Estado de S. Paulo
Com Palocci fraco, PMDB quer nova articulação política
O PMDB quer mudanças na articulação política do Palácio do Planalto e duvida da sobrevivência no cargo do chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. O diagnóstico, que atinge em cheio o núcleo político do governo, começou a ser propalado ontem por líderes do partido como efeito colateral do desgaste provocado pelas cobranças ásperas do Planalto ao partido depois da derrota na votação do Código Florestal. A cúpula peemedebista avalia que houve quebra de confiança na relação com o PT e a presidente Dilma Rousseff.
Foi neste clima que Michel Temer reuniu ontem a bancada do PMDB no Senado para um jantar no Palácio do Jaburu, residência oficial da vice-presidência. Dos 18 senadores do partido, apenas Jarbas Vasconcelos (PE) avisou que não compareceria. Pela manhã, a presidente entregou o cargo interinamente a Temer antes de viajar para o Uruguai.
Crédito cresce menos, mas ritmo ainda preocupa
O crédito ficou mais caro, com mais calotes, e cresceu em um ritmo considerado adequado pelo Banco Central nos primeiros quatro meses do ano. Mas a alta nos últimos 12 meses encerrados em abril no estoque de financiamento reforçou as dúvidas sobre se o governo conseguirá de fato desacelerar o crédito para 10% a 15% de expansão neste ano, faixa considerada ideal para colocar a inflação de volta na meta.
Segundo dados divulgados ontem pelo BC, o estoque de crédito atingiu R$ 1,78 trilhão em abril, o equivalente a 46,6% do PIB. O saldo mostrou crescimento de 4,1% no ano (em torno de 13% em termos anualizados), mas em 12 meses ainda tem forte expansão: 21%. Os juros no crédito livre subiram pelo quinto mês seguido, atingindo a marca de 39,8% ao ano e já superando os 40% nos dados parciais de maio.
FMI em campanha no Brasil
Em campanha pelo cargo de diretor-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), a ministra de Finanças da França, Christine Lagarde, disse ontem o que o governo brasileiro queria ouvir: que vai continuar com o processo de reformas na instituição, para ampliar a representação dos países emergentes.
“Minha candidatura está inscrita no processo de reformas”, afirmou, após almoçar com o ministro da Fazenda, Guido Mantega. O Brasil foi a primeira parada da campanha eleitoral de Lagarde nos países emergentes, em que pretende visitar ainda a China, a Índia e o Oriente Médio.
À moda da tucanagem
O partido deixou claro que, se a eleição presidencial fosse hoje e condições alheias à mera vontade permitissem, o senador Aécio Neves seria o candidato. Mas deixou patente também que não rasga voto nem pode abrir mão de José Serra, que já disputou e levou duas eleições presidenciais ao segundo turno.
Se a situação fosse simplesinha poder-se-ia descrevê-la assim: Aécio tem a preferência do partido, Serra tem presença na sociedade.
Aniquilar um em favor do outro seria ignorar o quanto são detentores de patrimônios complementares. Por isso, uma imprudência de resultado nitidamente previsível.
CGU contesta ligação de Palocci com equipe de transição em 2010
BRASÍLIA – A Controladoria-Geral da União (CGU) negou nesta segunda-feira, 30, que Antonio Palocci tenha participado da equipe de transição do governo Dilma Rousseff para reafirmar que não investigará o crescimento do patrimônio do ministro-chefe da Casa Civil, conforme noticiado pelo Estado nesta segunda.
A CGU apegou-se ao fato de a nomeação para coordenar a equipe de transição não ter sido publicada no Diário Oficial para, assim, não seguir orientação do decreto editado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2005 e abrir sindicância patrimonial para apurar se o aumento dos bens é compatível com a renda de Palocci.
Ciro diz que é ”erro” ingerência de Lula no governo Dilma
O ex-deputado Ciro Gomes afirmou ontem, em Fortaleza, que o ex-presidente Lula “cometeu um erro” ao ir a Brasília intermediar a negociação do governo com a base aliada no auge da crise política envolvendo o ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci. “Se quer ajudar (a presidente), passa um telefonema””, afirmou Ciro. E acrescentou: “O Brasil não pode ficar refém de um só pessoa, ficar na dependência do Lula, do Ciro, da Dilma”. Para ele, a atitude de Lula tirou capital político da presidente.
Dilma e Mujica fazem acordos de energia e TV
A presidente Dilma Rousseff desembarcou ontem na capital uruguaia para uma visita de apenas cinco horas ao presidente José Mujica. Mas a agenda foi intensa, com a assinatura de oito acordos em áreas diversas, como interconexões ferroviárias, conexões elétricas, intercâmbio tecnológico, capacitação de policiais, entre outros.
A visita de Dilma começou pelo Laboratório Tecnológico do Uruguai (Lutu), onde uruguaios e brasileiros estão desenvolvendo a adaptação do sistema de TV local às novas tecnologias da TV digital. No ano passado, após várias idas e voltas, o Uruguai decidiu que não adotaria a norma americana e aceitava o sistema nipo-brasileiro.
Executivo ‘não depende’ do Congresso, diz Carvalho
Em declaração que aumentou o desgaste do Planalto com o Congresso, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse ontem, em entrevista à Rádio Estadão/ESPN, que o Executivo “não depende” do Congresso para trabalhar. A afirmação provocou críticas da oposição, que viu na declaração uma tentativa de menosprezar o papel do Legislativo.
A declaração de Carvalho foi uma resposta a um questionamento sobre se a crise envolvendo a evolução patrimonial do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, teria contaminado o ambiente no Congresso e paralisado o governo. O ministro reconheceu que há problemas nas relações políticas com partidos da base, tratou a crise com o PMDB como “um casamento” e afirmou que essas questões não influenciam as ações do governo.
Grampo flagra cobrança de Dr. Hélio à mulher
O Ministério Público Estadual (MPE) interceptou conversas telefônicas da primeira-dama de Campinas, Rosely Nassim Jorge dos Santos, com o prefeito Hélio de Oliveira Santos, o Dr. Hélio (PDT), e dos então secretários de Segurança, Carlos Henrique Pinto, e Comunicação, Francisco de Lagos Viana Chagas. Os diálogos com os dois últimos mostrariam manobras do grupo para prejudicar as investigações sobre pagamentos de propinas e fraudes em contratos da prefeitura. Já Dr. Hélio foi flagrado cobrando explicações da mulher sobre um dos contratos da Sanasa, a empresa de saneamento da cidade.
