Douglas Lima, colaboração para o Congresso em Foco
Diversas famílias LGBTI+ foram recebidas na tarde da última sexta-feira (29), no ato “Por todas as famílias” no auditório do Museu do Amanhã, no Centro do Rio de Janeiro. O evento, que homenageou 20 famílias plurais, contou também com o lançamento do livro Família Harrad Reis: uma família de todas as cores e todos os amores, de Toni Reis e David Harrad, da filha Jessica e dos filhos Felipe e Alyson.
O livro conta todo o processo e os desafios da adoção e a formação da família Harrad Reis. A família também foi homenageada. “Infelizmente a Lgbtifobia é estrutural, por isso estamos aqui pra colocarmos um ‘s’, na família. Queremos dizer que nós temos que defender todas as famílias, ninguém quer destruir a família de ninguém, nós não queremos. Simplesmente queremos construir as nossas famílias da nossa forma e do nosso jeito. Nós somos plurais, somos a família do hoje e do amanhã,” ressaltou Toni Reis, presidente da Aliança Nacional LGBTI e da Associação Brasileira de Famílias Homo Trans Afetivas.
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O ato foi conduzido pelo presidente do Grupo Arco-Íris e diretor de Políticas Públicas da Aliança Nacional LGBTI+ , Cláudio Nascimento, e também pela vice-presidente do Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI+ e coordenadora nacional de Lésbicas da Aliança Nacional LGBTI+, Patrícia Esteves, e homenageou diversas famílias, dentre elas a do ativista e estilista Almir França, do Projeto Escola de Divines do Grupo Arco-Íris, da viúva de Marielle Franco, vereadora Mônica Benício, do jornalista Gleen Greenwald e do deputado federal, David Miranda, do coordenador do centro de cidadania LGBTI, homem trans e ativista, Théo Silveira, da advogada e ativista trans Amanda Anderson e a do casal de jornalistas Erick Rianelli e Pedro Figueiredo.
“O ato ‘Por todas as famílias’ é para celebrar a diversidade das famílias e a pluralidade em suas composições. Estamos aqui para reconhecer e valorizar a existência das famílias LGBTI+ e as famílias plurais. O nosso amor já ousa dizer o seu nome e sobrenome. Já anunciamos que em 2022 faremos esse ato no formato de festival, com troca de experiências, questões jurídicas e psicossociais, convivência social, arte e cultura e outros temas,” afirmou Cláudio Nascimento.
“Pensar família LGBTI é pensar que nós somos responsáveis em manter uma sociedade mais justa e inclusiva, quando ensinamos os nossos filhos para a respeitarem todas as formas de amor. Eu tenho muito orgulho disso,” disse o ativista e estilista Almir França.
Publicidade“Estou emocionado por tantas pessoas estarem vendo a minha família, sem ela eu não estaria aqui, eu quero agradecer o amor de vocês,” – disse Théo Silveira, pessoa trans não-binário, coordenador do Centro de Cidadania LGBTI – Litorânea I e II, localizado em Arraial do Cabo.
Erick Rianelli, jornalista da TV Globo, casado com o também jornalista Pedro Figueiredo, foi homenageado. Os dois foram recentemente atacados por falas homofóbicas de um padre de Mato Grosso. “Quero dizer, diante da minha família, que estar nessa luta é possível porque tenho vocês. Família é o que está dentro do peito, o amor que está aqui dentro, é o que deve ser alimentado, e não podia não ser dessa forma,” afirmou ele. Erick foi acompanhado de seu pai e sua avó e também da sogra, que representou o filho, Pedro.
Já para o jornalista americano Gleen Greenwald, casado com o deputado David Miranda, a luta LGBTI brasileira lhe garantiu permanecer no Brasil. “Foi o movimento LGBTI+ que me garantiu, através da conquista de direitos, conquistar e formar a minha família”, afirmou ele. O casal adotou há quatro anos dois meninos. Para David Miranda, “ este ato é fundamental para reafirmar a nossa existência, nossas famílias e fortalecer a nossa capacidade de lutas por direitos em nosso país e apontar agendas legislativas para a nossa cidadania”.
