’
A um mês de deixar o Planalto, o presidente Lula revelou ontem que, na crise do mensalão, em 2005, ameaçou o Congresso dizendo-se “a encarnação do povo”. Ele aproveitou um discurso de improviso durante visita ao canteiro de obras da usina hidrelétrica de Estreito para relatar encontros privados com o senador José Sarney (PMDB).
“Uma vez o Sarney foi conversar comigo e eu disse: Sarney, eu só quero que o senhor diga lá dentro (Congresso Nacional) o seguinte: Se eles (oposição) tentarem dar um passo além da institucionalidade, eles não sabem o que vai acontecer neste País”, relatou. “Este País teve presidente que foi embora, presidente que se matou ou foi cassado. Eles vão saber que eu sou diferente. Que não é o Lula que está na Presidência, mas a classe trabalhadora”.
Metade do dinheiro declarado pelo PT saiu dos 27 maiores apoiadores
Poucas empresas de poucos setores foram responsáveis pela maior parte do financiamento da campanha de Dilma Rousseff (PT) à Presidência. Metade de todo o dinheiro declarado pela campanha da presidente eleita saiu dos 27 maiores doadores. Destacam-se as empreiteiras e construtoras. Esse setor doou pelo menos R$ 33,7 milhões para os cofres petistas, o que representa mais de 25% de toda a arrecadação.
Dos cinco maiores doadores, três são do ramo de construção – Camargo Corrêa, Andrade Gutierrez e UTC Engenharia. O setor financeiro teve peso menor que outros segmentos da economia na contabilidade oficial. Os bancos doaram, em conjunto, cerca de R$ 8 milhões, ou pouco menos de 6% do total arrecadado pela campanha presidencial petista.
Deputados eleitos devem ajudar PT a pagar dívida
O PT já começou a procurar empresas em busca de doações para amortizar a dívida de R$ 27,7 milhões deixada pela campanha de Dilma. Na próxima semana, o tesoureiro da campanha, José de Filippi, espera arrecadar até R$ 4 milhões. “Estamos buscando alguns doadores que deram algum sinal positivo.” Ele acrescentou que os deputados eleitos, incluindo ele, devem ajudar o partido a pagar essa dívida. Nas eleições de 2006, o presidente Lula deixou uma dívida de R$ 9,8 milhões, ainda não paga.
Exército pode ficar no Rio até a Copa e atuar em outras capitais
Baía de Guanabara patrulhada pela Marinha. Envio de tropas e equipamentos militares para cercar e livrar outras comunidades fluminenses do tráfico e garantir investimentos sociais nesses lugares. Repetição da parceria entre polícias e Forças Armadas em outras capitais com problemas de segurança. O sucesso da invasão no Complexo do Alemão, no domingo, deixou a presidente eleita, Dilma Rousseff, entusiasmada e vai servir de modelo a novas ações em seu mandato, que acaba cinco meses depois da Copa de 2014.
O Rio de Janeiro foi considerado um excelente “laboratório”, com resultados “mais do que satisfatórios”, para testar o uso de Exército, Marinha e Aeronáutica no combate ao crime. Por isso, deve ser repetido. O tema foi debatido na noite de anteontem em Brasília durante reunião entre o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), o vice-governador, Luiz Fernando Pezão, a presidente eleita e o futuro ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.
O Globo
Tráfico usou serviços públicos para sair com armas do Alemão
Policiais encontraram ontem o trecho da galeria de águas pluviais que traficantes podem ter usado para fugir do Complexo do Alemão. Por essa tubulação, segundo informações de moradores, escaparam, ainda na noite de sábado, os traficantes Fabiano Atanázio da Silva, o FB, e Paulo Roberto de Souza Paz, o Mica. Eles teriam deixado o morro com mais 50 bandidos, todos armados de fuzis, em direção ao Morro do Adeus, que fica bem frente. De lá, teriam partido para outras comunidades. Como O GLOBO mostrou, na última segunda-feira, bandidos destruíram a tampa que cobria a rede pluvial em outro ponto na Rua Joaquim de Queiroz, por onde também poderiam ter escapado. Só na manhã de ontem, policiais encontraram a provável rota de fuga dos criminosos. A galeria da Joaquim de Queiroz tem ligação com a Rua Arará, no Morro do Adeus. Esse percurso passa por baixo da Estrada do Itararé, onde, na noite de sábado, havia blindados e centenas de policiais e militares do Exército. Em alguns trechos, a galeria tem dois metros de altura por dois de largura. O Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) recebeu, de moradores, informações de que, por essa rede, os bandidos chegariam até o bairro do Engenho da Rainha, a dois quilômetros de distância.
