Relatórios do próprio Ministério dos Transportes mostram irregularidades em três obras tocadas pela construtora Gautama, acusada de chefiar a máfia das obras, desmontada pela Operação Navalha. As auditorias, com indícios de ilegalidades nas BRs 319, 402 e 242, questionaram sobrepreço e aditamentos de contratos.
Os documentos foram feitos após estourar a Operação Navalha, há um mês. De acordo com a reportagem do jornal Folha de S.Paulo, que publica o teor dos documentos hoje (17), a diretoria do Departamento Nacional de Infra-estrutura de Transportes (Dnit) é suspeita de ter “feito, no mínimo, vista grossa” a um esquema de fraudes.
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Sobre a BR-319, no Amazonas, a auditoria da Consultoria Jurídica do ministério diz, em 29 de maio deste ano, que a Gautama recebeu um “presente” de R$ 4,5 milhões no final de 2002. A construtora de Zuleido Veras, preso pela PF na Operação Navalha. A direção do Dnit não considerou aviso alerta interno para reduzir o valor do contrato de R$ 91,7 milhões para R$ 87,3 milhões. “A diferença não foi percebida por ninguém ao longo de todo o processo, o que acabou contaminando todos os reajustes e revisões feitos posteriormente”, diz o laudo, segundo a Folha de S.Paulo.
Na BR-402, no Maranhão, a perícia revelou que o contrato, no valor de R$ 170 milhões, previa construir pontes que já existiam. As obras estavam previstas para começar no ano passado, durante a gestão do então governador José Reinaldo Tavares (PSB), também preso na Navalha. Havia ainda pontes fora do traçado previsto, segundo a Folha.
O jornal informa que, na BR-242, na Bahia, a licitação para restaurar a rodovia simplesmente sumiu. E, em julho de 2005, o contrato foi prorrogado mesmo quando estava vencido há dois meses. O Ministério dos Transportes admite as falhas e diz que sindicâncias foram abertas para apurar os responsáveis pelas irregularidades.