O Estado de S. Paulo
Governo manobra e garante R$ 16 bi para cumprir meta
O Ministério da Fazenda fez, no fim do ano, uma série de manobras contábeis para aumentar receitas e cumprir a meta fiscal de R$ 139,8 bilhões de 2012. As operações garantiram o ingresso de R$ 15,8 bilhões nos cofres da União. Foram três atos, editados no último dia de 2012. No primeiro, o BNDES comprou, com títulos públicos, ações da Petrobrás que pertenciam ao Fundo Fiscal de Investimentos e Estabilização, onde estão depositados recursos do Fundo Soberano do Brasil (FSB). O Tesouro resgatou os títulos, o que injetou R$ 8,847 bilhões no caixa federal. O BNDES antecipou dividendos para a União e garantiu R$ 2,317 bilhões. A mesma ação foi adotada pela Caixa, o que resultou em R$ 4,69 bilhões. O “malabarismo” minou a credibilidade da política fiscal e está sendo criticado até dentro do governo.
Genoino assume vaga na Câmara e diz ter ‘consciência serena dos inocentes’
Condenado a 6 anos e 11 meses de prisão por corrupção passiva e lavagem de dinheiro pelo Supremo Tribunal Federal no processo do mensalão, José Genoino assumiu ontem seu sétimo mandato na Câmara. O ex-presidente do PT disse ter a “consciência serena dos inocentes” “A verdade mais cedo ou mais tarde aparecerá”, afirmou o agora deputado.
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Depois da cerimônia que deu posse aos suplentes que assumem os lugares de parlamentares que deixaram o posto para ocupar cadeiras de prefeitos e secretários municipais, Genoino afirmou se sentir Confortável”. Negou que estivesse afrontando o Supremo. “Me sinto confortável, porque estou cumprindo as regras, á Constituição e as normas do País. Fui eleito com 92.326 votos e estou no dever legal, correto e justo de cumprir a Constituição brasileira”, disse o petista, que tomou posse ontem na vaga aberta com a saída de Carlinhos Almeida (PT-SP), eleito prefeito de São José dos Campos.
Acusado de assassinatos toma posse e ninguém dá bola
Três minutos antes de o ex-presidente do PT José Genoino entrar na sala da Presidência da Câmara para tomar posse, o delegado alagoano Francisco Tenório passou pelo mesmo corredor sem ser notado pelo batalhão de jornalistas e curiosos. Chico Tenório, como é conhecido, voltou ontem à Casa após ter passado um ano na prisão e outros sete meses com um tornozeleira eletrônica de monitoramento, por causa de dois processos em que é ” acusado de encomendar assassinatos. No caminho e durante a solenidade de posse, nenhuma pergunta foi lhe dirigida.
O parlamentar assumiu a vaga de Célia Rocha (PTB), eleita para a Prefeitura de Arapiraca (AL). Filiado ao PMN, agora com três representantes na Câmara, Tenório será colega de bancada de Jaqueline Roriz (DF), que escapou em 2011 da cassação em plenário após ter sido flagrada em um video recebendo propina de Durval Barbosa, delator domensalão do DEM. Tenório exerceu mandato ddeputado na legislatura passada.
Assim que deixou a Câmara, em fevereiro de 2011, teve prisão preventiva decretada pela Justiça estadual. Segundo a acusação do Ministério Público, ele teria, na “posição de líder de uma organização criminosa atuante em Alagoas”, ordenado a ação que resultou na execução de duas pessoas em 2005. Ele também é processado como autor intelectual do assassinato de um ex-policial militar nos anos 90.
Tornozeleira. Tenório passou o Natal de 2011 na cadeia. Dois meses depois, a Justiça alagoana revogou a prisão, substituindo-a pelo monitoramento eletrônico com uma tornozeleira – ele não poderia deixar Maceió e deveria estar em casa antes das 20 horas.
Só foi liberado do equipamento em setembro, por ordem do Tribunal de Justiça de Alagoas.
