Em entrevista coletiva, o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, afirmou neste sábado (7) que não houve qualquer ingerência do governo para incluir ou retirar nomes da investigação. “Imaginar que o governo possa ter algum tipo de interferência para proteger aliados ou por punir quem quer que seja é algo que não se sustenta pela mera análise fática e da realidade institucional que o Brasil hoje tem”, afirmou. “Se no passado ocorria isso, hoje não acontece mais. Temos instituições sólidas”, ressaltou.
O ministro disse que a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) em abrir inquérito contra 47 políticos e outras duas pessoas suspeitas de serem operadoras do esquema de desvios na Petrobras mostra que “não há nada a investigar sobre a presidenta Dilma Roussef”.
Cardozo disse que Dilma foi isentada não porque a Constituição impede que o presidente da República seja responsabilizado por atos estranhos à sua função, como noticiaram alguns veículos de comunicação, mas porque não havia nada a ser investigado em relação à petista.
“É equivocada a leitura de que a presidenta Dilma não foi investigada em decorrência do artigo 86. O texto é claro: ela não foi investigada primeiro porque não há fatos, porque não há indícios, porque não há nada a arquivar”, disse o ministro. A petista foi citada em depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa que afirmou ter recebido pedido do ex-ministro Antonio Palocci para doar R$ 2 milhões para a campanha de Dilma em 2010. O dinheiro, segundo Paulo Roberto, foi repassado pelo doleiro Alberto Youssef. Mas Youssef contesta a versão do ex-diretor e nega ter feito a transferência dos recursos.
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A negativa de Cardozo em relação a uma eventual interferência do Executivo nos rumos das investigações são uma resposta a críticas feitas pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que responsabilizou o governo pela inclusão de seu nome na lista dos investigados. Cunha disse que o governo “quer um sócio na lama”.
“Ao Executivo cabe apenas dizer que não fez, não faria e não poderia fazer qualquer interferência em relação a essas delações ou em relação às decisões acerca delas que foram tomadas”, declarou. “Essa tese é absolutamente inverossímil. Só pode se justificar pelo desejo oposicionista de quem é oposição ou uma leitura equivocada dos fatos que obviamente saltam à vista de todos, por quem quer que seja”, completou.
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