O Estado de S. Paulo
CPI abre hoje batalha política e envolve mais um governador
Governistas e oposição vão travar hoje sua primeira grande batalha na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Cachoeira com um novo personagem no epicentro da luta política, até a semana passada restrita a petistas e tucanos, o governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB). Ele é mais um chefe de Executivo estadual a ter o nome envolvido no esquema de contravenção e o terceiro a entrar na mira da comissão parlamentar.
Na sessão marcada para as 10h30 os integrantes da comissão irão receber os 40 volumes do inquérito que investigou o esquema do contraventor e suas ligações com agentes públicos e privados. PMDB e PT pretendem fazer de tudo para blindar Cabral e Agnelo Queiroz (Distrito Federal) e evitar que sejam convocados a depor na CPI a respeito de supostas ligações com o contraventor Carlinhos Cachoeira e o empresário Fernando Cavendish, que se afastou na semana passada da direção da Delta Construções S.A.
Ao mesmo tempo, o PT defende a convocação do governador de Goiás, o tucano Marconi Perilo, sob o argumento de que os grampos feitos pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo escancararam as ligações dele com Carlinhos Cachoeira. “Não quero fazer prejulgamentos, mas todas as conversas gravadas pela PF e que envolvem o governador Marconi Perillo apontam para uma séria relação dele com o bando do Cachoeira”, disse ao Estado o líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP). “É muito diferente do que ocorreu com o governador Agnelo, que é vítima da organização criminosa.”
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O líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), rebateu Tatto. “Nós, do PSDB, já pedimos a convocação do governador Marconi, que concorda em comparecer à CPI para dar explicações. Agora, se o PT e o PMDB querem usar de dois pesos e duas medidas para proteger os seus governadores, nós não vamos aceitar”, afirmou. “Se tem três governadores que são suspeitos de ligação com o Cachoeira e com a Delta, que esclareçam tudo à CPI. É isso que defendemos. Não tem de proteger ninguém”, disse ainda o senador.
Ministro admite que Delta pode parar obras
O ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, admitiu ontem que o governo já se preocupa com a possibilidade de a construtora Delta deixar a execução de obras tocadas por ela em todo o País, em especial as do Plano de Aceleração do Crescimento (PAC). Investigações da Polícia Federal apontam uma ligação entre a empreiteira e o esquema do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. De acordo com o ministro, o governo já analisa tecnicamente como a empreiteira poderia ser substituída caso isso ocorra. “O Ministério do Planejamento está se preparando para fazer o mais rápido possível o processo para que as obras sejam retomadas o quanto antes”, afirmou.
Empreiteira vai negar vínculo com Cachoeira e com senador
A Delta Construções prepara sua defesa na arena política. Perante a CPI do Cachoeira, que praticamente abre hoje seus trabalhos no Congresso, a estratégia é negar tudo, do começo ao fim. Negar relações de Fernando Cavendish – presidente afastado do Conselho de Administração – com Cachoeira e com o senador Demóstenes e optar pela colaboração. O criminalista José Luís de Oliveira Lima, defensor da Delta e de Cavendish, antecipou ao Estado como será sua linha de atuação e indicou que irá responsabilizar o ex-diretor Cláudio Abreu.
Oposição foca relação de Cabral com Cavendish
Partidos de oposição decidi-ram pedir a convocação do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), à CPI do Cachoeira, para que ele explique as relações com o empresário Fernando Cavendish, dono da Delta Construções. Embora o PMDB nacional esteja pronto para entrar em campo e evitar o depoimento do governador, o PSDB e o PSOL argumentam que a Delta está no centro das investigações e lembram os contratos do governo do Rio com a empreiteira, que recebeu R$ 1,5 bilhão na gestão Cabral. Na semana passada, Cavendish se afastou da direção da Delta, apontada pela Polícia Federal como financiadora de empresas fantasmas criadas pelo contraventor Carlinhos Cachoeira, preso em consequência das investigações da Operação Monte Carlo.
