Movimentos sociais ligados à moradia, a terra, a cultura e a educação, que foram às ruas defender a presidente Dilma Rousseff contra o impeachment, agora ameaçam retirar o apoio ao governo caso o corte de gastos afete programas sociais, investimentos em setores estratégicos ou reduza ministérios. As informações são de O Estado de S. Paulo.
O Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) divulgou resolução na sexta-feira (11) em que deixa claro sua insatisfação com as possíveis soluções encontradas pelo Palácio do Planalto como saída da crise econômica: “Reconhecemos a existência de uma crise econômica mundial, mas não admitimos que trabalhadores e trabalhadoras paguem essa conta. Somos contra o ajuste fiscal e consideramos que o governo está implementando medidas de ajuste neoliberal, que ferem direitos dos trabalhadores e cortam investimentos sociais. Exigimos que a presidente implemente o programa que a elegeu,” diz documento.
Antes disso, na quinta-feira (10), lideranças de movimentos de moradia se reuniram com Dilma e avisaram que não aceitarão cortes no Minha Casa, Minha Vida, uma das principais bandeiras da gestão da petista. Após o anúncio de déficit orçamentário de R$ 30,5 bilhões para o próximo ano, o governo disse que o programa habitacional irá se ajustar com a disponibilidade dos cofres. “Dissemos que não aceitamos cortes. Ela prometeu preservar o programa, mas queremos ver isso na prática”, disse o coordenador-geral da Central de Movimentos Populares (CMP), Raimundo Bonfim.
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A CMP integra a Frente Brasil Popular, da qual participam entidades sindicais, sociais e partidos políticos que sustentam a base da presidente. “Esses movimentos têm se manifestado e ido em massa nas manifestações contra o golpe. Se o programa (Minha Casa, Minha Vida) for tocado de forma lenta, isso pode contribuir para um desgaste maior do governo”, afirmou Raimundo.
Já o membro da coordenação nacional dos Movimentos dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST) Guilherme Boulos disse que já foi elaborada agenda de manifestações de rua, ocupações e bloqueios de rodovia contra o governo.
Os cortes, que também afetam as universidades federais e programas de fomento a pós-graduação, foram motivo de divergências entra a União Nacional dos Estudantes (UNE). A entidade, que tem sido a maior apoiadora da presidente desde o início da crise, divulgou manifesto intitulado “Não estamos com Dilma”.
“Defender os interesses dos estudantes é colocar-se contra as medidas adotadas por esse governo que têm impactado de forma extremamente negativa o cotidiano da universidade”, afirmou a diretora do movimento, Camila Souza. A declaração vem em oposição ao da presidente da UNE, Camila Vitral, que diz que a entidade é melhor amiga de Dilma.
“Essa é uma fala que não representa toda a entidade”, disse Camila.