Folha de S. Paulo
Filho de Erenice levou amigos à Casa Civil
O filho de Erenice Guerra, que perdeu o cargo após acusações de tráfico de influência, levou amigos para trabalhar na Casa Civil quando o ministério era comandado por Dilma Rousseff, candidata do PT à Presidência. Israel Guerra e dois amigos são apontados por empresários como o “grupo do lobby” que usava uma empresa privada para intermediar reuniões, viabilizar projetos e liberar recursos no governo. Israel, Stevan Kanezevic, Vinícius Castro e Marcelo Moreto trabalharam juntos na Anac (Agência Nacional de Aviação Civil). Em seguida, os três amigos do filho de Erenice foram nomeados para ocupar cargos na Casa Civil sob Dilma -quando Erenice, seu braço direito e depois sucessora, era secretária-executiva da pasta.
Vinícius foi nomeado assessor de Erenice Guerra. Stevan é cedido para o Sipam (Sistema de Proteção da Amazônia), subordinado à Casa Civil. Um ano antes, Moreto, que não foi citado por envolvidos no escândalo até aqui, já havia trocado a agência pelo cargo de assessor técnico do Sipam. Tão logo Vinícius e Stevan saíram da Anac, foi aberta em Brasília a Capital Consultoria, que começou as atividades em 6 de julho de 2009. Trata-se da firma que tem Vinícius e Israel como sócios ocultos e que foi usada para ajudar uma empresa do setor aéreo a conseguir autorização da Anac e fechar contrato com os Correios, primeiro negócio a lançar suspeitas de tráfico de influência.
Stevan é citado pelos consultores Fábio Baracat e Rubnei Quícoli como um dos mais atuantes nas promessas de abrir portas. Estava sempre presente nas reuniões com Vinícius e Israel. Ontem, Stevan pediu demissão do cargo no Sipam e voltou à Anac. Ele é o terceiro que cai depois das acusações de que o lobby da Capital levou empresários para audiência dentro da Casa Civil, como a Folha revelou. Tio de Vinícius, o ex-diretor dos Correios Marco Antonio de Oliveira afirmou à Folha que o filho de Erenice fazia nomeações na Casa Civil. Ele confirma que o próprio sobrinho foi um dos indicados de Israel. “Eles se conheceram na Anac e, na saída da Anac, o Vinícius recebeu o convite do Israel para trabalhar na Casa Civil”, disse.
Comissão de Ética aplica censura a Erenice
A Comissão de Ética Pública da Presidência aplicou censura ontem à ex-ministra Erenice Guerra por falta ética ao não mostrar, quando assumiu a chefia da Casa Civil, documentos sobre sua evolução patrimonial e lista de parentes em cargos públicos. Toda autoridade que ocupa um cargo na alta administração pública federal é obrigada a apresentar à Comissão a chamada DCI (Declaração Confidencial de Informação), que serve para que se verifique eventuais casos de conflito de interesse e nepotismo envolvendo o servidor. Ontem, a comissão aprovou relatório que pede a abertura de um processo para apurar as suspeitas de envolvimento de Erenice em tráfico de influência na Casa Civil que têm como pivô seu filho Israel Guerra. A investigação correrá sob sigilo e no máximo poderá dar nova censura à ex-ministra.
Lula diz que imprensa “inventa” coisas
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar ontem a imprensa ao dizer que “alguns jornais” não são neutros e insinuar que eles apoiam a candidatura presidencial de José Serra (PSDB). Disse que os jornais “inventam coisas” contra ele. As críticas foram feitas um dia depois de Lula demitir a ministra da Casa Civil, Erenice Guerra, ex-braço direito da candidata do PT à Presidência, Dilma Rousseff, depois de duas acusações de lobby envolvendo seus familiares em órgãos do governo. Por 29 minutos Lula ironizou a oposição e criticou os jornais.
Falou na condição de “cabo eleitoral” de Dilma, conforme ele próprio disse, durante comício da petista em Juiz de Fora (MG). Dilma também atacou, afirmando que a oposição se utiliza de “calúnias e falsidades” contra o governo. Para Lula, os jornais deveriam ter assumir “as cores do partido que defendem”. “Essa gente não nos perdoa.” Para o presidente, “quem faz oposição neste país -eles ficam doidos-, é determinado tipo de imprensa”. Lula chegou a falar que a imprensa inventa fatos contra ele. “Ah! Como inventam coisa contra o Lula”, disse, acrescentando que não teria 80% de aprovação, mas “zero”, se dependesse da mídia.