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STF mantém sentença contra desembargador
O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou o pedido de suspensão da condenação pena limposta ao desembargador afastado do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), Paulo Theotonio Costa, pelo crime de corrupção passiva. A condenação havia sido determinada pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), que também decretou a perda do cargo do magistrado.
No final dos anos 90, Paulo Theotonio foi responsável por uma decisão judicial polêmica, naqualummajor da PM de Mato Grosso do Sul, acusado de ser o dono de 237 quilos de cocaína, acabou obtendo liminar e foi libertado. O Ministério Público Federal ainda acusou o desembargador, na época,deter alterado documentos do processo.
Governos dizem que fim do fundo é ‘fim do mundo’
Governos estaduais “pendurados” no dinheiro do Fundo de Participação dos Estados (FPE) não admitem a hipótese de ficar sem o repasse federal. Repartidos anualmente pelo governo federal desde 1966, os recursos do fundo representam quase 70% do orçamento de seis Estados (Acre, Amapá, Piauí, Rondônia, Roraima e Tocantins), e cerca de metade de outros quatro (Paraíba, Maranhão, Sergipe e Pará).
Ao todo, os quase R$ 50 bilhões repartidos todos os anos por meio do FPE servem aos Estados como fonte para investimentos, pagamentos de fornecedores e salários de funcionários.
“Ficar sem o FPE é um baque sem conta. Estamos num caso de hemorragia. Hoje, Sergipe está à beira de um abismo fiscal”, afirmou ao Estado o governador Marcelo Déda (PT), que retorna hoje das férias.
“Ainda temos 13% da população com rendimento abaixo da linha da pobreza. Tenho muito o que fazer em obras de infraestrutura e qualificação de pessoal, e como é que vou fazer isso sem nem ter o FPE?”, disse Déda. Em 2012, até novembro, Sergipe recebeu R$ 1,85 bilhão por meio do FPE.
Projeto Pró-Haiti atende 30 imigrantes por dia em Manaus
Cerca de 30 imigrantes haitia-nos são atendidos diariamente em Manaus pelo Projeto Pró-Haiti, criado pelos padres jesuítas no início do ano passado. O projeto é integrado ao Centro de Direitos Humanos da Arquidiocese de Manaus e funciona na Paróquia São Geraldo, sob coordenação do padre Paulo Barausse.
Como não há, na cidade, repretentação consular daquele país, o Pró-Haiti atua em parceria com o Consulado haitiano em “Brasília e é a única instituição, na região, que auxilia os imigrantes em tarefas urgentes como emissão de passaporte, registro consular e envio de documentação.
Alckmin inicia reforma de secretariado
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) dará início à reforma de seu secretariado na semana que vem com o objetivo de reestruturar o governo para sua campanha pela reeleição, em 2014. A primeira alteração deverá ser a nomeação de José Auricchio Júnior (PTB),ex-prefeito de São Caetano do Sul, para a Secretaria de Esporte.
O tucano pretende mudar o comando de pastas de seu governo para acelerar a execução de projetos estratégicos e reacomodar os partidos que devem apoiá-lo na próxima eleição. Aliados preveem que o DEM e o PTB serão beneficiados, e que o grupo do PSDB ligado ao ex-governador José Serra terá espaço no governo.
A partir da semana que vem, Alckmin preencherá gabinetes que perderam seus titulares nos últimos meses (Desenvolvimento Metropolitano, Desenvolvimento Econômico e Turismo) e trocará chefes de outras pastas.
Folha de S. Paulo
Governo usa o Fundo Soberano para engordar superavit de 2012
Nos últimos dias de dezembro, o governo federal usou um artifício inédito para aumentar sua economia para pagar juros da dívida (o superavit fiscal) de 2012.
Pela primeira vez, será usado recurso do Fundo Soberano do Brasil (FSB), poupança criada em 2008 para investir em projetos de interesse estratégico e socorrer o país em momentos de turbulência.
