O GLOBO
Inquérito liga violação de sigilo a Dilma, mas a PF tenta negar
Após quatro meses de investigação, o inquérito da Polícia Federal indica uma ligação de integrantes da pré-campanha da candidata do PT, Dilma Rousseff, com o vazamento de dados fiscais sigilosos de tucanos ligados ao candidato José Serra. Mas a PF negou ontem que tenha ficado comprovado o uso dos dados em campanha política. Pela conclusão da polícia, o mandante da quebra de sigilo foi o jornalista Amaury Ribeiro Júnior, que, no início deste ano, foi chamado para trabalhar na pré-campanha de Dilma.
Amaury obteve as informações entre setembro e outubro de 2009, quando ainda trabalhava para o jornal “O Estado de Minas”. Segundo a PF, Amaury pagou R$12 mil ao despachante Dirceu Rodrigues Garcia, de São Paulo, que, com auxiliares, obteve na Receita os dados do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge, e de mais sete pessoas ligadas a Serra. Entre as pessoas com sigilo violado estão Verônica Serra, filha do candidato, o marido dela, Alexandre Bourgeois.
Segundo a PF, na época em que já tinha saído do “Estado de Minas”, mas ainda continuava com os dados, Amaury se hospedou, em Brasília, num flat de propriedade de pessoa ligada à pré-campanha de Dilma. Num dos depoimentos à PF, o jornalista alega que os arquivos de seu computador, onde estava o relatório dos dados, foram “roubados ou visualizados” por alguém de dentro do PT.
No depoimento, Amaury disse que, ano passado, quando ainda estava no “Estado de Minas”, decidiu apurar suposto esquema de espionagem contra o ex-governador Aécio Neves (PSDB) que teria sido montado pelo grupo do deputado Marcelo Itagiba (PSDB-RJ), ligado a Serra. A ideia, diz, seria “proteger” Aécio. Na época, Serra e Aécio eram potenciais candidatos do PSDB à Presidência.
Serra é agredido por petistas no Rio
O candidato José Serra, do PSDB, enfrentou ontem o momento mais tenso desde o início de sua campanha pelas ruas do país. Em uma caminhada pelo calçadão de Campo Grande, na Zona Oeste do Rio, o passeio de Serra com sua comitiva foi bloqueado por sindicalistas e militantes do PT. Com camisetas e bandeiras do partido da candidata Dilma Rousseff, os manifestantes tentaram intimidar Serra com insultos e, depois, brigaram para se aproximar à força do candidato tucano.
Houve muita discussão e troca de empurrões. Na confusão, Serra acabou atingido na cabeça por um rolo de adesivos de campanha atirado por um dos manifestantes. Uma jornalista da TV Globo também foi atingida na cabeça por uma pedra arremessada na direção de Serra.
Ibope: vantagem de Dilma é de 11 pontos
Pesquisa do Ibope divulgada ontem pelo “Jornal Nacional” mostra que a presidenciável petista, Dilma Rousseff, ampliou sua vantagem sobre o adversário tucano, José Serra. O levantamento, encomendado pela TV Globo e pelo jornal “O Estado de S. Paulo”, mostra que a petista cresceu dois pontos, enquanto o tucano caiu três. A diferença entre os dois subiu de seis para 11 pontos, em relação à sondagem anterior.
Considerando-se os votos totais, Dilma tem 51% e Serra, 40%. Nulos e em branco somaram 5% e indecisos, 4%. No cálculo dos votos válidos – excluindo-se votos em branco e nulos e os eleitores indecisos -, Dilma tem 56% e Serra, 44%, uma diferença de 12 pontos.
Antes de a PF anunciar resultado, Lula já dava o tom, livrando petistas
Antes mesmo de a Polícia Federal anunciar o resultado da investigação da quebra de sigilos fiscais de tucanos, o presidente Lula, em entrevista no Palácio do Planalto, já dava a linha da reação dos petistas, insinuando que setores do próprio PSDB estavam por trás do dossiê, não a campanha da petista Dilma Rousseff. Abordado sobre as novas denúncias de tráfico de influência no governo e a apuração da PF, Lula subiu o tom, atacou a campanha de José Serra e disse que as propostas do tucano são irresponsáveis, especialmente quando fala de mudanças na economia.