Novo ministro só deve ser definido após eleição
O presidente Lula ainda não bateu o martelo, mas deve deixar para depois das eleições a escolha do novo ministro da Casa Civil. Ontem, ele disse a auxiliares que tende a adotar uma “solução caseira”. Não está descartada a hipótese de o presidente efetivar Carlos Eduardo Lima, secretário-executivo da Casa Civil e que assumiu interinamente no lugar de Erenice Guerra.
Inicialmente, Lula planejava anunciar o novo ministro na semana que vem, mas tem sido aconselhado a postergar a decisão para evitar a geração de notícia negativa envolvendo a Casa Civil. Segundo assessores, ele admitiu que talvez seja mais aconselhável aguardar a eleição. Lula não vê problemas em deixar um interino no posto, já que não existem decisões importantes no momento.
Consultor diz ter avisado Casa Civil de que vazaria escândalo
O consultor Rubnei Quícoli disse ter enviado à Casa Civil e-mails em que ameaçava revelar a políticos do PSDB e a jornalistas o esquema de lobby que a firma de um filho da ex-ministra Erenice Guerra operava na sede da Presidência da República. Quícoli alegou que enviou as mensagens entre dezembro de 2009 e fevereiro de 2010 para forçar o governo a desautorizar a Capital Consultoria, que exigia comissão para “viabilizar” um pedido de financiamento feito pela empresa EDRB ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
O consultor havia sido contratado pela EDRB para “fazer virar” um projeto de energia solar no semiárido do Nordeste, segundo afirmou à Folha um dos donos da empresa, Aldo Wagner. Os e-mails que Quícoli disse ter enviado entre dezembro e fevereiro estão endereçados a Vinícius Castro, servidor da Casa Civil e sócio oculto de Israel Guerra, filho de Erenice, na Capital.
Bombardeado, “guru da web” deixa a campanha de Serra
O “guru” gorou. Contratado no final de agosto para turbinar a campanha de José Serra na internet, o americano de ascendência indiana Ravi Singh, da empresa ElectionMall, voltou para os EUA sem ter o contrato renovado. A coordenadora da campanha tucana na internet, Soninha Francine, argumenta que o trabalho dele “foi concluído conforme o combinado”. A versão, porém, não contempla o pandemônio causado pela contratação do “guru” nas hostes serristas. Singh foi bombardeado por todo lado -de interneteiros preteridos ao setor de marketing, passando pelo núcleo político.
Um profissional que trabalhou com o indo-americano relata que ele era truculento e costumava rejeitar sugestões afirmando: “Vocês não estão aqui para ter ideia, quem tem ideia sou eu”. As críticas mais frequentes foram às mudanças implantadas pelo consultor na página de Serra na internet (www.serra45.com.br). De saída, o “guru” priorizou um burocrático cadastramento de eleitores pelo site. “Ele não tem sentido de rede, tem sentido de spam”, criticou um colaborados, referindo-se aos e-mails que depois inundaram a caixa postal dos cadastrados.
Família dominou corrupção no Amapá, aponta inquérito
Ao assumir em março o governo do Amapá, Pedro Paulo Dias (PP) fez como seu antecessor e apoiador, Waldez Góes (PDT), e envolveu quase toda a sua família em diversos canais de corrupção, de acordo com as investigações da Polícia Federal. Sua mulher, Denise Carvalho, assumiu a Secretaria da Inclusão e Mobilização Social. Na chefia de gabinete dessa pasta ficou Solangelo Fonseca, cunhado de Dias. Benedito Dias, seu irmão, se tornou secretário especial da Governadoria, bem próximo ao governador. O cirurgião Eupídio, outro irmão, foi para a Secretaria da Saúde.
Um “parceiro” seu, segundo a PF, Sebastião Máximo, virou secretário de Planejamento, Orçamento e Tesouro. Todos esses órgãos estão no centro das dezenas de supostas fraudes detectadas pelas investigações da PF. As apurações da PF apontaram para um suposto esquema de desvios de recursos públicos no Estado. Na semana passada, 18 pessoas foram presas -entre elas, Góes e Dias, que continuam detidos em Brasília. Essa estratégia de lotear cargos de maior importância entre familiares era comum nos sete anos em que Góes foi governador. Ele, dizem os policiais, chegou a ter 60 membros de seu clã empregados no governo.
