Folha de S. Paulo
Investimentos caem com freio nos gastos de estatais
Empresas controladas pelo Tesouro Nacional, em especial a Petrobras, frearam suas despesas com obras e projetos no governo Dilma Rousseff, o que contribuiu para a queda dos investimentos e do crescimento do país. Mesmo liberadas da política oficial de controle de gastos, as estatais, que respondem por dois terços dos investimentos da União, ainda não retomaram o patamar de participação na economia que atingiram no fim do mandato do ex-presidente Lula.
De acordo com os dados mais atualizados, essas empresas destinaram, no primeiro quadrimestre deste ano, R$ 26,4 bilhões à ampliação da infraestrutura e da capacidade produtiva nacional, o equivalente a 1,9% do PIB (Produto Interno Bruto). Nos quatro meses iniciais de 2010, após sucessivas altas anuais, os investimentos das estatais em energia, aeroportos, portos e outros setores somavam 2,2% do PIB. A diferença ajuda a explicar o agravamento do principal obstáculo apontado atualmente para a recuperação da economia brasileira: a escassez de investimentos necessários para expandir a oferta de bens e serviços.
PF só usa grampos telefônicos em 0,5% dos seus inquéritos
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Principal indício do envolvimento de políticos com Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, as interceptações telefônicas são utilizadas em apenas 0,5% dos inquéritos tocados pela Polícia Federal, de acordo com um levantamento concluído recentemente pela instituição. Hoje, existem cerca de 100 mil inquéritos em andamento. Desse total, por volta de 500 utilizam grampos telefônicos realizados com autorização judicial.
As gravações telefônicas feitas pela polícia durante as Operações Vegas e Monte Carlo envolveram o senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO) e deputados federais, como Carlos Alberto Leréia (PSDB) e Sandes Junior (PP), com Cachoeira, acusado de corrupção e de comandar uma rede de jogos ilegais. A PF diz que as escutas são importantes, mas não são usadas sem outras provas. “Gravação telefônica é uma técnica essencial, mas as investigações não se resumem a elas”, diz Oslain Santana, diretor de Combate ao Crime Organizado da PF.
Diretor do Turismo é suspeito de favorecer ONG ligada a parentes
O Ministério do Turismo apura desde outubro se um de seus diretores beneficiou o Instituto Marca Brasil (IMB), de Porto Alegre, ONG que tem vínculos com seus familiares. O IMB recebeu R$ 27,4 milhões da pasta em convênios firmados sem concorrência, segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”. O investigado é Ricardo Moesch, diretor de Estruturação, Articulação e Ordenamento Turístico desde 2007. Ele era responsável por assinar convênios, liberar recursos e avalizar as prestações de contas da entidade.
Segundo a reportagem, a ONG, cuja advogada era a mulher de Moesch, Letícia Affonso Levy, teria sido beneficiada com recursos além do combinado em contratos de prestação de serviços de advocacia. Já a mãe do diretor, Norma Martini Moesch, assinava como conselheira da organização. Prestações de contas aprovadas por Moesch teriam documentação incompleta. De acordo com a reportagem, o ministro do Turismo, Gastão Vieira, sabia das denúncias desde sua posse, em outubro. Em nota, o ministério afirmou que as investigações estão a cargo da Controladoria-Geral da União.
Argentina pede ajuda à Comissão da Verdade
Fazer a revolução onde fosse possível, segundo os ideais de Che Guevara. Assim pensava Enrique Ruggia, 18, nascido na Província argentina de Corrientes, em 1956. Estudante de veterinária e simpatizante do peronismo, Enrique se juntou em Buenos Aires a um grupo de militantes brasileiros que vinha do Chile e rumou para o Brasil.
Era o ano de 1974. Na Argentina ainda não começara o período de chumbo da ditadura (1976-1983), mas já estava em ação a Triple A, força repressora que atuou no governo de Isabelita Perón. Junto aos irmãos Joel e Daniel Carvalho, mais dois colegas, todos da Vanguarda Popular Revolucionária, Enrique atravessou a fronteira entre a Argentina e o Brasil. Quando chegou à cidade de Medianeira (PR), o grupo foi parado pelo Exército brasileiro. Todos foram executados. Apesar de a morte de Enrique ter sido reconhecida posteriormente pelo governo brasileiro, seu corpo nunca foi localizado. Agora, com a Comissão da Verdade no Brasil, sua irmã Lilly quer retomar a busca pelos restos do jovem.
