O Globo
Até Vaticano consegue esvaziar documento final da Rio +20
Na busca por consenso, foi preciso ceder até a exigência do Vaticano para retirar do texto menção a direitos reprodutivos; ambientalistas veem vitória da burocracia e derrota da Terra. Apesar de fazerem críticas pontuais ao conteúdo do texto, os diplomatas envolvidos na aprovação do rascunho do acordo final da Rio+20 após uma longa maratona de negociações saudaram o texto obtido como o melhor resultado possível.
O secretário da ONU para a Rio+20, Sha Zukang, agradeceu “à liderança do governo brasileiro e a forma de consulta abrangente que o Brasil liderou”. Mesmo admitindo que o texto “obviamente não seja tudo o que todo mundo queria”, o chefe das negociações pelo lado americano, Todd Stern, avaliou que o documento aprovado na Rio+20 é um importante passo adiante. Ele elogiou ainda as decisões de fortalecer o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e de criar o Fórum do Desenvolvimento Sustentável, na sede da ONU. Para Stern, o chanceler brasileiro, Antonio Patriota, deixou bastante claro que o texto não será mais aberto a novas modificações durante a reunião dos chefes de Estado.
Leia também
E no G-20, o “Inexorável da Silveira”
A presidente Dilma Rousseff afirmou ontem que os líderes do G-20 (maiores economias do mundo), que realizaram reunião de cúpula no México, reconhecem que a ausência de um Estado único, capaz de tomar as rédeas da situação, dificulta imensamente a tarefa dos europeus de implementar ações coordenadas e imediatas que resgatem o continente da grave crise que enfrenta. Mas ela ressaltou que a realidade se impõe: ou as nações agem, ou serão forçadas a fazê-lo devido à existência do que ela batizou de “Inexorável da Silveira”.
Na reunião do G-20, a Alemanha cedeu à importância das políticas de estímulo ao crescimento dentro do plano de recuperação da região. Porém, autoridades europeias afirmaram que muitas medidas necessárias ao resgate – como reforço da união fiscal, bancária e política – dependem de mudanças em tratados e coordenação política, de cada país internamente e entre os 17, o que levará tempo. Isso frustra a expectativa de que um programa detalhado e de curto prazo saia do encontro de líderes europeus marcado para os dias 28 e 29, elevando a tensão nos mercados e entre os demais países, que enfrentam desaceleração econômica em meio ao recrudescimento da crise.
Erundina sai, mas PSB e PT seguem com Maluf e Lula
Mesmo sob pressão de dirigentes de seu partido, a deputada federal Luiza Erundina (PSB) formalizou ontem sua decisão de sair da chapa do petista Fernando Haddad na eleição para a prefeitura de São Paulo, devido à aliança do PT com o PP de Paulo Maluf. Mais do que a aliança, que já era de seu conhecimento, segundo dirigentes do PSB, Erundina não gostou da superexposição da fotografia de Haddad, Maluf e o ex-presidente Lula selando o acordo.
O gesto de Erundina surpreendeu Haddad, que admitiu ontem não ter um “plano B” para a vaga de vice e caiu como uma bomba na militância petista, que se empolgara com a dobradinha. Haddad pretende aguardar a decisão do PCdoB, que deve anunciar apoio à sua candidatura, para escolher um novo nome. A deputada estadual Leci Brandão (PCdoB) passou a ser cotada. O PSB, que manteve o apoio ao petista e até prometeu participação de Erundina na campanha, estuda indicar a deputada federal Keiko Ota, mas sabe que terá dificuldade para emplacá-la, diante do desgaste causado pela crise. Erundina não apareceu em público para formalizar sua decisão. O anúncio foi feito no final da tarde, em Brasília, pelo presidente nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, após uma reunião-relâmpago, de cerca de 20 minutos, dos dirigentes com Erundina.