Candidatos do PT crescem na reta final
Os candidatos do PT ao Senado crescem na reta final, mostra o Datafolha. Segundo pesquisa realizada nos dias 13 e 14 em sete Estados e no Distrito Federal, o quadro geral de estabilidade na disputa pelo Senado só é interrompido por candidatos petistas, que melhoram sua situação em quatro das praças pesquisadas. A arrancada mais expressiva é de Lindberg Farias, no Rio. No começo de agosto, o petista tinha 22%, e Cesar Maia (DEM), então em segundo, aparecia com 33%. Na semana passada, Lindberg chegou a 36% e passou Maia, com 29%. Agora, a diferença é ainda maior: 38% a 27%. O líder no Rio é o senador Marcelo Crivella (PRB), que se manteve com 40%.
Em Minas Gerais, o petista Fernando Pimentel também acelerou nas últimas semanas e, agora, a diferença entre ele e Itamar Franco (PPS) é a menor desde o início da campanha: oito pontos. No Rio Grande do Sul, o petista Paulo Paim empatou numericamente com Germano Rigotto (PMDB) na segunda posição, ambos com 41%. A vantagem do peemedebista era de oito pontos no começo de agosto. Na Bahia, persiste o tríplice empate registrado na semana passada, mas a situação de Walter Pinheiro (PT) é relativamente melhor, já que a distância entre ele e o líder Cesar Borges (PR) caiu de cinco para dois pontos.
Em São Paulo, o cantor Netinho de Paula (PC do B) interrompeu tendência de crescimento, oscilou dois pontos para baixo e tem 34% das intenções de voto, um ponto atrás de Marta Suplicy (PT), que se manteve com 35%.
Negociação sobre quebras era até por e-mail
Em depoimento à Polícia Federal ao qual a Folha teve acesso, a funcionária do Serpro Adeildda dos Santos revela que recebia, principalmente por e-mail, as encomendas de acesso a dados sigilosos e também pela internet acertava valores -entre R$ 50 e R$ 200. Os contratantes eram, segundo a PF, Erik Araújo Moura, Fernando Araújo Lopes e Danilo -seu sobrenome não aparece no depoimento.
Adeildda é funcionária do Serpro há 23 anos e desde que ingressou no órgão foi cedida à Receita. Trabalhou no fisco até quando foram identificados ao menos 2.900 acessos a declarações de renda imotivados pela máquina dela, no segundo semestre de 2009. Há duas semanas, foi devolvida ao Serpro, sinal de iminente demissão.
Intervenção
O presidente Lula assina, na segunda, em Brasília, medida provisória que faz, pela primeira vez na história, o governo federal transcender papel de mero financiador do esporte. A partir de então, terá poder de decisão -ou de quase intervenção. “”O Estado deixa de ser apenas um provedor e agora planejará junto com o COB e confederações o ciclo olímpico. A atuação do Estado vinha sendo muito tímida”, argumenta o ministro do Esporte, Orlando Silva Junior.
O ministro nega que as confederações perderão autonomia. Mas o planejamento do governo mostra pontos de ingerência, sobretudo no que se refere à liberação e à utilização de verbas estatais. Técnicos do ministério, que anteriormente se especializavam em programas da pasta, agora foram divididos por esportes. A ideia é que acompanhem o dia a dia das modalidades e atuem. Eles serão incentivados a dar sugestões que, ao menos no seu entender, possam ajudar a modalidade. A ideia será, então, discutida por COB, ministério e confederação.
Atletas também já sentirão mudanças. Foi definido que os próximos inscritos no programa Bolsa Atleta terão de aceitar, ao assinar o contrato, ser submetidos a testes antidoping, inclusive quando estiverem fora de competição. As confederações que assinarem o “”contrato de gestão” proposto na medida provisória concordam em discutir com o governo federal as suas estratégias. O Comitê Olímpico Brasileiro e seu par paraolímpico participarão.