Isolado em SP, PT tem chapas gigantescas na Grande SP
Enquanto o pré-candidato Fernando Haddad enfrenta dificuldades para fechar alianças em São Paulo, petistas das principais cidades ao redor da capital já garantiram apoio de um grande número de partidos para as eleições municipais. Favorito à reeleição, o prefeito de São Bernardo do Campo, Luiz Marinho, tem 19 siglas na sua chapa, incluindo o DEM, e negocia para tirar da disputa o pré-candidato do PMDB, Tunico Vieira.
Já em Guarulhos, o prefeito Sebastião Almeida tenta fechar com 18 legendas. “Apenas PSDB, PPS e DEM não estão conversando para fazer parte da aliança”, conta a vereadora Marisa de Sá. A situação é a mesma para o pré-candidato de Osasco, deputado João Paulo Cunha, que reuniu 21 siglas na sua chapa. O acordo foi costurado apesar da possibilidade de ele não participar da eleição, pois é réu do mensalão. Até o fim do mês, quando termina o prazo das convenções, o PT pode fazer alianças que vão de 10 a 18 siglas em cidades como Embu das Artes, Santo André, Diadema, Carapicuíba e Suzano.
O candidato brotinho
Há cerca de um mês e meio, o pré-candidato do PSDB à Prefeitura de São Paulo, José Serra, decidiu ir às compras. Desembarcou nas lojas do bairro dos Jardins e voltou para casa com quatro calças novas, algumas camisas e a ideia de modernizar o visual. Aos 70 anos, Serra é o mais velho dos candidatos a prefeito da capital. Seu principal adversário, o petista Fernando Haddad, tem 49 anos de idade e procura realçar a diferença ao se apresentar aos eleitores. “Um homem novo para um tempo novo”, diz o slogan de sua campanha.
Para combater a ideia de que seria o representante da velha política na campanha deste ano, Serra introduziu em seus discursos a palavra “inovação”, que, segundo ele, é a marca que deixou em todos os cargos que ocupou. “Os genéricos foram, ao seu tempo, uma inovação no Ministério da Saúde”, disse num evento recente de sua campanha, referindo-se ao período em que comandou o ministério, de 1998 a 2002. Agora, Serra decidiu levar a inovação também para o guarda-roupas. O pré-candidato tem vestido peças diferentes das que usou na eleição presidencial de 2010.
Fundo de pensão pode perder R$ 1,5 bi no Cruzeiro do Sul
Fundos de pensão de estatais, Estados e municípios correm o risco de amargar prejuízos após terem investido pouco mais de R$ 1,5 bilhão no Cruzeiro do Sul. O banco está sob intervenção do BC desde o dia 4, por problemas na contabilidade e no descumprimento de normas. O rombo detectado foi de R$ 1,3 bilhão.
Segundo reportagem do “Globo”, entidades de previdência dos fundos de estatais aplicaram R$ 1,09 bilhão no banco. Fundos de servidores estaduais e municipais, por sua vez, creditaram R$ 426 milhões na instituição. Em São Paulo, o futuro do Cruzeiro do Sul pode afetar créditos feitos por fundos de 22 municípios, como São Bernardo do Campo e Bauru. Segundo o secretário de Previdência Social, Leonardo Rolim, apesar da ameaça, dificilmente o prejuízo para esses investidores será equivalente ao total aplicado.
Prédio de luxo nos Jardins é alvo de arrastão
Mesmo localizado a 300 m de distância do Distrito Policial dos Jardins (zona oeste), um edifício com apartamentos que valem mais de R$ 2,5 milhões foi alvo de um arrastão ontem. O caso é o 14º arrastão a prédios registrados neste ano na cidade. Durante todo o ano de 2011, foram 13 casos, segundo a Secretaria de Segurança Pública; em 2010, 24.
A ação nos Jardins durou mais de quatro horas. Para invadir o edifício, chamado Santa Margherita e que fica na rua Bela Cintra, os ladrões renderam o porteiro por volta das 3h de ontem. Um casal de ladrões fingiu pedir informação ao porteiro e apontou uma arma em sua direção. Como a guarita não é blindada, ele foi obrigado a se dirigir ao portão e abrir para a entrada da mulher e do homem, que o amarraram. Enquanto colocavam algema plástica nas mãos da vítima, o casal de ladrões ainda obrigou o porteiro a abrir os portões da garagem para que o restante da quadrilha entrasse no edifício. O prédio possui apartamentos de 270 metros quadrados, com quatro quartos, avaliados entre R$ 2,5 milhões e R$ 3 milhões.