Uma manobra contábil da equipe econômica, oficializada por meio de portarias publicadas separadamente e sem anúncio no “Diário Oficial da União”, permite ao governo dispor de cerca de R$ 19 bilhões.
As últimas portarias só foram divulgadas na edição de ontem do jornal oficial, com data retroativa a dezembro.
Do total, virão do Fundo Soberano R$ 12 bilhões, correspondentes a 80% dos recursos dessa reserva. Segundo a Folha apurou, adotou-se uma estratégia para que o fundo pudesse ficar com dinheiro em caixa.
Favorito para chefiar Câmara diz que desobedecerá ao STF
Favorito para comandar a Câmara dos Deputados a partir de fevereiro, o líder da bancada do PMDB, Henrique Eduardo Alves (RN), disse ontem que, se eleito, não pretende cumprir a decisão do Supremo Tribunal Federal pela cassação automática do mandato dos condenados no julgamento do mensalão.
No mês passado, o STF determinou que os deputados João Paulo Cunha (PT-SP), Valdemar Costa Neto (PR-SP) e Pedro Henry (PP-MT) percam o mandato imediatamente após o fim do julgamento -o que ocorrerá após a análise dos recursos.
A decisão também afeta agora José Genoino (PT-SP), que era suplente e tomou posse ontem na Câmara.
Em entrevista à Folha, Henrique Alves, candidato favorito à presidência da Câmara, afirma que o Congresso não abrirá mão da prerrogativa de dar a palavra final. Isso inclui votação secreta no plenário da Casa, onde uma cassação só ocorre com o apoio de pelo menos 257 dos 513 deputados.
Segundo Henrique Alves, a “Constituição é clara” e, portanto, cada Poder deve ficar “no seu pedaço”.
Entre novos deputados, há acusados de homicídio e de desvio de recursos
Na lista de novos deputados que tomaram posse ontem na Câmara estão políticos acusados de crimes como exploração de trabalho análogo à escravidão e assassinato, além de suspeitos de participação em desvios de recursos públicos.
Francisco Tenório (PMN-AL) chegou a tomar posse em 2012 como delegado-adjunto da delegacia de acidentes de trânsito de Maceió usando uma tornozeleira eletrônica.
O apetrecho foi exigido pela Justiça após Tenório ser considerado réu em dois processos nos quais é acusado de homicídio. O aparelho foi retirado oito meses depois.
Já os novos deputados Camilo Cola (PMDB-ES) e Urzeni Rocha (PSDB-RR) respondem pela exploração de trabalho análogo à escravidão. Na lista da semana passada do Ministério do Trabalho, consta o complexo Agroindustrial Pindobas, de propriedade do peemedebista. A Folha não conseguiu localizá-los.
Weverton Rocha (PDT-MA) assume o mandato cerca de um ano após ser suspeito de integrar esquema de cobrança de propina de ONGs.
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Genoino assume mandato e diz estar com a ‘consciência serena’
Após penhora de bens, Maluf decide pagar indenização
Em baixa, ministra e chefe da AGU ficam fora de reunião com Dilma
O Globo
Temporais de janeiro voltam a castigar o Rio
A primeira chuva de 2013 repetiu os problemas de janeiros passados: pelo menos 9 rios, da Região Serrana à Costa Verde, transbordaram, deixando 1 morto, 8 feridos e 1.845 sem teto. A situação foi mais grave em Xerém (Caxias), no sopé da Serra. Para especialistas, ações simples e integradas do poder público como dragagem de rios, desocupação de margens e educação da população poderiam minimizar os impactos dos temporais, comuns nesta época. Eles também lembram que estudos mofam nas gavetas das autoridades. Dois anos após a tragédia na Serra, o estado fez obras em apenas 4km dos 27km de rios, atrasou licitações, não reconstruiu pontes nem entregou moradias. Ontem, a iniciativa mais visível coube a Zeca Pagodinho, que lançou campanha por donativos
Esforço maior para se aposentar
A aposentadoria deve ficar mais cara para os participantes de planos de previdência fechada, como os fundos de pensão de estatais e empresas privadas. Com a redução na meta atuarial – que é o rendimento necessário para que o fundo consiga pagar a seus beneficiários ao longo dos anos – determinada pelo governo, os trabalhadores podem ter que contribuir até 37% a mais por mês, segundo estimativa da planejadora financeira e professora da Fundação Getulio Vargas Myrian Lund. Pelos cálculos da especialista, uma pessoa com 30 anos terá que aumentar de R$ 1.231,63 para R$ 1.697,22 sua contribuição para conseguir uma renda de R$ 10 mil (sem considerar a inflação) ao se aposentar com 65 anos. Para quem tem 40 anos, o aporte mensal terá que subir de R$ 2.501,54 para R$ 3.103,72.