Modelo pós-privatização eleva valor da conta de luz
Quinze anos após a privatização do setor elétrico, o Brasil tem hoje uma das contas de luz mais caras do mundo. A tese de que a única razão para isso está nos tributos e nos encargos começa a perder força. Trabalhos publicados por economistas do BNDES, técnicos do Dieese e especialistas do setor elétrico apontam que a explosão do preço da energia coincide com o período pós-privatização. O governo nega a tese.
Energia tornou-se problema no mundo, mas o que torna o caso brasileiro exótico é o fato de que mais de 80% da energia no país é hidrelétrica; perfeita, diz a literatura, para gerar tarifas módicas. Não é o que ocorre, e o governo reconhece que algo está errado. A energia que alimenta nossos chuveiros elétricos ou nossas torradeiras tem custo equivalente à de países com geração térmica, muito mais cara.
O Globo
Só agora o governo vai punir Erenice por não revelar bens
Somente após demitida sob suspeita de participação no suposto esquema de tráfico de influência comandado por seu filho, a ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra foi punida pela Comissão de Ética da Presidência. Por não ter apresentado, quando assumiu o cargo, em março, documentos sobre a evolução de seu patrimônio e a relação de parentes que trabalham ou têm negócios com o governo, ela foi advertida ontem com uma “censura ética”, que pode dificultar sua contratação em outros órgãos públicos. A Declaração Confidencial de Informações, cobrada dela pelo menos duas vezes, é uma exigência do Código de Conduta da Alta Administração Federal. Só ontem foi divulgado que Erenice a desrespeitava. Mais um funcionário da Casa Civil deixou o cargo: Stevan Knezevic, também acusado de ligação com a empresa de Israel Guerra.
Funcionários da Abin estavam presentes
Quatro dias depois de romper com a Capital, empresa de filho de Erenice Guerra que teria feito lobby junto ao BNDES , o consultor Rubnei Quícoli enviou uma mensagem aos sócios da EDRB, responsável pelo projeto, relatando a presença de dois supostos agentes da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) numa reunião, em Brasília, com o ex-diretor de operações dos Correios Marco Antonio de Oliveira. No e-mail, enviado em 6 de fevereiro de 2010 a Aldo Wagner e Marcelo Escarlassara, Quícoli relata como foi reunião, da qual teriam participado, além de Oliveira, um auxiliar identificado como Guilherme e agentes da Abin.
O encontro teria ocorrido no flat 3044 do Hotel Brasília Alvorada Towers, usado por Marco Antonio. Na conversa, segundo Quícoli, Oliveira desabafou sobre o estrago provocado pela negociação fracassada, irritando a então secretária-executiva da Casa Civil, Erenice Guerra. Quícoli cobrava aprovação de financiamento no BNDES para EDRB. Segundo o e-mail, após 30 minutos de conversa “escutando a choradeira de MA” (Marco Antônio), apareceram no ambiente “dois PF da Abin que (sic) estavam escondidos no banheiro do flat”. Quícoli relata que os agentes teriam dito que “estavam ali para me ouvir e não seria para prejudicar (a negociação)”.
Marido negociou com Ministério da Defesa
Além de obter um contrato de trabalho na Eletronorte quando a mulher, Erenice Guerra, era conselheira da estatal, o engenheiro elétrico José Roberto Camargo Campos tentou fechar um contrato com o Ministério da Defesa para uma empresa de telefonia. Em 2004, ele fez gestões para implantar o serviço móvel da Unicel Telecomunicações do Brasil na Defesa, à época comandada pelo ministro José Viegas Filho, conforme reportagem publicada pelo jornal “Correio Braziliense”.
O marido de Erenice trabalhou para a empresa telefônica, que opera no interior de São Paulo. O ministério confirma que a empresa tinha interesse no negócio e chegou até a apresentar um projeto, mas informa que a transação não foi adiante. À época, por ordem de Viegas, um grupo de trabalho avaliou os testes na tecnologia, mas, segundo a Defesa, eles “não prosperaram”. A Unicel nega que o marido de Erenice tenha intermediado a negociação. Em nota, explicou nesta sexta-feira que ele não estava em seus quadros em 2004 e, quando contratado, teve apenas funções técnicas.