Bando assalta clientes em cantina e comemora
Clientes da tradicional cantina italiana Gigio no bairro do Brás, região central de São Paulo, sofreram um arrastão anteontem à noite. O crime ocorreu por volta das 22h. Ninguém ficou ferido na ação. A capital contabiliza ao menos 15 casos semelhantes a restaurantes em 2012. A maioria dos arrastões ocorreu no fim da noite, quando o movimento das casas costuma ser menor. De acordo com o registro feito no boletim de ocorrência, um grupo de oito assaltantes rendeu funcionários e clientes da cantina, que funciona na rua do Gasômetro desde 1971.
Assassina de empresário de SP reclama do tamanho de cela
Presa por ter matado e esquartejado o marido, a bacheral em direito Elize Matsunaga, 30, reclamou para policiais civis da cela de 9 metros quadrados, na Cadeia Pública de Itapevi (Grande São Paulo), onde está desde terça-feira. Por ter curso superior, Elize está numa cela isolada. Ao todo, a Cadeia Pública de Itapevi abriga 80 mulheres.
Na manhã de sexta-feira, Elize, segundo policiais, comparou a cela com a cobertura onde vivia até ser presa, na Vila Leopoldina (zona oeste de São Paulo). Segundo o relato, ela disse que o local é menor do que a cama em que dormiu até segunda-feira, quando foi presa. Depois de reclamar do espaço onde está confinada, Elize almoçou o que todas a outras presas receberam: arroz, feijão, frango e salada. Ex-garota de programa e também com curso técnico de enfermagem no currículo, Elize confessou à polícia ter matado o marido, Marcos Matsunaga, 42, entre 19 e 20 de maio, depois de uma discussão motivada porque ela descobriu ser traída por ele.
Ivan Lessa, um dos criadores de “O Pasquim”, morre aos 77 anos
“Eu prefiro ler a escrever!” é uma das frases de Ivan Lessa que ficaram famosas. Apesar da afirmação, ele escreveu até o último dia de vida. O jornalista e escritor brasileiro radicado em Londres desde 1978 morreu em sua casa na tarde de sexta-feira, aos 77 anos, em decorrência de enfisema pulmonar e problemas cardíacos. De acordo com Elizabeth Lessa, 73, sua viúva, Ivan estava em tratamento havia quase um ano e ficava dentro de casa praticamente o dia inteiro, escrevendo. Segundo Elizabeth, casada há 39 anos com o escritor, seu corpo será cremado em uma cerimônia em Londres, como ele desejava. A data ainda não foi definida. Lessa também deixou a filha única Juliana, que tinha dois anos quando a família se mudou para Londres.
Estado de S. Paulo
Prisão de Cachoeira leva crise a Anápolis
Em Anápolis, 50 quilômetros ao norte de Goiânia e 150 ao sul de Brasília, a queda nas vendas do comércio não costuma ser associada à crise na Europa. Nas ruas e lojas da mais dinâmica economia do Centro-Oeste, a crise é chamada de Carlinhos Cachoeira. Foi a partir da prisão, em fevereiro, de Carlos Augusto Ramos, contraventor que começou aqui seus negócios na área de jogos eletrônicos, que o desânimo dos 5 mil comerciantes e lojistas aumentou.
“É só soltar o Cachoeira para o dinheiro voltar”, diz Sebastião Carlos do Couto, dono de uma banca de DVDs na Avenida Brasil, uma das principais. “Parece brincadeira, mas a crise do Cachoeira deu uma balançada. O pessoal está cismado. Acabaram os bares que tinham máquina de jogos e derrubaram os empregos”, relata. Ele diz que vendia antes da crise cem DVDs. Agora, vende 40. A Câmara dos Dirigentes Lojistas de Anápolis registra uma queda de cerca de 30% nas vendas nos últimos três meses em relação ao mesmo período do ano passado. Ninguém se arrisca a associar esse porcentual de queda ao caso Cachoeira, mas o sentimento na cidade de 350 mil habitantes está mais perto de problema local que resultado de uma conjuntura internacional.
Cidade rendia R$ 250 mil por dia ao esquema
Dados da Polícia Federal estimam que o esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlos Cachoeira, contava com cerca de 5 mil pessoas em Goiás. A maioria atuava na região de Anápolis, o que rendia, só na cidade goiana, cerca de R$ 250 mil por dia.
