O candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, disse na noite desta segunda-feira (11) não se constranger por ter utilizado o aeroporto da cidade de Cláudio (MG), construído na fazenda de um tio, durante sua administração à frente do governo de Minas Gerais. Em entrevista ao Jornal Nacional, o tucano também sinalizou que promoverá um “realinhamento” nas tarifas públicas – uma das medidas que ele apontou como necessárias para “recuperar a confiança na economia brasileira”.
“Vou tomar as medidas necessárias para que o Brasil retome um ritmo de crescimento minimamente aceitável. Não é adequado que um país com as potencialidades do Brasil seja o lanterna de crescimento na América do Sul e estejamos aí de novo com aquela agenda que achávamos já derrotada, como a da inflação, de novo a atormentar a vida do cidadão”, disse ao ser perguntado se adotaria medidas consideradas impopulares.
Em crítica à condução da política econômica praticada pelo atual governo, Aécio Neves disse que em sua gestão haverá previsibilidade. “No meu governo vai haver previsibilidade em relação a essas tarifas [energia e combustíveis] e a todas as outras. Ninguém espere no governo Aécio Neves o pacote A, o PAC disso, o PAC daquilo”, provocou o tucano.
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Pressionado pelo apresentador William Bonner a falar sobre o aeroporto de Cláudio,o candidato buscou minimizar o porte do empreendimento, afirmando tratar-se de uma “pista asfaltada”. O tucano assegurou que a propriedade não pode ser chamada de fazenda mas sim de um sítio de 30 alqueires, utilizado por sua família em período de férias. “Essa fazenda está na minha família há 150 anos e tem 14 cabeças de gado. É algo absolutamente familiar”, declarou.
Sobre o mensalão mineiro, Aécio Neves disse que o caso não pode ser comparado com o mensalão do PT porque, neste, já houve uma condenação, da suprema corte judicial do país, envolvendo a cúpula do partido governista. Questionado sobre o envolvimento do ex-governador Eduardo Azeredo (PSDB), apontado como o pivô do esquema, respondeu: “A diferença é enorme, até porque no caso do PT houve condenação pela principal corte brasileira. No caso do PSDB, se alguém for condenado, não será tratado como herói nacional porque isso deseduca”, alfinetou. Perguntado a respeito do apoio que recebe de Azeredo, Aécio esquivou-se: “É ele que está me apoiando, e não o inverso”.
O candidato do PSDB reafirmou que vai manter e aperfeiçoar os programas sociais, principal bandeira das gestões petistas. “Eu não só vou continuar com o Bolsa Família como vou aperfeiçoar para que outras carências possam também ser sanadas”, disse, lembrando que o programa nasceu da fusão e do aprimoramento de programas criados pelo governo Fernando Henrique, como o Bolsa Escola. Sobre o Prouni, lançado pelo ex-presidente Lula, o tucano afirmou que o programa de concessão de bolsa de estudos para alunos da rede pública foi inspirado em uma iniciativa do governo de Goiás. “Todo mundo, de alguma forma, copia e aprimora”, ressaltou.
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Nas redes sociais, a entrevista do candidato dividiu espaço com notícias sobre o falecimento do ator americano Robin Willians. Petistas e tucanos, entretanto, trocaram provocações no Twitter. Os apoiadores da reeleição de Dilma Rousseff ficaram irritados com a afirmação de que o Prouni havia sido inspirado numa experiência do governo do Goiás. Já os tucanos reclamaram da insistência dos apresentadores do Jornal Nacional em temas considerados espinhosos para Aécio Neves. A hashtag #AecioNoJN esteve entre os assuntos mais comentados do microblog.
Em enquete relâmpago feita através de sua página no Twitter, o Congresso em Foco pediu a quem acompanhou a entrevista para dar uma nota ao desempenho de Aécio, de zero a dez. Doze minutos depois, a soma dos que responderam deu média 8 para o ex-governador de Minas.
As entrevistas com os quatro candidatos a presidente mais bem pontuados nas pesquisas eleitorais, na bancada do Jornal Nacional, prossegue nesta terça-feira tendo como convidado o ex-governador pernambucano Eduardo Campos (PSB). Serão entrevistados depois a presidenta Dilma Rousseff (PT) e o Pastor Everaldo (PSC).
Todas as entrevistas terão 15 minutos, e, a julgar pela conduta de Patrícia Poeta e sobretudo de Bonner nesta segunda-feira, os demais presidenciáveis enfrentarão perguntas embaraçosas na bancada do Jornal Nacional (no caso de Aécio, os temas mais espinhosos foram as questões do aeroporto e do mensalão mineiro).
Veja aqui a íntegra da entrevista de Aécio no Jornal Nacional
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