Lula vai à TV afagar PMDB e incomoda PT
BRASÍLIA – Em meio aos esforços para contornar a primeira grande crise entre o governo Dilma Rousseff e seus aliados, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva gravou uma participação especial no programa institucional do PMDB, que vai ao ar nesta quinta-feira, 2 de junho. No filme, que será exibido em cadeia nacional de rádio e tevê, Lula agradece ao partido o apoio e a participação nos três governos petistas. Se agrada ao PMDB, a presença de Lula deixou petistas, pelo menos nos bastidores, incomodados.
O ex-presidente gravou sua aparição no último sábado, em São Paulo, depois de passar a semana em Brasília em reuniões e conversas com aliados, dedicado a desencorajar os descontentes de apoiarem a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar a evolução patrimonial do chefe da Casa Civil, Antonio Palocci.
Matadores do casal de extrativistas teriam fugido
Uma semana depois do assassinato do casal de extrativistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, em Nova Ipixuna, no Pará, a polícia ainda não conseguiu prender os criminosos. As informações mais recentes, que os policiais não confirmam, garantem que os matadores fugiram da região. O crime não teve testemunhas.
Os movimentos sociais ligados à questão agrária, como a Pastoral da Terra, cobram maior empenho das autoridades para prender não só os assassinos do casal como também os mandantes.
Painéis do senado omitem queda de Collor em 1992
Reinaugurado com pompa pelo presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o “túnel do tempo” da Casa – como é chamado o corredor que liga o plenário a gabinetes de senadores – traz agora uma decoração que “reescreve” a história da Casa, omitindo fatos e elogiando o próprio Sarney.
Para Sarney, o impeachment de seu antigo desafeto – e hoje aliado – Fernando Collor em 1992 “não é marcante”. “Olha, eu não posso censurar os historiadores encarregados de fazer a história, talvez esse episódio seja apenas um acidente que não devia ter acontecido na história do Brasil”, alegou. “Mas não é tão marcante como foram os fatos que aqui estão contados, que foram os que construíram a história, e não os que de certo modo não deviam ter acontecido. O que vale é que nós temos uma Constituição, sempre nos organizamos em torno da lei.”
Sob Temer, crise agrária fica sem ações
Apesar de a presidente Dilma Roussefft ter incumbido o presidente em exercício, Michel Temer (PMDB), de coordenar uma reunião com objetivo de que fossem desencadeadas ações de governo para evitar novas mortes no campo e ampliar as investigações, na prática, pouco foi feito ontem.
Após a reunião convocada por Temer, na vice-presidência, o ministro do Desenvolvimento Agrário, Afonso Florence, anunciou apenas a convocação de governadores para a realização de ações conjuntas, que ainda não têm data para ocorrer.
Também não foi realizada a reunião do grupo interministerial, prevista para a tarde de ontem, que seria”criado para acompanhar as investigações sobre assassinatos de líderes agrários, particularmente das últimas quatro mortes no campo ocorridas na semana passada, e definir a atuação de cada órgão no combate à criminalidade na Região Norte do País.
Suspeito de matar outro líder é preso em RO
O principal suspeito de assassinar o líder do Movimento Camponês Corumbiara, Adelino Ramos, o Dinho, na sexta-feira passada, foi preso ontem pela Polícia de Rondônia. De acordo com a assessoria da Polícia Civil, Ozeas Vicente da Silva, de 34 anos, foi detido em um fazenda em Vila Extrema, onde estava escondido.
A polícia já investigava o suspeito e havia decretado sua prisão preventiva. Quando os policiais chegaram à fazenda, Silva não teve como fugir – as estradas e fronteiras foram fechadas -, e acabou se entregando.
Correio Braziliense
As aparências enganam
A cordialidade entre Dilma e Temer esconde a tensão pela crise entre PT e PMDB e as mudanças na articulação política. Já Guido Mantega sorriu para Christine Lagarde, mas não garantiu o apoio do Brasil à candidatura dela ao FMI.
Planalto dará mais poder ao ministro das Relações Institucionais, Luiz Sérgio, nas negociações com aliados no Congresso
Diante da crise que levou o ministro da Casa Civil, Antônio Palocci, a cuidar de dar explicações ao Ministério Público e à base aliada sobre o faturamento de sua empresa, o governo se mostra disposto a reformular a articulação política do Congresso com o Planalto. O primeiro ensaio dessa reforma segue no sentido de dar mais poder ao ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, que, até então, cuidava basicamente de receber e retornar as ligações telefônicas daqueles parlamentares que procuravam por Palocci e o ministro da Casa Civil não conseguia atender.
Ontem, por exemplo, Luiz Sérgio almoçou com o líder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (AL). Foi o primeiro encontro mais reservado entre os dois desde a posse da presidente Dilma Rousseff. O PMDB, especialista em mergulhos o que em política significa sair de cena , acha que Palocci precisa se preservar mais, de forma a não deixar os parlamentares irritados com ele. Como o tempo do ministro da Casa Civil parece dedicado à sua defesa, o mais sensato na opinião de muitos é dar a Luiz Sérgio mais atribuições, como a questão de cargos de segundo escalão, a liberação de emendas ao orçamento que dizem respeito direto aos parlamentares e também mais acesso à presidente Dilma.
BC quer liberar uso de dólar no Brasil
O Banco Central estuda flexibilizar as regras para a compra e a venda de moeda estrangeira no Brasil e até mesmo autorizar o uso de dólares, euros e francos suíços por turistas em viagem ao país para o pagamento de táxi, restaurantes e hotéis. Atualmente, é proibida a circulação de qualquer outra moeda no país a não ser o real. O objetivo da autoridade monetária é facilitar a estadia de estrangeiros durante as copas das Confederações (2013) e do Mundo (2014) e as Olimpíadas (2016). Entre as medidas analisadas está a de liberar operações de câmbio (troca de moeda estrangeira por real ou outra divisa) em lojas de conveniências e outros tipos de comércio, como as farmácias.