Mas o “polo dos jogos” não movia sozinho a economia de uma cidade que começou a prosperar com as olarias de tijolos vendidos para as obras da construção de Brasília. No tempo da ditadura e dos movimentos guerrilheiros no interior goiano, a cidade ganhou um “polo de segurança nacional”, com a criação da Base Aérea de Anápolis. Depois, surgiram o polo industrial, que conta com 160 fábricas, o polo universitário, um porto-seco de cargas e o ponto zero de duas ferrovias. Perto da Praça do Avião, que ostenta a carcaça de um Mirage apontada para o céu, reduto do comércio popular, Gabriela Letícia da Silva diz não ter dúvidas de que a crise política derrubou as vendas na sua loja de roupas íntimas. E diz que a crise reduziu o faturamento do Dia das Mães. “O dinheiro girava mais. O problema é a parte política.”
Dilma dá ‘puxão de orelha’ em ministro
O Palácio do Planalto desautorizou ontem o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro (PMDB), a falar sobre as negociações do Código Florestal. Irritada com o vazamento de as notícias de que o governo estaria disposto a negociar com o Congresso alterações na Medida Provisória (MP) que trata do novo Código Florestal, a presidente Dilma Rousseff tornou pública, por meio de assessores, a proibição de se fazer comentários sobre o caso. Mendes Ribeiro não passou recibo do puxão de orelhas. “Pedi a minha assessoria que corrigisse qualquer notícia dizendo que eu teria afirmado que haveria negociação do Código Florestal”, afirmou. Indagado sobre a rispidez do Planalto, o ministro disse: “Vai ver que era só para esclarecer, mas o assessor estava mal humorado”.
Ex-diretor da Delta deixa prisão, mas sob condições
O ex-diretor da Delta Construções para a região Centro Oeste Cláudio Abreu deixou o presídio da Papuda, em Brasília, por volta de 2h30 da madrugada de ontem em alta velocidade, a bordo de uma caminhonete de seu advogado, Fabrício Correia de Aquino. Personagem chave do escândalo envolvendo o contraventor Carlos Cachoeira, ele estava preso desde 25 de abril. Na sexta feira, a juíza Ana Claudia Barreto, da 5.ª Vara Criminal, revogou a prisão preventiva de Abreu, mas lhe impôs condições. O executivo terá que entregar o passaporte e, todos os meses, comparecer em juízo. Ele recebeu ordens, ainda, para não fazer contato com réus ou testemunhas da Operação Saint-Michel, desdobramento da Monte Carlo. Para a juíza, em liberdade Abreu não oferece riscos. “Os crimes que lhe foram imputados são de conhecimento nacional, de maneira que dificilmente conseguiria praticar novas condutas semelhantes.”
‘Faxinados’ usam eleição para dar o troco no PT
Quase um ano após o início do processo que ficou conhecido como “faxina”, ministros que deixaram a Esplanada na esteira de denúncias de irregularidades procuram tratar o assunto como “página virada”. A movimentação de alguns ex-titulares em seus redutos eleitorais e de seus partidos em São Paulo mostra, porém, que o ressentimento com o Planalto e o PT ainda é grande e o pleito de outubro virou a oportunidade para dar o troco.
As demissões nos Transportes, no começo de julho de 2011, deflagraram o efeito dominó que derrubaram seis ministros: além do titular dessa pasta, Alfredo Nascimento (PR), caíram os peemedebistas Wagner Rossi (Agricultura) e Pedro Novais (Turismo); Orlando Silva (PC do B), do Esporte; Carlos Lupi (PDT), do Trabalho, e Mário Negromonte (PP), das Cidades. No PR de Nascimento, a mágoa está escancarada. O presidente nacional da legenda deixou o governo indignado com o tratamento dispensado a ele e ao partido. Nascimento, que disse não ser “lixo” para ser varrido do ministério, fez questão de referendar a articulação que levou a sigla a apoiar o pré-candidato do PSDB em São Paulo, José Serra.
Rossi e Palocci deixam de lado Ribeirão Preto, ex-reduto de ambos
Em Ribeirão Preto (SP), a eleição para a prefeitura revela o abatimento de dois ex-ministros da presidente Dilma Rousseff. O peemedebista Wagner Rossi, ex-titular da Agricultura, que deixou a pasta em agosto após denúncias de irregularidades e suspeitas de corrupção, agora é visto com pouca frequência na cidade e passou o bastão ao filho, o deputado estadual Baleia Rossi, presidente do PMDB paulista. Primeiro a deixar o governo Dilma após denúncias – antes do processo conhecido como faxina -, o petista Antonio Palocci (ex-chefe da Casa Civil) dividia a influência política em Ribeirão com Wagner Rossi. Apesar de ter sido prefeito duas vezes, Palocci mantém distância da política local.