Serra, que já cortejou Maluf, agora alfineta PT
O pré-candidato tucano à prefeitura de São Paulo, José Serra, evitou comentar ontem a aliança entre o PT paulista e o PP de Paulo Maluf. Mesmo assim alfinetou o adversário, o pré-candidato do PT Fernando Haddad, afirmando que não vale tudo para aumentar o tempo de TV: – Não vou comentar alianças entre outros partidos. A população e a imprensa e que devem julgar a política de alianças . Cada um faz a política de alianças que bem entende – disse Serra, cujo partido também vinha cortejando o PP de Maluf e já fechou com PV, PSD, PR e DEM. – Claro que sempre ter mais tempo de TV é bom, mas não vale tudo para conseguir mais tempo.
TCU rejeita contas de quase 7 mil gestores, que podem ficar inelegíveis
O Tribunal de Contas da União (TCU) divulgou ontem uma lista com os nomes de 6.917 agentes e gestores públicos que tiveram suas contas rejeitadas pelo tribunal. São servidores e ocupantes de cargos públicos que não convenceram na prestação de contas do dinheiro público gasto sob sua responsabilidade. Se não houver nenhuma decisão judicial posterior revertendo as condenações, essas pessoas serão impedidas de concorrer nas eleições municipais de outubro. O número de agentes públicos nessa situação este ano é 41% maior em comparação à lista divulgada em 2010.
Do Rio, está na lista do TCU o prefeito de Itaguaí, Carlo Busatto Júnior (PMDB), o Charlinho, que foi eleito em 2004 e reeleito em 2008. Ele teve as contas rejeitadas pela gestão à frente do município vizinho de Mangaratiba, onde já foi prefeito. O TCU encontrou irregularidades em convênio firmado entre a prefeitura de Mangaratiba e o Ministério da Integração Nacional para a canalização do Córrego do Leitão. Na lista do TCU, há pelo menos um ex-prefeito que tinha intenções de voltar ao cargo: Aílton Rosa Vivas (PSL), de Guapimirim. Já o ex-prefeito de Niterói Godofredo Pinto (PT), que pretendia concorrer a vereador, também teve contas rejeitadas.
CNJ vai investigar ameaças a juiz
A Corregedoria do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) vai investigar denúncia de que o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima, que cuida do caso Cachoeira, teria sido ameaçado. Ontem, o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, também presidente do CNJ, disse que considera de “gravidade incomum” as ameaças ao juiz . O juiz, que conduzia o processo da Operação Monte Carlo, anunciou que pediu afastamento do caso por estar em “situação de extrema exposição junto à criminalidade do Estado de Goiás”, segundo ofício escrito por ele mesmo ao Tribunal Regional Federal (TRF) da 1 Região, em Brasília. – É de gravidade qualificada (a situação). Não se pode ameaçar, do ponto de vista da integridade física, moral ou psicológica nenhum julgador e sua família – disse Ayres Britto. A corregedoria da Justiça Federal de Goiás está à frente das apurações do caso. Mas a corregedora do CNJ, Eliana Calmon, disse que também vai tratar do caso.
Leia mais: Eliana Calmon quer conversa com juiz da Operação Monte Carlo
Comissão da Verdade de SP quer anular decreto de Maluf
A Comissão da Verdade de São Paulo quer anular o decreto do então governador Paulo Maluf, atual deputado federal pelo PP, que formalizou a instalação do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações – Centro de Operações de Defesa Interna) em um terreno do governo de São Paulo. Assinado a poucos dias da promulgação da Lei da Anistia, em 1979, o decreto 13.757, que ainda vigora, formalizava o uso do terreno pelo II Exército onde existia um centro de tortura. Como deputados petistas mais à esquerda têm assento na Comissão da Verdade de SP, esse assunto está apimentando ainda mais o conturbado apoio de Maluf à campanha do petista Fernando Haddad à prefeitura de SP. Os petistas mais à esquerda torcem o nariz para a entrada de Maluf na aliança.
O imóvel, de 1,59 mil metros quadrados, fica na Vila Mariana e hoje é usado pelo Departamento de Homicídios como pátio de carros velhos e abastecimento de combustível. Está situado no antigo prédio do DOI-Codi na Rua Tutóia e é considerado pelos ex-presos políticos como o porão dos porões da ditadura, onde as pessoas eram separadas em quartos sem janelas para serem mortas.