Condenado assume na Câmara
Sob aplausos, o ex-presidente do PT José Genoino (SP), com outros 14 suplentes, tomou posse ontem como deputado na Câmara, em cerimônia restrita aos parlamentares que assumiam e a seus familiares. Mais tarde, outros dois parlamentares também foram empossados. O mais visado entre os novos deputados, Genoino disse que assume seu sétimo mandato com a consciência dos inocentes e citou cinco vezes a cláusula pétrea da Constituição que considera culpado só quem teve processo transitado em julgado. Esse trecho da Carta, que ficou o tempo inteiro a seu lado, foi seu argumento de defesa.
– Tenho a consciência serena e tranquila dos inocentes. Mais cedo ou mais tarde a verdade aparecerá – disse Genoino, em entrevista coletiva após sua posse, já sem apresentar o abatimento dos dias da condenação.
Genoino foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no julgamento do mensalão, a seis anos e 11 meses de prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha. Ele evitou falar sobre isso, dizendo apenas que o processo continua. Entre os empossados, foi o único efusivamente aplaudido, num gesto de desagravo dos colegas petistas que prestigiaram a posse.
Irmãos formam uma dupla polêmica na Câmara
Cada um a seu modo, os dois membros da família Guimarães no Parlamento se envolveram em escândalos políticos recentes e, agora, farão dobradinha na Câmara: o líder do PT na Casa, José Nobre Guimarães (CE), e o seu irmão e novamente deputado José Genoino (PT-SP). Guimarães teve assessor flagrado em 2005 com dólares na cueca. E Genoino foi condenado no julgamento do mensalão.
Deputados do PT minimizam o problema e afirmam que não há constrangimento. Mas, para parlamentares da oposição, a bancada petista poderá ter sua ação prejudicada.
– A liderança do PT não conseguirá desenvolver nenhum tema enquanto essa pendência em relação a mandatos dos condenados não for resolvida. Em relação à escolha do líder (Guimarães), a bancada é quem tem que responder – diz Eduardo Gomes (PSDB-TO)
Para o cientista David Fleischer, professor emérito da Universidade de Brasília, a somatória dos fatos prejudica a imagem do PT:
– Fica ruim, o partido tem que ficar dando explicações. Acho que o PT não avaliou essa coincidência.
Investigado por improbidade também assume como deputado
Denunciado e preso pela Operação Voucher, da Polícia Federal, em agosto de 2011, quando secretário nacional de Turismo, Colbert Martins (PMDB-BA) assumiu ontem novo mandato, o seu quarto na Câmara. O esquema desmantelado pelos agentes da PF desviava recursos de emendas parlamentares do Ministério do Turismo. Ao todo, 38 servidores da pasta foram presos e levados para um presídio no Amapá, onde se concentraram os desvios de convênios entre entidades e o ministério.
A denúncia sustou sua candidatura à prefeitura de Feira de Santana (BA). Ele chegou a se lançar pré-candidato um mês antes de ser preso. Colbert Martins administrou duas vezes o município.