Wagner Rossi é membro da executiva estadual do PMDB e tem comparecido apenas a reuniões de deliberação. Segundo Baleia, depois de deixar o ministério, o pai decidiu se afastar do front político. “Ele acabou pendurando a chuteira. Tem ajudado o PMDB no Estado, participa da executiva, mas sem viagens e nenhuma ação de articulação política local”, contou. “Ele fala que a contribuição que podia dar já deu, que não sai mais candidato e não tem pretensões de ocupar cargo público.”
Sem se abater, Lupi diz manter amor a Dilma
Enquanto o ressentimento toma conta do PR e influi no resultado das alianças do partido, o ex-ministro Carlos Lupi (Trabalho) continua a declarar amor à presidente Dilma Rousseff. “Ela me ligou no meu aniversário, me deu um abraço carinhoso, sempre me recebe muito bem. Não tenho o que falar”, afirmou. Presidente nacional do PDT, Lupi diz que faz questão de cuidar pessoalmente das alianças nas capitais. No Rio, sua zona de influência política, o ex-ministro – que chegou a desafiar o Planalto, afirmando que só deixaria a pasta abatido à bala – afirma que o PDT decidiu apoiar a reeleição de Eduardo Paes (PMDB) por não ter um nome forte para a disputa.
Acusado de fraude é exonerado do Banco do Nordeste
O presidente do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Jurandir Santiago, exonerou ontem o seu chefe de gabinete, Robério Gress do Vale, a mando da presidente Dilma Rousseff. Vale é acusado de operar um esquema fraudulento que teria desviado R$ 100 milhões para o caixa 2 de campanhas eleitorais de petistas do Ceará. O esquema está sendo investigado pela Polícia Federal (PF) com base em auditorias do BNB e da Controladoria Geral da União (CGU)que encontraram indícios de fraude em 24 operações de crédito envolvendo petistas.
A auditoria concluiu que empresa dos cunhados de Vale recebeu R$ 12 milhões. O ex-chefe de gabinete do BNB foi, em 2010, o quarto maior doador, pessoa física, da campanha do deputado José Guimarães Nobre (PT-CE), irmão do ex-presidente do PT José Genoino. A denúncia foi publicada pela revista Época deste final de semana. Em nota, Vale disse que está disposto a prestar todos os esclarecimentos à PF. “Como funcionário de carreira, técnico desta instituição, tendo exercido dentre outras funções a chefia de gabinete na gestão Roberto Smith e na atual, nunca me envolvi em defesa de quaisquer interesses de pessoas, parentes e afins, conforme insinua a referida matéria (publicada na revista)”, disse.
‘Fracasso na selva sepultou radicalismo’
Na longa lista de revoltas contra o poder, no Brasil, a aventura do PC do B no Araguaia não teve grande expressão, mas seu saldo político foi importante, avalia o historiador Pedro Paulo Rufino, titular do Departamento de História da Unicamp. “Enquanto a luta armada fracassava no campo, entre 1972 e 1975, o MDB conquistava o eleitorado, intelectuais faziam pesquisas no Cebrap, o jornal Movimento desafiava a censura”, recorda ele. “A derrota da luta armada sinalizou que o diálogo político era a única saída. A ele o regime militar não conseguiu sobreviver.”
O Globo
Relator da CPI do Cachoeira decepciona correligionários
Os trabalhos da CPI do Cachoeira mal começaram e o relator, deputado Odair Cunha (PT-MG), virou uma decepção para petistas que não veem nele a defesa de dois interesses do partido na CPI: foco nas relações do governador Marconi Perillo (Goiás) e da imprensa com a organização criminosa do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Parlamentares do PT o consideram “fraco”, mas não do modo que queriam. Reclamam que ele estaria sendo manobrado pelo presidente da comissão, senador Vital do Rêgo (PMDB-PB), mais experiente. Outros parlamentares considerados independentes reclamam que Odair não tem sido imparcial na condução dos trabalhos.
Para os petistas, o estopim foi a marcação do depoimento do governador Perillo para a próxima terça-feira. Em uma reunião do PT na noite do dia 28, na qual Odair estava presente, ficou combinado o adiamento do depoimento de Perillo, com o intuito de esperar a quebra de seus sigilos fiscal, bancário e telefônico. Mas, em sessão da CPI realizada dois dias depois, os petistas foram surpreendidos com a convocação de Perillo, com a anuência do relator, o que gerou uma crise entre eles.
