A jornalista Míriam Leitão afirmou ter sido hostilizada por militantes do Partido dos Trabalhadores (PT) durante um voo da companhia Avianca, com saída de Brasília para o aeroporto Santos Dumont, no Rio de Janeiro, no último dia 3 de junho. Em seu blog, no site do jornal O Globo, ela conta que foi alvo de intolerância por parte dos militantes petistas, que a agrediram verbalmente.
“Sofri um ataque de violência verbal por parte de delegados do PT dentro de um voo. Foram duas horas de gritos, xingamentos, palavras de ordem contra mim e contra a TV Globo. Não eram jovens militantes, eram homens e mulheres representantes partidários. Alguns já em seus cinquenta anos. Fui ameaçada, tive meu nome achincalhado e fui acusada de ter defendido posições que não defendo”, afirma no texto publicado em sua coluna nesta terça-feira (13).
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No mesmo dia em que a jornalista voltava para o Rio de Janeiro, no último dia 3, houve um congresso do PT em Brasília. Na ocasião, militantes ainda vestidos com camisetas do encontro começaram a verbalizar ofensas contra ela antes mesmo do embarque.
Os cerca de 20 militantes, de acordo a jornalista, sentaram-se perto de seu assento e começaram ofensas aos gritos de “terrorista, terrorista.” Após os primeiros ataques, ela conta ter sido convidada pelo comandante da aeronave, por meio da comissária de bordo, a mudar de lugar. No entanto, a jornalista se recusou e continuou em sua poltrona, conforme bilhete comprado.
“Durante todo o voo, os delegados do PT me ofenderam, mostrando uma visão totalmente distorcida do meu trabalho. Certamente não o acompanham. Não sou inimiga do partido, não torci pela crise, alertei que ela ocorreria pelos erros que estavam sendo cometidos. Quando os governos do PT acertaram, fiz avaliações positivas e há vários registros disso”, diz Miriam em seus relatos.
Para ela, o fato do ex-presidente Lula citar seu nome em comícios e reuniões partidárias é um “erro”. “Não acho que o PT é isso, mas repito que os protagonistas desse ataque de ódio eram profissionais do partido. Lula citou, mais de uma vez, meu nome em comícios ou reuniões partidárias. Como fez nesse último fim de semana. É um erro. Não devo ser alvo do partido, nem do seu líder. Sou apenas uma jornalista e continuarei fazendo meu trabalho”, acrescentou.
Leia íntegra da declaração da jornalista no site O Globo
Após os relatos e a repercussão do ocorrido, o Partido dos Trabalhadores emitiu nota, assinada pela senadora Gleisi Hoffmann (PR), presidente da legenda, na qual afirma orientar a militância “a não realizar manifestações políticas em locais impróprios e a não agredir qualquer pessoa por suas posições políticas, ideológicas ou por qualquer outro motivo”.
Apesar de dizer que lamenta o ocorrido, a nota também responsabiliza a Rede Globo, empresa para a qual trabalha a jornalista, “pelo clima de radicalização e até de ódio por que passa o Brasil”.
Leia íntegra da nota emitida pelo PT:
“O Partido dos Trabalhadores lamenta o constrangimento sofrido pela jornalista Miriam Leitão no voo entre Brasília e o Rio de Janeiro no último dia 3 de junho, conforme relatado por ela em sua coluna de hoje. Orientamos nossa militância a não realizar manifestações políticas em locais impróprios e a não agredir qualquer pessoa por suas posições políticas, ideológicas ou por qualquer outro motivo, como confundi-las com empresas para as quais trabalhem.
Entendemos que esse comportamento não agrega nada ao debate democrático. Destacamos ainda que muitos integrantes do Partido dos Trabalhadores, inclusive esta senadora, já foram vítimas de semelhante agressão dentro de aviões, aeroportos e em outros locais públicos.
Não podemos, entretanto, deixar de ressaltar que a Rede Globo, empresa para a qual trabalha a jornalista Miriam Leitão, é, em grande medida, responsável pelo clima de radicalização e até de ódio por que passa o Brasil, e em nada tem contribuído para amenizar esse clima do qual é partícipe. O PT não fará com a Globo o que a Globo faz com o PT.
Senadora Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores”
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