O ministro das Relações Institucionais, José Múcio, afirmou há pouco, ao sair da reunião da coordenação política do governo, que não houve produção de dossiê, a mando do Planalto, sobre os gastos do cartão corporativo do governo passado. Ele ressaltou que o governo não tem a intenção de chantagear a oposição com essas informações.
"Não existe dossiê por conta do governo, não há interesse do governo na criação do dossiê", garantiu Múcio, para em seguida explicar as denúncias publicadas pela revista Veja na edição da semana passada.
"Existe um banco de dados com 20 mil itens dos quais, de forma criminosa, alguém tirou 295 itens e ele próprio construiu um relatório. Se esse clandestino aparecesse e reafirmasse a sua intenção ou dissesse por que ele fez isso, esse seria um debate muito mais simples", completou o ministro, revelando que "foi criada uma comissão, com três membros", para investigar o vazamento de informações na Casa Civil. "O interesse absoluto [em chegar à verdade sobre o caso] é do governo."
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Presente ao encontro, o deputado Sandro Mabel (PR-GO) destacou que a base do governo vai prestar “solidariedade” à ministra da Casa Civil. “Nós acreditamos muito mais na palavra dela do que na palavra de um anônimo qualquer”, afirmou. Mucio ratificou a declaração de Mabel. "Os líderes, de uma forma solidária, disseram do absoluto apoio ao trabalho da ministra Dilma, da crença no seu trabalho."
O líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), disse que não pode ter credibilidade uma fonte "anônima" como base de uma matéria jornalística. "Uma opinião anônima que gera uma matéria não pode colocar sob suspeição uma ministra com a responsabilidade da ministra Dilma Rousseff, que fez e faz o trabalho de estar servindo ao país", argumentou Fontana.
"Não precisamos subverter a lógica constitucional que é a presunção de inocência de todos nós. Não há nenhum indício de qualquer comprometimento da ministra Dilma com qualquer ilegalidade." O deputado não escondeu que a intenção do Planalto é blindar a “mãe do PAC”. "Como líder do governo [na Câmara], vou trabalhar para que a ministra Dilma não seja convocada para a CPI [dos Cartões]. Ela não deve ser convocada", avaliou.
Por sua vez, o deputado Renildo Calheiros (PCdoB-PE) afirmou que o Planalto vai “enfrentar politicamente o assunto”. Questionado se o enfrentamento político significaria a blindagem da ministra, o parlamentar desconversou e foi embora.
Pauta
Múcio disse que, além do assunto Dilma-dossiê, outras preocupações do Planalto também foram debatidas. "A primeira conversa, evidentemente, foi com relação a medida provisória. Estamos preocupados com que haja a possibilidade de paralisação de algumas obras do PAC [Programa de Aceleração do Crescimento]", disse o ministro. Como as medidas provisórias passam a trancar a pauta após seu vencimento, nenhuma matéria pode ser apreciada antes delas. "O presidente [Lula] está preocupado."
"Também nesta semana vence o prazo da reforma tributária, para que sejam indicados os membros e escolhidos o presidente e o relator", disse Mucio, revelando outro item da pauta da reunião.
Nota do PT
A Executiva Nacional do PT divulgou nota de solidariedade à Dilma nesta noite. O documento manifesta "repúdio à tentativa de setores oposicionistas e de órgãos da imprensa de envolverem a ministra Dilma Rousseff no episódio" da elaboração do dossiê.
"No momento em que o governo do presidente Lula apresenta os mais altos índices de aceitação e reconhecimento da sociedade, e em que o PT cresce nas pesquisas de opinião, antecipando a possibilidade de importantes vitórias eleitorais em 2008, partidos de oposição e setores da imprensa tentam, de forma leviana e sem nenhuma prova efetiva, ligar autoridades a especulações fantasiosas. Uma análise dos fatos indica que a divulgação deste suposto dossiê mais parece obra de adversários do governo Lula do que de seus aliados", diz o texto.
Investigação no Ministério Público
O líder dos Democratas no Senado, José Agripino (RN), disse hoje que o seu partido irá recorrer à Procuradoria Geral da República (PGR) para investigar o episódio do vazamento dos dados dos cartões corporativos, utilizado pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso e sua esposa, Ruth Cardoso.
Segundo Agripino, a Casa Civil deverá responder por “crime de ameaça, divulgação de dados sigilosos e infração da lei de responsabilidade”. (leia mais) (Fábio Góis e Rodolfo Torres)
Última atualização às 23:17.
Confira a íntegra da nota do PT
"Nota de solidariedade à ministra Dilma Rousseff
Diante das notícias sobre a elaboração e divulgação de um suposto dossiê envolvendo o mau uso de cartões corporativos por membros do governo FHC, a Executiva Nacional do PT manifesta seu repúdio à tentativa de setores oposicionistas e de órgãos da imprensa de envolverem a ministra Dilma Rousseff no episódio.
No momento em que o governo do presidente Lula apresenta os mais altos índices de aceitação e reconhecimento da sociedade, e em que o PT cresce nas pesquisas de opinião, antecipando a possibilidade de importantes vitórias eleitorais em 2008, partidos de oposição e setores da imprensa tentam, de forma leviana e sem nenhuma prova efetiva, ligar autoridades a especulações fantasiosas. Uma análise dos fatos indica que a divulgação deste suposto dossiê mais parece obra de adversários do governo Lula do que de seus aliados.
Assim sendo, a Executiva Nacional do PT firma posicionamento no sentido de:
1. Repudiar toda tentativa de setores oposicionistas e de órgãos de imprensa no sentido de envolver, sem provas e por suposições caluniadoras, qualquer autoridade governamental ou militante petista no episódio do vazamento de informações;
2. Manifestar integral e pública solidariedade à ministra Dilma Rousseff.
Executiva Nacional do Partido dos Trabalhadores"
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