Segunda tendência mais importante do partido, o Movimento PT abriu fogo hoje (10) contra a corrente petista que comanda a legenda e o governo, o Campo Majoritário. Além de dizerem, por exemplo, que o Campo “faliu e quase faliu o PT”, representantes do Movimento PT miraram a pressão feita pelo grupo predominante para a nomeação da ex-prefeita Marta Suplicy como ministra.
"Achamos que é um equívoco político o governo ser construído apenas com o Campo Majoritário", afirmou à Agência Estado o deputado Geraldo Magela (DF). A reclamação é de que, embora represente 42% do partido, o Campo ocupa 95% dos cargos do PT no governo.
"E agora, quando se fala na possibilidade de troca ou de mais um ministério para o partido, o nome que se fala é da prefeita Marta Suplicy, mais um nome do Campo", reclamou Magela. "O nome da prefeita não é um consenso dentro do PT. É um dos nomes e uma indicação do Campo Majoritário do partido", emendou Romênio Pereira, secretário de Organização do partido.
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"Um equívoco profundo esse exclusivismo. Foi isso que provocou a crise no partido e no governo. Esse aparelhamento por alguns setores colocados a serviço de setores do governo e até de projetos pessoais", criticou a deputada Maria do Rosário (RS), vice-presidente nacional do PT.
Assim como o próprio Campo Majoritário, o Movimento PT também está reunido em Brasília para preparar as teses que serão apresentadas no encontro nacional do partido, em julho deste ano. Atualmente, o nome mais influente da tendência é o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia (SP), que deve participar da reunião de domingo da corrente.
"Não tem alinhamento com o Campo Majoritário. Acho que não tem mais como o Campo Majoritário continuar no comando do partido. O Campo faliu e não tem um projeto para o partido", disse Maria do Rosário. "Faliu e quase faliu o PT", completou Magela, relata a repórter Lisandra Paraguassú, da Agência Estado.
Berzoini rebate críticas do Movimento PT
O presidente nacional do PT, Ricardo Berzoini (SP), rebateu as críticas do Movimento PT de que o Campo Majoritário, tendência da qual ele faz parte, tenta impor a presença da ex-prefeita Marta Suplicy no governo. "Nesse assunto do ministério não trato como representante de nenhuma corrente, mas como presidente do PT. Não é correto fatiar essa discussão em interesses de correntes", afirmou.
Berzoini minimizou os ataques do Movimento PT de que o Campo Majoritário “faliu e quase faliu o PT”. "Quem acha que alguma coisa está errada deve dizer, não deve se calar. São manifestações mais de opinião do que ataque político", disse o deputado.
O presidente do PT classificou como “assunto delicado, de responsabilidade” a discussão sobre as indicações do partido para o primeiro escalão. “Só trato com pessoas que estão discutindo comigo reservadamente", disse. "Não discutir esse assunto é melhor para o partido e as pessoas envolvidas", completou. Tanto o Campo Majoritário quanto o Movimento PT estão reunidos hoje, em Brasília, para debater as teses que cada corrente apresentará no encontro nacional da legenda, em julho.
Lacerda adia saída e fica mais três meses à frente da PF
O diretor-geral da Polícia Federal, Paulo Lacerda, ficará no cargo por pelo menos mais três meses. O delegado, que havia anunciado no final do ano passado que deixaria o cargo junto com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, aceitou ficar mais um período para colaborar com o próximo titular da pasta, à qual a PF é subordinada.
Na semana que vem, o presidente Lula deve confirmar a nomeação do atual ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro, como ministro da Justiça. Lacerda diz, no entanto, que a permanência será apenas para marcar a transição.