Para parlamentares do Rio adversários de Cabral, a convocação do governador tornou-se inevitável depois da divulgação, pelo deputado e ex-governador Anthony Garotinho (PR), de uma série de fotos e vídeos do governador em momentos de descontração com Cavendish. Desde a última sexta-feira, Garotinho divulga novas imagens a cada dia, sempre mostrando Cabral, secretários de Estado e Cavendish, com suas mulheres, em festas suntuosas e jantares nos mais caros restaurantes da França.
PMDB rechaça convocação e promete apoio
Líderes do PMDB nacional disseram não ter sido procurados pelo governador nos últimos dias, mas reiteraram que não há motivos para a convocação de Cabral,
que não é citado nas investigações da Polícia Federal e não tem nenhuma ligação conhecida com Cachoeira. Um parlamentar peemedebista disse ontem que será até melhor se o requerimento de convocação do governador for apresentado no início dos trabalhos, pois será derrubado “com mais facilidade”. Todos reconhecem, porém, o enorme desgaste de Cabral com a divulgação das imagens de viagens do governador ao lado de Fernando Cavendish. Em guerra com Cabral, Garotinho conta com a articulação dos partidos de oposição, já que o PR vetou a indicação de seu nome para a CPI e não dá sinais de que apoiará a convocação do governador.
O presidente nacional do PRTB, Levy Fidelix, afirmou ontem que jamais negociou para transferir o diretório goiano do partido para o contraventor Carlinhos Cachoeira. “Eu nunca falei com o senhor Cachoeira. A única cachoeira que eu conheço é a do Iguaçu. Eu também nunca falei com o Dadá ( Idalberto Matias Araújo) nem com o Dedé nem com o Didi”, ironizou. Os grampos da Polícia Federal revelam uma conversa entre Cachoeira e Dadá, em que o contraventor mostra interesse em comprar um partido em Goiás. No diálogo, eles citam o PRTB. Os dois falam até do valor que “um advogado” do PRTB estaria pedindo: R$ 300 mil. Cachoeira manda oferecer R$ 150 mil. Levy Fidelix disse que o PRTB só tem um advogado – Marcelo Duarte –, que nunca negociou nada. “Eu não atendo telefone que começa com 062, que é de Goiás”, disse.
Centrais sindicais defendem ataque de Dilma a bancos
Os presidentes das duas principais centrais sindicais do País , CUT e Força Sindical, defenderam ontem, nas comemorações do 1.º de Maio, o pronunciamento da presidente Dilma Rousseff , feito na véspera em cadeia de r ádio e TV, quando ela atacou os bancos ao dizer que era inadmissível que as instituições privadas
cobrassem os “maiores j uros do mundo”. Em discurso para mais de 50 mil pessoas, que participavam ontem da comemoração do Dia do Trabalho, o presidente da Força, deputado Paulo Pereira da Silva (PDT-SP), elogiou o pronunciamento da presidente: “Acho que nunca um presidente do Brasil tratou de juros de uma forma
tão dura como a presidente Dilma fez ontem (segunda-feira)”, afirmou Paulinho da Força, como o deputado é conhecido.
O Globo
Bolívia estatiza gigante de energia da Espanha
Pouco mais de duas semanas após a presidente argentina Cristina Kirchner ter nacionalizado a petroleira YPF-Repsol, ontem foi a vez de a Bolívia anunciar a expropriação da Transportadora de Eletricidade (TDE), que pertence ao grupo Rede Elétrica Espanhola. A TDE detém 73% das linhas de transmissão no país. A decisão do presidente Evo Morales já virou uma rotina: desde 2006, ele vem adotando medidas de reestatização de empresas nas comemorações de 1º de Maio. Um dos primeiros alvos foi a Petrobras, que tinha quase US$ 1 bilhão em investimentos no país. Nos anos seguintes, houve expropriação de outras companhias de energia e telefonia. Na Venezuela de Hugo Chávez, desde 2008, foram nacionalizados os setores de energia, telecomunicações, bancos e até cimenteiras.
