Folha de S. Paulo
Atos violentos extrapolam limites, diz Marina Silva
Maior beneficiária do abalo que as manifestações de rua causaram no mundo político, a ex-senadora Marina Silva, 55, diz que os protestos que recorrem à violência “extrapolam” os limites da desobediência civil aceitável.
Tendo saltado de 16% para 26% das intenções de voto, ela diz que foi um “erro em todos os aspectos” a presença de um membro da Rede na depredação do Itamaraty. “No Estado Democrático de Direito existem regras.”
Ela também diz acreditar que o apoio popular ao nome de Joaquim Barbosa à Presidência representa mais um desejo de justiça que uma real aspiração de que o relator do mensalão comande o país: “Desejos por messias não são bons em hipótese alguma”.
Economistas explicam Marina a empresários
O avanço de Marina Silva nas pesquisas de intenção de voto para a eleição presidencial de 2014 tem levado empresários e banqueiros a procurar o pequeno grupo de economistas que a assessora.
Os interlocutores da ex-senadora afirmam que o setor privado a considera uma incógnita e tentam esclarecer dúvidas a respeito de um possível governo Marina. Terceira colocada na disputa de 2010, ela tem hoje a preferência de 26% dos eleitores e disputaria o segundo turno contra Dilma Rousseff.
PublicidadeLeia também
Governo do Egito propõe pôr oposição na ilegalidade
Cercada, detida e baleada, a Irmandade Muçulmana no Egito enfrenta agora o risco de tornar-se, mais uma vez, uma organização perseguida e relegada ao subterrâneo das negociações políticas.
Centenas de seus simpatizantes foram mortos neste mês, durante a repressão do Exército, e sua liderança se esconde diante do risco de uma nova rodada de prisões.
Hazem al-Beblawi, premiê interino do Egito, propôs ontem que a organização islamita seja dissolvida, o que significaria sua volta à ilegalidade. Ele afirmou na TV que “nenhuma reconciliação será feita com aqueles que tiveram as mãos manchadas de sangue”.
Dilma respeita lista e escolhe Janot para a Procuradoria
A presidente Dilma Rousseff escolheu ontem Rodrigo Janot para assumir a Procuradoria-Geral da República, no lugar de Roberto Gurgel. Janot, 56, agora será submetido a sabatina no Senado, antes de ser oficializado no cargo. Até seu nome ser aprovado, fica no posto a procuradora Helenita Acioli, vice-presidente do Conselho Nacional do Ministério Público.
Favorito desde o início, o mineiro era o primeiro colocado na lista tríplice encaminhada à Presidência pela ANPR (Associação Nacional dos Procuradores da República). Nas últimas semanas, contudo, Dilma passou a sabatinar os três integrantes da lista –desejava nomear uma mulher para comandar o Ministério Público Federal.
Veja esta notícia no Congresso em Foco
Mulheres já são maioria entre médicos com menos de 29 anos
A medicina brasileira está se transformando numa profissão majoritariamente feminina. A tendência começou em 2006 e se consolidou a partir de 2008. Em 2011, 54% dos 14.634 médicos formados no país foram mulheres.
Entre os alunos que ingressaram em cursos de medicina em 2011, as mulheres representaram 56% do total, indicando que a participação delas só tende a aumentar.
Os dados vêm de dois trabalhos inéditos da USP, que analisaram bancos de dados do CFM (Conselho Federal de Medicina) e do Censo da Educação Superior do Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais).
Fora do Eixo deixou rastro de calotes na origem em Cuiabá
O pacote de notas multicoloridas, semelhantes às de jogos de tabuleiro, enche uma gaveta no caixa do restaurante de José Ignácio Lima, no centro de Cuiabá. O que os papéis representam, porém, está longe de ser brincadeira. “São R$ 21 mil, ou quase 2.000 refeições, que tento receber há três anos, sem sucesso”, diz Lima.
As notas, de 1, 5, 10 e 50, são Cubo Cards, “moeda alternativa” lançada em 2003 pelo Espaço Cubo, grupo cultural mato-grossense que foi o embrião do grupo Fora do Eixo, hoje sediado em São Paulo e com braços pelo país.
