Fábio Góis
O que você vai fazer hoje (domingo, 12)? O Congresso em Foco sugere uma fugidinha da rotina para participar da 1ª Corrida contra a Corrupção, que será realizada no palco do poder – a Esplanada dos Ministérios, na região central de Brasília – a partir das 9h, com saída do Congresso Nacional. Um dos idealizadores do evento, o conselheiro Duque Dantas, do Instituto de Fiscalização Controle (IFC), diz que, se não chover, mais de 3 mil pessoas deverão literalmente se movimentar contra a chaga que, anualmente, subtrai entre R$ 40 bilhões e R$ 69 bilhões dos cofres públicos.
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“A expectativa é de milhares de pessoas. Se a chuva não atrapalhar, esperamos até 3 mil pessoas para a corrida, fora as que participarão da caminhada e as que correrão na ‘pipoca’”, antecipou Duque ao Congresso em Foco, ressaltando a importância da simbologia saudável do esporte para combater o lado degenerado da sociedade brasileira.
“Queremos que as pessoas possam perceber que devem ser um agente ativo na luta contra a corrupção”, disse, acrescentando que a imprensa estará em peso repercutindo o evento, inclusive ao vivo – caso do Esporte Espetacular, programa esportivo matinal da TV Globo. Duque lembra que a corrida vai coroar três grandes vitórias da sociedade, neste ano, contra a mazela – a Lei da Ficha Limpa (Lei Complementar 135/10), o combate ao tráfico no Rio de Janeiro e a Lei Complementar 131, que criou o Portal da Transparência na União, estados e municípios.
Prata da casa
Com apoio do Congresso em Foco, a corrida ocorrerá três dias depois do Dia Mundial de Combate à Corrupção (09 de dezembro), instituído pelas Nações Unidas em 2003. Naquele ano, 110 países assinaram uma convenção da ONU se comprometendo a rastrear e recuperar dinheiro e bens desviados, bem como a combater crimes como suborno e lavagem de dinheiro. Em seu artigo 13º, essa convenção estabelece que, para combater a corrupção, deve haver participação da sociedade.
Serão cerca de 900 corredores e atletas profissionais, informa Duque Dantas. Entre os nomes de destaque estão Carmem de Oliveira (maratonista), Lars Grael (velejador, que participará da caminhada), Pipoca (ex-seleção brasileira de basquete), Rômulo Dantas (judô), Ricarda (vôlei) e Hugo Parisi (salto ornamental). “A gente recebeu do Instituto Joaquim Cruz a confirmação da participação de alguns atletas”, acrescenta Duque, citando mais uma entidade apoiadora.
Para participar da corrida, é possível se inscrever pelo site do movimento Venceremos a Corrupção. Diversas entidades ligadas à Lei da Ficha Limpa apoiam a corrida – entre elas o Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE). “Quando a gente vê o acesso ao site, ficamos muito animados. Estamos esperando que a sociedade compareça e atenda a esse chamado da democracia, da cidadania”, disse à reportagem a diretora Jovita José Rosa, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), representante no movimento da União Nacional dos Auditores do SUS (Unasus). Ela disse que a página eletrônica, a menos de um mês no ar, já recebeu 17 mil acessos.
Próximos passos
Dada a largada do projeto Venceremos a Corrupção, outros passos serão dados na luta contra o problema – serão feitos cadastros de “agentes fiscalizadores” das ações dos governos municipais, estaduais e federal. “Na ficha de inscrição, estão duas informações importantes para o movimento: a cidade onde nasceu e a área de interesse em que gostaria de receber informações. De uma forma geral, nós temos uma relação sentimental com a cidade em que a gente nasceu. E ao escolher áreas de interesse, você foca quais setores quer fiscalizar como o governo está gastando”, explica Duque.
Mesmo os que não participarem da corrida poderão se cadastrar no site do Venceremos a Corrupção para receber informações das áreas de interesse, como educação, saúde, segurança e transporte. Ao se cadastrar, a pessoa passará, a partir do próximo ano, a ter acesso a informações referentes a como o seu município está gastando os recursos que recebe da União.
Entre as novas ações que serão feitas a partir de 2011 está o fortalecimento dos índices de transparência das instituições – já que, por lei, os municípios de no mínimo 50 mil habitantes devem ter um portal de transparência em seu site – e a capacitação de entidades organizadoras para saber exatamente o que cobrar das prefeituras quanto à transparência e o combate à corrupção.
Para Jovita, avanços como a Lei da Ficha Limpa são extremamente importantes, mas não devem levar à acomodação. “Agora é não deixar esfriar. Queremos avançar e mostrar que Brasília está muito ferida com os políticos que passam por aqui e deixam feridas como o escândalo da Caixa de Pandora”, acrescentou, em referência à operação da Polícia Federal que, deflagrada em novembro de 2009, trouxe a público um esquema de pagamento de propina envolvendo empresários da capital, GDF e Câmara Legislativa que culminou com a prisão do ex-governador José Roberto Arruda.
“A gente tem vergonha de ver a Câmara Legislativa absolver pessoas envolvidas com o esquema de corrupção revelado na Caixa de Pandora. Alguns poucos políticos sujam um povo, uma cidade. A gente quer banir esses corruptos da vida púbica. A gente vai ficar de olho”, completou.
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