Equador aceita indenizar Petrobras
O Equador concordou, na última segunda-feira, em pagar US$ 217 milhões à Petrobras pelos ativos que a companhia estatal brasileira desenvolveu quando operou um dos maiores blocos petrolíferos do país andino. A Petrobras abandonou o Equador em 2010 devido a um desentendimento com o presidente equatoriano, Rafael Correa, nas negociações para mudar o contrato de participação de prestação de serviços. Diante do impasse, a petrolífera brasileira decidiu encerrar sua operação no bloco 18 na floresta equatoriana.
Desde esta época, o governo equatoriano vinha negociando com a petrolífera o montante da liquidação que lhe correspondia, em meio a ameaças da Petrobras de entrar com um processo contra o Estado equatoriano.
Governo reduzirá IR de lucro do trabalhador
Ao participar de ato do 1º de Maio Unificado, promovido por centrais sindicais na capital paulista, o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, informou ontem que o governo pretende definir até amanhã o teto de isenção de proposta para fim da tributação de Imposto de Renda sobre os ganhos dos trabalhadores por meio da Participação nos Lucros e Resultados (PLR).
O patamar será estabelecido após reunião da presidente Dilma Rousseff com as centrais sindicais, marcada para amanhã de manhã, antes da posse do novo ministro do Trabalho, Brizola Neto. As entidades trabalhistas têm defendido a isenção do imposto para valores até R$ 20 mil, mas já admitem aceitar teto de isenção de R$ 8 mil. Em conversas reservadas, Dilma tem insistido em patamar de R$ 6 mil, mas cogita a possibilidade de se chegar a R$ 7 mil.
– O governo federal aceitou fazer a discussão da isenção do IR sobre a PLR, mas ainda falta entendimento em torno do método e da cifra. A presidente vai se reunir na quinta-feira com as centrais para acertar a questão – disse Gilberto Carvalho.
Cachoeira queria fazer Demóstenes prefeito
Gravações interceptadas pela Polícia Federal (PF) com autorização da Justiça mostram o bicheiro Carlinhos Cachoeira discutindo com o vereador de Goiânia Santana Gomes (PMDB) a candidatura do senador Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido-GO) à prefeitura de Goiânia. Na conversa, eles dizem que precisam de alguém com “poder na mão”. Até o início deste ano, Demóstenes era um dos pré-candidatos mais cotados à prefeitura da capital goiana. Mas desistiu publicamente da disputa.
O estouro do escândalo envolvendo Cachoeira sepultou as esperanças de quem ainda via no parlamentar um potencial candidato. Demóstenes Torres é considerado a ponte de Cachoeira com o mundo político em Brasília.
– Deixa eu te contar uma coisa: o Demóstenes vai ser nosso prefeito, não vai? Nós temos que ter alguém com o poder na mão, chefe – disse Santana Gomes, em telefonema feito no dia 13 de março do ano passado.
– Exatamente, exatamente – responde Cachoeira.
Os dois conversaram pelo telefone inicialmente para falar de Jorcelino Braga, secretário estadual da Fazenda na gestão anterior, do ex-governador Alcides Rodrigues (PP), de 2006 a 2010.
Alcides, que era vice do atual governador tucano Marconi Perillo (GO), assumiu o governo quando o titular renunciou ao mandato para disputar o Senado, em 2006. Mas eles terminaram por se afastar e Braga se desentendeu com Marconi Perillo, que em 2011 voltou a ser governador de Goiás.
Planos para o governo em 2018
O bicheiro diz acreditar que Jorcelino Braga quer uma aproximação com o grupo. Santana Gomes – que inicialmente fica com medo de entrar em contato com o ex-secretário e “se queimar” com o atual governador – concorda em fazer a aproximação e sugere que isso vai ajudar a fazer Demóstenes Torres prefeito de Goiânia.
Governo federal se prepara para saída de Delta
Ao ser questionado se a saída da Delta Construções – empreiteira envolvida no escândalo de Carlinhos Cachoeira – de projetos de grande envergadura do governo federal atrasaria as obras, o ministro da Secretaria Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, respondeu que o governo está atento ao problema:
– Nós vamos fazer de tudo, naturalmente, para que não haja essa solução de (des)continuidade. O investimento público é um dos fatores fundamentais para continuar essa dinâmica de crescimento (do país) – disse Gilberto Carvalho.