Governo silencia no debate sobre drogas
A discussão da política sobre drogas no Brasil ganha força novamente com o lançamento do documentário Quebrando o tabu, que entra em cartaz nesta sexta-feira, em Brasília. No filme, Fernando Henrique Cardoso (PSDB-SP), que comandou o Palácio do Planalto entre 1995 e 2002, conta por que agora, diferentemente da época em que era presidente, é a favor da descriminalização de todos os entorpecentes. A produção traz ainda depoimentos de formadores de opinião de vários lugares do mundo concordando com a posição do tucano. Sobre isso, o Ministério da Justiça opta pelo silêncio.
Desapropriação por cultivo
O Supremo Tribunal Federal (STF) recebeu um processo no qual terá que definir se os proprietários de terras onde forem flagrados plantios de maconha são ou não responsáveis pelo cultivo. O presidente do STF, Cezar Peluso, relator do recurso extraordinário que chegou em fevereiro à Suprema Corte, definiu, junto aos colegas, que a matéria terá repercussão geral. O instrumento é usado para que a definição sobre o tema, qualquer que seja, sirva de parâmetro para todos os julgamentos acerca do assunto.
No caso em questão, a Polícia Federal descobriu 6.180 pés de maconha plantados em uma fazenda de Santa Maria da Boa Vista, em Pernambuco. Os policiais incineraram a plantação e, após a perícia comprovar o plantio das plantas psicotrópicas, a União entrou com uma ação em que pediu a expropriação contra os donos do imóvel rural.
Ação tem prioridade
Um dos depoimentos usados no processo movido pelo Sindicato dos Soldados da Borracha e Seringueiros de Rondônia é o do médico Ezequiel Burgos, que confirmou à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Campanha da Borracha, em 1946, a situação trágica dos seringueiros levados para a Amazônia. Ultimamente, tem regressado dos seringais um certo número de homens fazendo as piores referências ao modo de serem recebidos e tratados nos seringais, ao que dizem. Falta comida, passando o dia com um pouco de café puro e algumas vezes carne podre de Cr$ 16 (cruzeiros) o quilo, disse o médico aos parlamentares.
Razões nebulosas
O ex-presidente Lula está na área para ajudar o governo de Dilma Rousseff a recompor relações com a base aliada, sobretudo o PMDB, e aliviar o infortúnio do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.
Sua reaparição pública tem provocado análises extremadas, além de possivelmente mal informadas. Ela não é natural, como o governismo diz, nem representa uma tratorada sobre Dilma, embora seja difícil refutar que assim deve ter sido percebida pela opinião pública.
Cabe outra conjectura: como padrinho de Palocci para coordenar a eleição de Dilma e depois para chefiar a Casa Civil, adaptada para centralizar as relações políticas do governo, Lula é o responsável pelos eventuais defeitos de origem de um petista já enrolado pelo escândalo que o abatera da Fazenda em seu primeiro mandato.
Juros ao consumidor disparam
Sem capacidade financeira para obter empréstimos mais baratos, os brasileiros estão recorrendo ao cartão de crédito e ao cheque especial, que cobram as maiores taxas de juros do mercado, entre 8,9% e 11% ao mês, para honrar suas despesas. Em abril, as famílias rolaram R$ 20,6 bilhões em débitos nos cartões, por meio do crédito rotativo e do parcelamento das compras. O montante representa aumento de 6,7% em relação a março deste ano e de 21% sobre abril do ano passado, que foi um período de intenso consumo. Mesmo tendo uma queda de 4,7% ante março, a rolagem de dívida no cheque especial em abril atingiu R$ 23,7 bilhões, maior patamar desde março de 2010.
170 mil técnicos ameaçam com greve
Cerca de 170 mil servidores técnico-administrativos das universidades federais de todo o Brasil planejam cruzar os braços a partir de segunda-feira. Representantes dos sindicatos da categoria vão se reunir amanhã, em Brasília, para avaliar o início da greve. Entre as reivindicações dos trabalhadores estão a elevação do piso da tabela salarial, ainda sem um percentual definido, a reestruturação dos cargos e o fim da terceirização.
A coordenadora-geral da Federação Nacional de Sindicato dos Trabalhadores em Universidades Brasileiras (Fasubra), Léia de Souza Oliveira, explicou que a pauta é uma continuidade do acordo feito com o governo federal em 2007. O documento envolveu uma série de itens. Eles cumpriram o reajuste salarial, mas não houve outros avanços. Queremos modernizar a carreira. Hoje, existe, por exemplo, o cargo de datilógrafo, que não é mais necessário, afirmou.
Cenário oficial piorou
O Ministério da Fazenda passou a esperar mais inflação e menos crescimento. A equipe de Guido Mantega reduziu para 5,1% por ano sua estimativa para a expansão da economia no mandato da presidente Dilma Rousseff. Até março, os técnicos trabalhavam com uma projeção média de 5,9% para o período de quatro anos (2011-2014).
A moderação da atividade após o avanço de 7,5% no Produto Interno Bruto (PIB, a soma das riquezas geradas) em 2010 ocorrerá como resultado do aperto fiscal e da elevação dos juros promovidos pelo governo. E garantirá um crescimento sem descompasso entre oferta e demanda, afirmou a Fazenda em boletim de conjuntura divulgado no site do ministério.
Chance decisiva
Ao que tudo indica, o governo decidiu mesmo dar uma mergulhada no ministro da Casa Civil, Antonio Palocci. Pelo menos, enquanto a poeira não estiver mais baixa, a ordem é deixar os assuntos políticos a cargo de Luiz Sérgio. E tudo com o consentimento da presidente Dilma Rousseff. Resta saber, entretanto, se isso vai funcionar na prática. Afinal, prestígio não se pede, nem se transfere. Conquista-se. Luiz Sérgio não demonstrou até o momento ter um pendão para conquistar os corações dos parlamentares. Ao que parece, terá a sua chance.
Câmara vai ao TST contra terceirizada
A Câmara dos Deputados vai cobrar na Justiça o prejuízo que teve este ano com o sumiço da empresa terceirizada Visual, que deixou 450 funcionários sem salários e sem explicações. A Casa acionou o Tribunal Superior do Trabalho (TST) para pedir que a prestadora de serviços devolva aos cofres públicos mais de R$ 300 mil referentes às rescisões contratuais e aos encargos trabalhistas que foram repassados diretamente aos servidores. A ação, no entanto, deve durar mais de cinco anos para ser concluída. Devido ao problema com a Visual, a Mesa Diretora se apressou em aprovar um projeto de resolução impondo regras mais rígidas no processo de escolha das empresas por meio de licitação.