Cartel pode ter atuado em mais 5 capitais
Documentos apreendidos pelo Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) indicam que as investigações sobre o cartel que operou em licitações de trens e metrô em São Paulo e no Distrito Federal poderão se estender a outras cinco capitais: Cuiabá, Fortaleza, Recife, Rio de Janeiro e Salvador.
O material dessas cidades foi obtido nas operações de busca e apreensão realizadas em julho em dez empresas acusadas pela multinacional alemã Siemens de participação num esquema criado para fraudar concorrências.
TCU vai julgar falhas no metrô de Salvador
O metrô de Salvador –uma obra que se arrasta há 13 anos e já consumiu R$ 1 bilhão– está na mira do TCU (Tribunal de Contas da União) por indícios de superfaturamento e falhas na construção.
Investigada por formação de cartel no setor de ferrovias em São Paulo e Distrito Federal, a Siemens integra o consórcio responsável pela obra, ao lado da Camargo Corrêa e da Andrade Gutierrez.
Em auditoria concluída no final de 2012, o TCU apontou a existência de um superfaturamento de R$ 166 milhões na obra (R$ 400 milhões, em valores corrigidos).
Policial ‘gente boa’ atenua conflitos no Rio
Desde que ele começou a circular nos protestos no Rio, não houve mais coquetéis molotov atirados contra a polícia. Os confrontos e as depredações diminuíram e ao menos quatro manifestações terminaram sem problemas.
O tenente-coronel da Polícia Militar Mauro Maciel de Andrade, 43, é o oficial à frente do recém-criado Grupamento de Policiamento de Proximidade em Multidões. A unidade, com 180 homens, foi criada após o confronto de 22 de julho em frente ao Palácio Guanabara, após a recepção ao papa Francisco.
Ministro apela ao Congresso para manutenção de vetos
O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) fez ontem um apelo para que o Congresso não ceda à pressão de financiadores de campanha e mantenha o veto ao projeto que acaba a multa adicional de 10% sobre o saldo do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) nas demissões sem justa causa.
Defendida por empresários, o fim da multa adicional foi vetado pela presidente Dilma Rousseff sob o argumento que impactaria um dos principais programas sociais do governo federal. A multa representa gasto extra de R$ 3 bilhões aos cofres da União e é destinada ao programa habitacional Minha Casa Minha Vida.
Ações sobre direitos do consumidor entopem STF
Influenciado em parte pelo boom econômico da classe média, o STF (Supremo Tribunal Federal) vivenciou nos últimos anos uma explosão de processos relacionados aos direitos do consumidor. Desde que a reforma do Poder Judiciário entrou em vigor, em meados dos anos 2000, as ações dessa natureza protocoladas na corte aumentaram quase 300%.
O índice é maior do que o verificado nos processos criminais ou relacionados à administração pública. O cenário está exposto na pesquisa “Supremo em Números”, compilada pela FGV Direito Rio com dados do próprio tribunal.
O Estado de S. Paulo
Gasto de estados com servidor está perto do limite
No momento em que Estados e municípios tentam acelerar investimentos, melhorar serviços públicos – demandas que ganharam mais peso após a onda de manifestações pelo País em junho – e reduzir gastos para manter suas estruturas, a forte ampliação nas despesas com pessoal nos últimos quatro anos tem restringido e até neutralizado esses esforços. O alerta abrange 20 das 27 unidades federativas do País e ajuda a elevar as pressões por mudanças na legislação fiscal.
Levantamento feito pelo Estado a partir dos relatórios de gestão fiscal enviados ao Tesouro Nacional mostra que essa despesa permanente cresceu acima da inflação desde 2009. Vinte unidades federativas já superaram 90% do chamado limite prudencial destinado a gastos com folha salarial (46,55% da receita). Esse é o segundo dos três tetos previstos para os Poderes Executivos na Lei de Responsabilidade Fiscal.
Sete governos já cruzaram ‘sinal amarelo’ dos custos com pessoal
Os dados levantados pelo Estado nos relatórios de gestão fiscal, entre 2009 e 2012, mostram que sete unidades da Federação já ultrapassaram o chamado limite prudencial de gastos com pessoal, previsto na Lei de Responsabilidade Fiscal. Alagoas, Mato Grosso, Paraíba, Paraná, Rio Grande do Norte, Sergipe e Tocantins deixaram para trás o limite de alerta de comprometimento de até 46,55% de suas receitas, como manda a lei.