Agenda de votações para minimizar CPI
Depois da derrota na votação do Código Florestal na Câmara e da instalação da CPI do Cachoeira, a presidente Dilma Rousseff reúne hoje o Conselho Político. Segundo interlocutores, Dilma evitará a crise da CPI e insistirá numa “agenda paralela” de votações e de medidas econômicas, para mostrar que o governo não está parado pelo clima político tenso criado pelas denúncias envolvendo o bicheiro Carlos Cachoeira.
O enfoque oficial do encontro, apesar da preocupação do Planalto com os rumos da CPI, será mesmo a situação econômica e as medidas que vêm sendo tomadas. Os líderes dos partidos foram avisados que haverá uma apresentação do ministro da Fazenda, Guido Mantega.
PSDB quer chamar Cabral para depor na comissão
Parlamentares da oposição e até da base aliada estão se movimentando para tentar evitar que o PMDB blinde o governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), na CPI mista do caso Cachoeira. Hoje, o deputado Fernando Francischini (PSDB-PR), membro da CPMI, protocola na secretaria da comissão requerimento pedindo que Cabral seja convocado para explicar suas ligações com o dono da Delta, Fernando Cavendish. Fotos e vídeos divulgados recentemente pelo deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) em seu blog mostram cenas de Cabral e secretários em viagem à Europa em 2009 na companhia de Cavendish.
– Decidimos encaminhar o requerimento para obrigar o PMDB a botar a cara votando contra – disse o deputado Otávio Leite (PSDB-RJ).
– Relações íntimas não são objetos da CPI. Porém, se delas resultar qualquer tipo de benefício, aí o assunto passa a ser de interesse público e, consequentemente, da CPI – afirmou o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ).
Para evitar a convocação, o PMDB usará na CPI o discurso de que Cabral não pode ser investigado por uma amizade com Cavendish e que, ao contrário de Marconi Perillo (GO) e Agnelo Queiroz (DF), Cabral não aparece em conversas com Carlinhos Cachoeira. O PMDB insistirá na tese de que se trata de briga política com Garotinho.
Supremo julgará ProUni e começa a definir análise do mensalão hoje
Após aprovar por unanimidade a política de cotas raciais para ingresso em universidades públicas, o Supremo Tribunal Federal deve julgar hoje ação que questiona a legalidade do Programa Universidade para Todos (ProUni). A tendência é que os ministros aprovem o programa. Criado por lei em 2005, o ProUni oferece bolsas de estudo em universidades particulares para alunos de cotas raciais e sociais. São beneficiados estudantes que cursaram todo o ensino médio em escola pública ou foram bolsistas em escolas particulares. Também há vagas reservadas a negros, indígenas e portadores de necessidades especiais.
A ação começou a ser julgada em abril de 2008 com o voto do relator, ministro Carlos Ayres Britto, a favor da manutenção do ProUni. O argumento usado foi o mesmo do julgamento da semana passada, de que a iniciativa era uma forma eficaz de reequilibrar as injustiças sociais. Em seguida, Joaquim Barbosa pediu vista. O julgamento deverá continuar hoje, começando pelo voto dele.
Vaias para políticos, gritos por Belo
Os ministros do Trabalho, Brizola Neto, e da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, tiveram de enfrentar vaias ontem em seus discursos no Primeiro de Maio organizado pela CUT, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. A vaia aos políticos era seguida de gritos por “Belo! Belo! Belo!”, um apelo pela apresentação do cantor de pagode, um dos inúmeros que subiram ontem aos palcos das manifestações pelo Dia do Trabalho na cidade.
Embora o presidente da CUT, Artur Henrique, tenha feito questão de criticar o evento realizado pela Força Sindical e por outras centrais na Zona Norte de São Paulo por ter sorteios, a festa da CUT, estimada em 120 mil pessoas pelos organizadores e 60 mil pela Polícia Militar, estava longe de ser politizada. Além dos ministros, o presidente do PT, Rui Falcão, e o próprio Artur Henrique acabaram vaiados pelo público que queria ver os shows. O pré-candidato do PT à prefeitura, o ex-ministro Fernando Haddad, sentindo o clima desfavorável, preferiu apenas acenar para o público.