Ato cobra punição de acusado de tortura
Em mais uma manifestação para constranger ex-agentes da ditadura militar identificados como torturadores de militantes das organizações de de esquerda, um ato organizado pela Articulação Nacional pela Memória, Verdade e Justiça foi realizado ontem em frente a um prédio em Botafogo, na Zona Sul do Rio. O alvo do protesto, conhecido como “escracho”, era Dulene Aleixo Garcez dos Reis, que era capitão da Infantaria do Exército em 1970 e hoje é morador do prédio.
O ato reuniu 2,5 mil pessoas, segundo a PM. De acordo com os manifestantes, Dulene – que não foi encontrado no prédio no momento da manifestação – participou da tortura ao jornalista e secretário-geral do Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR) Mario Alves. Ele foi morto no 1 Batalhão de Polícia do Exército, na Tijuca. Segundo relatos de presos políticos, foi torturado empalado com um cassetete. Seu corpo nunca foi encontrado. A concentração começou na Avenida Pasteur (Urca), em frente à UniRio, por volta das 8h. De lá, os manifestantes seguiram até a Rua Lauro Müller, em Botafogo, onde mora Dulene.
Câmara vai investigar emendas
O presidente da Câmara, Marco Maia, pedirá uma investigação do esquema de compra e venda de emendas parlamentares. No início da tarde de ontem, Maia avisou que encaminhará o pedido de investigação feito pelo PSOL para a Corregedoria ou para o Conselho de Ética. O partido pede que a Casa apure as negociações de emendas envolvendo os deputados João Carlos Bacelar (PR-BA) e Geraldo Simões (PT-BA). – Assim que receber o documento, vou encaminhá-lo imediatamente para a Corregedoria, para que ela faça os levantamentos e as análises que lhe cabem. Se houver conexão na situação (com o processo que já existe contra Bacelar), poderá ser enviado diretamente para o Conselho de Ética, mas preciso analisar primeiro o teor da denúncia que vai ser feita pelo PSOL para tomar uma decisão – afirmou Maia.
CNI apura pequena alta da produção
A produção industrial cresceu moderadamente em março em relação a fevereiro, conforme a Sondagem Industrial divulgada ontem pela Confederação Nacional da Indústria (CNI). Numa escala na qual valores acima de 50 pontos significam crescimento, o indicador de produção do mês passado registrou 53,3 pontos. Em fevereiro, havia ficado em 51. Porém, com o ritmo lento de expansão no primeiro trimestre, o resultado de março ficou bastante abaixo do verificado no mesmo mês de 2010, quando registrou 62,9 pontos, ou seja, com velocidade de crescimento muito mais disseminada e intensa que a verificada este ano.
Além disso, o nível de utilização da capacidade instalada (Nuci) registrou 47,4 pontos, significando que a indústria operou em nível abaixo do usual no terceiro mês do ano, já que o indicador ficou abaixo da linha dos 50 pontos. Mas o nível subiu ante fevereiro, quando havia registrado 47 pontos. Em março do ano passado, o Nuci foi de 54 pontos.
Infração leve de trânsito fica livre de multa
Motoristas que tiverem cometido infrações leves e médias poderão, a partir do ano que vem, ser penalizados apenas com uma advertência por escrito, ficando livres de multa e pontos na carteira. Mas, para isso, eles não poderão ser reincidentes, ou seja, não poderão ter cometido o mesmo tipo de infração nos 12 meses anteriores. Segundo o Departamento Nacional de Trânsito (Denatran), a medida tem cunho educativo. São consideradas infrações leves, por exemplo, dirigir com braço na janela, estacionar em fila dupla ou em acostamento. Já estacionar junto a hidrante e atirar objetos na via são exemplos de infrações médias.
A possibilidade de converter a multa e os pontos na carteira em advertência já era prevista no artigo 267 do Código de Trânsito Brasileiro, que passou a vigorar em 1997. Mas nunca havia sido regulamentada e, por isso, não podia ser aplicada. A situação mudou na semana passada, quando resolução do Conselho Nacional de Trânsito (Contran) sobre o assunto foi publicada no Diário Oficial da União. A medida, porém, vai entrar em vigor apenas em 1º de janeiro de 2013. Os motoristas terão 15 dias a partir do recebimento da multa para pedir a conversão em advertência.
