O presidente do PMDB, Michel Temer (SP), desistiu de sua candidatura para apoiar o candidato do PFL, José Thomaz Nonô (AL). Esta não foi a primeira renúncia do dia, pois antes de a sessão começar mais três deputados haviam retirado suas candidaturas: Francisco Dornelles (PP-RJ), João Caldas (PL-AL) e Vanderlei Assis (PP-SP). Os três, no entanto, declararam apoio a Ciro Nogueira (PP-PI).
Ao justificar sua renúncia, Temer disse que havia sido envolvido na disputa pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e aceitou a candidatura como missão partidária. O deputado disse que discutiu o lançamento de seu nome com Renan e com o senador José Sarney (PMDB-AP), mas, duas horas depois, o presidente do Senado já estava articulando apoio ao candidato do governo, Aldo Rebelo (PCdoB-SP).
No discurso a que tinha direito como candidato à presidência da Câmara, Temer observou que apoiará Nonô por pensar que esta é a tendência normal, uma vez que o candidato do PFL é o presidente em exercício da Câmara. "As coisas nesta Casa têm um fluxo natural, e este fluxo natural é José Thomaz Nonô", afirmou. Em seu discurso, Temer criticou ainda a postura do presidente do Senado, Renan Calheiros. "Vocês sabem que fui objeto de uma falseta produzida por um líder político que jamais cometeu gestos dessa natureza, mas resolveu fazer comigo, exatamente contra a minha candidatura", disse. A atitude de Temer é vista como uma retaliação a Calheiros, uma vez que Nonô é opositor político, em Alagoas, do presidente do Senado.
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Em entrevista coletiva, Temer queixou-se da atitude de Calheiros. "A partir de agora, posso continuar conversando com ele (Calheiros) sobre assuntos institucionais. Mas, para assuntos pessoais, prefiro que ele consulte outros", desabafou. Michel Temer também afirmou que sua renúncia deverá transferir de 44 a 48 votos para Nonô, mas ressaltou que o PMDB, independentemente do resultado, garantirá a manutenção da governabilidade do país.
Já em seu discurso, o candidato da oposição José Thomaz Nonô (PFL-AL) agradeceu pelo "gesto de generosidade e grandeza" do peemedebista. Na única vez que fez um ataque veemente ao governo, Nonô chamou a candidatura de Aldo de "chapa-branca", afirmando que a candidatura do comunista não é boa nem para a Câmara e muito menos para o governo. "Isso não é bom para ninguém", ressaltou. Nonô foi muito aplaudido tanto na entrada quanto na sua saída da tribuna.
Colaboraram Ricardo Ramos e Tarciso Nascimento
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