Quando considerado o resultado dos primeiros quatro meses de 2013, Santa Catarina também passa a figurar nesta lista dos Estados que cruzaram o “sinal amarelo”. E três Estados extrapolam o limite máximo, o teto que deveria ser intransponível, de 49% das despesas estabelecidas na lei fiscal: Alagoas, Paraíba e Tocantins. Somados, os 26 Estados e o Distrito Federal chegaram ao total de R$ 187,42 bilhões em despesas com pessoal no primeiro quadrimestre deste ano.
“Banco do Brasil tem papel de governo”, diz dirigente
O presidente do Banco do Brasil, Aldemir Bendine, não dá bola para os críticos e afirma sem rodeios: o banco é, sim, um braço do governo na aplicação da política econômica. “Eu resgatei um pouco esse papel do Banco do Brasil enquanto agente de desenvolvimento econômico e social. Quer dizer; ele tem um papel de governo, de fato. Bendine sabe que muitos enxergam o risco de que o banco seja administrado de acordo com as conveniências do governo. Nos anos 90, o uso político quase quebrou o BB. Ele mesmo assumiu a instituição em 2009, na fase mais aguda da crise financeira global, com a missão de executar duas tarefas da agenda do ex-presidente Lula: ampliar a oferta de crédito para estimular a economia e liderar uma competição mais aguerrida com os bancos privados, para forçá-los a reduzir os juros. Seu antecessor, Antonio Francisco de Lima Neto, não seguiu a cartilha do Planalto e foi ejetado do cargo.
Egito propõe a proibição da Irmandade Muçulmana
Depois de um cerco a militantes da Irmandade Muçulmana e intensos tiroteios durante toda a madrugada, o Exército do Egito ocupou ontem a mesquita de Al-Katah, a mais importante do Cairo, informa o enviado especial Andrei Netto. 0 conflito se estendeu pela tarde, com trocas de tiros de metralhadoras. Ainda ontem, o governo interino propôs declarar o grupo político e religioso ilegal no país. No período de 96 horas, os confrontos deixaram 800 mortos.
Inflação chegaria a 8% sem preços controlados
Nos 12 meses anteriores a julho, os chamados preços administrados, que são controlados pelo governo, subiram ínfimo 1,3%. Trata-se da taxa mais baixa desde a criação do sistema de metas da inflação, em 1999, Para os economistas, a forte retração indica que há algo estranho acontecendo porque nos preços livres, que seguem as leis da oferta e da procura, a alta foi muito maior no período: de 7,9%. “Não pode ser mera coincidência”, diz André Loes, economista-chefe do banco HSBC. “Ao que tudo indica, temos uma inflação represada nos preços administrados pelo governo.”
Operação Delegada da PM cai à metade em SP
0 número de policiais militares contratados pela Operação Delegada da Prefeitura de São Paulo caiu pela metade desde o início da gestão Fernando Haddad (PT). Vitrine do ex-prefeito Gilberto Kassab (PSD) e promessa de continuidade na campanha do petista, o projeto foi desidratado no primeiro semestre e seu contingente teve redução de 3.439 para 1.853 PMs. Com menos policiais na fiscalização, ambulantes tomam as mas e comerciantes cobram a volta do efetivo.
Classe média e Sudeste são focos de Dilma
Munida de diagnósticos feitos pela equipe de marketing sobre o cenário da disputa de 2014 captado pelas últimas pesquisas de intenção de votos a estagnação de Eduardo Campos (PSB) e o crescimento de Marina Silva (sem partido), a presidente Dilma Rousseff vai, a partir deste mês, dar prioridade a viagens pelo Sudeste e a agendas com eventos de interesse da classe média, como ensino técnico e mobilidade urbana.
O pior desempenho de Dilma, segundo a última sondagem do Datafolha, está entre o eleitorado com renda acima de 10 salários mínimos. Por conta disso,a agenda voltada à população carente com entregas de imóveis do Minha Casa, Minha Vida e benefícios do Bolsa Família dará lugar a cerimônias ligadas ao Pronatec (Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego), e ao PAC da Mobilidade Urbana.