Governo tenta consenso
A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, o ministro de Relações Institucionais, Luiz Sérgio, e a ministra da Pesca, Ideli Salvatti, se reuniram na noite de ontem com a bancada do PT no Senado para discutir alternativas à prorrogação do decreto que fixa em 11 de junho a data a partir da qual os produtores terão que pagar multas recebidas até 2008 por crimes ambientais. A presidente Dilma Rousseff quer usar o vencimento do decreto para negociar e convencer o Senado a suprimir a Emenda nº 164, que flexibiliza o Código Ambiental. Pretende, ainda, alterar outros 11 pontos que o governo considera críticos.
O senador Jorge Viana (PT-AC) afirmou que hoje Izabella apresentará à base na Casa cinco dos 11 pontos. De acordo com o senador, a avaliação do governo é que, se o decreto for prorrogado por quatro meses, o governo continuará refém dos ruralistas. Mas, diante da iminência da ilegalidade, os representantes dos produtores tenderiam a aceitar um consenso. A presidente reconheceu que o governo entrou atrasado na discussão da Câmara. Agora é preciso uma negociação entre Câmara, governo e Senado, disse. Se o governo não conseguir derrubar a Emenda nº 164 e pontos da redação do código, o Planalto estuda editar decreto com teor diferente do atual, em vigência. O novo poderia conter janelas com pontos comuns acordados durante a votação na Câmara.
Impeachment ausente na memória seletiva da Casa
O Senado reinaugurou ontem o túnel do tempo, com mostra de 16 painéis que narram a história do Congresso com o cuidado de uma memória seletiva. No quadro destinado à década de 1990, os historiadores responsáveis pelo projeto destacaram na linha do tempo o ano de 1991 e só retomaram a narrativa em 1997, pulando o episódio do impeachment de Fernando Collor, parlamentar em atividade no Senado que foi afastado da Presidência da República em 1992, após decisão do Congresso Nacional.
Inflação eleva pessimismo
A inflação persistente ao longo dos últimos meses fez com que o brasileiro atingisse o seu nível máximo de insatisfação com a carestia em quase 10 anos. Pesquisa da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que 71% dos consumidores acreditam que os preços continuarão subindo até o fim do ano. O pessimismo dos entrevistados revela um descrédito nas medidas adotadas pelo governo até agora para conter o dragão. Embora as autoridades venham se empenhando em fazer declarações tranquilizadoras sobre o controle inflacionário, o que está determinando a opinião pública é mesmo o dinheiro que começa a faltar no bolso e os itens básicos que já precisam ser retirados do carrinho de compras no supermercado.
Intervenção nas áreas de conflito
O governo poderá dar proteção policial às lideranças camponesas ameaçadas de morte na Região Norte do país e estuda a possibilidade de decretar uma espécie de intervenção federal em uma área de fronteira entre o Acre, Rondônia e o Amazonas. As medidas foram anunciadas ontem, após uma reunião de ministros com o presidente em exercício, Michel Temer. No encontro, foram discutidos os quatro assassinatos de ambientalistas ocorridos no Pará e em Rondônia na semana passada. A reunião, determinada pela presidente Dilma Rousseff horas antes de ela embarcar para o Uruguai, tinha como meta encontrar meios para cessar a violência na região, que está associada aos desmatamentos ilegais e à regularização fundiária.
Situação oposta no Senado
A tentativa da Câmara de barrar as manobras e diminuir os prejuízos causados pelas empresas terceirizadas é diferente do que ocorre no Senado. Desde o início da atual legislatura, a Casa realizou contratações milionárias com dispensa de licitações e concedeu aditivos a preços previstos inicialmente.
Uma das beneficiadas é a Brasfort, responsável pelo fornecimento de mão de obra de condutores de veículos. Um contrato emergencial assinado em 11 de março no valor de R$ 3,6 milhões admitiu 73 motoristas executivos, quatro motociclistas e um encarregado-geral ao quadro de funcionários terceirizados. O valor pago corresponde a um salário médio de R$ 7,8 mil por condutor. Apesar das denúncias de que o contrato está com preço muito acima do mercado, a empresa continua prestando serviços à Casa.
Telhado de vidro no Senado
Licenças ambientais concedidas pelo governo de Blairo Maggi (PR) levaram ao descontrole das queimadas em Mato Grosso, no fim de 2007. O fogo consumiu parques e reservas da Amazônia e do Cerrado. Levou diversas cidades a declararem estado de calamidade pública, cancelou aulas, superlotou hospitais públicos. Em Joinville (SC), o então prefeito Luiz Henrique da Silveira (PMDB) autorizou a retirada da vegetação de um mangue para a instalação de um loteamento privado, com 319 lotes. A Rua Guanabara foi prolongada e asfaltada à revelia de ordem judicial. Já o senador João Ribeiro (PR-TO) ergueu edificações à margem do lago da usina de Lajeado, a 55km de Palmas. As obras foram feitas numa Área de Preservação Permanente, levaram a desmatamentos ilegais e deram início a erosões à beira do lago.
As três ocorrências de crimes ambientais estão documentadas em investigações da Polícia Federal e do Ministério Público Federal. Citados como responsáveis pelos crimes, os senadores Blairo Maggi, Luiz Henrique e João Ribeiro têm foro privilegiado e passaram a ser investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Henrique, inclusive, já é réu na ação penal. Os parlamentares vão apreciar o texto do Código Florestal Brasileiro, que deve chegar esta semana ao Senado. Aprovado na Câmara com permissão de atividades agrárias em APPs, anistia a desmatadores e dispensa de reserva em pequenas propriedades, o código será acompanhado de perto por Blairo e Luiz Henrique. O primeiro prepara emendas. O segundo deve ser o relator na Comissão de Constituição e Justiça.
Viagem ao Uruguai
A presidente Dilma Rousseff fez ontem sua terceira viagem oficial internacional desde que assumiu o cargo, em 1º de janeiro. O destino desta vez foi Montevidéu, capital do Uruguai, onde se reuniu com o presidente José Mujica (foto). A cerimônia de transmissão do cargo para o vice Michel Temer ocorreu na Base Aérea de Brasília. Ele assumiu a função interinamente até o começo da noite, quando a presidente retornou ao Brasil. Dilma e Mujica assinaram 16 termos de cooperação bilateral em áreas de infraestrutura, saúde, educação, cultura, conservação do patrimônio, segurança pública, defesa civil, entre outras. Antes, ela visitou as futuras instalações do Centro de Desenvolvimento de Conteúdos e TV Digital do Laboratório Tecnológico do Uruguai, que adotou o padrão de televisão digital nipo-brasileiro. Eles também se comprometeram a reativar a conexão ferroviária entre os dois países, nos trechos Santana do Livramento Cacequi (RS) e Rivera Montevidéu, além de acelerar as obras da ponte sobre o Rio Jaguarão.
