Em resposta à denúncia apresentada pelo Ministério Público Federal (MPF) na última quinta-feira (11), o ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ), conhecido como pivô do escândalo do mensalão, publicou ontem (12) em seu blog uma carta para se defender das acusações de participação em esquema de propina. Jefferson classificou o MPF como “aberração institucional” e "monstro andrógino”. Irônico, o ex-parlamentar disse também que as acusações não recaem sobre ele e sim sobre o seu livro.
“Sempre fui adversário dos privilégios do Ministério Público, da distorção institucional que ele se tornou. Nas tensas discussões sobre a Lei Orgânica do Ministério Público, na sala da Presidência da Câmara, só eu enfrentava os promotores, pois todo mundo tinha medo de desagradá-los. Fortalecida por fatos recentes, mantenho minha posição original; quem lê este blog, sabe. Para mim, o MP é, hoje, um monstro andrógino”, disse.
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Segundo Jefferson, a denúncia é "um texto de contradições, ilações, presunções". “É impressionante, mas são 43 páginas sem que se aponte sequer um fato me ligando à acusação de formação de quadrilha e corrupção passiva. Aliás, não fui denunciado por corrupção, mas apenas por formação de quadrilha. Depois de ler a denúncia só é possível uma conclusão: meu livro foi denunciado, junto com o balcão de negócios que até hoje o governo mantém no Congresso!”. (leia abaixo a íntegra)
O ex-deputado foi acusado pelo Ministério Público de participação em esquema de propina envolvendo a Empresa de Correio e Telégrafos (ECT), em que foram arrecadados cerca de R$ 5 milhões. Ele foi denunciado também por formação de quadrilha e corrupção passiva. Outras oito pessoas também foram acusadas. Entre elas, o ex-chefe de Compras dos Correios Maurício Marinho e o ex-presidente da Eletronorte Roberto Garcia Salmeron.
Em sua defesa, Jefferson afirmou ainda que sua participação teria sido indicar um funcionário para ocupar um cargo nos Correios. “Foi tudo o que fiz: indiquei alguém, e de repente indicar é crime, mas quem aprovou a indicação não chega nem perto das garras da acusação. O balcão de negócios que o governo abriu no Congresso, e que há tempos aponto aqui no blog, foi denunciado, mas mais uma vez faltaram os nomes de quem faz as indicações”, disse.
Jefferson nega ainda que manteve ligação com os servidores concursados Fernando Godoy e Maurício Marinho. O ex-deputado é acusado de cooptar esses e outros servidores para cobrarem propinas de empresas que mantinha relações com a ECT. Jefferson afirma que “nada prova por si só” e que nunca fez ligações para os servidores apontados, como indica a denúncia do MPF. (Renata Camargo)
Leia a íntegra da defesa:
Aberração institucional
Sempre fui adversário dos privilégios do Ministério Público, da distorção institucional que ele se tornou. Nas tensas discussões sobre a Lei Orgânica do Ministério Público, na sala da Presidência da Câmara, só eu enfrentava os promotores, pois todo mundo tinha medo de desagradá-los. Fortalecida por fatos recentes, mantenho minha posição original; quem lê este blog, sabe. Para mim, o MP é, hoje, um monstro andrógino – é Executivo ou Judiciário? – ingovernável. Como é andrógino, é uma aberração institucional.
O que diz a infame denúncia promocional do MP
Hoje tive a chance de ler a denúncia contra mim oferecida pelo Ministério Público Federal. É impressionante, mas são 43 páginas sem que se aponte sequer um fato me ligando à acusação de formação de quadrilha e corrupção passiva. Aliás, não fui denunciado por corrupção, mas apenas por formação de quadrilha. Depois de ler a denúncia só é possível uma conclusão: meu livro foi denunciado, junto com o balcão de negócios que até hoje o governo mantém no Congresso!
O balcão denunciado
É possível perceber que os representantes do MPF até que lêem um pouco de jornal, e só hoje perceberam que "é fato público e notório que os partidos políticos integrantes da base de apoio do Governo Federal buscam de modo obstinado ocupar todos os cargos públicos disponíveis dentro da estrutura estatal" – o PTB então teria ganhado, desde o longínquo ano de 2003 até 2005, cargos na ECT. E na quinta folha da acusação estaria a minha participação – indiquei Antônio Osório para trabalhar nos Correios. Foi tudo o que fiz: indiquei alguém, e de repente indicar é crime, mas quem aprovou a indicação não chega nem perto das garras da acusação. O balcão de negócios que o governo abriu no Congresso, e que há tempos aponto aqui no blog, foi denunciado, mas mais uma vez faltaram os nomes de quem faz as indicações.
Procurador Bruno Acioly, cadê a turma do Silvinho Pereira, que indicou o pessoal da área de informática e de transportes da empresa que a CPI dos Correios apontou como autoras de grandes irregularidades? Você quer colocar no colo do PTB uma denúncia retórica e sem fatos que não nos cabe, e à véspera da eleição, escondendo a turma do PT? A serviço de quem você está, do PT e do Zé Dirceu? Que jogo é esse?
É só um livro! (1)
Diz a denúncia que a indicação serviu não para "atender qualquer finalidade pública", mas para "levantamento de valores para o PTB". Aliás, quem diz isso não é o MPF, mas eu mesmo, no meu livro "Nervos de Aço", repetidas vezes citado nas notas de rodapé. E não nego que disse isso em meu livro – a ocupação de cargos importantes leva ao contato com empresários que podem, no futuro, doar valores para as campanhas eleitorais. Era assim, e ainda é, porque nossa reforma política ainda dorme em alguma gaveta.
Meu livro é citado tantas vezes, quando a Procuradoria quer me acusar de algo, que é possível até acreditar que foram três anos para ler a publicação (que grande investigação!). No fundo, é uma nova tentativ
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