“Tenho sangue quente, sou do norte, suingueiro, eu sou da mata, eu sou festeiro, eu sou de Belém do Pará. Meu carimbó é balançado, é bem pai d’égua, minha terra tem mangueira, tucupi e tacacá.” No embalo de versos como esse, de sua música “O melhor lugar do mundo”, o cantor, apresentador de TV e radialista Wlad saracoteou das urnas em 2010 como o campeão de votos entre os 17 deputados paraenses, mesmo ostentando uma marca negativa na legislatura anterior. “Não tem pra ninguém, o melhor lugar do mundo pra mim é o meu Belém”, canta o deputado num empolgado refrão.
Wladimir Costa (PMDB-PA) recebeu 236,5 mil votos em 2010 apesar de ter sido o parlamentar que mais acumulou faltas sem justificativas entre 2007 e janeiro de 2011. A legislatura mudou, mas Wladimir, por enquanto, não. No ano passado, o peemedebista compareceu a apenas 59 dos 107 dias com sessões deliberativas. Ele deixou 29 de suas 48 ausências sem explicação oficial. Na mesma situação ficaram 106 das 130 faltas registradas por ele na legislatura passada. Procurado, o deputado não retornou o contato feito pela reportagem.
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Até 25 de janeiro, 12 deputados acumulavam pelo menos uma dezena de faltas não justificadas. Entre eles, aparece a deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), que escapou da cassação em plenário, acusada de receber propina. Das 24 faltas dela, 11 ficaram sem justificativa. “O Departamento Médico da Câmara não aceitou os atestados que ela apresentou porque os médicos não eram da Casa”, informou a assessoria de Jaqueline, referindo-se às ausências acumuladas por ela durante o processo de cassação.
Já no Senado, foram 15 os que deixaram ao menos dez faltas sem qualquer justificativa. O campeão nesse quesito foi o ex-líder do PR Magno Malta (ES), com 23 registros. “A maioria das faltas é decorrente dos compromissos de liderança. É uma reunião atrás da outra”, argumenta a assessoria do senador.