– Todo mundo sabia e todo mundo sabe a quem interessavam aquelas denúncias do famoso dossiê, que vão ser explicadas aos poucos. Só que nós não podemos falar com irresponsabilidade. Nós temos que falar com base nos laudos, na investigação e no inquérito. E quem tem que falar isso é a própria Polícia Federal, não o presidente da República – disse Lula.
Correios rompem contrato com empresa envolvida no Caso Erenice
Envolvida no escândalo de tráfico de influência na Casa Civil, a Master Top Linhas Aéreas (MTA) não presta mais serviços aos Correios. A estatal rescindiu os dois últimos contratos com a empresa por abandono das linhas de transporte de cargas postais. Imersa numa crise financeira antevista há 11 meses pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) – que mesmo assim deu aval para sua operação -, a cargueira não voa desde 27 de setembro, o que obriga o governo a contratar substitutas, a preços mais altos.
Os detalhes do cancelamento estavam sendo acertados ontem por dirigentes dos Correios, que calculavam o valor de multas à MTA, fora eventual ressarcimento por prejuízos. O presidente da estatal, David José de Matos, disse que a empresa foi notificada da abertura de processos administrativos para apurar a interrupção de serviços, mas não apresentou justificativas para manter a operação.
Presidente: ‘campanha suja’
O presidente Lula e o presidente do PT, José Eduardo Dutra, denunciaram ontem a existência de uma “campanha suja” contra a candidata petista Dilma Rousseff, disseminada pelo país inteiro por meio de serviço de telemarketing. De acordo com Lula, a Polícia Federal está investigando a origem dos telefonemas com informações difamatórias contra a petista.
– Eu queria que vocês atentassem para a campanha suja que está sendo feita por telemarketing. Há um processo de investigação para saber de onde parte, mas é uma campanha difamatória, coisa que jamais poderia ser aceita por qualquer homem ou mulher democráticos deste país. O cidadão está dentro da sua casa e toca o telefone. Ele deveria receber alguma informação que lhe ajudasse a fazer alguma coisa útil na vida. Mas a campanha é difamatória contra a ministra Dilma, e isso nós não podemos aceitar – disse Lula.
Constrangimento com o Greenpeace
O apoio de parte do PV à candidata petista à Presidência, Dilma Rousseff, foi marcado pelo constrangimento de um protesto do Greenpeace, que abriu uma faixa no meio da solenidade, no momento em que ela discursava. A atuação de duas militantes do Greenpeace – que pediam o compromisso da candidata com o desmatamento zero – causou certo tumulto. Enquanto os militantes chamavam os representantes do Greenpeace de tucanos, Dilma tentou acalmar a plateia, deu voz às manifestantes, mas disse que não fazia promessas que não podia cumprir.
Quando Dilma começava a discursar, duas militantes do Greenpeace abriram uma faixa de cor amarela que questionava: “Desmatamento zero e lei dos renováveis. Você assina embaixo?”. Na saída do encontro, numa conversa tumultuada, Dilma criticou a proposta, considerada vaga:
– É demagógico.
FOLHA DE S. PAULO
Escândalo da Receita: Jornalista admite à PF que encomendou informações
O jornalista Amaury Ribeiro Jr., ligado ao chamado “grupo de inteligência” da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT), reconheceu em depoimento à Polícia Federal que encomendou dados de dirigentes tucanos e familiares de José Serra (PSDB), como a Folha revelou ontem.
Amaury nega que tenha pedido documentos fiscais sigilosos. Porém, todos os alvos do jornalista tiveram seus dados violados em duas agências da Receita Federal em São Paulo.
Os dados foram parar no dossiê que circulou na pré-campanha de Dilma, como a Folha mostrou em junho.
Para a PF, não há dúvida de que foi Amaury quem comprou as declarações de imposto de renda, pelas quais pagou R$ 12 mil.
A polícia agora investiga se alguém o contratou para fazer isso.
