O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, defendeu a teoria da evolução, criticada pela ministra Damares Alves (Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos) em vídeo que viralizou na internet nessa quarta-feira (9). Em entrevista à rádio CBN nesta manhã, o ministro disse que a teoria foi desenvolvida com método por décadas e que educação e religião não podem ser associadas.
Na gravação, que segundo sua assessoria é de 2013, Damares afirma que a igreja evangélica perdeu espaço na história quando deixou o evolucionismo, difundido pelo cientista Charles Darwin no século 19, entrar nas escolas. “E aí cientistas tomaram conta dessa área”, disse a ministra, que é pastora da Igreja do Evangelho Quadrangular.
“Ela deve ter falado isso em algum tipo de contexto que eu não sei exatamente. Mas, do ponto de vista da ciência, ela trabalha com método científico, são muitos anos e décadas de estudo para formar a teoria da evolução. Não se deve misturar ciência com religião, na minha opinião”, afirmou.
De acordo com o evolucionismo, as espécies atuais descendem de outras que sofreram modificações ao longo do tempo e transmitiram novas características aos seus descendentes. A teoria da evolução criticada por Damares se contrapõe ao criacionismo, tese defendida por religiosos que atribui a criação do mundo e suas espécies a forças divinas.
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Veja o vídeo:
PublicidadePrioridades do ministério
Na entrevista, o ministro também tratou das prioridades da pasta em sua gestão. Ele contou que vai a Israel ainda este mês para observar como funcionam os dessalinizadores de água. A ideia do presidente Bolsonaro é implementar o modelo israelense no Nordeste. “Essa segurança hídrica é função do Ministério do Desenvolvimento Regional, mas nós temos a função de ajudar na parte de tecnologias aplicáveis a isso.”
Outras duas prioridades, segundo ele, serão a expansão e a melhoria da internet, levando a banda larga a todos os pontos do Brasil, e estímulo à ciência e ao desenvolvimento de tecnologias nas escolas. “A educação é a base de tudo e não pode ser desassociada da Ciência e Tecnologia “, observou. “Vamos levar a ciência e tecnologia para as escolas de ensino fundamental e médio. Não adianta qualquer tecnologia, da mais qualificada que seja, que não tenha pesquisadores e jovens interessados”, acrescentou.
Mudança no ensino superior
Pontes afirmou que a ideia de se trazer o ensino superior para a Ciência e Tecnologia, levantada por Bolsonaro durante a campanha eleitoral, precisa ser discutida com a comunidade acadêmica para saber se ela aprova ou não a saída do Ministério da Educação.
“Isso existe em alguns países. Só que a realização disso sem ser de forma gradual causaria certo trauma. Havia uma certa reação. Temos problemas em relação a orçamento e outras questões na pasta. A ideia é primeiro acertar o que nós temos, melhorar a estrutura atual”, explicou.
Pós-graduação
A conexão com as universidades, segundo ele, será reforçada pela pasta. “Nós temos uma conexão muito grande com a pós-graduação e o ensino superior que vai ajudar, dentro possível, na melhoria da infraestrutura dos laboratórios nas universidades, que é muito importante. […] É muito importante conversar com a comunidade científica e os reitores”, emendou.
Marcos Pontes afirmou que será necessário fazer alguns ajustes no orçamento do ministério para recuperar investimentos no CPPQ e no Finep. “O CNPQ é essencial em pesquisa básica. É um dos nossos motores. Esse problema será tratado ao longo do ano”, afirmou. Uma das possibilidades citadas pelo ministro é a aplicação de recursos de emendas parlamentares.
Sem fronteiras
Pontes defendeu ainda a necessidade de atrair o setor privado para investimentos na área. “Precisamos atrair empresas. Precisamos ajudá-las a ter um ambiente positivo de negócios”, afirmou. Em sua avaliação, a missão da pasta é produzir conhecimento através da ciência, produzir riqueza através de startups, melhorias de produtos e serviços e contribuir para a qualidade de vida das pessoas”.
O ministro disse, ainda, que o novo governo não discutiu a possibilidade de restabelecer o programa Ciências sem Fronteiras, criado no governo Dilma e encerrado definitivamente em 2017. “Em conversação com a comunidade científica uma das ações que nós determinamos como interessante para o país é o intercâmbio de pesquisadores. […] Não falamos sobre o Ciência sem Fronteiras”, declarou.