Dilma terá gestor polêmico na Saúde
Aos 45 anos, o ortopedista Sérgio Luiz Côrtes Silveira deixa marcas fortes e rastros de polêmica em sua gestões. O atual secretário de Saúde de Cabral já sofreu, em dois momentos, ameaças de morte, e tem, contra sua administração à frente da Saúde no estado, uma denúncia criminal e uma ação por improbidade administrativa, feitas pelo Ministério Público Estadual. Sérgio Côrtes foi responsável por implantar as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), vitrine do governo Sérgio Cabral na Saúde, elogiadas pela presidente eleita Dilma Rousseff na campanha eleitoral.
Em seu primeiro ano no governo do Rio, Côrtes contou com escolta 24 horas. A Secretaria de Segurança Pública do Rio descobriu um plano para matar o secretário. O plano teria partido de pessoas insatisfeitas com as mudanças de gestão impostas por ele.
Saúde não mata fome do PMDB
Apresidente eleita, Dilma Rousseff, amanheceu ontem com o seu principal aliado, o PMDB, insatisfeito com o rumo das negociações para a composição de seu Ministério. No centro de mais uma crise que se avizinhava entre peemedebistas, Dilma e o PT estão dois personagens políticos do Rio: o governador Sérgio Cabral, que fechou a indicação de seu secretário Sérgio Côrtes como novo ministro da Saúde, e o ex-governador Moreira Franco, que pretende ser o novo ministro das Cidades, com o apoio do vice-presidente eleito, Michel Temer. Moreira teria sido vetado por Cabral e não tem apoio integral da bancada do partido.
Ontem cedo, Dilma recebeu, em audiências separadas na Granja do Torto, integrantes da cúpula do PMDB. Ciente da divisão interna, pediu que o partido aliado entre num entendimento para que ela possa nomear os aliados. Dilma avisou aos peemedebistas que acertou com Cabral a indicação de Côrtes e que não teria problemas para nomear Moreira. Só que, para isso, ela quer a garantia de votos da bancada do PMDB.
Lula ‘nomeia’ Izabella para Meio Ambiente
A equipe de transição da presidente eleita, Dilma Rousseff, começou a discutir ontem nomes de mulheres do PT para assumir, pelo menos, três pastas de primeiro escalão a partir de janeiro: Pesca, Secretaria das Mulheres e Direitos Humanos. Mas, a considerar sinalização dada ontem pelo presidente Lula, sua sucessora terá outra mulher petista no seu Ministério. Em discurso no Maranhão, Lula se antecipou e sugeriu que a atual ministra de Meio Ambiente, Izabella Teixeira, que sucedeu a Carlos Minc no cargo, continuará no governo.
Moreira ataca cúpula da transição e diz que Temer está sendo ‘esvaziado’
Escolhido pelo vice presidente eleito, Michel Temer (PMDB-SP), como indicação de sua cota pessoal para o Ministério das Cidades, o vice presidente da Caixa e ex-governador do Rio, Moreira Franco, está no centro das disputas entre os partidos aliados, e também na bancada do PMDB na Câmara, que gostaria de indicar outro nome para a pasta. Sentindo-se ameaçado com as resistências internas, ele criticou o comando das articulações da transição, disse que Temer está sendo esvaziado e que a unidade do partido que deu a vitória à presidente eleita, Dilma Rousseff, está ameaçada.