Quando os documentos foram incluídos no dossiê, já neste ano, o jornalista atuava para o “grupo de inteligência” do comitê de pré-campanha de Dilma. Sua estadia na capital era paga por integrantes do PT.
Despachante diz a TV que recebeu ajuda de R$ 5.000
O despachante Dirceu Rodrigues Garcia afirmou ao “Jornal Nacional” que recebeu do jornalista Amaury Ribeiro Jr. R$ 5.000 no mês passado, segundo ele, a título de “auxílio e ajuda”. A Polícia Federal diz que a quantia foi paga em dois depósitos, nos dias 9 e 17 de setembro, feitos em dinheiro vivo numa agência bancária de Brasília.
Garcia afirma que não interpretou o repasse como um “cala boca”, já que as investigações sobre a violação dos sigilos estavam adiantadas. Ele disse que entregou a quebra dos sigilos a Ribeiro em um bar no edifício Copan, em São Paulo. Segundo ele, foi cobrado R$ 700 para cada cópia, totalizando R$ 8.400.
No mês passado, eles voltaram a se encontrar. “Ele me ofereceu um auxílio”, disse. Ribeiro nega que tenha pago pelos documentos.
Depois de identificar como os dados sigilosos dos tucanos foram acessados, a PF busca saber agora se alguém ordenou que Ribeiro conseguisse os documentos. Ele prestará novo depoimento.
Dilma afirma que violação é fruto de disputa no PSDB
Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência, negou o envolvimento de sua campanha na quebra de sigilo fiscal de pessoas ligadas a seu adversário, José Serra (PSDB).
Ela insinuou que a quebra foi fruto de disputa interna travada entre o tucano e o ex-governador de Minas Aécio Neves (PSDB) pela candidatura à Presidência, em 2009.
A Folha revelou que a Polícia Federal já sabe que o jornalista Amaury Ribeiro Jr., ligado a “grupo de inteligência” da pré-campanha de Dilma, encomendou os dados.
“O próprio jornalista declarou que fez o trabalho dentro de um conflito entre dois candidatos à Presidência dos tucanos”, disse Dilma. “Esconder isso é tentar colocar algo que a minha campanha vem negando desde o início”, afirmou.
Serra oferece benefício a igrejas para obter apoio
A campanha de José Serra (PSDB) está oferecendo benefícios a igrejas evangélicas e a entidades a elas ligadas em troca de apoio de pastores à candidatura tucana. O mesmo foi feito na campanha do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin.
O responsável pelo contato com os líderes é Alcides Cantóia Jr., pastor da Assembleia de Deus em São Paulo.
Ele responde pela “coordenadoria de evangélicos” da campanha, criada ainda no primeiro turno exclusivamente para angariar apoios entre evangélicos.
“Disparo entre 150 e 200 telefonemas por dia, mais ou menos”, diz Cantóia, que trabalha numa espécie de guichê montado no térreo do edifício Praça da Bandeira (antigo Joelma), quartel-general da campanha de Serra. No local, ele também recebe pastores para “um café”.
Em evento tumultuado, Dilma mostra plano ambiental genérico
Apesar de ter recebido o apoio de ambientalistas e lideranças do PV, Dilma Rousseff (PT) apresentou ontem em Brasília um programa para a área ambiental genérico, que em alguns casos se limita a prometer cumprir a lei.
O evento foi tumultuado. A petista teve sua fala interrompida por duas manifestantes do Greenpeace que, portando cartazes, tentaram obter dela o compromisso com a proposta de desmatamento zero e de defesa de uma lei de incentivo a energia eólica e solar.
Militantes do PT tentaram retirar as manifestantes da sala, aos gritos de “fora, tucanos!”, mas foram impedidos pela própria candidata.
Candidata do PT lamenta e repudia violência
A candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, lamentou a agressão sofrida pelo adversário José Serra (PSDB), durante conflito entre militantes tucanos e petistas, ontem, no Rio de Janeiro.
A petista disse que repudia qualquer ato de violência e fez um apelo. “Peço aqui que a militância se paute pelo princípio da fraternidade, da solidariedade. Sobretudo, que faça dessa campanha um ato de amor”, disse.
