O senador Antonio Carlos Magalhães (DEM-BA) acaba de morrer em São Paulo. O parlamentar de 79 anos sofreu uma parada cardíaca ontem à noite e seu estado de saúde piorou significativamente hoje pela manhã. A morte do senador foi registrada às 11h40.
ACM estava internado desde 13 de junho no Instituto do Coração, mas antes disso ele já havia sido internado outras duas vezes, em março e abril.
Os familiares do senador já chegaram ao hospital. O corpo de ACM seguirá ainda hoje para a Bahia e será enterrado amanhã (21) à tarde no Cemitério do Campo Santo, no centro de Salvador, ao lado de seu filho o ex-deputado Luiz Eduardo Magalhães, que morreu de infarto em 1998, aos 43 anos. O corpo de ACM será velado no Palácio da Aclamação (que durante anos foi a residência oficial dos governadores da Bahia).
O vice-presidente da República, José Alencar, vai representar o presidente Lula no funeral de ACM. Com a morte do senador, sua vaga ficará para seu filho, Antonio Carlos Júnior (DEM), seu primeiro-suplente.
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Quem era ACM
O senador Antonio Carlos Magalhães nasceu em Salvador, em 4 de setembro de 1927. Formado em Medicina, destacou-se por sua atuação como jornalista e político. Foi redator do jornal Estado da Bahia e deu aulas na Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia.
Polêmico, como ninguém conseguiu ser influente tanto durante o regime militar como em todos os governos após a redemocratização. A família de ACM controla os principais meios de comunicação de seu estado, como o jornal Correio da Bahia e a TV Bahia, afiliada da Rede Globo.
Sua força durante a ditadura militar foi traduzida em nomeações para diversos cargos de destaque, a começar pela presidência da Eletrobrás, em 1975.
Começou sua carreira política na UDN e elegeu-se pela primeira vez como deputado estadual (1954) pelo partido. Depois foi para a Arena e o PDS. Nas eleições de 1958 conseguiu seu primeiro mandato como deputado federal, reelegendo-se em 1962 e 1966.
Em 1967, ACM foi nomeado prefeito de Salvador. Também por nomeação, assumiu o governo da Bahia entre 1971 e 1975 e entre 1979 e 1983.
Foi presidente da Eletrobrás e integrou o conselho de administração da Itaipu binacional até assumir pela segunda vez a chefia do Governo da Bahia (1979).
Apoiou a redemocratização e a candidatura de Tancredo Neves à Presidência da República. Nessa mesma época ajudou a fundar o Partido da Frente Liberal (PFL) – agora DEM.
O vice de Tancredo Neves, o agora senador José Sarney (PMDB-AP), assumiu a presidência em 1985 após a morte do titular e convidou Antonio Carlos Magalhães para ser seu ministro das Comunicações. ACM permaneceu no cargo até 1990, quando voltou ao Governo da Bahia após ganhar as eleições diretas realizadas no ano anterior.
Em 1994, ACM ganhou a primeira eleição para o Senado Federal. Chegou a presidir a Casa entre 1997 e 2001 e assumiu a Presidência da República interinamente entre 15 e 22 de maio de 1998.
Pouco após deixar a presidência do Senado, no entanto, ACM confessou ter participado da violação do painel eletrônico da Casa durante a sessão que cassou o ex-senador Luis Estevão em 2000.
Para evitar a abertura de um processo de quebra de decoro parlamentar que poderia levar à sua cassação, ACM renunciou ao mandato. Reelegeu-se no ano seguinte, em 2002, para a vaga que ocupava agora.
Antonio Carlos Magalhães também foi acusado de solicitar o grampo telefônico de adversários políticos durante a campanha eleitoral de 2002, mas o pedido de abertura de processo disciplinar contra ele foi arquivado pela Mesa Diretora do Senado, na época, presidida por José Sarney.
O senador era presidente da Comissão de Constituição e Justiça e um dos mais importantes senadores da oposição. Sofria de cardiopatia grave desde 1989 quando teve um infarto. Seu estado piorou muito logo no início da atual legislatura. Em março o senador foi internado com um quadro de pneumonia e em abril por causa de uma insuficiência renal.
Desde 13 de junho ACM estava internado no Instituto do Coração, em São Paulo. A família de ACM tinha a expectativa de que ele recebesse alta na quinta-feira (12), mas os médicos preferiram mantê-lo no hospital após o senador sofrer distúrbios gástricos. Na noite de ontem (19), o senador sofreu uma parada cardíaca e morreu às 11h40 de hoje.
ACM deixou a esposa, Arlete Maron de Magalhães, e dois filhos, Antonio Carlos Peixoto de Magalhães Júnior – que assumirá o Senado agora – e Teresa Helena Magalhães Mata Pires. Dois outros filhos do senador, o ex-deputado Luís Eduardo Magalhães e Ana Lúcia Maron de Magalhães, já haviam falecido. ACM também tinha oito netos, entre eles o deputado federal ACM Neto, filho de Antonio Carlos Júnior, e vários bisnetos. (Soraia Costa)
Matéria atualizada às 15h29
Confira a íntegra da nota do Incor sobre o falecimento de ACM
"O Senador Antonio Carlos Magalhães, 79 anos, internado no Instituto do Coração do Hospital das Clínicas (Incor-HCFMUSP) desde 13 de junho último, faleceu às 11h40 desta sexta-feira (20/7), em decorrência de falência de múltiplos órgãos secundária à insuficiência cardíaca.
Assessoria de Imprensa
Instituto do Coração
Incor-HCFMUSP"
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