Serra pede mais decência
O presidenciável José Serra (PSDB) afirmou nesta sexta-feira que o Brasil precisa de decência e advertiu que nenhum país vai para o Primeiro Mundo “mergulhado em sucessivos escândalos no coração do governo, que é a Casa Civil”. Em visita a Aracaju (SE) – onde chegou três horas e meia atrasado -, o candidato comentou o escândalo na Casa Civil , envolvendo parentes da então ministra Erenice Guerra, que deixou o cargo na quinta-feira. Serra chamou a atenção dos eleitores para a necessidade de moralizar o país.
– Nós temos oportunidade de darmos um basta a isso (à corrupção e ao tráfico de influência) através dessa eleição. Essa eleição é precisamente para resolver isso. O problema da ética não pode ser tratado como algo natural, da menor importância. A eleição é para mudar essas coisas que estão erradas, para se dar um rumo de ética mo Brasil – afirmou o candidato, em uma tumultuada entrevista ao desembarcar no Aeroporto Santa Maria, de onde saiu para uma carreata pelas ruas principais da cidade.
Calúnia surge a 15 dias da eleição, diz Dilma
A candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, mencionou indiretamente na sexta-feira as denúncias que derrubaram sua antecessora da Casa Civil Erenice Guerra e voltou a chamá-las de calúnias. “Diante da eleição, aqueles que temem perder no voto utilizam calúnias e falsidade… vocês já perceberam que isso sempre acontece 15 dias antes da eleição?”, indagou a candidata a uma plateia de mineiros durante comício em Juiz de Fora. A presidenciável lembrou a campanha de 2002 quando, segundo ela, a oposição dizia que o Brasil iria parar, que iria ser o caos.
PT vai à Justiça contra empresário
O Partido dos Trabalhadores (PT) ingressou nesta sexta-feira com uma representação contra o empresário Rubnei Quícoli na Justiça Eleitoral. Segundo Pierpaolo Bottini, um dos advogados do PT, o partido denunciou o empresário à Procuradoria Regional Eleitoral de São Paulo por dois supostos crimes contra a honra da candidata à Presidência Dilma Rousseff e contra a legenda. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, Quícoli denunciou um suposto esquema de favorecimento na Casa Civil e no BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). A denúncia culminou com a queda da então ministra chefe da Casa Civil, Erenice Guerra , na quinta-feira.
Em suas entrevistas, Quícoli afirma que o ex-diretor dos Correios Marco Antonio de Oliveira e o ex-assessor da Casa Civil Vinícius de Oliveira Castro pediram uma propina de R$ 5 milhões para facilitar um investimento de R$ 9 bilhões para a construção de uma usina eólica no Nordeste. O dinheiro, disse Quícoli, seria usado para cobrir supostas dívidas de Dilma, Erenice e do candidato a governador de Minas pelo PMDB, Hélio Costa. O ex-diretor dos Correios nega ter feito o pedido.
– É uma denúncia de calúnia eleitoral e difamação eleitoral contra a candidata do PT (Dilma Rousseff) e o PT. Foi feita com o interesse de conturbar as eleições – diz o advogado do partido.
A pressa de Lula
Para tentar reduzir o desgaste de Dilma Rousseff, Lula tomou a decisão de demitir Erenice Guerra em cinco dias, uma rapidez que ele não adotou em casos anteriores. No escândalo do mensalão, Lula demorou dez dias para demitir José Dirceu. E Palocci ganhou sobrevida de quase 20 dias no caso Francenildo.
Cabral vê desafio na Educação
O governador Sérgio Cabral (PMDB), candidato à reeleição, atribuiu a “trinta anos de abandono” o desempenho da Educação no Estado. Ao ser sabatinado por editores e leitores do GLOBO, ele prometeu ampliar as UPPs e mandou um recado aos aliados: “Meu governo não é governo de consolo para ninguém”.
Lindberg Farias (PT) lidera, segundo o Ibope, a disputa ao Senado no Rio.
Cai a cúpula da Polícia Rodoviária
A Justiça Federal afastou a cúpula da Polícia Rodoviária Federal (PRF) no Rio, suspeita de corrupção ao liberar veículos em situação irregular na Via Dutra. Foi decretada a prisão de três integrantes da quadrilha, que seria comandada por Marcelo Lessa, policial e chefe da fiscalização licenciado, além de candidato a deputado federal pelo PR. Mesmo foragido, Lessa escrevia mensagens no microblog Twitter. Acusada de vazar a informação que permitiu a fuga de Lessa, a PF foi afastada do caso. À noite, duas pessoas foram presas por policiais civis.