Deputado nega desvios
Colbert foi denunciado por improbidade administrativa, por conta de um convênio no Amapá. Ele argumenta não ter cometido qualquer irregularidade e diz que assinou a última parcela do convênio, que já tinha sido preparado e concluído em outra gestão.
Governo paulista adota internação compulsória de usuários de crack
O governo de São Paulo decidiu internar compulsoriamente os dependentes químicos para tentar dar um fim à cracolândia, no Centro da capital. A medida foi anunciada ontem pelo governador Geraldo Alckmin (PSDB) e faz parte de uma ação integrada do governo com o Ministério Público, o Tribunal de Justiça e a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB).
Para viabilizar as internações involuntárias de adultos, uma Comissão Antidrogas formada por promotores, juízes e advogados foi constituída, e um plantão será criado no Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod) para atender a casos emergenciais.
Após receber o primeiro atendimento, o dependente químico será avaliado por médicos que vão oferecer o tratamento adequado. Caso o usuário não queira ser internado, o juiz poderá determinar a internação imediata, desde que os médicos atestem que a pessoa não tem domínio sobre suas saúde e condição física. A medida deverá ser implantada nos próximos dias, após um evento para oficializá-la.
No Estado do Rio, 2,8 mil motoristas multados
No Estado do Rio, após tentar passar pelas barreiras da Operação Lei Seca, 926 motoristas iniciaram 2013 sem a carteira de habilitação. Balanço divulgado ontem pelo governo do Rio informa que, além do total de apreensões de carteiras, 2.801 condutores foram multados, e 358 veículos foram rebocados entre a noite do dia 21 e a madrugada de ontem. A Operação Lei Seca abordou no estado 16.418 motoristas. Os agentes realizaram 14.302 testes com o etilômetro. Desse total, 61 condutores sofreram sanções administrativas, e 25, criminais.
Em São Paulo, entre 21 de dezembro e 1º de janeiro, 207 motoristas foram presos por dirigir sob efeito de álcool. No mesmo período, homens da Polícia Rodoviária, do Comando de Policiamento de Trânsito (CPTran) e PMs realizaram 870 autuações e submeteram 4.471 motoristas ao teste do bafômetro.
Prisões por embriaguez aumentam 125%
A Polícia Rodoviária Federal prendeu 723 motoristas flagrados dirigindo embriagados nas rodovias federais durante as festas de fim de ano. O número é 125% maior do que o registrado um ano atrás, quando 322 motoristas foram presos na mesma situação. Os números foram apurados pela Polícia Rodoviária Federal entre 21 de dezembro e 2 de janeiro, período que inclui os feriadões de Natal e réveillon.
No mesmo período, houve aumento de 11% no número de mortes causadas por acidentes nas rodovias em relação ao ano anterior. Se no Natal e no réveillon passados 353 pessoas morreram nas estradas, nos feriados recentes o número saltou para 392. A PRF divulgou índice de aumento de 3% de mortes, pois levou em conta o aumento da frota do país em 2012 para fazer seus cálculos.
Embora o total de mortes tenha aumentado, os números de acidentes e de feridos diminuíram. Há um ano, houve 7.946 acidentes com 4.841 feridos. No último Natal e no réveillon, foram 7.040 acidentes com 4.171 feridos. Houve redução de 8,8% nos acidentes e de 8,6% nas ocorrências no feriado.
Correio Braziliense
Genoino toma posse e diz não se constranger
Cercado por caciques petistas e blindado pela direção nacional do partido, o ex-presidente do PT José Genoino tomou posse ontem como deputado federal em uma rápida cerimônia, no meio do recesso parlamentar. Condenado por corrupção ativa e formação de quadrilha no processo do mensalão, ele voltou a alegar inocência e se irritou com a enxurrada de perguntas sobre seu envolvimento no caso. Já empossado, Genoino concedeu uma entrevista à imprensa. Sem largar uma cópia da Constituição, ele citou a legislação para justificar por que assumiu seu sétimo mandato. “Me sinto confortável porque estou cumprindo normas democráticas e constitucionais. Tenho a consciência serena dos inocentes e, cedo ou tarde, a verdade prevalecerá”, disse.
