Arrecadação rima com eleição. Combina com reeleição. Rima também com segundo turno. Quem arrecadou mais obteve melhor desempenho nas eleições do último domingo (7). Em apenas seis das 26 capitais estaduais, o candidato a prefeito que declarou ter arrecadado mais saiu derrotado das urnas. Os demais 20 campeões de arrecadação só tiveram motivos para comemorar: sete venceram a eleição e 13 avançaram ao segundo turno – seis deles na condição de mais votado. Ou seja, o índice de sucesso entre os maiores arrecadadores foi de 77%.
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O cenário é o mesmo quando são analisados somente os dez candidatos a prefeito de capital que mais receberam recursos. Desse seleto grupo, apenas Gabriel Chalita (PMDB) – quarto colocado em São Paulo e dono da quinta maior arrecadação – e Luciano Ducci (PSB) – terceiro colocado em Curitiba e sexto no ranking nacional das doações – perderam a eleição. Por outro lado, dois venceram a disputa já no primeiro turno. É o caso do prefeito reeleito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), terceiro maior arrecadador, e do prefeito eleito de Recife, Geraldo Júlio (PSB), dono do sétimo maior valor declarado. Os montantes dizem respeito à última parcial da prestação de contas divulgada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) em 2 de setembro.
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Outros seis campeões de arrecadação seguem na disputa até o próximo dia 28. Entre eles, os donos das campanhas mais caras destas eleições municipais: Fernando Haddad (PT) e José Serra (PSDB). De olho na capital paulista, o maior colégio eleitoral do país, o petista e o tucano haviam arrecadado mais de R$ 10 milhões e R$ 8 milhões, respectivamente, até o começo de setembro.
“A regra do financiamento de campanha é botar dinheiro em quem tem mais chance. Há uma tendência de o doador ser mais favorável a quem tem mais chances de se eleger”, explica o cientista político José Luciano Dias.
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Sobrou dinheiro, faltou voto
Mas a maior capacidade de captar recursos não foi suficiente para garantir a eleição de seis campeões de arrecadação em suas respectivas capitais. Além de Ducci, em Curitiba, também foram derrotados mesmo tendo recebido mais dinheiro a deputada Manuela D’Ávila (PCdoB), em Porto Alegre; o senador Wellington Dias (PT-PI), em Teresina; o deputado Jovair Arantes (PTB), em Goiânia, e os candidatos Fernando Melo (PMDB), em Rio Branco, e Mário Português (PPS), em Porto Velho.
Em alguns desses casos, a arrecadação dos derrotados supera, de longe, a dos adversários que os superaram no último domingo. O atual prefeito de Curitiba, por exemplo, informou ao TSE, no começo de setembro, receita sete vezes superior à de Gustavo Fruet (PDT), candidato que avançou para o segundo turno para enfrentar Ratinho Júnior (PSC), dono da segunda maior arrecadação na capital. Eram R$ 4,8 milhões do prefeito contra R$ 625 mil do pedetista. Em Teresina, Wellington Dias terminou na terceira colocação mesmo tendo arrecadado, até a última parcial do TSE, o dobro dos dois adversários que o deixaram fora do segundo turno. Na capital de Rondônia, a arrecadação de Mário Português foi o triplo da declarada por Mauro Nazif (PSB) e 38 vezes a de Lindomar Garçom (PV), que disputam a prefeitura de Porto Velho no dia 28.
Prestação de contas
Fernando Melo aparece como maior arrecadador na capital do Acre, onde um dos candidatos que passaram ao segundo turno, o tucano Tião Bocalom, não entregou a prestação parcial de contas à Justiça eleitoral. Além de Bocalom, somente Zenaldo Coutinho (PSDB), que concorre em Belém, também não informou quanto arrecadou e gastou ao TSE. O adversário de Zenaldo, Edmilson Rodrigues (Psol) aparece como maior arrecadador em Belém.
Nas cidades em que o prefeito foi eleito em primeiro turno, todos os candidatos deverão prestar contas até 6 de novembro. Nos 50 municípios onde haverá segundo turno, o prazo se estende até 27 de novembro. Segundo a assessoria de imprensa do TSE, as informações serão divulgadas até uma semana depois do prazo final. Até agora, a Justiça já divulgou duas parciais de prestação de contas de todos os candidatos do país, uma em agosto e outra em setembro.