O Globo
Aumento recorde de emissão de gás-estufa
As emissões de gases do efeito estufa (GEE) atingiram novo recorde no ano passado após breve queda em 2009 devido à crise econômica global, revela estimativa da Agência Internacional de Energia (AIE) divulgada ontem. Segundo a AIE, 30,6 bilhões de toneladas, ou gigatoneladas (Gt), de dióxido de carbono (CO2) foram lançadas na atmosfera em 2010, 1,6 Gt a mais do que no ano anterior e 5% acima do antigo recorde de 29,3 Gt registrado em 2008.
O crescimento das emissões coloca em risco o objetivo de limitar em 2 graus Celsius o aumento da temperatura média global até o fim do século frente à registrada antes da era industrial, conforme acordado na reunião do clima da Organização das Nações Unidas realizada em Cancún no fim do ano passado. Um aumento superior a 2 graus Celsius já implica, por exemplo, no desaparecimento dos países insulares.
Pioneira, Alemanha fechará todas as usinas nucleareas
Amanobra é ousada – transformar-se na primeira grande potência industrial a renunciar à energia nuclear – e causou divergências não só na União Europeia, como dentro da Alemanha, onde críticos a acusam de ter caráter eleitoreiro. Apesar das opiniões contrárias, o governo da chanceler federal Angela Merkel anunciou ontem que todas as 17 usinas nucleares da Alemanha – país onde foi realizada a primeira fissão do átomo em 1939 – serão desativadas até 2022. Dizendo-se movida pelo drama do acidente nuclear de Fukushima, no Japão, Merkel seguiu o parecer de uma comissão de ética, prometendo investir em fontes de energia renováveis.
Reconciliação chapa-branca
BRASÍLIA. Era para ser a imagem pública da conciliação e da prova de que o mal-estar da semana passada entre a presidente Dilma Rousseff e o vice, Michel Temer, havia ficado para trás. Mas o clima passado pelas imagens oficiais e pelo silêncio de ambos não era de entusiasmo. Antes de embarcar para o Uruguai, Dilma passou o cargo para Temer, na Base Aérea de Brasília, posando para uma foto formal, com tapinhas nas costas. Só o fotógrafo da Presidência pôde registrar a cena, e apenas uma foto foi divulgada. À noite, Temer recebeu para jantar no Palácio do Jaburu os senadores do PMDB, que levaram queixas e sugestões sobre a articulação política do governo.
‘Pediram socorro até a última hora’
Integrando agora uma força-tarefa para descobrir os matadores dos ambientalistas José Cláudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo, as polícias Civil do Pará e a Federal deixaram de lado, antes do assassinato, denúncias feitas pelo casal, constantemente ameaçado por grileiros e desmatadores da região. A reclamação foi feita por familiares e amigos dos dois ambientalistas. Reunidos ontem para homenagear o casal, morto numa emboscada na última terça-feira, parentes e amigos disseram que os episódios foram relatados inúmeras vezes, mas ficaram sem investigação. Nos últimos 15 anos, 14 pessoas ameaçadas de morte no Pará por conflitos agrários foram assassinadas por ano no estado, em média.
Agricultor executado em RO denunciou ameaças
BRASÍLIA e PORTO ALEGRE. Autoridades do Amazonas foram alertadas pela Ouvidoria Agrária Nacional das ameaças de morte contra Adelino Ramos, assassinado na última sexta-feira em Vista Alegre do Abunã, na divisa entre Rondônia, Acre e o Amazonas. O ouvidor agrário, Gercino José da Silva, afirmou ontem ao GLOBO que pediu várias vezes providências e proteção à vida de Adelino, conhecido como Dinho e que presidiu o Movimento Camponeses Corumbiara e a Associação dos Camponeses do Amazonas.
Agronegócio comemora sob protestos
SÃO PAULO. Enquanto integrantes do Greenpeace protestavam ontem contra a aprovação do Código Florestal em frente a um hotel de São Paulo, representantes do setor de agronegócio comemoravam a votação do projeto na Câmara dos Deputados e se mostravam otimistas em relação à votação da matéria no Senado, em evento realizado dentro do mesmo edifício. Para eles, o Senado vai manter o que foi votado na Câmara, e a presidente Dilma Rousseff não vetará a proposta.
O XXI Fórum da Associação Brasileira de Agronegócio (Abag) reuniu cerca de 160 produtores agrícolas, que elogiaram o relator do projeto, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). Ele cancelou sua participação no encontro na última hora.
Ciro critica intervenção de Lula
FORTALEZA. Sem mandato há seis meses, o ex-deputado federal Ciro Gomes (PSB) criticou o ex-presidente Lula pela falta de discrição ao aparecer em Brasília, semana passada, na tentativa de conter a crise envolvendo o ministro Antonio Palocci. Para Ciro, Lula cometeu um erro e pode ter prejudicado o capital político da presidente Dilma Rousseff (PT).
– Ele cometeu um erro: se quer ajudar, faça isso pelo telefone, discretamente. Essa ida a Brasília liquida com qualquer capital político que a Dilma possa e deva acumular, que é inerente à liderança que ela tem como presidente – disse ele, após participar de um evento sobre economia verde na Assembleia do Ceará.
Da guerrilha à Presidência, aqui como lá
Depois de semanas adiando viagens por causa de uma pneumonia, a presidente Dilma Rousseff retomou ontem a agenda política para reforçar o Mercosul, que completa 20 anos. Em Montevidéu, ao lado do presidente José Mujica, Dilma assinou 16 acordos de cooperação. Tanto Dilma quanto Mujica foram guerrilheiros contra ditaduras e foram presos: ela, por quase três anos, e ele, por 14.