A vice-presidente do Grupo Arco-Íris, Patrícia Esteves, também foi homenageada. “Hoje, eu vivo o amor. O que eu vivi no passado foi um amor construído, numa conjuntura social, onde eu não podia me reconhecer como eu mesma. Eu vivi no primeiro momento numa família hétera, e hoje é a família que eu escolhi, a família de muito amor, a Lorena faz parte da continuidade de muita luta e muito amor”, disse ela.
O senador capixaba Fabiano Contarato (Rede), que teve também a sua família homenageada, deixou seu agradecimento gravado, que foi transmitido no evento. O senador ressaltou a conquista da população LGBTI na configuração da família e na efetivação de todos os direitos já garantidos. A deputada Erika Kokay (PT-DF) também foi homenageada pela atuação no Congresso.
Parlamentares e personalidades públicas também estiveram presentes, dentre elas, o deputado estadual Carlos Minc, a também deputada estadual Renata Souza, a deputada estadual Mônica Francisco, a deputada estadual Enfermeira Rejane, a vereadora Tainá de Paula, a deputada federal Jandira Feghali, a secretária municipal de Assistência Social, do Rio de Janeiro, Laura Carneiro, a secretária municipal de Políticas para Mulheres do Rio de Janeiro, Joyce Trindade, o desembargador Siro Darlan e defensora pública da União, Carolina Castellano, a secretária de Políticas para Mulheres e Direitos Humanos de Alagoas, Maria Silva, a integrante da Comissão de Diversidade Sexual e Gênero e presidente da Comissão de Criança e Adolescente da OAB-Rio, e de ativistas LGBTI+ de diversos estados. A deputada federal, Talíria Petrone enviou mensagem por vídeo.
O evento contou também com a presença da subsecretária de Promoção, Defesa e Garantia dos Direitos Humanos do Governo do Estado do Rio de Janeiro, Luciana Calaça, do superintendente de Políticas para LGBTI e coordenador do Programa Rio Sem LGBTIfobia, Ernane Alexandre Pereira.
“Tenho o enorme prazer de contribuir, através da subsecretária de Direitos Humanos na luta LGBTI. Enquanto gestora pública, eu tenho a missão de humanizar cada vez mais o serviço prestado à população LGBTI,” afirmou a subsecretária, Luciana Calaça.
Também foram homenageadas as famílias do ativista gay e publicitário Alexandre Castilho e sua filha Ana Luiza, da mãe e ativista lésbica Angélica Oliveira e filha, da ativista trans Darla Muniz e sua mãe, do casal Diego Xavier e Murilo Correa, por terem sofrido diversas ofensas nas redes sociais em razão de campanha em favor da diversidade realizada pela Volkswagen, do produtor cultural Gino Fonseca e seu esposo Paulo César Santos e seu filho Hector Fonseca S. Santos, do ativista do movimento homens trans e transmasculinidades e educador físico Leonardo Peçanha, da artista visual e mãe, Rafa Mon, do ex-presidente da Abrafh, ativista gay e advogado, Saulo Amorim e filhos, da ativista do movimento de mães Silvana Hedi Rodrigues Kovalewski e filhos, da mãe Thamirys Nunes, autora do livro “Minha Criança Trans”, da ativista bissexual, advogada e mãe Ana Paula Castro e seus filhos.
O evento foi finalizado com o canto do Rap e ativista gay, da zona oeste do Rio de Janeiro, Kellvn, que cantou a música “Cura”, de seu novo álbum, que será lançado em breve.
O evento foi organizado pelo Grupo Arco-Íris de Cidadania LGBTI+, Aliança Nacional LGBTI+, Associação Brasileira de Famílias Trans e Homoafetivas – ABRAFH e o Grupo Dignidade, e teve apoio da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos, do Programa Rio Sem LGBTIfobia, do Museu do Amanhã, da Secretaria Municipal de Assistência Social, da Rede Gaylatino, da Target Comunicação, Mães da Resistência, Editora Apris e Mães pela Diversidade, entre outros órgãos.
Carta aberta de Toni Reis ao apresentador Sikêra