Mário Coelho
O presidente Lula recomendou à candidata à presidência da República pelo PT, Dilma Rousseff, “muita tranquilidade” durante o período de campanha eleitoral. Em discurso realizado na convenção nacional do partido, em Brasília, Lula disse que os próximos três meses serão de “muito trabalho e muita pressão. “Nós já estamos calejados, já sabemos como é que eles funcionam. Muita tranqulidade, companheira Dilma, companheiro Temer. A tranquilidade de vocês é que vai garantir que a gente ganhe as eleições”, discursou o presidente, fazendo referência ao “jogo sujo” que os adversários na campanha podem fazer. Dilma foi referendada na manhã deste domingo (13) como candidata do partido à presidência. O vice é o peemedebista Michel Temer (SP).
O discurso de Lula faz referência indireta ao dossiê que, de acordo com a revista Veja, seria montado contra alvos do PSDB. Para os petistas, o dossiê não existe. O presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra, chegou a dizer que processaria tucanos caso não provassem a existência das denúncias. “Temos que ficar atentos. Sou defensor da imprensa livre, mas quando se trata de campanha, o tratamento tem que ser igual. É apenas a gente ficar esperto. Vocês já viram como foi o nível da campanha de 2006, muita gente apareceu com cara de santo, mas por trás faz muita coisa”, disse Lula.
“Ontem, por exemplo, a Dilma participou de duas convenções. A Dilma apareceu alguns segundos, o adversário várias vezes, quase seis minutos”, reclamou Lula. Ele se referia à edição de ontem do Jornal Nacional, da TV Globo. Na quinta-feira (10), quando a candidatura da senadora Marina Silva (PV-AC) foi confirmada pelos verdes, ela também teve espaço generoso na edição. Durante o discurso, Lula pediu que os petistas não tenham “salto alto”. Para ele, a eleição só termina após a contagem dos votos. “Estou convencido de que a possibilidade de ganhar as eleições são totais, quase que absolutas. Mas não existe eleição fácil. Toda eleição tem que ser trabalhada com amor, com dedicação”, disse.
Ele chegou a chamar de “hipócritas” os críticos da classe política. “Ainda tem muita na política”, disparou. Para Lula, muitas pessoas exigem dos políticos comportamentos que não seguem. Fazendo referência às matérias jornalísticas críticas tanto ao governo quanto ao Congresso, afirmou que existem jornalistas bons e outros que não prestam. “Tem jornalista que é bom, tem jornalista que não presta. Tem político que é bom, tem político que não presta. Tem sindicalista que é bom, tem sindicalista que não vale o que come. A gente não pode generalizar”, criticou. O presidente afirmou que a classe política “se permite generalizar”. “Comigo, não tem esse negócio, eu respeito todo mundo e gosto de ser respeitado.”
Lula afirmou também que o momento é de “glória” para os petistas. E ressaltou que eleger Dilma faz parte do programa dele. “Eleger a Dilma significa dar continuidade para continuar fazendo as coisas”, discursou. Fazendo referência à presença do técnico de futebol Wanderley Luxemburgo, que é pré-candidato ao Senado por Tocantins, disse que a candidata do PT sabe montar uma equipe. O presidente comentou que, dentro do governo, é preciso montar os ministérios de uma maneira que os projetos do governo possam andar. “Como grande técnico, o Luxemburgo pode dar palpite. Quem vai ser o lateral direito, o lateral esquerdo, quem vai ficar na reserva, até quem vai ficar na reserva.”
Depois de elencar realizações do seu governo, como o programa Luz para Todos e a criação de escolas técnicas federais, Lula afirmou que a candidata do PT, se for eleita, vai “pegar um país que eu gostaria de ter pego”. A convenção nacional do PT reúne, em Brasília, desde o presidente Lula e o vice-presidente José Alencar a representantes do PMDB, PCdoB, PDT e PSB, partidos que já formalizaram apoio à pré-candidatura de Dilma Rousseff (PT) à Presidência da República. O clima de festa, com direito a hino nacional executado pelo grupo Mulheres Samba de Rainha, deu o tom do evento.
No palanque, além de Lula, a primeira-dama, Marisa Letícia da Silva; o vice-presidente José Alencar, Michel Temer, o presidente nacional do PCdoB, Renato Rabelo; o ex-ministro dos Transportes Alfredo Nascimento (PR); o presidente nacional do PT, José Eduardo Dutra; o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PE), e o presidente interino do PDT, Manoel Dias.