PSB aumenta pressão sobre governador
A queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff após os protestos de junho empolgou parte do PSB, que quer convencer o governador Eduardo Campos (PE) a assumir a candidatura presidencial antes de 2014. O PSB paulista prega a saída do governo federal até o final de setembro. Dirigentes do Rio Grande do Sul acham que o partido deve iniciar 2014 já com o “time” oficialmente em campo.
O PSB de Brasília já se considera em campanha. “Não temos uma data para que o Eduardo se declare candidato. Mas temos a certeza de que ele disputará a Presidência. Por isso, já estamos em campanha”, afirmou o presidente do partido no DF, senador Rodrigo Rollemberg.
Descriminalização das drogas entra na pauta do PT para atrair jovens
Em campanha pela reeleição no comando do PT, o presidente da legenda, Rui Falcão, apresentou um pacote de atrativos para a juventude em seu programa, como a defesa da descriminalização das drogas leves, da liberdade sexual e da proteção aos jovens mais vulneráveis à violência urbana.
Na terça-feira, ao ser lançado candidato à reeleição ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília, Falcão afirmou que “toda questão que diz respeito à liberdade sexual, a questão da descriminalização das drogas leves, proteção à juventude, sobretudo à juventude negra – porque são entre 20 mil e 25 mil jovens negros assassinados por ano – e política ambiental voltada à redução das emissões devem ser preocupação constante do PT”.
Mais sobre drogas no Congresso em Foco
Aumento de despesas com servidores engessa investimentos nos Estados
No momento em que Estados e municípios tentam acelerar investimentos, melhorar serviços públicos – demandas que ganharam mais peso após a onda de manifestações pelo País em junho – e reduzir gastos para manter suas estruturas, a forte ampliação nas despesas com pessoal nos últimos quatro anos tem restringido e até neutralizado esses esforços. O alerta abrange 20 das 27 unidades federativas do País e ajuda a elevar as pressões por mudanças na legislação fiscal.
Advogados pedem ‘serenidade’ ao STF
Dois dos principais criminalistas do País, defensores de réus do mensalão, recomendam aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que “retomem o caminho da normalidade”. Márcio Thomaz Bastos, que representa a cúpula do Banco Rural, e José Luís Oliveira Lima, patrono do ex-ministro José Dirceu, destacam que a Corte máxima “sempre foi um ambiente de serenidade”.
Na quinta feira, o presidente do STF, Joaquim Barbosa, interrompeu a sessão em meio a um entrevero com o ministro Ricardo Lewandowski. Quase foram às vias de fato, segundo relatos. Barbosa atribuiu “chicanas” a Lewandowski e não se retratou. A advocacia está perplexa.
Câmara gastou R$ 3,3 mi com mensaleiros
Condenados no processo do mensalão,quatro deputados federais continuam em pleno exercício do mandato e a Câmara já gastou ao menos R$ 3,3 milhões com eles em 2013. João Paulo Cunha (PT-SP), José Ge-noino (PT-SP), Pedro Henry (PP-MT) e Valdemar Costa Neto (PR-SP) consumiram R$ 316 mil em verba indenizatória, além do salário mensal de R$ 26,7 mil e R$ 78 mil em verba de gabinete para manter funcionários de livre escolha.
O exercício do mandato por políticos condenados tem sido alvo de questionamentos, mas a tendência é que caberá à própria Câmara definir se após a conclusão da análise de recursos no STF os colegas poderão ou não continuar na função.
Rodrigo Janot é o novo procurador-geral
A presidente Dilma Rousseff escolheu Rodrigo Janot para o cargo de Procurador-Geral da República, em substituição a Roberto Gurgel, que deixou a função na última quinta-feira. Em nota oficial, a presidente Dilma, depois de destacar a “brilhante carreira” de Janot, disse considerar que ele “reúne todos os requisitos para chefiar o Ministério Público com independência, transparência e apego à Constituição”. Subprocurador-geral da República, Rodrigo Janot, de 56 anos, era o primeiro colocado da lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), que estava nas mãos da presidente Dilma há mais de três meses.
