Principal novidade desta histórica décima edição do Prêmio Congresso em Foco, o júri responsável pela seleção dos melhores parlamentares do ano adverte a sociedade de que o descrédito com políticos envolvidos em denúncias de corrupção não deve ser estendido à política como um todo. Para eles, fora da política não há solução para os problemas enfrentados pela população no dia a dia.
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Esse também é o espírito da premiação da noite desta quinta-feira (19), que pretende separar o joio do trigo ao estimular a reflexão do eleitor sobre a atuação de cada parlamentar, valorizar os congressistas que mais se destacaram no exercício do mandato o longo do ano e estimulá-los a representar de maneira cada vez mais eficaz a sociedade. O resultado desse processo de seleção – feito pelo júri, pela consulta popular na internet e por jornalistas que cobrem o Congresso – será conhecido na cerimônia de premiação, a partir das 20h, no Unique Palace, em Brasília.
“Se você entrega esses monopólios nas mãos de gente inescrupulosa e sem compromisso com a coletividade, quem votou e quem não votou sofrerão as consequências disso. Não há solução para os problemas coletivos fora da política”, diz o analista político Antônio Augusto de Queiroz, diretor do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap), um dos jurados do Prêmio Congresso em Foco 2017.
Para Antônio Augusto, a conscientização sobre a importância do voto e a instituição de uma educação cívica e política são fundamentais para reverter o atual cenário de descrédito em relação às instituições. “A imprensa, as escolas e os partidos têm a obrigação de explicar para a população o que é o Estado, quais os poderes do Estado e como ele funciona. A população, ao saber disso, vai necessariamente participar do processo de escolha, porque se ela se omitir terá a consciência de que sofrerá consequências”, ressalta.
Além do diretor do Diap, participaram da seleção dos melhores parlamentares do ano o advogado e consultor empresarial Guilherme Cunha, a auditora de controle externo e ativista de movimentos sociais Lucieni Pereira da Silva, o cientista político e professor da Universidade de Brasília Ricardo Caldas, e o jornalista Sylvio Costa, fundador do Congresso em Foco.
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Transparência
“Não tem solução para os problemas da nossa política que não seja pela política. É extremamente importante que a gente tenha uma visão por dentro do Parlamento, conheça mais a agenda dos parlamentares, suas atividades, como atuam e como votam, para que a sociedade possa ter juízo de valor, criticar ou elogiar”, defende Lucieni Pereira.
Na avaliação da auditora de controle externo, é preciso reforçar a participação popular no processo político. Mas, para isso, observa, é fundamental que haja maior transparência por parte do Estado. “Só tem um caminho para a gente evoluir dentro de um modelo democrático, que é por meio da participação social exigindo cada vez mais transparência da gestão pública”, considera.
Voto e falta de lideranças
Guilherme Cunha também acredita que a mudança tem de brotar da própria sociedade. Ele entende que grande parte da população ainda não se deu conta da importância do voto nas próximas eleições para mudar o atual cenário de crise política. Uma situação agravada, segundo ele, pela ausência de lideranças políticas capazes de levar esperança aos eleitores.
“Na minha visão, nós precisamos de serenidade para entender os fatos, continuar trabalhando muito e fomentar novas lideranças. Isso vai ser fundamental para o que está se avizinhando, que são as eleições do ano que vem. Esse aspecto é o que mais me preocupa, porque não vejo muitas lideranças florescendo e nem um ambiente propício para que haja uma renovação nos quadros políticos”, afirma Guilherme.
O professor Ricardo Caldas, da UnB, considera que o país perdeu uma grande oportunidade de promover mudanças efetivas durante as discussões da reforma política, que, em vez de abrir novos horizontes, converteu-se em uma minirreforma eleitoral. “Perdemos uma oportunidade de avançar no nosso campo político, de remodelar o nosso sistema”, diz Caldas.
Critérios de análise
Para apontar os melhores parlamentares do ano, os jurados examinaram critérios como a assiduidade em sessões deliberativas, a participação nos debates do Parlamento, o desempenho na apresentação de propostas legislativas, a capacidade de articulação política e os compromissos contra o combate à corrupção e o desperdício de recursos públicos e na defesa da democracia e do desenvolvimento sustentável.
Além dos melhores deputados e melhores senadores, o júri também apontou os parlamentares que, em sua avaliação, mais se destacaram em três categorias especiais: combate à corrupção e ao crime organizado; defesa da agropecuária, e defesa da seguridade social.
Conforme o regulamento, foram escolhidos para o júri “cidadãos que, por dever profissional ou de modo voluntário, acompanham regularmente as atividades do Congresso Nacional, e que gozam de boa reputação, reúnem as necessárias qualificações intelectuais, não estão lotados(as) em gabinetes parlamentares nem mantêm vínculos empregatícios com partidos políticos”.
Internet e jornalistas
A premiação dos jurados será um dos pontos altos da cerimônia de premiação. A votação do júri, porém, não é a única filtragem para a escolha dos parlamentares que mais se destacam no exercício da atividade parlamentar em 2017. As outras duas listas de premiados sairão da tradicional consulta entre os jornalistas que cobrem o Congresso (73 de 45 veículos participaram nesta edição) e da consulta popular na internet. Ao todo, 130.113 pessoas distribuíram 1.034.683 votos validados, entre 1º e 30 de setembro.
Todo o material coletado foi submetido a uma cuidadosa checagem feita por meio de auditoria interna, a cargo da área de tecnologia do Congresso em Foco, e colocada à disposição dos auditores externos da Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais (APCF), entidade que reúne os peritos da Polícia Federal.
O Prêmio Congresso em Foco teve o patrocínio e apoio da Ambev, Anabb, Governo de Mato Grosso, Uber, APCF, Anffa Sindical, Sinprofaz, Anfip, Anadef, AMB, Ciclo de Gestão, Febrafite, Abrig, OAB-DF e Sindicato dos Jornalistas
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