País tem pior evasão escolar do Mercosul
O Brasil tem a maior taxa de abandono do ensino de nível médio entre os países do Mercosul: 10%, contra 7% na Argentina, 6,8% no Uruguai, 2,9% no Chile, 2,3% no Paraguai e 1 % na Venezuela.
O Estado de S. Paulo
Comissão de ética só agora pune Erenice por esconder parentes
Um dia após ser obrigada a pedir demissão por causa das denúncias de tráfico de influência na Casa Civil, a ex-ministra Erenice Guerra sofreu “censura ética” aplicada pela Comissão de Ética PÚblica da Presidência. A censura não foi aplicada em decorrência da. apuração das denúncias, mas porque Erenice, depois que assumiu a Casa Civil, em abril deste ano, deixou de entregar à comissão a Declaração Confidencial de Informações, um documento sobre seu patrimônio e sobre situações que suscitam conflito de interesse, inclusive relativa a familiares. Com isso, escondeu dados a respeito de seus parentes alojados em órgãos públicos. A “punição” não tem efeito prático, não impede Erenice de retomar ao serviço público ou ocupar cargos de confiança. Erenice poderá sofrer uma segunda “censura ética” se ficar comprovado que ela fez ou permitiu que houvesse tráfico de influência na Casa Civil.
Mais um pede demissão
O advogado Stevan Knezevic, citado como parte do esquema de tráfico de influência na Casa Civil, deixou ontem seu cargo em órgão vinculado à Presidência.
Dilma resiste a escândalo e tem dianteira de 26 pontos
Em meio ao escândalo na Casa Civil, Dilma Rousseff (PT) manteve os 51% de intenção de voto na disputa presidencial e venceria no primeiro turno, diz pesquisa Ibope para o Estado e a Globo, Em duas semanas, José Serra (PSDB) oscilou de 27% para 25%, e Marina Silva subiu de 8% para 11%.
Disputa pelo governo paulista
Geraldo Alckmin (PSDB) chegou a 48%, contra 24% de Mercadante (PT), e venceria no primeiro turno.
Educação ainda é desafio do País, mostra IBGE
A proporção de brasileiros com ensino superior que se declaram pretos ou pardos dobrou em 10 anos, mas representa um terço do porcentual de brancos graduados. Segundo a Síntese de Indicadores Sociais, do IBGE, o desenvolvimento da educação segue lento.
OAB quer veto a obra de arte polêmica
O presidente da OAB-SP, Luis Flávio Borges D’Urso, pediu que a Bienal retire a série “Inimigos”, autorretratos do artista Gil Vicente matando personalidades, como Lula e FHC. Para D’Urso, há “limites”. A Bienal vai manter a obra.
Correio Braziliense
Nova demissão e acerto de rumos
O escândalo de tráfico de influência que derrubou Erenice Guerra da Casa Civil levou mais um funcionário do Palácio do Planalto a ser demitido e colocou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva de prontidão para se empenhar ainda mais pela campanha da presidenciável petista Dilma Rousseff. Sem ainda conseguir medir o tamanho do impacto da demissão de uma antiga auxiliar por denúncia de irregularidade, a candidata reuniu-se em São Paulo com os principais assessores para formular a estratégia da reta final da corrida pelo Planalto. Diante de um cenário incerto, uma frase que antes era tida como proibida passou a ser ensaiada pela cúpula da campanha: “possibilidade de segundo turno”.
Depois de gravar cenas para o programa eleitoral, Dilma reuniu-se em um hotel com os deputados do PT José Eduardo Cardozo e Antonio Palocci, discutiu o impacto eleitoral do caso e ajustes de agenda para a próxima semana. A ordem é reforçar a comparação entre os governos, mostrando inclusive que demissões de ministros ocorrem em todos. Pode aparecer, inclusive, a lista dos titulares de pastas que caíram por corrupção de 1995 a 2002, no governo de Fernando Henrique Cardoso. Além disso, a ordem é mostrar fragilidades resultantes do que chamam de desespero de José Serra e usar a carta mestra do jogo eleitoral: o presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Silêncio e críticas à era FHC
Nenhuma palavra em relação ao escândalo na Casa Civil. Essa foi a postura de Luiz Inácio Lula da Silva em evento na Universidade Federal de Juiz de Fora. Sem citar nominalmente o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, Lula criticou a antiga gestão. Comparou a capitalização da Petrobras com as privatizações da era FHC. “Diferentemente dos que batiam uma plaquinha para vender estatais, vamos capitalizar a nossa Petrobras”, disse, exaltando o que chamou de “a maior capitalização da história da humanidade”.