Moreira criticou especialmente o fato de Dilma, o futuro ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, e o presidente do PT, José Eduardo Dutra, terem se reunido ontem separadamente com Temer, para discutir nomes da Câmara, e depois com os senadores José Sarney e Renan Calheiros, do PMDB, para negociar os indicados do Senado.
Dilma dá Integração para o Nordeste
Para conter um início de rebelião dos seus aliados nordestinos com a ausência, até agora, de um nome da região para o primeiro escalão do governo, a presidente eleita, Dilma Rousseff, definiu ontem as cotas de indicações das regiões Norte e Nordeste. Após muita disputa entre os partidos aliados, Dilma avisou que o Ministério da Integração Nacional irá para o PSB. O nome mais forte é o do ex-prefeito de Petrolina Fernando Bezerra Coelho, apadrinhado do governador Eduardo Campos (PSB-PE). O governador da Bahia, o petista Jaques Wagner, também desejava a vaga.
Apesar de Dilma ter obtido dez milhões de votos a mais do que o tucano José Serra no Nordeste, não havia um só ministro do Norte ou Nordeste confirmado. No PT, as reclamações foram explicitadas por Wagner e pelo governadores de Sergipe, Marcelo Deda, descontentes com o grande número de paulistas confirmados ou anunciados: Antonio Palocci, Guido Mantega, Gilberto Carvalho, Miriam Belchior, além do carioca Sergio Côrtes e do gaúcho Nelson Jobim.
Rombo de R$27 milhões na campanha de Dilma
A campanha da presidente eleita, Dilma Rousseff (PT), terminou com um rombo de R$27,7 milhões no caixa. A dívida foi informada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ontem, prazo final para a prestação de contas, e é três vezes a declarada pelo candidato derrotado à Presidência José Serra (PSDB), que chegou ao fim da corrida com R$9,6 milhões no vermelho. Para cobrir o buraco, os petistas vão pedir parcelamento aos credores. Já os tucanos, na oposição, contam com compromissos firmados com seus doadores.
A máquina que elegeu Dilma consumiu R$176,5 milhões, muito perto do teto previsto (R$191 milhões) e 58% a mais do que o presidente Lula gastou em 2006 (já descontada a inflação, pelo IPCA). O valor amealhado com empresas e pessoas físicas, porém, foi de R$148,8 milhões. Só a propaganda em TV e rádio, somada aos gastos com material impresso, abocanhou 42% dessas receitas.
Lula elogia clã Sarney e se irrita com jornalista: ‘Você tem de se tratar’
Numa visita ao canteiro de obras da Usina Hidrelétrica de Estreito, ontem no Maranhão, onde fechou simbolicamente a primeira das 14 comportas da usina, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reafirmou que não se envolverá na formação do governo de Dilma Rousseff. Com o aperto de botão, Lula fechou a 1ª das 14 comportas da usina para encher o reservatório. A produção de energia só começa em fevereiro.
Em meio a mais uma crise entre o PT e o PMDB em torno da composição do alto escalão federal, Lula fez uma defesa enfática do presidente do Senado, José Sarney (AP), líder do grupo pemedebista mais afinado com o governo. Sarney já garantiu o retorno de seu apadrinhado, o senador Edison Lobão (PMDB-MA), ao comando do Ministério de Minas e Energia.
Lula enalteceu o papel político do presidente do Senado ao ser perguntado por um repórter se estava no Maranhão para agradecer o apoio dado pela “oligarquia dos Sarney” ao longo de oito anos e à campanha de Dilma. Lula criticou o jornalista, mas disse que, sem dúvida, agradece a ajuda do mais antigo político em atividade no país.
Segundo Lula, Sarney é presidente do Senado, foi eleito pelo voto popular e, por isso, deve ser respeitado como qualquer outro político:
– Uma pergunta preconceituosa como esta é grave, para quem está oito anos cobrindo Brasília. Demonstra que você não evoluiu nada. É uma doença. O Sarney colaborou muito para a institucionalidade. Eu não sei por que o preconceito. Você tem de se tratar. Quem sabe fazer psicanálise.