– A convergência política entre os dois governos, assim como o grande dinamismo de suas economias e o fato de que somos democracias estáveis, que respeitam contratos e direitos humanos, criam um ambiente fraterno e o contexto ideal para que aprofundemos nossa relação – disse a presidente, que fez um comunicado conjunto com Mujica, sem entrevistas.
Desde 1996, 212 assassinatos no Pará
MARABÁ E NOVA IPIXUNA (PA). Palco do assassinato de 19 sem-terra em 1996, no episódio que ficou conhecido como o massacre de Eldorado dos Carajás, o Pará continuou escrevendo páginas horrendas de violência no campo. De lá para cá, nada menos que 212 pessoas foram assassinadas em conflitos agrários, a exemplo de José Cláudio e Maria do Espírito Santo. Na média, desde 1996, foram 14 execuções por ano. Outras 809 sofreram ameaças de morte. Os dados constam de levantamentos da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que avalia a situação na região de Marabá, onde o casal de ambientalistas foi morto, como a pior do estado.
FH defende em filme descriminalizar maconha
SÃO PAULO. O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu ontem que o país inicie um debate profundo sobre a descriminalização da maconha para enfrentar a guerra contra as drogas. O desafio foi proposto no pré-lançamento do documentário “Quebrando o tabu”, em que FH é o protagonista. Uma cópia do filme, que chega aos cinemas na próxima sexta-feira, foi enviada, a pedido de FH, à presidente Dilma Rousseff.
– Não estamos falando de um criminoso, mas de muitos próximos de nós. A gente finge que não é. É comodismo. A gente tem de sacudir a sociedade – disse FH após exibição do documentário, à noite, em São Paulo.
Governo agora diz que vai priorizar proteção a ameaçados de morte
BRASÍLIA. Depois de quatro mortes por conflito de terra na semana passada, o governo federal fez ontem uma reunião de emergência para adotar medidas contra os assassinatos na região amazônica. Coordenada pelo presidente em exercício, Michel Temer, e com a presença de três ministros e três secretários executivos, o grupo decidiu intensificar a operação Arco de Fogo, lançada em fevereiro de 2008 com o objetivo de coibir o desmatamento ilegal na Amazônia. Além disso, de imediato, o governo liberou recursos para o pagamento de diárias a fiscais e deslocamento de pessoal para atuar no local.
Segundo o secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Roberto Vizentin, também foi decidido que, agora, a prioridade máxima será a proteção de pessoas ameaçadas. Foi posta sobre a mesa a lista da Pastoral da Terra com nome de pessoas ameaçadas e denúncias recebidas pela polícia. O cadastro será atualizado emergencialmente para que ninguém fique fora da proteção, cuja estratégia será montada pela Polícia Federal, também presente à reunião.
Governo não associa crimes com aprovação do código
O ministro disse que o governo federal não associa os crimes no campo com a votação do Código Florestal, que beneficiou os agropecuaristas em detrimento dos ambientalistas:
– O debate sobre o Código Florestal é outra dinâmica. Não são de agora o conflito de terra e demandas insustentáveis de desenvolvimento na região.
As medidas definidas ontem ainda serão submetidas à presidente Dilma, mas Temer já garantiu que não haverá contingenciamento de recursos para que a estratégia montada seja cumprida. Presente à reunião, o ministro interino da Justiça, Luiz Paulo Barreto, confirmou que a contenção de despesas anunciada pelo governo em março não irá prejudicar as ações no campo. E informou que policiais civis da Força Nacional de Segurança irão ajudar os estados na solução de crimes que sequer são investigados.
O ‘acidente’ do impeachment de Collor
BRASÍLIA. Após passar por um processo de revitalização, a exposição do chamado “Túnel do Tempo” do Senado – um conjunto de 16 painéis nos quais a instituição se propõe a retratar os principais fatos da História do Congresso Nacional, desde a instalação do Senado em 1822 – suprimiu decisões mais recentes tomadas pelos senadores, como a aprovação, em 1992, do impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello, agora senador pelo PTB de Alagoas. Ao justificar a omissão, durante a reinauguração da exposição, ontem, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), classificou o impeachment como “um acidente” que não deveria ter ocorrido.
Oposição vai insistir em instalar CPI
BRASÍLIA. A oposição retoma hoje a estratégia de tentar convocar o ministro Antonio Palocci (Casa Civil), seja nas comissões permanentes ou por meio de CPI mista nas duas Casas, para que ele explique seu aumento patrimonial e sua atuação como consultor. Os oposicionistas contam com fatos novos para convencer parlamentares governistas a assinar. Eles não conseguiram ainda assinaturas suficientes para criar a CPI.
Até agora, na Câmara, pouco mais de cem deputados, segundo os coletores, assinaram o pedido de CPI. No Senado, o requerimento tem assinaturas de 18 senadores – 11 do PSDB, 4 do DEM, 2 do PSOL e a do peemedebista Jarbas Vasconcelos (PE). O senador Clésio Andrade (PR-MG) retirou seu nome, e o senador Itamar Franco (PPS-MG), doente, não assinou. São necessárias 171 assinaturas de deputados e 27 de senadores.
Procurador espera mais informações de Palocci
BRASÍLIA. O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, aguarda um segundo pacote de informações sobre o funcionamento da empresa de consultoria do ministro Antonio Palocci para decidir se abre ou não investigação criminal contra o chefe da Casa Civil. Palocci tem 15 dias – a partir da última quinta-feira – para esclarecer os motivos pelos quais uma operação da empresa Projeto foi considerada atípica pelo Ministério da Fazenda e apresentar detalhes sobre o preço e a natureza dos serviços de consultoria que prestou enquanto era deputado federal. Ontem, o presidente da OAB, Ophir Cavalcanti, defendeu que Palocci se afaste do cargo.
PT suspende Serys por infidelidade
CUIABÁ. O PT de Mato Grosso suspendeu a ex-senadora Serys Slhessarenko por um ano pela acusação de infidelidade partidária. A suspensão foi votada na noite de domingo. Ela vai recorrer da decisão na executiva nacional. Se não conseguir reverter a pena, a ex-congressista não poderá disputar a eleição em 2012, já que, para concorrer, precisa estar em plena atividade partidária no dia 1º de outubro do ano anterior ao pleito. O relatório da comissão de ética recomendava a expulsão.
