O senador Valter Pereira afirmou hoje, durante a sessão plenária, que irá protocolar, na segunda-feira (16), uma proposta de mudança no regimento interno para que o Conselho de Ética passe a fazer investigações mais técnicas, seguindo um cronograma predefinido.
"Tenho praticamente pronto o projeto para que o Conselho de Ética possa investigar tecnicamente, para que se saiba quando começa e quando termina a investigação, quais os caminhos que pode e deve procurar, quais os direitos que devem ser respeitados, evitando-se, definitivamente, a procrastinação", declarou o senador. "A procrastinação é o pior mal, que afeta não só as partes, mas também hoje o conceito da instituição", completou o senador ao criticar os procedimentos adotados para se investigar as denúncias de quebra de decoro parlamentar contra o senador Renan Calheiros (PMDB-AL).
Sem descarrego
Indignado com a demora no processo contra Renan, o corregedor do Senado, Romeu Tuma (DEM-SP), disse que "nem com dez chefes de terreiro, sendo três da Bahia, ainda assim não se faz o descarrego do Senado, pelo peso da espiritualidade negativa que está tomando conta da Casa".
Tuma contou que foi ao Supremo Tribunal Federal conversar com a ministra Ellen Gracie para estudar possibilidades de mudanças no Código Penal para acelerar os julgamentos dos processos de uma maneira geral. Segundo o senador, a ministra também já estava analisando a questão.
Com relação ao processo de quebra de decoro parlamentar contra o presidente do Senado, Tuma disse que ficou espantado quando o primeiro relatório do Conselho de Ética pediu o arquivamento da representação apresentada pelo Psol e lembrou que tentou aprofundar as investigações, mas que foi impedido pela comissão. Para o senador, não havia motivos para a confusão criada pelo Conselho de Ética.
"Investigação tem um roteiro, um cronograma, tem de se saber andar, tem de ser buscadas as provas para poder, realmente, indiciar ou não aquele que é o suspeito ou o acusado", defendeu. (Soraia Costa)
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Aliado pede que Renan tire licença médica
Depois de um dia tenso, com ameaças e manobras (leia mais), a sexta-feira no Senado está tranqüila, com a realização de sessão não-deliberativa, onde não há votações, mas apenas discursos. O senador Wellington Salgado (PMDB-MG), que integra a tropa de choque do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), declarou há pouco que ele deveria tirar uma licença médica, como forma de esfriar a crise. "Ele poderia tirar uma licença médica. A pressão é muito grande, eu senti isso quando estava na relatoria", afirmou, referindo-se às 24 horas que ficou como relator do processo contra Renan no Conselho de Ética. O presidente do Senado é acusado de quebrar o decoro parlamentar. O processo contra ele está parado. Só na próxima terça-feira, dia 17, é que a Mesa Diretora vai se reunir para encaminhar documentos à Polícia Federal, que vai concluir uma perícia realizada parcialmente. Na quarta-feira começa oficialmente o recesso parlamentar. Renan Calheiros é acusado de ter as despesas pessoais pagas por um lobista da empreiteira Mendes Júnior. Há também inconsistências nos documentos que ele apresentou para tentar justificar ter recursos suficientes para ter realizado os pagamentos. (Lucas Ferraz) Tarso Genro minimiza crise no Senado Ao chegar à Vila dos Jogos Pan-Americanos na manhã de hoje o ministro da Justiça, Tarso Genro, fez questão de enfatizar que não vê motivos para que o presidente Lula deixe de se comunicar com o presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), investigado por quebra de decoro parlamentar. “O governo não pode interferir na crise, cabe aguardar que a crise do Senado se resolva da melhor forma dentro das normas constitucionais", disse o ministro. Para ele, a crise não paralisou as atividades do Congresso e a prova disso, segundo Tarso Genro, foi a votação das medidas do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Tarso Genro também defendeu que o aumento no número de denúncias é apenas uma demonstração de que o Estado está mais ativo no combate à corrupção. "O governo Lula já demonstrou à sociedade que é absolutamente intolerante com a corrupção. A corrupção no país existe há mais de 500 anos e foi combatida com mais ou menos rigor ao longo da história. Se há mais casos agora é a evidência de que nunca se combateu tanto. O que está ocorrendo é uma limpeza do Estado brasileiro", argumentou o ministro. Tarso Genro chegou hoje de manhã ao Rio de Janeiro juntamente com o presidente Lula, o ministro dos Esportes, Orlando Silva, e a ministra do Turismo, Marta Suplicy. Eles irão participar da cerimônia de abertura dos jogos Pan-Americanos que será realizada às 17h30 no Estádio do Maracanã. Renan visita ACM O presidente do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), foi hoje ao Instituto do Coração em São Paulo visitar o senador Antônio Carlos Magalhães, que está internado desde 13 de junho por insuficiência cardíaca e renal. ACM deveria ter recebido alta ontem (12), mas após sofrer um distúrbio gástrico, os médicos optaram por aguardar mais um pouco.Renan foi ao hospital acompanhado da líder do governo no Congresso, senadora Roseana Sarney (PMDB-MA). (Soraia Costa)
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