Alencar piora e tem de passar por hemodiálise
Como consequência da quimioterapia e da grande quantidade de medicamentos que tem tomado, o vice-presidente da República, José Alencar, passou por uma ligeira piora e teve de ser submetido ontem a uma sessão de hemodiálise, que transcorreu bem. Alencar foi submetido no último sábado a uma cirurgia para desobstrução do intestino, motivada pelo câncer que trata há 12 anos.
De acordo com o chefe de gabinete de Alencar, Adriano Silva, o vice-presidente, que só tem um rim, está bem, embora sofrendo com o efeito dos medicamentos. Ele continua internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Cardiológica do hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, recuperando-se da cirurgia realizada no dia 27 de novembro.
Jader renuncia a mandato na Câmara
O deputado Jader Barbalho (PMDB-PA) renunciou ontem ao mandato na Câmara, que terminaria em 31 de janeiro. Em carta, ele reclamou que não pode ser “elegível e inelegível” ao mesmo tempo, numa referência ao atual mandato e à decisão da Justiça de cassar, com base na Lei da Ficha Limpa, o registro de seu recém-conquistado mandato de senador.
Na carta, Jader faz duras críticas às decisões tomadas pelo Tribunal Superior Eleitoral e pelo Supremo Tribunal Federal e avisa que pretende lutar para fazer valer a decisão do 1,8 milhão de eleitores do Pará que o escolheu para uma das vagas do Senado.
No Supremo, existem pelo menos 11 processos contra Jader, alguns deles em segredo de Justiça. As denúncias são de estelionato, peculato, formação de quadrilha e crimes contra a administração financeira e a ordem tributária. Um dos processos chegou a ser incluído na pauta do STF no início de novembro e retirado a pedido de sua defesa
Bingos: acordo permite votar a legalização
Líderes dos partidos da base governista e da oposição fecharam ontem uma pauta alternativa de votações na Câmara, que inclui a apreciação do projeto de legalização dos bingos. Mas a primeira tentativa de votação fracassou ontem, diante do impasse em torno da votação da PEC 300, que prevê a criação de um piso salarial nacional para policiais. Sem acordo, o vice-presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), desistiu de convocar à noite sessão extraordinária para a votação da pauta alternativa. Hoje, haverá uma nova tentativa de acordo.
Para sensibilizar os deputados, o governo concordou com a votação do projeto dos bingos. Em contrapartida, seriam votadas as regra de exploração do pré-sal, de interesse do governo, e propostas reivindicadas pelos governadores: a prorrogação de mecanismos da Lei Kandir e do Fundo Nacional de Combate à Pobreza.
É humilhante fazer escala com avião, diz Lula
O presidente Lula defendeu ontem a compra de um novo avião para a Presidência da República, que já está sendo apelidado de Aerodilma. A compra está sendo cogitada pelo Gabinete de Segurança Institucional. O novo modelo do avião, maior e mais caro, substituiria a atual aeronave, comprada por Lula no início de seu primeiro mandato e batizada de Aerolula.
Lula afirmou que o presidente da República de uma potência emergente como o Brasil precisa de um avião oficial com mais autonomia de voo para fazer viagens de longa distância.
– Acho que o Brasil precisa de um avião com maior autonomia para o presidente da República viajar – disse Lula, depois de visitar o canteiro de obras da usina hidrelétrica Estreito, na divisa entre Maranhão e Tocantins.
Folha de S. Paulo
Dilma oferece 4 pastas, mas PMDB acha pouco
O PMDB recusou ontem a primeira proposta da presidente eleita, Dilma Rousseff, de participação do partido em seu ministério. Ela ofereceu quatro pastas, mas numa configuração que não agradou aos peemedebistas.
O partido quer que Dilma ofereça mais uma pasta ou mude os nomes negociados. O tema deveria ser discutido ainda ontem à noite.
A presidente eleita propôs ao PMDB manter o comando dos ministérios da Agricultura, de Minas e Energia e da Saúde e assumir o controle da pasta das Cidades.