Sarney: contra anistia a desmatadores
BRASÍLIA. O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse ontem ser contra a anistia a proprietários rurais que desmataram em Áreas de Preservação Permanentes (APPs), considerada um dos pontos mais polêmicos da reforma do Código Florestal aprovada semana passada pela Câmara. Sarney disse, porém, que é um ponto de vista pessoal, mas sinalizou que o PMDB do Senado poderá aceitar a proposta defendida pelo governo, não a adotada pelos peemedebistas da Câmara.
Dilma e Temer se reconciliam em foto oficial
BRASÍLIA. Era para ser a imagem pública da conciliação e da prova de que o mal-estar da semana passada entre a presidente Dilma Rousseff e o vice, Michel Temer, havia ficado para trás. Mas o clima passado pelas imagens oficiais e pelo silêncio de ambos não era de entusiasmo. Antes de embarcar para o Uruguai, Dilma passou o cargo para Temer, na Base Aérea de Brasília, posando para uma foto formal, com tapinhas nas costas. Só o fotógrafo da Presidência pôde registrar a cena, e apenas uma foto foi divulgada. À noite, Temer recebeu para jantar no Palácio do Jaburu os senadores do PMDB, que levaram queixas e sugestões sobre a articulação política do governo.
Sem proteção, 14 ameaçados morrem por ano no Pará
MARABÁ E NOVA IPIXUNA (PA). Palco do assassinato de 19 sem-terra em 1996, no episódio que ficou conhecido como o massacre de Eldorado dos Carajás, o Pará continuou escrevendo páginas horrendas de violência no campo. De lá para cá, nada menos que 212 pessoas foram assassinadas em conflitos agrários, a exemplo de José Cláudio e Maria do Espírito Santo. Na média, desde 1996, foram 14 execuções por ano. Outras 809 sofreram ameaças de morte. Os dados constam de levantamentos da Comissão Pastoral da Terra (CPT), que avalia a situação na região de Marabá, onde o casal de ambientalistas foi morto, como a pior do estado.
Serra diz que não foi derrotado na convenção tucana
SÃO PAULO. O ex-governador José Serra (PSDB) usou ontem o Twitter para dizer que é um erro considerar que ele foi derrotado na convenção do PSDB do último sábado e considerou ser “um tiro no pé” trazer a disputa de 2014 para 2011. Para ele, não existe “esmagamento” de grupos internos no seu partido.
“Tenho insistido muito nisso: é um erro grave trazer as eventuais disputas de 2014 para 2011. Para a oposição, é o popular “tiro no pé””, disse Serra, complementando: “O esmagamento de grupos do PSDB por outros grupos do PSDB só existe no mundo virtual. Se não fosse virtual, seria vitória de Pirro”, afirmou no Twitter.
Suspeito de crime é preso em Rondônia
MANAUS. O agricultor Ozéas Vicente Machado, de 38anos, principal suspeito do assassinato do líder do Movimento Camponês Corumbiara (MCC), Adelino Ramos, na sexta-feira passada, se entregou à polícia de Rondônia ontem. Adelino era conhecido por denunciar madeireiros ilegais na Amazônia. Ele era um dos sobreviventes do massacre de Corumbiara, em 1995.
Ao depor, o agricultor negou o crime e disse que se apresentou para prestar esclarecimentos. Ele acabou sendo preso, porque a polícia conseguiu um mandado de prisão preventiva baseado em relatos de testemunhas do crime.
Folha de S. Paulo
Aliados cobram mais poder de decisão no governo Dilma
Aliados de diferentes partidos aconselharam a presidente Dilma Rousseff a trazer o vice-presidente Michel Temer (PMDB) para o centro das decisões do governo e retomar discussões com os peemedebistas sobre cargos no segundo escalão.
Essa seria, segundo visão predominante, a melhor forma de tentar contornar a crise aberta com o enfraquecimento do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.
Cresce pressão no governo para Palocci se explicar
Cresceu nos últimos dias a pressão no governo para que o chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, dê explicações públicas sobre as operações de sua empresa, a Projeto, e as circunstâncias que a levaram a faturar R$ 20 milhões só em 2010.
Segundo a Folha apurou, alguns ministros aconselharam Palocci a prestar esclarecimentos à sociedade por meio da imprensa. O ex-presidente Lula também sugeriu algo semelhante.
Interferência de Lula na crise foi um erro, afirma Ciro
O ex-deputado federal Ciro Gomes (PSB) criticou ontem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pela “interferência” na crise que envolve o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.
“O Lula tem [cometido] esse equívoco. Na minha opinião, ele cometeu um erro. Se ele quer ajudar, [que] faça isso pelo telefone, discretamente”, afirmou, em entrevista ao portal cearense “Jangadeiro Online”.
Cardozo vê “muita fumaça e pouca fagulha”
Em visita de pouco mais de cinco horas a Montevidéu, a presidente Dilma Rousseff evitou contato com a imprensa ontem. Já os ministros que integravam a comitiva presidencial se irritaram com perguntas sobre o ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.
“Para a Polícia Federal, não há crime, por isso ele não será investigado. Há muita fumaça para pouca fagulha”, disse o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. “Já que a agenda de vocês é essa, eu não falo”, disse, ríspido, Paulo Bernardo (Comunicações).
Procuradoria do DF pede dados sobre empresa
O Ministério Público Federal requisitou na última sexta-feira à consultoria do ministro da Casa Civil, Antonio Palocci, e à Receita Federal a entrega de documentos que possam comprovar a receita e os clientes da empresa.
A Projeto e a Receita agora têm até o próximo dia 16 para entregar a resposta aos ofícios encaminhados pelo procurador da República no Distrito Federal Paulo José Rocha Júnior, que abriu em Brasília uma investigação preliminar sobre o enriquecimento de Palocci.
Tucanos são citados em investigação em Campinas
Políticos vinculados ao PSDB e à Sabesp, empresa de saneamento do Estado de São Paulo, foram mencionados na investigação do Ministério Público de Campinas que apura supostas fraudes em licitações e pagamento de propina em troca de contratos públicos.
Em uma das conversas gravadas, o empresário da Saenge Luiz Arnaldo Mayer, um dos acusados, pergunta a um interlocutor quem estava “intercedendo” nos negócios do empresário José Carlos Cepera, também investigado.
Palocci 50
Das duas, uma: ou o ministro não faturou esses R$ 20 mi ou o seu patrimônio não aumentou 20 vezes
SE ACEITA A explicação de Lula para o caso Palocci, trata-se de um acerto de contas da imprensa com o ministro, mas pior do que o erro habitual de Lula é o desacerto de contas da imprensa.