Justiça aceita denúncia contra nove aloprados
Quase seis anos depois do escândalo dos aloprados, o Ministério Público Federal denunciou, no último dia 15, nove pessoas por envolvimento na negociação de um falso dossiê contra o então candidato ao governo de São Paulo, José Serra (PSDB), na eleição de 2006. A denúncia foi recebida pela Justiça no mesmo dia, mas só ontem foi divulgada. As investigações, no entanto, não conseguiram chegar à origem de todo o dinheiro usado para a compra do dossiê e nem provar a ocorrência de crime eleitoral. Gedimar Passos, Valdebran Padilha, Expedito Veloso, Hamilton Lacerda, Jorge Lorenzetti e Osvaldo Bargas, todos ligados ao PT, vão responder por crimes contra o sistema financeiro nacional, lavagem de dinheiro e formação de quadrilha.
O caso veio à tona no dia 15 de setembro de 2006, quando a Polícia Federal prendeu o policial aposentado Gedimar Passos e o empreiteiro Valdebran Padilha, portando R$ 1.168.000 e US$ 248,8 mil, no hotel Ibis em São Paulo.
Mais fôlego para Espanha e Itália
Os fundos europeus de estabilidade serão usados para comprar títulos de Espanha e Itália, cujas taxas de rendimento vêm registrando patamares recordes, afirmou ontem o jornal britânico “Daily Telegraph”, citando como fontes autoridades da União Europeia (UE) presentes na reunião do G-20, em Los Cabos, no México. Isso representaria um poder de fogo de 750 bilhões, ao se somar os recursos do Mecanismo de Estabilidade Financeira (MEE, que entra em vigor em julho), de 500 bilhões, e do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (Feef), que ainda teria em caixa 250 bilhões. O objetivo seria mandar uma mensagem de confiança ao mercado e reduzir o rendimento pago pelos títulos desses países, que, no atual patamar – o da Espanha, por exemplo, está em torno de 7% -, torna o financiamento dos governos insustentável.
O jornal espanhol “El País” afirmou, citando fontes, que o rascunho do plano teria sido apresentado ao presidente americano, Barack Obama, que se encontrou ontem com os líderes de Alemanha, Espanha, França, Itália e Reino Unido. O texto incluiria maior união fiscal do bloco e medidas para estimular o crescimento.
Folha de S. Paulo
Erundina sai e agrava crise na campanha de Haddad
Um dia depois da feijoada que selou o apoio do deputado Paulo Maluf (PP-SP), o pré-candidato do PT a prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, perdeu a sua vice. A deputada Luiza Erundina (PSB-SP), 77, abandonou ontem a chapa em protesto contra a aliança com o ex-rival. A decisão agrava a crise na campanha petista, que passou a enfrentar cobranças de sua própria militância e terá que correr em busca de um substituto para a ex-prefeita. Em reunião com a cúpula do PSB em Brasília, Erundina disse que não aceitava a ligação com Maluf, a quem acusou de corrupto e aliado da ditadura militar. Ela reclamou das fotos do ex-prefeito ao lado de Haddad e do ex-presidente Lula, que articulou o acordo para ampliar o tempo de TV de seu afilhado em 1min35s.
Maluf levou cargo, não dinheiro, diz Gilberto Carvalho
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, disse ontem que o cargo entregue pelo governo a um aliado de Paulo Maluf fez mesmo parte da negociação pelo apoio do PP à candidatura de Fernando Haddad (PT) a prefeito de São Paulo. Osvaldo Garcia foi nomeado para a Secretaria de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades, já comandado pelo PP, com o deputado Aguinaldo Ribeiro (PB). “Houve uma troca [de cargos], como tem havido em qualquer negociação. Não houve dinheiro”, disse Carvalho. “Assim como nós aceitamos o apoio do PP no governo federal, é natural que houvesse uma aproximação com o PP paulista”.
A aliança do PT com o PP em São Paulo foi fechada anteontem na casa de Maluf, com a presença do ex-presidente Lula e do presidente do PT, Rui Falcão, além de malufistas históricos, como o vereador Wadih Mutran (PP). Sobre a proximidade com Maluf, Carvalho declarou: “Não acho que seja uma catástrofe. Se o PP assina a proposta [de governo do PT], não vejo problema”.
