Rodolfo Torres
O presidente Lula negou nesta sexta-feira (10) qualquer possibilidade de enquadramento de senadores petistas no sentido de forçar a bancada do partido a apoiar o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP).
“Acho engraçada a idéia de que o presidente da República enquadre o Senado… Eles têm mandato de oito anos e eu só tenho de quatro”, afirmou o petista na cidade de L’Áquila, na Itália, onde participa de encontro com líderes mundiais.
O notório apoio de Lula a Sarney contrasta com a posição dos senadores petistas. Na quarta-feira (8), o líder do PT no Senado, Aloizio Mercadante (SP), distribuiu nota por meio da qual o partido mantém a “sugestão” de afastamento de Sarney.
“A bancada dos senadores, ao longo de toda a discussão sobre a crise do Senado, manteve sua posição: a de sugerir que, num gesto de grandeza e de garantia à credibilidade das investigações, o senador José Sarney se licenciasse temporariamente para que o Senado pudesse aprofundar as investigações e construir propostas de solução para os problemas encontrados”, diz trecho da nota.
Por sua vez, o líder do PSDB no Senado, Arthur Virgílio (AM), subiu à tribuna nesta sexta para criticar a interferência de Lula nos assuntos da Casa. Para o tucano, Sarney perdeu a legitimidade para continuar na presidência do Senado e só permanece no cargo por meio do apoio de Lula.
“Se formos olhar rigorosamente o padrão da constitucionalidade brasileira, eu não sei nem se o princípio federativo não foi quebrado, na medida em que o presidente Sarney é mantido no cargo graças à mão forte que lhe dá o presidente do Executivo”, afirmou o tucano.