Cresce vantagem de petista sobre tucano, diz Ibope
A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, tem 56% das intenções de votos válidos, e José Serra (PSDB) está com 44%, segundo pesquisa Ibope divulgada ontem.
Nas intenções de votos totais, a petista aparece 51% contra 40% do adversário.
De acordo com a pesquisa, as intenções de voto em branco e nulos acumulam 5%. Os eleitores que disseram não saber em quem vão votar são 4%.
Lula trata apuração da Casa Civil como “especulação”
O presidente Lula tratou ontem como “especulação” dados apurados pela sindicância interna da Casa Civil, que identificou novos elos dentro do Palácio do Planalto do esquema de tráfico de influência comandado por Israel, filho da ex-ministra Erenice Guerra.
Como revelou a Folha ontem, o esquema usava não apenas a estrutura da Casa Civil mas também a de pelo menos outros dois órgãos da Presidência: a SAE (Secretaria de Assuntos Estratégicos) e o GSI (Gabinete de Segurança Institucional).
Questionado sobre as novas informações apuradas pela sindicância, Lula relacionou as revelações com a campanha eleitoral.
O ESTADO DE S. PAULO
Dilma abre 11 pontos de vantagem
Em uma semana, a candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, ampliou de seis para onze pontos porcentuais sua vantagem em relação ao tucano José Serra, segundo pesquisa Ibope/Estado/TV Globo. A petista tem 51% das intenções de voto, contra 40% do adversário.
Em relação à sondagem anterior, divulgada no último dia 13, Dilma oscilou dois pontos para cima, enquanto Serra caiu três. A pesquisa atual, com entrevistas entre os dias 18 e 20, capta apenas parcialmente os efeitos das entrevistas dos dois presidenciáveis no Jornal Nacional, da TV Globo, mas foi feita integralmente após o debate do último domingo, exibido pela Rede TV.
Levando-se em conta apenas os votos válidos (excluídos nulos, brancos e eleitores indecisos), a candidata do PT lidera com 12 pontos de vantagem (56% a 44%), seis a mais do que na semana passada (53% a 47%). No primeiro turno, ela teve 46,9% dos votos válidos, contra 32,6% do adversário.
Mulheres. O avanço de Dilma pode ser explicado pelo comportamento do eleitorado feminino. Nesse segmento, ela abriu sete pontos de vantagem (48% a 41% dos votos totais), saindo da situação de empate (em 46%) registrada na pesquisa anterior. Entre os homens, a vantagem da petista passou de 12 para 14 pontos (53% a 39%).
Tendência do eleitor é inversa à do primeiro turno
O Ibope indica que dobrou a diferença de Dilma Rousseff (PT) sobre José Serra (PSDB) na última semana. Houve uma recuperação da petista e uma queda do tucano.
Dilma tem hoje praticamente a mesma vantagem que tinha na mesma época no primeiro turno: 56% contra os 55% de 23 de setembro. Nos 10 dias entre a pesquisa e a votação de 3 de outubro, ele caiu, Marina Silva (PV) subiu e a eleição precisou de um novo turno.
Desta vez há uma diferença importante. No primeiro turno, Dilma vinha em queda desde duas semanas antes da votação. Agora, seu movimento é ascendente. Mais do que o tamanho da vantagem, é o movimento do eleitorado que favorece a petista.
No Rio, petistas agridem Serra durante evento
No episódio mais tenso da campanha de rua para a Presidência da República, militantes do PT e do PSDB entraram em confronto na tarde de ontem em Campo Grande, na zona oeste do Rio, e o candidato tucano José Serra foi atingido na cabeça por um rolo de papelão. Depois do incidente, Serra foi de helicóptero para um hospital em Botafogo, na zona sul, onde se submeteu a exames. Nada foi constatado.
O tumulto generalizado aconteceu quando Serra fazia caminhada pelo calçadão do bairro e levou comerciantes a fecharem as portas das lojas por pelo menos meia hora. Assim que foi atingido, Serra pôs as mãos na cabeça e foi levado para a van da campanha, logo cercada pelos petistas. Com uma bolsa de gelo na cabeça, o candidato disse ter ficado “meio grogue”. Serra acusou o PT de montar uma “tropa de choque”. “São profissionais da mentira e da violência”, disse o candidato, antes de ser atingido, quando a confusão apenas começava e ele estava abrigado em uma loja de cosméticos.