Nos dois primeiros, os nomes postos na mesa agradam ambos os lados: Wagner Rossi (Agricultura) e Edison Lobão (Minas e Energia) -nas cotas do vice-presidente eleito, Michel Temer, e do presidente do Senado, José Sarney, respectivamente. O impasse surgiu nas outras pastas. A indicação de Sérgio Côrtes para Saúde é vista como cota do governador Sérgio Cabral (RJ), mas não agrada aos deputados.
EUA avaliam que submarino nuclear é “elefante branco”
Dois telegramas produzidos pela Embaixada dos EUA em Brasília no início de 2009 fazem duras críticas à Estratégia Nacional de Defesa lançada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em dezembro de 2008.
Em um desses dois despachos aos quais a Folha teve acesso, ambos assinados pelo então embaixador norte-americano no Brasil, Clifford Sobel, há uma contestação sobre como as Forças Armadas brasileiras serão empregadas no futuro, sobretudo na proteção do mar territorial do país por causa da descoberta das reservas de petróleo da camada do pré-sal.
Telegramas são “insignificantes”, diz Lula
O presidente Lula minimizou a importância do vazamento de telegramas confidenciais remetidos pela Embaixada dos Estados Unidos em Brasília e chamou os papéis revelados até aqui de “insignificantes”. Já o ministro Nelson Jobim (Defesa), citado em um dos documentos, foi a primeira autoridade brasileira a contradizer o que foi relatado pela diplomacia americana. “De vez em quando aparecem essas coisas. Acho que coisas que eu vi do Brasil [nos telegramas vazados pela organização WikiLeaks] são tão insignificantes que não merecem ser levadas a sério”, disse Lula, depois de visitar obras da Usina Hidrelétrica Estreito, no Maranhão.
O presidente negou ter receio em relação ao que possa vir a ser divulgado: “Se fosse tão sério, [os telegramas] não teriam vazado”.
Paulo Bernardo vai assumir as Comunicações
O atual ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, vai assumir no próximo governo o Ministério das Comunicações. A informação foi confirmada ontem por Dilma Rousseff, durante reunião com a cúpula do PMDB, da qual participaram o seu vice, Michel Temer, e os senadores José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL). O destino de Bernardo, apontado para diversos cargos na Esplanada, dependia de uma negociação com o principal partido da aliança em torno de Dilma. No encontro, a petista informou aos peemedebistas que os ministérios das Comunicações e da Integração Nacional deixarão de ser da cota da legenda. A princípio não houve resistência, já que o PMDB espera ser recompensado com outras pastas de peso, como Cidades.
Eleita gasta 30% mais que Lula em 2006
A campanha da presidente eleita, Dilma Rousseff, fechou no vermelho e gastou 30% mais que a reeleição de Lula, em 2006. Com R$ 27,7 milhões em dívidas -o triplo do verificado por seu principal adversário na disputa, José Serra (PSDB)-, Dilma declarou despesa total de R$ 177,7 milhões.
Proporcionalmente, o deficit final da campanha de Dilma é maior do que a que Lula registrou na disputa à reeleição, em 2006 (cerca de 10% do que havia arrecadado). “As eleições ficam mais caras a cada ano”, justifica o tesoureiro da campanha petista, José de Filippi Jr.. As prestações de contas entregues ontem à Justiça Eleitoral indicam que empreiteiras e imobiliárias foram as maiores doadoras dos dois candidatos, com repasses de R$ 43,9 milhões e R$ 20,8 milhões para Dilma e Serra, respectivamente.