Vida política multiplica patrimônio de Agnelo Queiroz
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), que depõe na próxima quarta-feira na CPI do Cachoeira, embora seja de partido diferente do seu colega de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), terá de dar explicações sobre um fato comum: o crescimento exponencial de seu patrimônio desde 1998. Nesse período, a soma dos bens do petista subiu quase 12 vezes. Perillo, como revelou O GLOBO na semana passada, teve um aumento patrimonial de cinco vezes, mas, na conta, não estão computados cinco imóveis que o tucano deixou de informar à Justiça Eleitoral. O porta-voz do governo do Distrito Federal, Ugo Braga, informou que “a evolução patrimonial do casal (Agnelo e mulher) deve-se ao trabalho de ambos durante 30 anos de casados”.
No início de sua carreira política, Agnelo tinha poucos bens: apenas um apartamento, no valor de R$ 70 mil, mais três carros — um deles um Chevette 1989, avaliado, na época, em R$ 4 mil — e quatro telefones, dois dos quais celulares. Em 2010, quando concorreu ao governo do DF, a situação era bem diferente. A soma de tudo aquilo que estava registrado em seu nome, com o de sua mulher, atingia a cifra de R$ 1,150 milhão. No período de 12 anos, a frota continuou sendo de três veículos, mas todos seminovos.
Às vésperas da campanha, TSE tem 1.615 processos pendentes
A menos de um mês do início da campanha para prefeituras e câmaras municipais, a Justiça brasileira ainda não deu fim a um grande passivo de ações da corrida às urnas de 2008. Só no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), última instância, há 1.615 processos pendentes, mais da metade referente a corrupção eleitoral. Uma inércia que favorece acusados de compra de voto, abuso de poder econômico e político, fraudes e caixa dois. Muitos podem voltar a se eleger este ano. O levantamento, feito pelo GLOBO, é baseado em dados do TSE. Da lista de processos, constam candidatos eleitos e derrotados. Além de ações ajuizadas pelos Ministérios Públicos dos estados, há muitas em que vitoriosos e fracassados se acusam de irregularidades. Dos 1.615, nada menos do que 858 processos se referem a suspeitas de corrupção eleitoral — em geral, casos de abuso de poder econômico, associados aos mais variados artifícios de compra de voto.
Mensalão: Dirceu convoca estudantes para defendê-lo
Um dos 38 réus do mensalão, o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu convocou os estudantes a irem às ruas defendê-lo durante o julgamento do processo pelo Supremo Tribunal Federal (STF), que começa no dia 1º de agosto. Dirceu participou neste sábado à tarde do 16º Congresso Nacional da União da Juventude Socialista (UJS), ligada ao PCdoB, na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj). Segundo ele, a partir de agora será “a batalha final”. — Todos sabem que este julgamento é uma batalha política. E essa batalha deve ser travada nas ruas também porque senão a gente só vai ouvir uma voz, a voz pedindo a condenação, mesmo sem provas. É a voz do monopólio da mídia. Eu preciso do apoio de vocês — discursou Dirceu, aplaudido pelos 1.100 estudantes que lotaram o auditório da Uerj.
Ao lado do ex-ministro do Esporte Orlando Silva, demitido pela presidente Dilma Rousseff após suspeitas de corrupção na pasta, Dirceu disse para os jovens ficarem “vigilantes”: — Não podemos deixar que este processo (do mensalão) se transforme no julgamento da nossa geração. Por isso, peço a vocês, hoje aqui, fiquem vigilantes. Não permitam julgamento político. Não permitam julgamentos fora dos autos (do processo). A única coisa que nós pedimos é o julgamento nos autos e que a Justiça cumpra o seu papel.
Dilma desautoriza ministro da Agricultura a falar sobre Código
A presidente Dilma Rousseff desautorizou neste sábado o ministro da Agricultura, Mendes Ribeiro, a falar sobre negociações a respeito do Código Florestal, cuja Medida Provisória foi enviada ao Congresso na semana passada pelo governo. Na sexta, ao deixar uma reunião com Dilma no Palácio da Alvorada, o ministro sinalizou que o governo pode negociar emendas ao texto original. Segundo Mendes Ribeiro, o principal ponto que pode ser flexibilizado diz respeito à área de recomposição das margens dos rios para os médios produtores. — O próprio governo já mexeu nisso, buscou contemplar o médio. Daqui a pouco os parlamentares podem achar que precisa mais um pouquinho. Isso é um debate natural que não tem como intervir — afirmou o ministro ontem.