Indicado por Maluf vem de empresa com obra federal
Indicado por Paulo Maluf (PP-SP) para cargo no Ministério das Cidades, o engenheiro Osvaldo Garcia era, até 31 de maio, diretor da Múltipla Engenharia, empresa que tem projetos no Minha Casa, Minha Vida, programa comandado pela pasta. A indicação de Garcia para a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental ocorreu dois dias antes de o PP declarar apoio à candidatura de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo. O Minha Casa, Minha Vida é tocado por outra secretaria do ministério, que é comandado pelo também pepista Aguinaldo Ribeiro. A construtora afirmou que Garcia exercia o cargo de diretor-técnico, mas ele costumava ser apresentado como diretor-presidente da empresa ou assinava contratos como seu representante.
Para ministério, não há conflito de interesses
Por meio de sua assessoria, o deputado Paulo Maluf (PP-SP) e o Ministério das Cidades disseram não haver conflito de interesses na nomeação de Osvaldo Garcia. Argumentam que a secretaria que será comandada pelo engenheiro não tem responsabilidade sobre o Minha Casa, Minha Vida. “Garcia assumiu a Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental e não a de Habitação, responsável pelo programa.”
Alckmin vai tirar aliado de Maluf de estatal em SP
O governador Geraldo Alckmin (PSDB) decidiu tirar das mãos do deputado Paulo Maluf o comando da CDHU, a companhia de habitação do Estado de São Paulo. O tucano estuda agora apenas quando fazer a mudança. Alckmin tem ouvido aliados sobre a substituição. Na cúpula do governo, a troca está sendo tratada como “inevitável”. Há, no entanto, divergências sobre qual o melhor momento para fazê-la. A maioria dos conselheiros do governador acredita que a mudança só deve acontecer após a eleição municipal, para evitar que o ato seja lido como uma retaliação. A troca passou a ser pregada por aliados do governador no Palácio dos Bandeirantes há dois dias, depois que Maluf oficializou o apoio do PP a Fernando Haddad (PT), adversário de José Serra (PSDB) na eleição municipal.
Intelectuais ligados a PT se calam sobre aliança
Intelectuais ligados ao PT silenciaram ontem sobre a aliança com o deputado Paulo Maluf (PP-SP) na eleição paulistana e as críticas que culminaram com a saída de Luiza Erundina da vice na chapa de Fernando Haddad. Secretária da gestão Erundina na prefeitura (1989-1992), a filósofa Marilena Chauí se negou a falar: “Não vou dar entrevista, meu bem. Não acho nada [da aliança]. Nadinha. Até logo”. Também egresso da equipe de Erundina e hoje no governo federal, o economista Paul Singer defendeu a candidatura de Haddad, mas disse que não se manifestaria sobre o apoio de Maluf. “Não tenho interesse em tornar pública qualquer opinião. Vai ficar entre mim e mim mesmo”, afirmou.
Justiça abre ação contra nove ‘aloprados’
A Justiça aceitou uma denúncia do Ministério Público Federal de Mato Grosso contra nove pessoas envolvidas no caso que ficou conhecido como escândalo dos “aloprados”. Trata-se da negociação de um dossiê, em 2006, contra o então candidato do PSDB ao governo de São Paulo, José Serra. Entre os denunciados estão Jorge Lorenzetti, Expedito Veloso, Osvaldo Bargas e Gedimar Pereira Passos, que trabalhavam na campanha de reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Constam ainda da denúncia os nomes de Hamilton Lacerda, ex-braço direito do hoje ministro Aloizio Mercadante (Educação), e do empresário Valdebran Padilha, que em 2004 atuou como arrecadador da campanha do PT à Prefeitura de Cuiabá. A denúncia, apresentada à Justiça Federal no dia 14 e aceita no dia seguinte, atribui ao grupo os crimes de formação de quadrilha, contra o sistema financeiro, de lavagem de dinheiro e declaração de informação falsa em contratos de câmbio.
