Segundo o ministro, ele tem “um temperamento que não se adapta bem à política”. A entrevista foi concedida ao correspondente do jornal no Brasil, Simon Romero, e foi publicada na sessão “Saturday Profile” (Perfil de Sábado) hoje (24) com o título: “A Blunt Chief Justice Unafraid to Upset Brazil’s Status Quo” (Um chefe de Justiça sem medo de aborrecer o status quo do Brasil).
“Quando o presidente do tribunal, Joaquim Barbosa, adentra a corte, os outros dez ministros se preparam para o que pode vir depois”, diz o texto. Segundo o NYT, Joaquim é a força motriz por trás de uma série de decisões liberais do ponto de vista social, o que levou a mais alta Corte do Brasil, e ele em particular, a ser objeto de fascínio popular.
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A reportagem também faz referências a recentes decisões do STF, como a que aumentou o número de vagas para estudantes negros e indígenas nas universidades brasileiras. O texto fala ainda sobre a influência de Barbosa na legalização do casamento de pessoas do mesmo sexo e destaca a sua atuação no comando do julgamento do mensalão.
De acordo com a reportagem, sua popularidade foi mostrada por meio de máscaras com o seu rosto em meio aos desfiles do Carnaval deste ano. Além disso, o texto cita que pesquisas com manifestantes durante os protestos de rua no mês de junho mostraram o ministro do STF como um dos favoritos à Presidência nas eleições do próximo ano.
Pesquisa do Datafolha divulgada no dia 10 de agosto mostra que, se Joaquim fosse candidato à Presidência, ele obteria 11% dos votos. Em junho, ele havia registrado 15% das intenções de votos.
PublicidadeA reportagem cita ainda que Joaquim está tão popular que colunistas sociais estão acompanhando seu suposto romance com uma mulher com cerca de 20 anos de idade. A reportagem informa que Barbosa foi alvo de denúncias como recebimento em dinheiro de licenças-prêmios não gozadas do Ministério Público Federal e compra de um apartamento em Miami por meio de uma empresa aberta supostamente para pagar menos impostos. Ele alega que não fez nada de errado em ambas as situações.
O temperamento explosivo de Joaquim é lembrado no mais recente caso em que ele discutiu com o ministro Ricardo Lewandowski, a quem o presidente do STF acusou de querer fazer “chicana”, ou seja, atrasar o julgamento do mensalão. Segundo o magistrado, “alguma tensão é necessária para que a Corte funcione”. “Sempre foi assim”, disse ele, afirmando que agora todos vêm os trabalhos do tribunal porque são televisionados.
Ligando o trabalho do tribunal com a recente onda de protestos no país, Barbosa explicou que discordou fortemente com a violência de alguns manifestantes, mas disse que acredita que os movimentos de rua eram “um sinal de exuberância da democracia”. “As pessoas não querem ficar passivas e observar esses arranjos da elite, que sempre foi a tradição brasileira”, disse ele.