A notícia de que o então deputado Antonio Palocci comprara, quando no exercício do mandato, um escritório por R$ 882 mil e um apartamento por R$ 6,6 milhões, foi acompanhada da informação de que assim aumentara o seu patrimônio em 20 vezes.
Sarney diz que impeachment foi “acidente”; mostra exclui episódio
O Senado excluiu o processo de impeachment do ex-presidente e senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) da galeria de imagens da Casa, que conta a história da instituição desde o Império até os dias atuais.
Ao reinaugurar ontem o espaço, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse que o impeachment “não é tão marcante” e foi “apenas um acidente”.
Chamada de “Túnel do Tempo”, a galeria, com 16 painéis, fica em um corredor entre os gabinetes dos senadores e o plenário. É um dos lugares mais visitados da Casa. O espaço passou por reforma, sem custos, segundo a Secretaria de Imprensa.
Em 2007, às vésperas da posse de Collor no Senado, a Casa já havia retirado as referências ao caso, mas recuou.
Conselho será novo foco de disputa entre Aécio e Serra
O Conselho Político do PSDB, órgão que já existia na estrutura do partido, mas que agora foi repaginado para acomodar José Serra, tem tudo para ser o próximo foco de disputas no partido.
Desde a composição até a indefinição sobre orçamento e estrutura do novo órgão, passando pelas suas atribuições, tudo foi feito de modo a suscitar novas quedas de braço entre Serra e Aécio Neves, hoje os dois polos que duelam pelo poder.
PSDB cogita candidatura própria em BH em 2012
O PSDB de Minas cogita lançar candidato próprio à Prefeitura de Belo Horizonte em 2012, desfazendo a aliança que mantém com o PSB, do atual prefeito da capital, Márcio Lacerda (PSB).
A Folha apurou que os tucanos gostariam de manter a coligação formada em 2008 para eleger o socialista, mas o PT, que também participa do governo e ocupa o cargo de vice-prefeito, descarta a possibilidade.
Medidas do BC encarecem e freiam crédito
As condições de financiamento tiveram nova piora por conta das medidas anunciadas pelo governo desde novembro para segurar o consumo e a inflação.
Pesquisa mensal do Banco Central mostra que os juros bancários subiram pelo 5º mês consecutivo em abril e tiveram nova alta nas duas primeiras semanas de maio. A taxa média de 39,8% ao ano, no final do mês passado, é a maior em 48 meses.
Presidente do BNDES propõe desindexar contratos de serviços
DO RIO – O presidente do BNDES, Luciano Coutinho, defendeu a revisão de contratos atrelados a índices de inflação para que o país possa se livrar da indexação. “Temos de desindexar a economia brasileira, mas sempre respeitando os contratos”, disse.
Para Coutinho, porém, a mudança só pode ser feita sob o “ensejo das revisões tarifárias” previstas em vários contratos de concessão -como os de energia, telefonia e outros.
Governo cria grupo para conter mortes na Amazônia
Depois de quatro mortes ligadas ao conflito agrário na Amazônia na última semana, o governo anunciou ontem que um grupo interministerial irá analisar o assunto, mas não detalhou como pretende reduzir o problema.
De concreto, o grupo reunido pelo presidente interino, Michel Temer, definiu apenas a liberação imediata de pouco mais de R$ 500 mil para viagens e diárias de funcionários do Incra das superintendências do Amazonas e de Marabá (PA)
Região é o “faroeste brasileiro”, diz pastoral
A região onde fazem divisa os Estados de Amazonas, Rondônia e Acre se tornou um “faroeste brasileiro”, onde grileiros e pistoleiros se aproveitam da ausência estatal para agir impunemente, segundo a CPT (Comissão Pastoral da Terra).
É nessa área que o governo federal promete intensificar operações de fiscalização e de regularização fundiária em resposta à morte de quatro lideranças agrárias na região Norte na última semana.
Líder extrativista assassinado fez alerta ao Incra
Quase seis meses antes de ser assassinado uma emboscada em Nova Ipixuna (PA), o líder extrativista José Claudio Ribeiro da Silva denunciou ao Incra (Instituto Nacional da Colonização e Reforma Agrária) que lotes do assentamento que ajudou a criar estavam ocupados por falsos assentados.
As denúncias foram feitas em dezembro do ano passado. Elas nomeiam os suspeitos, narram violências sofridas por assentados e pedem que o Incra intervenha nos conflitos.
Crimes no PA são frutos da impunidade, afirma bispo
Mais um episódio da guerra no campo. Assim Dom Pedro Casaldáliga define o assassinato dos líderes extrativistas José Claudio Ribeiro da Silva e Maria do Espírito Santo da Silva, ocorrido na semana passada no Pará.
Fundador da Comissão Pastoral da Terra e do Conselho Indigenista Missionário, o bispo ganhou notoriedade internacional ao denunciar brutalidades de madeireiros, policiais e grandes proprietários rurais no período da ditadura militar. Agora, aos 83 anos, o bispo emérito de São Félix do Araguaia (MT) segue fazendo o seu diagnóstico do país.
Principal suspeito de assassinar sem-terra é preso
DE SÃO PAULO – O principal suspeito de assassinar o líder sem-terra Adelino Ramos, 57, do MCC (Movimento Camponês Corumbiara), foi preso ontem em Extrema de Rondônia, perto de Porto Velho. Ele deve ser interrogado hoje.
Ozeas Vicente, 38, se entregou. Segundo a Polícia Civil, ele coordenava o transporte de madeira cortada ilegalmente em assentamentos da divisa entre Amazonas e Rondônia. Ramos foi morto na última sexta-feira. Segundo a polícia, a motivação do crime foi vingança. Ramos teria denunciado Vicente ao Ibama por extração ilegal de madeira.
Assembleia escolhe André Sturm como novo diretor do MIS
O proprietário do Cine Belas Artes, André Sturm, foi escolhido ontem o novo diretor do Museu da Imagem e do Som (MIS) em assembleia do Conselho Administrativo da organização social responsável pela instituição.
A informação foi dada pelo secretário estadual da Cultura, Andrea Matarazzo. A ata deve ser publicada amanhã. “Vamos ampliar a abrangência do MIS mantendo-o na vanguarda”, disse.
Leia também