Genoino evitou dar declarações polêmicas ou tomar partido sobre temas controversos, como a cassação dos mandatos de parlamentares condenados. Não quis nem sequer comentar sua condenação pelo Supremo Tribunal Federal. Negou estar constrangido com o assédio da imprensa por conta do mensalão e garantiu que conseguirá exercer o mandato, apesar da pressão da oposição e de setores da sociedade. Inúmeras vezes, José Genoino citou o inciso 57 do artigo 5º da Constituição, que estabelece que “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. Assim, o deputado justificou por que exercerá seus direitos políticos sem restrições até a publicação do acórdão da decisão do STF, que não há prazo para ocorrer.
Governo faz manobra e fecha contas
O governo recorreu mais uma vez à criatividade contábil para fechar as contas de 2012 e cumprir a meta de superavit primário (economia para o pagamento dos juros da dívida púbica). Dessa vez, além de antecipar o recebimento de dividendos de estatais, usar em larga escala receitas extraordinárias, como indenizações judiciais, e excluir gastos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do resultado primário, o Tesouro Nacional, comandado por Arno Augustin, partiu para cima do Fundo Soberano do Brasil (FSB). Conforme a Portaria nº 770, publicada ontem no Diário Oficial da União, no último dia do ano passado, o órgão sacou R$ 8,8 bilhões do Fundo Fiscal de Investimentos e Estabilização (FFIE), onde o dinheiro do FSB fica depositado.
É a primeira vez que o governo lança mão desse artifício. Por meio de outra portaria, também publicada ontem, o Tesouro antecipou o recebimento de R$ 2,3 bilhões em dividendos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Somadas às demais operações pouco ortodoxas já realizadas, o valor das artimanhas usadas para cumprir o superavit primário chegou a R$ 76,5 bilhões em 2012.
Quatro petistas na retaguarda
A aparente tranquilidade de José Genoino enquanto concedia sua primeira entrevista coletiva à imprensa como deputado desta legislatura tinha pelo menos uma razão: a blindagem de seu partido estava representada por quatro correligionários posicionados estrategicamente atrás do réu do mensalão. Ao longo dos mais de 30 minutos de entrevista, os deputados petistas Sibá Machado (AC), José Mentor (SP), Ricardo Berzoini (SP) e José Guimarães (CE) — irmão de Genoino e líder da bancada — ficaram de pé, como “cães de guarda” do parlamentar que era sabatinado pelos jornalistas, sem medo de aparecer nas imagens.
O grupo viajou a Brasília especialmente para acompanhar a posse. José Mentor admitiu que a posição do quarteto formando um paredão de seguranças de José Genoino foi proposital. “Era para demonstrar que ele tem nosso apoio”, explicou.
Dentro da legalidade
Apesar de polêmica, a posse de José Genoino na Câmara dos Deputados é legal e não poderá ser questionada pelo Supremo Tribunal Federal até a publicação do acórdão da condenação. O ministro do STF Marco Aurélio Mello disse ontem que não há obstáculos jurídicos para a posse do ex-presidente do PT, mas lembrou que a cassação e a prisão do deputado poderão representar um desgaste posteriormente.
“Não há empecilho técnico jurídico. Até a execução da pena, ele exercerá a cidadania de forma plena. Não vejo como um desacato”, comentou o ministro. “Até aqui, ele não é um culpado porque não houve preclusão (perda do poder jurídico) do acórdão. José Genoino pode exercer na plenitude os seus direitos. Se for apeado do mandato, aí ele próprio terá o desgaste depois”, explicou Marco Aurélio Mello. O ministro citou uma frase do romance O inverno da nossa desesperança, do escritor americano John Steinbeck, para explicar o que pode acontecer com Genoino caso ele perca o mandato ao fim do processo. “Quando uma luz se apaga, fica mais escuro do que se jamais ela tivesse brilhado”.