Greenpeace atrapalha ato de verdes pró-Dilma
Uma manifestação de surpresa do Greenpeace durante ato de adesão de 6 deputados e 20 dirigentes regionais do Partido Verde (PV) à candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência atrapalhou a festa da petista, ontem, em Brasília. “Desmatamento zero e lei dos renováveis. Você assina embaixo?”, questionava faixa da organização não-governamental durante discurso em que Dilma agradecia a adesão dos verdes.
No momento em que a faixa apareceu, bem próximo ao palanque em que estava, Dilma contava vantagens sobre o fato de assinar e cumprir o que assina. “Sou do tipo de pessoa que honra o que escreve”, disse a petista. Quando ia provocar o tucano José Serra, dizendo “tem gente que…”, a faixa foi levantada.
PF liga quebras de sigilo à campanha petista
Investigação da Polícia Federal revela que partiu da pré-campanha da petista Dilma Rousseff a iniciativa de contratar o jornalista Amaury Ribeiro Jr., autor da encomenda e financiador direto da quebra de sigilo de líderes tucanos e da filha e genro do presidenciável do PSDB, José Serra.
O Estado teve acesso à integra do inquérito da PF que detalha a anatomia da violação, além de disputas por dinheiro dentro da campanha de Dilma e a existência de um depósito de R$ 5 mil, em dinheiro vivo, a poucos dias do primeiro turno eleitoral, para calar uma testemunha-chave sobre a violação de sigilo.
A presença de um jornalista ligado ao PT na origem da trama afasta o discurso oficial do governo que, por meio da Receita Federal e até mesmo pela PF, tentou retirar do episódio qualquer conotação política, atribuindo a violação a uma máfia que operava na agência do Fisco em Mauá.
No inquérito, há comprovantes de depósito, feitos nos dias 9 e 17 de setembro, na conta do Dirceu Rodrigues Garcia, o despachante que coordenou a pedido de Ribeiro violações nas delegacias da Receita em São Paulo. Em seu depoimento, no dia 6 de outubro, Garcia afirmou que o jornalista ligado ao PT deu o dinheiro no mês passado para que ele não contasse nada sobre a violação do sigilo. “Amaury por diversas vezes pediu ao declarante (Dirceu) que se fosse procurado para se explicar na polícia, deve neste caso ficar calado”, diz trecho do depoimento.
Jornalista será indiciado por quebra de sigilo
A Polícia Federal vai indiciar o jornalista Amaury Ribeiro Júnior no inquérito sobre violação do sigilo fiscal de políticos tucanos e da empresária Verônica Serra e seu marido, Alexandre Bourgeois, filha e genro de José Serra (PSDB).
O delegado Hugo Uruguai, que dirige a investigação, pretende enquadrar Amaury com base no artigo 325 do Código de Processo Penal, parágrafo 1.º- incorre à mesma pena aplicada ao violador de sigilo funcional aquele que se utiliza do acesso restrito. A pena pode chegar a até seis anos de reclusão se “da ação ou omissão resulta dano a alguém”.
A PF estuda ainda indiciar o alvo por corrupção ativa, artigo 333 – oferecer vantagem indevida a funcionário público. A sanção vai de 2 a 12 anos de prisão.
‘Não sou araponga’, reage Itagiba
O deputado federal Marcelo Itagiba (PSDB-RJ) negou ontem ter participado de um grupo de espionagem a serviço de José Serra para investigar o ex-governador de Minas Gerais Aécio Neves. A suposta participação de Itagiba na preparação de um dossiê foi apontada pelo jornalista Amaury Ribeiro Jr. em depoimento à Polícia Federal.
“Não sou araponga. Quando fui delegado fazia investigação em inquérito aberto, não espionagem, para pôr na cadeia criminosos do calibre desses sujeitos que formam essa camarilha incrustada no PT”, afirmou em nota.