Correio Braziliense
Previdência do servidor vira desafio para Dilma
Pedra no caminho dos últimos dois presidentes da República, a previdência do funcionalismo também é obstáculo à gestão Dilma Rousseff. Se quiser melhorar a qualidade das contas, reduzir o gasto com pessoal e destinar mais recursos a obras e investimentos, a presidente eleita terá de enfrentar o lobby pesado dos servidores e apoiar a aprovação do Projeto de Lei nº1992, que cria a Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público (Funpresp) e está parado na Câmara dos Deputados desde 2007. Se estivesse em vigor, a proposta poderia ajudar a estancar o rombo do sistema de pensões e aposentadorias estatal. Em 2009, o deficit foi da ordem de R$ 46,9 bilhões — 1,49% do Produto Interno Bruto (PIB). Para este ano, a estimativa oficial é de um buraco de R$ 48,5 bilhões — 1,46% do PIB.
PMDB ganha a Saúde e mais quatro ministérios
A presidente eleita, Dilma Rousseff, avançou no desenho do ministério que a ajudará a governar a partir de janeiro. Ela definiu que Paulo Bernardo ocupará as Comunicações e Sérgio Côrtes, a Saúde, e delimitou o espaço do PMDB na Esplanada. Serão três vagas indicadas pelas bancadas do Senado e da Câmara — Minas e Energia, Agricultura e Cidades — e duas de indicação pessoal: Defesa e a própria Saúde. A solução encontrada por Dilma, contudo, não significa que os problemas entre PT e PMDB acabaram.
Os focos de insatisfação estão em todos os lugares, com deputados, senadores e até governadores dos partidos sentindo-se jogados para escanteio e sub-representados. O espaço do PMDB foi definido em reunião entre Dilma e o vice-presidente eleito, Michel Temer (PMDB), com os senadores peemedebistas José Sarney (AP) e Renan Calheiros (AL), além dos petistas Antonio Palocci (PT), indicado à Casa Civil, José Eduardo Cardozo (PT), à Justiça, e o presidente da legenda, José Eduardo Dutra.
Estatais reúnem R$ 935 bi
Em meio à intensa discussão sobre a ocupação de cargos na Esplanada, o governo federal divulgou ontem quanto cada estatal terá no primeiro ano de gestão da presidente eleita, Dilma Rousseff. As mais de 100 estatais com programações para 2011 contarão com orçamento superior a R$ 935 bilhões — valor superior aos R$ 755 bilhões previstos a todos os órgãos do Executivo, Legislativo e Judiciário no próximo ano — e mobilizam mais de 466 mil funcionários. As principais, Petrobras e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), deverão continuar no topo da pirâmide com os maiores caixas e, ao que tudo indica, sob o comando de José Sergio Gabrieli e Luciano Coutinho, atuais presidentes.
Manobra para ganhar tempo
A dois meses do fim da legislatura, o deputado Jader Barbalho (PMDB-PA) renunciou ontem ao mandato na Câmara. De acordo com o advogado de Jader, o jurista José Eduardo Alckmin, a renúncia se trata de um protesto político, e não de uma manobra para o peemedebista ganhar tempo na tramitação de processos. “É uma decisão de caráter político, para colocar a posição dele enquanto não reconhecerem sua elegibilidade”, afirmou Alckmin. Mas, de acordo com a assessoria do Supremo Tribunal Federal (STF), o inquérito nº 2909, que apura envolvimento de Jader em crime contra a ordem tributária, já tem pauta publicada e pode ser julgado a qualquer momento.
Saldo devedor de Serra e Dilma juntos: R$ 37 mi
Protagonistas da disputa presidencial no segundo turno, as campanhas de Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) apresentaram ontem um saldo devedor de R$ 37,3 milhões. A contabilidade petista fechou com um rombo de R$ 27,7 milhões, e a tucana, de R$ 9,6 milhões. Por outro lado, a campanha da senadora Marina Silva (PV) não teve déficit. As planilhas com os dados oficiais da prestação de contas dos candidatos e dos comitês financeiros foram enviadas ontem ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) pela tesouraria dos partidos.
A partir de hoje, a documentação apresentada pelos candidatos será submetida ao pente-fino da equipe técnica do tribunal. Pela legislação, o plenário do TSE tem até 9 de dezembro para julgar as prestações de contas. Devido ao volume de documentos, o órgão anunciou a criação de uma força-tarefa formada por 16 servidores para analisar o balanço da presidente eleita.
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