Veja esta notícia no Congresso em Foco
Mineiro é discreto e tem perfil técnico
Mineiro de Belo Horizonte, Rodrigo Janot é considerado discreto e de perfil técnico pelos colegas de Ministério Público, mas também é conhecido pela habilidade política. Durante a campanha, prometeu fazer uma gestão mais descentralizada, com a criação de núcleos de atuação nos tribunais superiores.
Também sinalizou que deve escolher como vice-procuradora geral Ela Wiecko, que também estava na lista tríplice encaminhada ao Palácio do Planalto pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Janot formou-se em Direito na Universidade Federal de Minas Gerais. É procurador da República desde 1984. Especializou-se em direito do consumidor, área da qual foi coordena- dor na Procuradoria-Geral da República de 1991 a 1994.
O Globo
‘Hoje não existe partido satisfeito com o governo’
A derrota do governo semana passada no Congresso e a iminência de ocorrerem outras nas próximas semanas não se deve exclusivamente à queda da popularidade da presidente Dilma Rousseff nas mais recentes pesquisas de opinião pública. Na avaliação de parlamentares dos mais diversos partidos, a crise que se avizinha foi construída dia após dia ao longo dos 30 primeiros meses do mandato da presidente. A recente queda de popularidade é vista por eles apenas como a faísca que faltava.
Entre os muitos motivos enumerados por parlamentares e líderes partidários estão uma postura de isolamento em relação ao Congresso – especialmente da Câmara -, a escolha de nomes sem trânsito no meio político como representantes do Palácio nas negociações e o esvaziamento dos líderes que até então mantinham o controle dos partidos da base aliada, que era a maior de um presidente desde a redemocratização.
Planalto troca líderes e perde o controle do Congresso
Em março do ano passado, quando surfava em uma avaliação positiva de 64%, a presidente Dilma Rousseff fez uma troca dupla de seus líderes na Câmara e no Senado. Responsáveis pela condução da pauta do governo desde o governo Lula, o deputado Cândido Vaccarezza (PT) e o senador Romero Jucá (PMDB) tinham amplo trânsito nas mais diversas legendas, inclusive na oposição, e conhecimento dos meandros de funcionamento da Câmara e do Senado.
Metade das capitais não faz licitação de ônibus
O transporte urbano em metade das capitais do país não é licitado. Levantamento feito pelo GLOBO em órgãos de Transportes nas 26 capitais e no Distrito Federal aponta que o setor que foi o pivô das manifestações de junho – iniciadas justamente pelo aumento da passagem de ônibus – continua, em metade das principais cidades, sendo operado por empresas que ganharam permissões e autorizações décadas atrás, mas que nunca passaram por uma licitação para regular o sistema.
Mesmo em muitas capitais que fizeram licitação – que permite que o poder público regule melhor o serviço e garanta seleção dos melhores preços -, o processo é recente. No Rio, a primeira licitação foi feita em 2010.
Além da falta de licitação, o transporte urbano no país enfrenta, ainda, o fato de que muitas empresas continuam a contratar com o poder público apesar de terem dívidas milionárias. Dever quase R$ 3 bilhões não impede que empresas continuem a vencer licitações no Rio, em São Paulo e em Belo Horizonte: O GLOBO levantou, na lista de inscritos na dívida ativa da União, utilizando CNPJs de empresas e CPFs de empresários de transporte urbano, que 49 empresas e 17 empresários do ramo devem R$ 2,8 bilhões.
Transporte público é pouco subsidiado pelos governos
O pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Carlos Henrique Ribeiro Carvalho é taxativo:
– O transporte urbano coletivo no Brasil sempre recaiu sobre o usuário. Ele paga a conta. No país, em geral, não tem subsídio.
Nas cidades do Rio e de Belo Horizonte, por exemplo, o usuário arca com 100% da passagem, pois não há subsídio do poder público. Em São Paulo, o governo subsidia 21%. No Distrito Federal, que acabou de licitar as linhas de ônibus, há subsídio de 19% por mês apenas para garantir a gratuidade dos estudantes, idosos e deficientes.
No Egito massacre não causa comoção
Cansada do transtorno causado por protestos e avessa a ideais da Irmandade Muçulmana, maioria dos egípcios reage a massacre que chocou o mundo com indiferença ou apoio à ação dos militares. Governo propôs ontem dissolução do grupo.