Dilma dificulta demarcação de terras indígenas
A presidente Dilma Rousseff criou mais uma etapa no processo de reconhecimento de Terras Indígenas (TIs), o que protela ainda mais a definição dessas áreas. Dilma incluiu consulta prévia ao Ministério de Minas e Energia antes de qualquer decisão da Funai. Essa é a pasta que toca obras de hidrelétricas país afora. O resultado desse novo tratamento é que uma dezena de TIs já demarcadas e prontas para serem oficializadas está com seu destino incerto.
Na semana do Dia do Índio (19 de abril), o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, foi cobrar de Dilma a homologação dessas áreas, cujos processos em sua maioria seguiam encalhados na Casa Civil desde maio de 2011, e foi surpreendido com a pergunta de Dilma sobre se Minas e Energia tinha sido ouvido.
Depois dessa conversa, seis processos de reconhecimento de TIs voltaram ao Ministério da Justiça para reavaliação: Rio Gregório (AC), Riozinho do Alto Envira (AC), Rio dos Índios (RS), Taboca (AM), Cacique Fontoura (MT) e Toldo Imbu (SC). Outros quatro – Tenharim Marmelos (AM), Xipaya (PA), Santa Cruz da Nova Aliança (AM) e Matintin (AM) – seguem na Presidência aguardando assinatura de Dilma.
Folha de S. Paulo
Para baixar juros, governo estuda mudar poupança
Dois dias depois de defender em cadeia nacional de TV a redução dos juros, a presidente Dilma Rousseff reúne hoje os líderes dos partidos governistas para discutir medidas econômicas que permitam baixar ainda mais as taxas bancárias e pode incluir na discussão mudanças na remuneração da caderneta de poupança.
Dilma definiu como estratégia de seu governo reduzir os juros reais da economia para no máximo 2% ao ano até o fim de seu mandato, meta que para ser atingida demanda alterações no rendimento da aplicação mais popular do país.
A medida, já tentada antes, tem caráter altamente polêmico, principalmente neste ano eleitoral.
Em pronunciamento de TV e rádio anteontem, Dilma acusou uma “lógica perversa” do setor financeiro e cobrou redução dos juros cobrados pelos bancos privados.
Governo vê medida como o novo Plano Real
A derrubada dos juros para o que sua equipe chama de “patamares de Primeiro Mundo” era um desejo da então ministra da Casa Civil Dilma Rousseff. Segundo pessoas próximas, é agora a obsessão da presidente.
O tema é tratado estrategicamente. O marqueteiro da campanha de Dilma, João Santana, foi o responsável pelo duro pronunciamento contra os juros dos bancos privados anteontem.
Apesar do embate público -o de maior intensidade entre um presidente e bancos na história recente-, na equipe econômica a meta é vista como o “Plano Real” de Dilma, numa referência ao programa de estabilização da economia adotado no governo Itamar Franco que elegeu Fernando Henrique Cardoso, seu idealizador, presidente.
A pedido de Dilma, técnicos do Ministério da Fazenda e do Banco Central fecharam com o ministro Guido Mantega na quinta o cardápio de propostas para mudar o rendimento da poupança, parte da estratégia para a redução dos juros.
Planalto não declarou guerra aos bancos, diz Gilberto Carvalho
Um dia depois de a presidente Dilma Rousseff atacar os bancos em pronunciamento de rádio e TV no qual cobrou a queda dos juros ao consumidor, o ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral) disse ontem que o governo não declarou guerra ao sistema financeiro.
“Não se trata de guerra. Se trata de convencer o sistema financeiro de que cada um tem que dar a sua cota para que o Brasil sobreviva num momento de crise”, afirmou, após participar das duas festas de Primeiro de Maio organizadas pelas principais centrais sindicais em São Paulo.
“Não tem guerra. Tem é um convencimento, a partir do exemplo dos bancos estatais, para que o juro caia em todo o mercado”, acrescentou.