Briga pelo comando da Câmara divide PT e PMDB
Como bem revelou o indiscreto torpedo do deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) ao governador Sérgio Cabral na CPI do Cachoeira, volta e meia as relações entre PT e PMDB ficam azedas. E, mesmo distante, a disputa, em fevereiro de 2013, pela presidência da Câmara dos Deputados promete ser outro momento delicado. Oficialmente, ninguém admite a possibilidade de quebra do acordo entre os dois partidos, que elegeria um peemedebista para o lugar de Marco Maia (PT-RS) mas, em conversas informais, petistas e aliados já indicam o rompimento na tentativa de impedir que o PMDB comande as duas casas do Congresso, deixando a presidente Dilma Rousseff ainda mais refém do partido.
O assunto das eleições para a Câmara só será enfrentado oficialmente depois das eleições municipais, mas é preocupação constante nos encontros de maior descontração política entre parlamentares. Como ingrediente extra nas desavenças entre as duas legendas pela presidência da Câmara dos Deputados está a briga pela vice-presidência da República na chapa à reeleição de Dilma Rousseff, em 2014.
PSDB dá a largada neste domingo a convenções no Rio
A corrida pela prefeitura do Rio terá início oficialmente neste domingo com a convenção do PSDB que confirmará o deputado federal Otávio Leite como candidato. O evento ocorrerá entre 10h e 14h, na sede do Cordão do Bola Preta, na Lapa. Na segunda-feira, na Câmara dos Vereadores, às 11h, é a vez do PSOL apresentar a candidatura do deputado estadual Marcelo Freixo. O PMDB marcou para o dia 23 a aprovação da chapa do atual prefeito Eduardo Paes, que tentará a reeleição. Já o DEM programou fechar a aliança do deputado federal Rodrigo Maia no dia 25. O PV, da deputada estadual Aspásia Camargo, ainda não decidiu quando será a convenção. As candidaturas de vereadores destes partidos e de aliados também serão definidas nos eventos. No encontro do PSDB, as principais figuras da cúpula nacional, como Geraldo Alckmin, Aécio Neves e José Serra aparecerão em vídeos com depoimentos em favor de Otávio Leite. O presidente do partido, Sérgio Guerra, e o senador Álvaro Dias devem comparecer. Leite, porém, não vai anunciar quem será o seu vice.
Para Bård Nylund, Brasil ainda precisa avançar na questão gay
Quando São Paulo se prepara para o que se tornou a maior Parada Gay do mundo — na qual mais de 3,5 milhões de pessoas são esperadas neste domingo na Avenida Paulista — uma conversa com o norueguês Bård Nylund, de 31 anos, mostra o quanto o Brasil ainda tem a avançar em questões-chave para os homossexuais, que corresponderiam a até 18 milhões de pessoas no país. Nylund é presidente da Organização LGBT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros) da Noruega, país considerado pioneiro do ativismo gay e detentor de uma das legislações mais avançadas do mundo. Os gays noruegueses podem se casar, muitas vezes até em cerimônias religiosas, facilmente adotar crianças e tirar licença paternidade ou maternidade. Lésbicas têm direito à inseminação artificial gratuita, e o preconceito, ali, é crime desde 1972. Nylund comemora eventos como a Parada Gay (“são parte da luta por visibilidade”), mas acha que a opinião pública não deve apenas celebrar, e sim pressionar o debate político. Em entrevista por telefone, de Oslo, ele conta como a Noruega chegou lá e diz acreditar que uma mistura de “fraqueza institucional, atraso na educação e influência da igreja” ainda impedem que o mesmo ocorra no Brasil.
Elize Kitano: do conto de fadas à crônica policial em 8 anos
Quatro dias depois de matar e esquartejar o marido, Elize Kitano Matsunaga, de 30 anos, foi ao pequeno salão de beleza próximo ao prédio onde morava, na Vila Leopoldina, bairro paulistano em que prédios de altíssimo padrão surgem entre casas térreas fincadas em grandes terrenos. Lá, com o trabalho de um colorista, trocou o tom de castanho acobreado dos cabelos pelo louro platinado. Mais silenciosa que o habitual, dizem os funcionários, também fez as unhas dos pés e das mãos, sem, em momento algum, tirar do rosto os óculos escuros. — Ela estava triste, com voz embargada, nem falou direito com as pessoas do salão, mas não dava para desconfiar, né? — disse um funcionário do salão, na última sexta-feira.