Os amarildos do Brasil
Já era noite quando Caíque de Lima, de 18 anos, e Matias do Nascimento, de 19 anos, caminhavam em direção a uma pastelaria no Jardim Presidente Dutra, bairro da periferia de Guarulhos (SP). Os amigos de infância, que trabalhavam como ajudantes de pedreiro, tinham combinado de encontrar no local as suas namoradas. No caminho, segundo moradores do bairro, teriam sido abordados por um carro de polícia. Desde o dia 12 de julho de 2012, nunca mais foram vistos. A mãe de Matias, Maria Alice, que tem esperanças de encontrar o filho, ainda guarda as suas roupas no armário e a sua bicicleta no quintal. Segundo ela, o jovem, que anos antes teve passagem pela Fundação Casa, tinha o sonho de tornar-se alinhador mecânico, como o pai.
– Eu tenho hoje ódio de polícia, eu peguei raiva de polícia, eu não sei se confio na polícia ou em bandido. Eu estou em depressão hoje, tudo nesta casa lembra o meu filho – desabafou a mãe.
O desaparecimento dos amigos de infância não foi o único caso ao qual O GLOBO teve acesso, e que, segundo testemunhas, envolveriam forças policiais. Como o ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido há mais de um mês no Rio de Janeiro, jovens de São Paulo, Minas Gerais e Goiás não são vistos por suas famílias há anos. Os casos seguem sem solução.
Dilma escolhe Rodrigo Janot para procurador-geral
A presidente Dilma Rousseff escolheu Rodrigo Janot para ser o próximo procurador-geral da República. Ele encabeçava a lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR) e enviada a Dilma em abril. O nome dele precisa ainda ser aprovado pelo Senado.
A escolha do procurador-geral cabe à presidente. Nos últimos dez anos, a tradição tem tem sido escolher um nome da lista da ANPR. Janot foi o mais votado: recebeu 511 votos dos seus colegas, à frente de Ela Wiecko (457) e Deborah Duprat (445). Numa segunda votação, patrocinada por outras entidades do Ministério Público, como a do Trabalho, Duprat foi a mais votada.
Veja esta notícia no Congresso em Foco
Sem boia fria nos canaviais de São Paulo
Às vésperas dos 30 anos da histórica greve dos boias frias – um levante inédito, que mobilizou 5 mil trabalhadores e teve repercussão internacional – a cidade paulista de Guariba vive os últimos tempos da colheita manual de cana-de-açúcar. Em 2014, justamente no ano em que a greve de Guariba completa três décadas, terá início no Estado de São Paulo a mecanização total das lavouras de cana, resultado de um acordo entre o governo estadual e os produtores para eliminar as queimadas, indispensáveis ao corte manual.
Correio Braziliense
Do chão arado à linha de montagem
O sol nem tinha dado as caras e Tiago Pereira da Silva já estava ao volante de um trator da fazenda do patrão. O jovem, que ia para a cama à meia-noite, depois de voltar da escola, e acordava religiosamente às 3h, hoje só tem a comemorar. Aos 28 anos, ostenta a carteira assinada com a profissão de metalúrgico, que lhe permitiu trocar a mal remunerada labuta no campo pelo chão de fábrica. No começo de 2006, tão logo alcançou a maioridade plena e a escolaridade mínima exigida pela Mitsubishi, montadora de automóveis instalada no município desde 1998, deixou a roça e melhorou de vida.
O sacrifício de Tiago não é algo raro em Catalão. Com o surgimento da indústria cabocla, fruto da desconcentração da economia brasileira, centenas de jovens que tinham o destino traçado para sobreviver da lavoura estão vendo a vida lhes abrir oportunidades que, para seus pais, pareciam coisas do outro mundo. Em vez do cultivo da roça, muitos estão produzindo motores; em vez da ordenha da vaca, muitos estão descobrindo a tecnologia de ponta que revoluciona o setor automotivo. “No meu caso, o esforço valeu a pena”, suspira Tiago. A cidade onde ele vive, no sudoeste goiano, está entre as regiões com as maiores taxas de crescimento econômico do país. Nem de longe Catalão espelha o pessimismo empresarial que assombra os gabinetes de Brasília.