Lula desafia Serra a explicar ‘nova’ política econômica
Principal patrocinador da campanha da petista Dilma Rousseff, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva resolveu polarizar diretamente com o presidenciável José Serra (PSDB) em temas relacionados à área econômica. Ontem, em entrevista no Palácio do Planalto, Lula criticou as promessas do tucano de aumentar o salário mínimo de R$ 510 para R$ 600 e de anunciar que promoverá mudanças na política econômica do País.
Lula classificou as propostas apresentadas na campanha tucana de “irresponsáveis” e disse que Serra não tem condições de cumpri-las, além de cobrar do candidato explicações claras sobre o que pretende mudar na política econômica. “Quando, hoje (ontem), o candidato diz que vai mudar a política econômica, é importante ele dizer o que vai mudar, porque o mundo está esperando que ele diga. O mercado está esperando, porque você não pode agir com irresponsabilidade, sem saber os efeitos de uma declaração dessa que, certamente, não agradou nem à assessoria dele”, desafiou Lula.
ONG ligada a petista é investigada pelo TCU
A organização não-governamental Oxigênio, que tem entre seus dirigentes o petista Francisco Dias Barbosa, o Chicão, ex-companheiro do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no sindicato dos metalúrgicos, recebeu do governo R$ 22,9 milhões em seis anos. A entidade é investigada pelo Tribunal de Contas da União (TCU) por suposto tráfico de influência e favorecimento.
A escolha da entidade foi feita sem licitação. Registrada como uma organização civil de interesse público (Oscip), a Oxigênio passou a integrar a lista das entidades que mais recebem dinheiro para cursos de qualificação profissional do Ministério do Trabalho no início do governo Lula. O recorde de repasses aconteceu em 2009, segundo dados oficiais.
Filho de Erenice atuava em outros órgãos
O balcão de negócios montado por Israel Guerra para ganhar dinheiro com tráfico de influência usava a estrutura de três órgãos da Presidência: a Casa Civil, a Secretaria de Assuntos Estratégicos e o Gabinete de Segurança Institucional. Filho da ex-ministra Erenice Guerra, Israel cobrava uma “taxa de sucesso” para mediar negócios entre empresas privadas e o governo.
CORREIO BRAZILIENSE
Abstenção tem até eleitor que já morreu
Uma falha na atualização da lista de brasileiros aptos a votar contribui para o elevado índice de abstenção, que este ano chegou a 18,12%. O Cadastro Nacional de Eleitores inclui personalidades que já morreram, como o ex-governador Miguel Arraes, o diplomata Sérgio Vieira de Mello, a médica Zilda Arns e o maestro Silvio Barbato. A Justiça Eleitoral exclui os eleitores falecidos a partir dos atestados de óbito enviados pelos cartórios de registro civil, mas exemplos selecionados pelo Correio comprovam erros no processo. Irregularidade abre brecha para fraude com título eleitoral que deveria estar inativo.
Vermelho com tom esverdeado
Num ato político em que recebeu o apoio de 20 diretórios estaduais do Partido Verde (PV), a presidenciável do PT, Dilma Rousseff, passou por um teste de tolerância. Bastou ela citar que assumia o compromisso com a redução de 80% do desmatamento na Amazônia para que militantes da organização não governamental Greenpeace que foram retirados no início do encontro voltassem com a faixa “Desmatamento zero: você assina?”. Uma manifestante foi cercada por seguranças, mas Dilma intercedeu em favor da ativista: “Somos democratas. Deixa a moça se manifestar”.
Serra é agredido em passeata
O candidato à Presidência da República José Serra (PSDB) interrompeu a agenda de campanha ontem no Rio de Janeiro depois de ser atingido na cabeça por um rolo de fita-crepe. O presidenciável fazia uma caminhada no calçadão de Campo Grande, bairro da Zona Oeste, quando um princípio de confusão entre militantes tucanos e simpatizantes petistas ganhou contornos de confronto. Por orientação médica, Serra cancelou a agenda, que incluía ainda uma visita ao Maracanã e um jantar com aliados para celebrar o aniversário do candidato a vice-presidente na chapa do PSDB, o deputado federal Índio da Costa (DEM-RJ).
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