Defesa diz que denúncia tem intuito eleitoral
O advogado do empresário Valdebran Padilha, Luiz Antônio Lourenço, disse que o cliente foi preso quando só fazia um favor a Luiz Antonio Vedoin, apontado como autor do dossiê: Padilha foi ao encontro para “buscar documentos” ignorando o conteúdo e a origem do dinheiro. Alberto Toron, advogado de Hamilton Lacerda, disse que ainda não teve acesso à denúncia e que estranha muito “o oferecimento desta denúncia em um período pré-eleitoral, num caso que ocorreu há quase seis anos”. A Folha não conseguiu localizar Gedimar Pereira Passos. Funcionários de três advogados de Passos na época das denúncias disseram que eles não poderiam atender.
Projeto para flexibilizar ‘Voz do Brasil’ vai a votação na Câmara
O presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia (PT-RS), afirmou ontem que vai colocar em votação, na próxima semana, o projeto que permite a flexibilização do horário de veiculação da “Voz do Brasil”. “Na próxima semana vou cumprir o que prometi: colocar em votação o projeto que trata sobre a flexibilização da Voz do Brasil. Agora, colocar em votação, ou colocar na pauta de votações, não significa que será aprovado”, disse Maia durante o Congresso Brasileiro de Radiodifusão, que aconteceu em Brasília. Pelas regras atuais, as rádios são obrigadas a veicular o programa pontualmente às 19h. O novo texto permitiria que o programa começasse entre 19h e 22h.
Juiz diz que sofreu ameaças e se afasta do caso Cachoeira
Responsável pelas decisões judiciais da Operação Monte Carlo, que investigou o empresário Carlinhos Cachoeira, o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima pediu afastamento do caso após relatar ser alvo de ameaças. Em ofício encaminhado à Corregedoria-Geral do Tribunal Regional Federal da 1ª Região, Moreira Lima disse estar em “situação de extrema exposição junto à criminalidade do Estado de Goiás”. Além da Monte Carlo, ele listou outras decisões que teriam desagradado criminosos, mas dá a entender que a Monte Carlo foi decisiva para pedir o afastamento. Segundo ele, sua família foi procurada por policiais para “conversar” sobre a operação, “em nítida ameaça velada, visto que mostraram que sabem quem são meus familiares e onde moram”.
Demóstenes foi aos EUA com empresário
O senador Demóstenes Torres (ex-dem-GO) viajou ao menos uma vez para os EUA no mesmo voo de Carlinhos Cachoeira. O dado consta de documento enviado à CPI pelo Ministério da Justiça. O advogado de Demóstenes, Antonio Carlos de Almeida Castro, não foi localizado.
CPI quebra sigilos, mas recebe dados incompletos
Os dados solicitados aos bancos pela CPI do Cachoeira, por meio da quebra de sigilo, têm chegado incompletos, o que dificulta a análise do caminho do dinheiro. A comissão já enviou dois ofícios ao Banco Central se queixando de oito instituições. Os relatórios recebidos até agora indicam apenas o movimento de dinheiro nas contas de empresas e pessoas investigadas, mas não informam quem o depositou nem quem o recebeu.
A quebra do sigilo das contas da empreiteira Delta até agora não permitiu avaliar para quem a empresa repassou dinheiro. Relatório do BMG mostrou que a Delta transferiu R$ 900 mil em 5 de janeiro de 2010, mas não informa o destinatário. No dia 11 do mesmo mês, a empresa recebe R$ 1,45 milhão, mas o banco não informou de quem. Há casos como o do Banco de Brasília, que pediu três meses para enviar os dados alegando falta de servidores.
Construtora tem indício de problema fiscal
A quebra do sigilo da Delta aponta que a Receita encontrou indícios de irregularidades fiscais na empresa. Elas não têm, porém, relação com o esquema de Cachoeira. O órgão cruzou os dados passados para o pagamentos de impostos e os enviados ao Ministério do Trabalho e encontrou diferença de mais de R$ 385 milhões.