O profissionalismo vence o machismo
Fernanda Costa Oliveira, chefe da Delegacia de Inquéritos Especiais da Polícia Federal, é uma das mulheres que ocupam cargos de comando em corporações de segurança da capital do país. Elas superaram o preconceito com estudo, dedicação e competência.
Políticos em busca do espaço perdido
Joaquim Roriz, José Arruda, Paulo Octávio e Maria de Lourdes Abadia avaliam os riscos, articulam negociações e constituem grupos para decidir qual caminho seguirão nas próximas eleições.
Rodrigo Janot é nomeado o novo procurador-geral
A presidente Dilma Rousseff indicou ontem Rodrigo Janot para o cargo de procurador-geral da República. Ele substitui Roberto Gurgel, que encerrou seu segundo mandato à frente do Ministério Público da União na última quinta-feira. Ao indicar Janot, Dilma mantém a tradição iniciada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de aprovar o nome mais votado pelos demais integrantes do MP.
Janot, contudo, ainda precisará ser sabatinado pelo Senado antes de assumir definitivamente o posto. A data para a sabatina ainda não está marcada. Havia uma expectativa de que a presidente Dilma poderia romper a tradição de seu antecessor e escolher, pela primeira vez, uma mulher para o cargo. Ela Wiecko e Deborah Duprat também concorriam ao posto. Ela recebeu 417 votos e Deborah, 445, na votação promovida pela Associação Nacional dos Procuradores da República. Janot teve 511.
Veja esta notícia no Congresso em Foco
Crise no Egito: Golpistas querem o fim da Irmandade
Em meio às manifestações e à convulsão social, o governo interino estabelecido pelos militares propôs a dissolução da entidade muçulmana. O Ministério da Saúde informou que mais de 800 pessoas já morreram durante os conflitos.
A mulher de 20 milhões de votos
Grande surpresa na reta final das eleições presidenciais de 2010, quando deu um salto na semana decisiva e conseguiu quase 20 milhões de votos, Marina Silva volta a surpreender os analistas políticos ao ser a única que aumentou a intenção de voto nos levantamentos realizados após os protestos que sacudiram o país em junho. Antes de os jovens lançarem o grito “Vem para rua”, Marina era vista como uma candidata que tinha boa parte dos votos de 2010 herdados de um sentimento anti-PT e anti-PSDB e cujo partido, a Rede Sustentabilidade, seria sepultado com a aprovação de um mero projeto de lei no Congresso impedindo que as novas legendas conseguissem o tempo de televisão e o fundo partidário dos parlamentares recém-filiados.
Propostas para mudar a CLT
Com um número de habitantes quatro vezes maior, economia mais desenvolvida e migração da população para as cidades, os 70 anos que separam o Brasil de hoje do existente quando a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) foi instituída implicam em uma cobrança constante tanto de empregados quanto de contratantes: a norma criada para reger a lógica trabalhista no país precisa se modernizar. Nesse período, ela já sofreu cerca de 500 modificações e, mesmo assim, há quase novas 700 propostas de alteração que tramitam no Congresso. A justificativa para tantas possíveis mudanças é a dificuldade em aliar a lei à realidade vivida diariamente no mercado de trabalho brasileiro.
Negócio camarada com a empresa do irmão
O senador Cícero Lucena (PSDB-PB) utiliza recursos do Senado para financiar um negócio de família. Com a Cota para o Exercício de Atividade Parlamentar (Ceaps), mais conhecida como verba indenizatória, alugou do próprio irmão, com preço mais alto que os de mercado, uma picape de luxo. Por mês, pagou R$ 7,2 mil por uma Mitsubishi Pajero de propriedade de Pedro Lindolfo de Lucena, dono de locadora em João Pessoa.
Carvalho defende apuração de cartel
O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, garantiu ontem que petistas serão investigados em casos de denúncias de formação de cartel, como as que envolvem os governos do PSDB nas licitações do metrô de São Paulo. “Só não será investigado quem não errar no nosso governo. Se houver qualquer erro, será investigado. Mas o foco evidentemente é em São Paulo”, disse.