Da universidade, Lula foi descansar em um hotel antes de seguir para o Terreirão do Samba, no centro da cidade, onde participou de comício ao lado da candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff. Desde que começou o período eleitoral, Lula tem procurado conciliar a agenda oficial com a política. Por coincidência ou não, os eventos tem ocorrido sempre na mesma cidade. Remodelada com verbas do Ministério da Educação e emendas de parlamentares aliados, a UFJF recebeu R$ 160 milhões em investimentos durante o governo petista. A maior parte das benfeitorias foram inauguradas em abril, mas Lula fez questão de inaugurar mais uma etapa das obras. Após percorrer os novos laboratórios já construídos, ele fez discurso no câmpus da universidade.
“Censura ética”, a primeira punição
A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra deixou a pasta carregando numerosas denúncias e uma mancha no currículo de agente pública. Antes mesmo de encerrar as apurações sobre a conduta da ex-ministra, acusada de favorecer familiares em contratos envolvendo recursos governamentais, a Comissão de Ética Pública da Presidência da República puniu Erenice. Ontem, depois de reunião extraordinária da comissão, o relator do caso, Fábio Coutinho, anunciou que a passagem da ex-ministra pela pasta receberá o selo de “censura ética”.
A medida foi aprovada por unanimidade. O colegiado determinou sanção à ex-ministra por descumprir preceito básico do serviço público e não apresentar relatório informando lista de bens patrimoniais, sua atuação e de familiares em empresas que recebessem recursos do governo e a lista de parentes de até quarto grau empregados em órgãos públicos. As irregularidades datam de abril, mês em que ela foi nomeada para o cargo. Somente agora, no entanto, a comissão decidiu agir.
No agreste, votos por água
Em meio a muitas denúncias feitas às autoridades eleitorais, pelo menos uma chamou a atenção da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal: a troca do voto pela água. O fato estaria acontecendo no interior do Piauí, estado em que a disputa está acirrada, principalmente na segunda colocação, com dois candidatos praticamente empatados. Na última pesquisa, realizada na primeira semana de setembro, Wilson Martins (PSB) — que disputa a reeleição — aparece na liderança, mas pouco à frente de seus principais adversários, Sílvio Mendes (PSDB) e João Vicente Claudino (PTB).
De acordo com a sondagem realizada pelo Ibope entre 7 e 9 de setembro, o governador Wilson Martins tinha 34% das intenções de voto, 10% a mais do que no mês anterior. Seu mais próximo concorrente, segundo o levantamento, é o tucano Sílvio Mendes, que apareceu com 27%. Na terceira colocação, está Claudino, dono de 23%. Os outros dois candidatos — Major Avelar (PSL) e Geraldo Carvalho (PSTU) — aparecem com 1%. Romualdo Brasil (PSol) e Francisco Macedo (PMN) obtiveram menos de 1%. Brancos e nulos totalizaram 4%, e indecisos, 10%. A pesquisa, registrada no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) sob o nº 25.133/2010, ouviu 812 eleitores e a margem de erro é de três pontos percentuais.
O voto que decidirá o destino de Roriz
A Lei da Ficha Limpa está na pauta de quarta-feira do plenário do Supremo Tribunal Federal (STF). Os 10 ministros que compõem a Corte máxima julgarão o recurso extraordinário interposto pela defesa de Joaquim Roriz (PSC) contra a impugnação provida pela Justiça Eleitoral. O tema é polêmico e divide o tribunal, mas a constitucionalidade da Lei Complementar nº 135 pode não ser a única discussão da próxima sessão. Caso o julgamento termine empatado em cinco votos contra cinco, os magistrados terão de definir como se dará o desempate. Esse novo tema também divide o universo jurídico e deverá ser um debate à parte, uma vez que o resultado dependerá do método escolhido.
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