O Estado de S. Paulo
Foto de Lula com Maluf faz Erundina desistir de ser vice
A deputada e ex-prefeita Luiza Erundina (PSB) desistiu ontem de ser vice na chapa do pré-candidato Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo. A decisão ocorreu um dia após o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ir à casa do deputado Paulo Maluf, um adversário histórico, a fim de chancelar o apoio do PP aos petistas nas eleições. Com Erundina fora da sucessão, Haddad pode agora convidar o PC do B para ocupar a vaga da vice. Erundina foi irredutível ao anunciar sua decisão em reunião em Brasília com o presidente nacional do PSB, o governador de Pernambuco Eduardo Campos, e outros dirigentes do partido. Anteontem, depois de Lula e Haddad posarem para fotos ao lado de Maluf em São Paulo, a deputada afirmou que não aceitaria mais a aliança. A deferência de Lula a Maluf foi mal recebida por Erundina, que chegou a comentar com amigos a repercussão negativa nas redes sociais.
De acordo com participantes do encontro de ontem, ela disse que o problema não foi o acordo com Maluf, mas “a forma” como ele foi conduzido pelos petistas. Erundina chegou a Brasília com a decisão tomada. Adversária histórica de Maluf, que foi seu sucessor na prefeitura paulistana, ela deixou claro que a sua permanência na chapa petista seria fator permanente de instabilidade política, pois não recuaria “um milímetro” dos ataques que já fizera a Maluf durante toda a sua carreira política.
Petrobrás quer combustível 15% mais caro
O Plano de Negócios da Petrobrás, que será detalhado no próximo dia 25, traz uma recomendação de reajuste de 15% na remuneração que a companhia recebe por seus combustíveis, apurou o “Estado”. Segundo fontes, este foi o porcentual que a direção executiva da Petrobrás apresentou como necessário para financiar o pesado plano de negócios da empresa, que prevê investimentos de US$ 236,5 bilhões até 2016, 5,2% a mais do que o do plano anterior (2011-2015). O porcentual, porém, serve apenas como um princípio previsto no plano e não garante reajustes. É pouco provável que um eventual aumento fosse autorizado neste patamar, de uma só vez, pelo governo, sócio majoritário, a quem cabe a decisão final. No documento, não há menção de data para o aumento de preços ou detalhamento entre diesel e gasolina, por exemplo.
Brasil festeja acordo na Rio+20, mas sofre críticas
Após uma maratona de negociações diplomáticas em cima do rascunho da declaração final da Rio+20, a delegação brasileira costurou um acordo que parecia impossível nos últimas dois dias, facilitando a missão de anfitriã da presidente Dilma Rousseff: evitar que cúpula dos chefes de Estado e de governo, que começa hoje e vai até sexta-feira, corra o risco de naufragar em meio a um impasse em torno do documento final.
O texto aprovado por consenso por todas as delegações – exigência da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, nome oficial da Rio+20 -, porém, não foi considerado o ideal pelas delegações. “Foi o acordo possível”, resumiu o secretário-geral da Rio+20, o chinês Sha Zukang. Para as organizações não governamentais, o resultado foi um texto “fraco” e “sem ambições”.
Dilma, por sua vez, comemorou o resultado como “uma grande vitória”. “É difícil construir o consenso entre 17 países. Estamos vendo isso na (zona do euro da) União Europeia. Mas, nós estamos fazendo isso (chegar ao consenso) na Rio+20”. O embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, negociador-chefe do País, resumiu em poucas palavras o alívio após um intricado processo de negociação: “O texto é estupendo”. Os europeus pressionaram por uma adesão mundial mais firme aos princípios da chamada economia verde, com reduzido impacto ambiental, mas os países mais pobres não queriam que isso representasse barreiras aos seus produtos, e os americanos trabalharam para evitar compromissos com a mudança nos padrões de consumo e produção para um modelo sustentável.
Correio Braziliense
Delegado é preso no DF e delegada, afastada
Condenado em 2010 a quatro anos de detenção, João Kleiber Ésper foi preso, a pedido do Ministério Público, quando desembarcava no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek. Segundo denúncia, ele atrapalhou investigação em favor do senador Renan Calheiros. Está preso no Complexo Penitenciário da Papuda o delegado aposentado João Kleiber Ésper, da Polícia Civil do Distrito Federal. Condenado em 2010 pelos crimes de prevaricação e ocultação de documento ao omitir depoimento que prejudicaria o senador Renan Calheiros (PMDB-AL), ele era um foragido procurado até pela Interpol. Acabou detido por ex-colegas de instituição, apoiados por policiais federais, na noite da última segunda-feira, no Aeroporto Internacional Juscelino Kubitschek, ao desembarcar de uma viagem aos Estados Unidos.