Correio Braziliense
Com 14º e 15º, deputados brasileiros são os mais caros das Américas
A lentidão da Câmara dos Deputados para votar o projeto de decreto legislativo que poderá acabar com a regalia paga a parlamentares brasileiros desde 1946, o 14º e o 15º salários, reflete o apego dos congressistas aos elevados valores que lhes chegam aos bolsos todos os anos. Os salários extras unem-se a verbas indenizatórias e outros benefícios que, juntos, resultam em gasto de R$ 1.582.883,43 por ano por deputado do Brasil. Levantamento realizado pelo Correio aponta que eles são os que mais pesam aos contribuintes dentre os principais países das Américas. Foi considerada a remuneração anual dos parlamentares das oito nações com maior Produto Interno Bruto (PIB) das Américas: Estados Unidos, Brasil, Canadá, México, Argentina, Venezuela, Colômbia e Chile. Em nenhum desses países os parlamentares recebem 15 salários por ano. A remuneração total paga aos integrantes da Câmara dos Deputados brasileira é 38% maior que a concedida no país em segundo lugar, a Colômbia. Os deputados colombianos recebem 14 salários correspondentes a R$ 5,8 mil por mês mais diversos benefícios que totalizam R$ 1.147.000 anuais a cada parlamentar.
“A política é o espaço do enfrentamento”, diz deputado Jean Wyllis
A imagem delicada da flor feita de fitas de seda das cores do arco-íris pregada na lapela direita do paletó do deputado Jean Wyllys (PSol-RJ) contrasta com a disposição para briga do militante do movimento LGBT, criado no movimento pastoral da Igreja Católica, da qual se dissociou ao assumir a homossexualidade, aos 16 anos. Um ano e meio depois de chegar ao Congresso, ele já conseguiu se posicionar em boa parte das polêmicas da Casa. Defende a revisão da Lei da Anistia, confronta a Frente Parlamentar Evangélica na discussão do projeto que criminaliza a homofobia e batalha para emplacar uma PEC que prevê o casamento civil de pessoas do mesmo sexo. “A política é o espaço do enfrentamento”, diz. Wyllys afirma que suas bandeiras não dão votos, que a comunidade LGBT ainda não tem consciência política suficiente para eleger representantes de suas demandas e que ainda não está decidido sobre disputar um novo mandato.
Deslizes, impasses e baixarias tiram força da CPI do Cachoeira
Em quase 50 dias de CPI mista de Cachoeira, os trabalhos avançam na mesma medida que as escorregadas de alguns de seus membros. Desinformação sobre o regimento, pouco tempo de atuação no Congresso Nacional ou deslumbramento com a visibilidade da comissão já resultaram em esforço desperdiçado, alguma dose de perda de tempo e até cenas de baixaria.
Na sessão anterior ao depoimento do delegado da Polícia Federal Matheus Mella Rodrigues, os integrantes da CPI decidiram realizar uma sessão secreta, para evitar que as defesas dos suspeitos fossem municiadas com informações fornecidas pelo policial e pelos próprios parlamentares. No dia da oitiva, porém, os membros do colegiado foram surpreendidos com a presença dos advogados do senador Demóstenes Torres (sem partido-GO), do ex-diretor da Delta Cláudio Abreu e do bicheiro Carlinhos Cachoeira no plenário fechado. Depois de muita confusão, o depoimento foi retomado. Legalmente, os advogados realmente tinham o direito de acompanhar a sessão.
Regiões do país podem enfrentar colapso hídrico até 2015
A mais dramática seca dos últimos 30 anos, que atinge os nove estados nordestinos e o norte de Minas Gerais, já levou mais de 900 municípios a terem a situação de emergência reconhecida pelo Ministério da Integração Nacional e um prejuízo de estimados R$ 12 bilhões ao Produto Interno Bruto agropecuário. O fenômeno climático, tradicional da região, custou %u2014 de janeiro a junho deste ano %u2014 R$ 3,5 bilhões aos cofres públicos brasileiros e ainda deve consumir mais verbas. Todos os danos registrados até agora ocorreram no que deveria ser a estação das chuvas na região. A época oficial de estiagem começou no início de junho e se prolonga até o fim do ano.
Os R$ 3,5 bi correspondem a cerca de um quarto do total do projeto de transposição do Rio São Francisco, que pode custar mais de R$ 12 bilhões. Em cinco anos de obras, o valor já aumentou 77%. Do total repassado pelo governo para atenuar os efeitos da estiagem, quase R$ 191 milhões foram repassados para ações específicas de assistência nesses estados afetados (veja tabela), além de mais de R$ 300 milhões do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome para construção de cisternas. No entanto, esse montante equivale somente a ações de enfrentamento a curto prazo da situação no local, com medidas como abastecimento de água por meio de carros-pipa, liberação de crédito extraordinário, seguro-safra, bolsa-estiagem, que ilustram a política de compensação e improviso da chamada “indústria da seca”.