Governo busca apoio do PDT a novo ministro do Trabalho
O governo reconheceu ontem que a nomeação do deputado federal Brizola Neto (PDT-RJ) para o Ministério do Trabalho provoca divergências dentro do PDT, partido que integra a base de apoio do governo.
“A nomeação causa uma série de problemas no PDT. Nós sabemos disso. Agora nós temos que costurar apoio dentro do PDT. Este é o objetivo principal”, afirmou o secretário-geral da Presidência, Gilberto Carvalho, durante comemorações do 1º de Maio em São Paulo.
O novo ministro do Trabalho, Brizola Neto, teve sua primeira agenda como titular do cargo, dois dias antes de ser empossado oficialmente.
Na comemoração do 1º de Maio da Força Sindical, em São Paulo, ele cumprimentou sindicalistas, deu entrevistas e disse que pretende buscar uma “composição plural” para o ministério, sem “aparelhamento”.
Gravação indica que construtora tentou blindar peemedebista
Telefonemas interceptados pela Polícia Federal mostram que a cúpula da empreiteira Delta Construções atuou para proteger o vice-líder do PMDB na Câmara, deputado Eduardo Cunha (RJ), em processo que o parlamentar movia contra uma jornalista.
É a primeira vez que Cunha, que é amigo do dono da empreiteira, Fernando Cavendish, é citado em grampos da Polícia Federal na Operação Monte Carlo, que originou a CPI do Cachoeira.
Em conversa gravada no dia 25 de março de 2011, o então diretor regional da Delta no Centro-Oeste, Cláudio Abreu, conversa com o suspeito de contravenção Carlinhos Cachoeira a respeito de um depoimento que o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) daria quatro dias depois em um processo que Cunha move contra a jornalista Dora Kramer, de “O Estado de S. Paulo”.
A ação está trancada desde maio passado no Tribunal de Justiça de São Paulo. O processo questiona um artigo sobre a disputa pelo controle do fundo de pensão de Furnas, que citava Cunha.
Abreu relata a Cachoeira ter sido “incumbido” de convencer Demóstenes, arrolado como uma das três testemunhas de defesa da jornalista, a “não pegar pesado” com o vice-líder do PMDB.
Demóstenes e Cunha são adversários políticos. “Eu fui incumbido aqui para falar com você para falar lá com o Demóstenes, cara”, diz Abreu. “Ele vai depor a favor da Dora, só que estão pedindo para mim ir lá conversar com ele para não pegar pesado com o Eduardo.”
Deputado afirma que nunca pediu nada a ninguém
O deputado Eduardo Cunha diz não ter pedido “nada a ninguém” e afirmou que nem sabia que Demóstenes Torres era testemunha.
“Normalmente as minhas causas eu entrego para os advogados e não me preocupo com os detalhes dela”, disse.
Cunha disse ser amigo de Cavendish, mas que nunca falou com ele sobre o caso.
A Delta disse desconhecer o fato de Demóstenes Torres ter sido chamado a depor: “O teor dessa conversa, no todo ou em parte, é inteiramente estranho à empresa”.
Segurança do PT pediu varredura na sede da sigla, diz PF
Escutas feitas pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo indicam que o PT estava preocupado com grampos em sua sede nacional e solicitou uma varredura ao araponga Jairo Martins, ligado ao grupo de Carlinhos Cachoeira.
O pedido foi feito em agosto, já com o deputado estadual Rui Falcão (SP) na presidência da sigla. Os diálogos não deixam claro se a varredura foi feita.
O contato com Martins, que atua com o sargento reformado Idalberto Araújo, o Dadá, foi feito por um integrante da equipe de segurança do PT chamado Robson, que ainda trabalha para o partido.
Robson pede uma varredura na sede do PT e pergunta o preço. Jairo diz que daria uma resposta em alguns dias.
Delta pagou auxiliar de primeira-dama de Palmas, afirma PF
O tesoureiro da empreiteira Delta na região Centro-Oeste determinou, em agosto passado, um depósito de R$ 120 mil na conta de uma assessora da primeira-dama de Palmas (TO), segundo indicam escutas da Polícia Federal obtidas pela Folha.
