Morreu ontem (3), aos 72 anos, o jornalista e ex-deputado federal, Márcio Moreira Alves. Ele estava internado desde outubro do ano passado no Hospital Samaritano, no Rio de Janeiro, por conta de sequelas de um Acidente vascular Cerebral (AVC).
Ele protagonizou parte da luta conta a ditadura no Brasil ao protestar, já como deputado, na tribuna da Câmara, contra a invasão da Universidade de Brasília, em 1968. Na ocasião, Márcio sugeriu um boicote às comemorações do dia 7 de setembro, para explicitar o descontentamento social com o autoritarismo militar.
O pronunciamento não foi bem recebido pelas autoridades à época, e, 11 dias depois do protesto do jornalista, o então presidente Costa e Silva editou o Ato Institucional 5, considerado o mais agressivo dentre todos os atos institucionais.
O AI-5 cassou direitos políticos e deu plenos poderes ao presidente da República, que poderia até fechar o Congresso Nacional e intervir em municípios e estados, por exemplo.
No dia 30 do mesmo mês, Márcio Moreira Alves e outros dez deputados federais tiveram seus direitos cassados. O Jornalista, então, se exilou no Chile, e só voltou ao Brasil em 1979. Em dezembro de 1968, o então deputado fez novo discurso histórico, em que se defendia de pedido do ministro da Justiça de licença do Congresso para processá-lo.
“Senhores deputados, marcou-me o acaso para que me transformasse no símbolo da mais essencial das prerrogativas do poder legislativo. Independentemente do meu desejo, transmutaram-me em símbolo da liberdade de pensamento, expressa na tribuna desta Casa. Sei bem que a prova a que me submeteram está muito acima das minhas forças, e da minha capacidade, mas transcendeu a causa que a Câmara julgará, a minha pessoa, o meu mandato aos partidos”, disse, na ocasião. “A verdade história, é que os homens passam”, complementou (ouça o pronunciamento na íntegra).
A causa da morte do jornalista ainda não foi divulgada. Nascido com o nome de Marcio Emmanuel Moreira Alves, no Rio de Janeiro, o jornalista iniciou sua carreira aos 17 anos como repórter do Correio da Manhã, jornal carioca.
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