Sucessão de Gurgel mobiliza o MPF
Quatro subprocuradores da República — sendo três mulheres — despontam como pré-candidatos a suceder o atual chefe do Ministério Público Federal, Roberto Gurgel. Apesar de o prazo inicial para o registro de candidaturas ser apenas em abril, Rodrigo Janot, Deborah Duprah, Raquel Dodge e Sandra Cureau são vistos pelos colegas de profissão como os prováveis postulantes à lista tríplice, que será encaminhada à presidente Dilma Rousseff no início de maio. “Precisamos ser ágeis, porque o mandato de Gurgel se encerra em 15 de agosto e o nome do novo procurador-geral precisa ser sabatinado pelo Congresso”, explicou o presidente da Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), Alexandre Camanho.
A escolha do novo procurador-geral da República acontece em um momento em que o PT reclama intensamente da postura de Gurgel, sobretudo durante o julgamento do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, que levou à condenação caciques do partido, como José Dirceu, José Genoino e João Paulo Cunha.
Marina estuda disputar o GDF
Ainda amparada pelo capital político dos quase 20 milhões de votos obtidos na disputa presidencial de 2010, Marina Silva passará janeiro e parte de fevereiro empenhada em engrossar as fileiras do partido que pretende lançar com foco nas eleições de 2014. Ex-senadora e ex-ministra do Meio Ambiente, ela espera consolidar uma bancada de 14 parlamentares que, segundo “marineiros”, já teriam se mostrado alinhados com os planos de criação da sigla. Marina trabalha com um calendário apertado para a oficialização do partido, que terá de sair do papel até outubro para poder disputar cargos no próximo ano. Entre as possibilidades, discute-se até uma eventual candidatura ao Governo do Distrito Federal (GDF).
Na mira de Marina estão nomes como os dos deputados Alessandro Molon (PT-RJ), Reguffe (PDT-DF) e Walter Feldman (PSDB-SP). “Até fevereiro, nós devemos ter uma conversa definitiva sobre esse tema”, diz o deputado Alfredo Sirkis (PV-RJ), um dos parlamentares sondados pela ex-ministra. Os senadores Randolfe Rodrigues (PSol-AP) e Cristovam Buarque (PDT-DF) também são citados por apoiadores de Marina como quadros desejados pela cúpula da futura legenda. Apesar de ainda não ter nome, o partido será pautado por temáticas ambientais e voltadas para a ética.
O projeto é acalentado por Marina desde meados de 2011, quando se desfiliou do PV em meio a uma série de desavenças com caciques da legenda pela qual se lançou candidata a presidente da República.
Versão socialista das caravanas de Lula
Presidente nacional do PSB, o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, sempre cita, entre suas frases favoritas, a importância de seguir caminhos sem a necessidade de “inventar a roda”. E ele adota a receita que prega, acrescentando o tempero do PSB. A partir de abril, por exemplo, Eduardo e seu partido realizarão seminários em todas as regiões brasileiras para qualificar gestores e apresentar experiências exitosas dos governos socialistas. Os eventos serão organizados pela Fundação João Mangabeira e lembram as caravanas da cidadania feitas por Luiz Inácio Lula da Silva entre 1993 e 1996. Os eventos funcionam como vitrine para consolidar o nome de Eduardo Campos no cenário nacional.
Não é novidade para Eduardo realizar seminários e debates para elaborar políticas públicas e aprofundar estudos com as lideranças do PSB. Ele adotava a prática em Pernambuco quando era deputado federal e estava no papel de opositor ao então governador Jarbas Vasconcelos (PMDB). O socialista visitava municípios de Pernambuco onde os opositores resistiam ao “rolo compressor” governista, conversava ao pé do ouvido, conhecia os prefeitos locais. A diferença, agora, é que o PSB fará essa atividade no Brasil. Quer plantar as sementes do modelo de gestão de Pernambuco, conquistar apoios e medir a temperatura para uma possível disputa presidencial.