A Delta, no centro do suposto esquema de lavagem de dinheiro do empresário Carlinhos Cachoeira, é detentora de um contrato de R$ 71 milhões para os serviços de coleta de lixo na capital tocantinense, administrada por Raul Filho, do PT, desde 2005. O contrato é contestado por órgãos de controle.
Rosilda Rodrigues dos Santos, 29, teve sua exoneração do cargo de assessora parlamentar da deputada estadual Solange Duailibe (PT), a primeira-dama, publicada no último dia 10, mas retroativa a 1º de março -dia seguinte à deflagração da Operação Monte Carlo, que desbaratou o esquema de Cachoeira.
Correio Braziliense
Cachoeira atraiu sul-coreanos para negociatas
O bicheiro Carlinhos Cachoeira teria usado auxiliares do governo de Goiás, o próprio governador Marconi Perillo (PSDB) e o deputado federal Carlos Alberto Leréia (PSDB-GO) para tentar emplacar negócios em parceria com grupos sul-coreanos. Cachoeira é sócio de empresários da Coreia do Sul pelo menos desde 2003, quando incorporou um sul-coreano à sociedade da Bet-Capital, empresa de limpeza urbana investigada pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo. O bicheiro continuou a tratar o país asiático com prioridade e aproximou a Delta Construções, para quem atuava em busca de novos contratos, de empresas da área de tecnologia da Coreia do Sul.
Para ter êxito, Cachoeira promoveu encontros de representantes asiáticos com auxiliares dos governos de Goiás e do Distrito Federal e com Perillo, como mostram as gravações de conversas telefônicas autorizadas para a Monte Carlo. A nomeação do deputado Leréia para a presidência da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, cargo exercido entre março de 2011 e março de 2012, também foi utilizada para favorecer os sul-coreanos.
Quadrilha buscou partidos à venda
O partido nanico PHS esteve na mira do bicheiro Carlinhos Cachoeira, interessado em ter o controle de uma legenda para ampliar seu poder de atuação política. Conversas telefônicas gravadas pela Polícia Federal (PF) mostram um diálogo entre Cachoeira e o então presidente do Detran de Goiás, Edivaldo Cardoso, em julho do ano passado. Eles falam sobre Eduardo Machado, presidente do PHS no estado e secretário-geral da sigla. “Talvez ele possa passar o partido dele para nós”, diz o bicheiro. Em entrevista ao Correio, Eduardo confirmou ter sido procurado por um representante do contraventor interessado na compra da legenda. “Ele me propôs fazer uma parceria. No meio político, a gente entende que isso é comprar o partido.”
O PHS é o terceiro nanico que Cachoeira tentou adquirir em Goiás. O Correio mostrou na segunda-feira, 30, que o bicheiro tinha interesse em controlar o PRTB e chegou a agendar uma reunião com o presidente do partido, Levy Fidelix. As transcrições das conversas telefônicas mostram que Cachoeira estava “de olho” também no PRP.
O contraventor já exercia, antes de ser preso na Operação Monte Carlo, total controle sobre o presidente de outro nanico em Goiás. O PTdoB é presidido por Edivaldo Cardoso, que chefiou o Detran do estado até a deflagração da Operação Monte Carlo.
Os tentáculos mineiros do bicheiro
Prefeituras do Noroeste de Minas Gerais firmaram contratos com empresas fantasmas do grupo do contraventor Carlos Alberto de Almeida Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para tocar programas de habitação popular financiados pela Caixa Econômica Federal como o Minha Casa, Minha Vida, aponta relatório da Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. Coincidência ou não, todas as cidades — Natalândia, Bonfinópolis de Minas, Riachinho e Urucuia — estão no entorno de Unaí, onde vive o pai do bicheiro, Sebastião de Almeida Ramos, de 86 anos.
As empresas contratadas foram a Brava Construções e Terraplanagem Ltda. e a Emicom Construções e Terraplanagem, que foram registradas em nomes de laranjas e também prestaram serviços a municípios do interior do Ceará e de São Paulo. De acordo com as apurações do MP, as empreiteiras existem somente no papel.
