No laboratório da universidade, já há 433 ossadas, o que fez atingir a capacidade máxima do local, que só deve ser ampliada após a reforma. O conteúdo de 385 caixas já foi aberto e verificado. Por meio de análise antropológica, arqueólogos estimaram o perfil biológico das ossadas, como sexo, estatura, faixa etária e possíveis traumas.
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Do total já verificado, 85% são ossadas do sexo masculino. Existe também um percentual de 5% de crianças. Em 22% das caixas havia mais de um indivíduo, o que significa que o número de pessoas a serem identificadas pode ser maior que o estimado. Participam do trabalho de identificação arqueólogos, médicos, dentistas e geneticistas da Unifesp.
Laboratório
Segundo o ministro da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República Pepe Vargas, o ministério está em processo de contratação de um laboratório internacional que também se dedicará à análise genética das ossadas. O valor a ser gasto gira em torno de R$ 2 milhões.
O Cemitério Público Municipal de Perus foi usado durante a ditadura para enterrar secretamente militantes políticos assassinados e outras vítimas de violência no regime. “O direito à memória é fundamental e deve ser garantido pelo Estado e pela própria sociedade. A busca da verdade é tarefa fundamental de um estado democrático. Isso é fundamental tanto para que a sociedade compreenda a forma como a repressão se estabeleceu, quanto para que isso não se repita”, declarou o ministro.
PublicidadeO cemitério foi inaugurado em abril de 1971. Algumas ossadas foram descobertas na década de 1990 pelo Departamento de Medicina-Legal da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em 1992, foram identificados dois presos políticos cujos restos mortais estavam na vala clandestina de Perus: Dênis Antônio Casemiro e Frederico Eduardo Mayr. Naquela época, foram encontradas mais de mil ossadas enterradas na vala clandestina, colocadas em 1.049 caixas.
Em 2014, foram transferidas 433 ossadas para o laboratório da Unifesp, mas a permanência das 614 ossadas no cemitério ainda preocupava o Grupo de Trabalho de Perus. Na sala-cofre do MPF, segundo a procuradora regional da República Eugênia Gonzaga, que também é presidente da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, as ossadas ficam seguras e armazenadas com a climatização e umidade adequadas.
A estimativa é que a identificação dos restos mortais feita pela Unifesp e pelo órgão internacional a ser contratado termine até o final de 2016.