Ex-diretor da Divisão de Repressão a Sequestros (DRS), uma das mais importantes unidades da Polícia Civil do DF, Ésper passou a madrugada de ontem na carceragem do Departamento de Polícia Especializado (DPE), ao lado do Parque da Cidade. Pela manhã, foi transferido para a Papuda, onde vai cumprir as penas impostas pela 2ª Turma Criminal do Tribunal de Justiça do DF em dezembro de 2010: seis meses por prevaricação — retardar ou deixar de praticar, indevidamente, ato de ofício — e três anos e seis meses por ocultar documento.
CNJ apura ameaça de morte a juiz que prendeu Cachoeira
Um dia após vir à tona a denúncia de que o juiz federal Paulo Augusto Moreira Lima sofreu ameaças por atuar nas investigações da Operação Monte Carlo, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) reagiu e afirmou que investigará o caso. A corregedora nacional de Justiça, Eliana Calmon, se reunirá hoje com o juiz para esclarecer as circunstâncias de seu afastamento. Depois de o CNJ anunciar que apurará a denúncia surgiu uma nova notícia de intimidações que teriam partido do grupo do bicheiro Carlinhos Cachoeira. Desta vez, o alvo foi a procuradora Léa Batista, que, segundo nota divulgada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), recebeu “um e-mail de suposto réu da operação em tom nitidamente ressentido”. A ANPR exigiu mais segurança aos magistrados e procuradores que investigam a exploração de jogos ilegais em Goiás. O conselheiros do CNJ também aprovaram moção de apoio ao magistrado ameaçado.
Na segunda-feira, a Justiça Federal atendeu a um pedido de substituição da titularidade do processo feito por Moreira Lima, responsável por autorizar os grampos telefônicos que flagraram os negócios escusos de Cachoeira. O substituto natural, Leão Aparecido Alves, se declarou impedido de atuar no caso. Ontem à noite, o juiz federal Alderico Rocha Santos, titular da 5ª Vara Federal de Goiânia, foi designado pelo Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) para conduzir a ação. Titular da 11ª Vara Federal de Goiânia, Leão comunicou que não conduziria o processo por “motivo de foro íntimo”. Ele seria amigo do empresário José Olímpio Queiroga Neto e, inclusive, é dono de um telefone, usado por sua esposa, que apareceu nos grampos da Polícia Federal. Aliado e sócio de Cachoeira, Queiroga é apontado como dono de máquinas caça-níqueis no Entorno do Distrito Federal e estava preso em Goiás até a última quarta-feira, quando foi beneficiado por um habeas corpus.
O mistério sobre os torturadores de Dilma
No depoimento em que revelou os horrores vividos nos porões da ditadura em Juiz de Fora (MG), Dilma apontou nomes usados por seus torturadores, possíveis agentes do Dops: Dr. Medeiros, também identificado como Lara, e Joaquim. “Esse dr. Medeiros ocupava lugar central”, contou. Joaquim, avaliou ela, se tratava de um agente de segundo nível. Quem assina o inquérito policial militar (IPM) de Dilma é o general Octávio Aguiar de Medeiros.Um dos militares mais proeminentes do regime, Medeiros morreu em 2005, aos 82 anos. Mas pessoas que atuaram em organizações políticas da época acreditam se tratar de coincidência, pois esse pessoal geralmente usava nomes falsos. Há também a hipótese de se tratar de Lara Rezende, um dos agentes que torturaram Ângelo Pezzuti, principal dirigente do grupo armado Colina.
Identidade do torturador que levou a ex-militante Dilma a vivenciar cenas de verdadeiro terror nos porões de Minas Gerais ainda é um mistério. A presidente suspeitava que agressores possivelmente eram agentes do Dops.