Comissão com telhado de vidro
Pelo menos um terço dos 32 titulares da Comissão Parlamentar inquérito (CPI) mista que investigará as ligações do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, com políticos e empresários já estiveram do outro lado do balcão, expostos a denúncias e desconfiança da opinião pública. A personificação das reviravoltas políticas é o ex-presidente da República e agora senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL). Vinte anos depois de descer a rampa do Palácio do Planalto pela última vez, como unanimidade nacional, ele volta à cena para investigar um de seus pares, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO). Na lista de representantes do Congresso indicados para buscar a verdade, há ex-fichas sujas, aliados de figuras controversas, nomes envolvidos em escândalos nacionais e até deputado pego no bafômetro.
Collor subiu à tribuna do Senado esta semana para anunciar que trabalhará contra o vazamento de informações à imprensa. Ele confidenciou a aliados que uma de suas motivações na CPI será colocar luz nas relações de repórteres e veículos de comunicação com a quadrilha de Cachoeira. A antiga condição de vidraça, no entanto, não é exclusividade do senador alagoano. Relator do colegiado, o deputado federal Odair Cunha (PT-MG) foi acusado de usar sua cota de passagens aéreas para financiar a viagem de um amigo entre Buenos Aires e o Rio. Cunha nega, argumentando que o bilhete foi adquirido com milhas e que pagou a taxa de embarque legalmente, segundo ele.
Você leu antes no Congresso em Foco: Um quarto da CPI tem problemas na Justiça
Aproximação do Congresso
A presidente Dilma Rousseff decidiu convocar para hoje à tarde mais uma reunião do Conselho Político. A decisão surpreendeu até os líderes da Câmara e do Senado, que costumam ser quem pede o encontro. O tema será a situação econômica do país e a queda de braço que o governo tem mantido com os bancos privados para reduzir as taxas de juros. A iniciativa da presidente tem o objetivo de aproximar mais o Palácio do Planalto do Congresso.
Conforme ocorreu na última reunião do Conselho Político, em fevereiro, quem vai presidir o encontro será o ministro da Fazenda, Guido Mantega. Logo no começo, fará uma apresentação da situação econômica do país, em um cenário diferente de dois meses atrás. Na época, ainda havia uma preocupação com a crise econômica internacional e em como ela poderia afetar a economia brasileira. Agora, a preocupação da presidente é a batalha que tem travado com os bancos privados para reduzir as taxas de juros e o spread bancário — a diferença entre o preço de compra (procura) e venda (oferta) de uma ação, título ou transação monetária. O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, também participa do Conselho Político.
Devassa em contratos da Delta
A Delta Constr uções é alvo de pelo menos seis frentes de investigação, com auditor ias simultâneas de contratos com os governos do Rio de J aneir o , de São Paulo, de Mato Grosso e do Amazonas, além do própr io Executi vo federal e dos trabalhos da Comissão Parlamentar Mista de Inquér ito (CPMI), instalada na se mana passada no Congresso Nacional. A D elta tem cerca de 300 contratos no setor de construções em 23 estados do país e no Distr ito Federal . Do governo federal, foi a empresa que mais recebeu recursos em 2011.
A Controladoria-Geral da União identificou irregularidades em 60 contratos, no valor de R$ 632 milhões, entre a empreiteira e o governo federal, de 2007 a 2010. Ainda na CGU, um processo para declarar a inidoneidade da empresa foi aberto.
A cidade dos problemas globais
Em 13 de junho, quando co-meçarem oficialmente os 10 dias da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, a capital fluminense vai colocar os 193 países-membros da ONU para discutir novamente o tema desenvolvimento sustentável, 20 anos após a mítica Eco-92. Mais que olhar para trás , a pauta dos chefes de Estado vai se debruçar sobre como cada nação pode , a partir de agora, seguir uma agenda comum para que os integrantes da ONU consigam contemplar crescimento econômico e desenvolvimento social sem degradar a natureza.