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“A firmeza do governo brasileiro é a mais completa, não há afrouxamento. O que pode haver é uma certa reserva em compartilhar publicamente, porque isso em nada contribuiria para proteger os brasileiros ou para acelerar o desenlace que todos nós desejamos”, declarou o ministro, em audiência na Comissão de Relações Exteriores do Senado. Patriota ressaltou que o governo boliviano ainda não concedeu salvo-conduto para o senador deixar o país e, enquanto isso não ocorrer, o parlamentar deve continuar na embaixada brasileira, onde está abrigado desde o fim de maio de 2012.
A situação de Roger Pinto Moline não pode ser vista como moeda de troca entre os dois países, enfatizou o ministro. Em relação aos corintianos presos, Patriota confirmou a situação de precariedade e as ameaças a que os 12 brasileiros estão submetidos em Oruro, município boliviano palco da partida de futebol que resultou na morte de Kevin, de 14 anos. Mas “o apoio consular” do Brasil no caso, garante o chanceler, caminha para a solução mais “célere” possível.
“Tratei pessoalmente com o presidente boliviano, Evo Morales, e não só transmiti com muita firmeza o propósito, a intervenção do governo brasileiro para exigir respeito aos direitos dos nossos compatriotas. Assim como o caminhamento judiciário mais célere, já que foi comprovada a inocência daqueles que estão presos, e garantir a liberação no mais breve prazo dos nossos concidadãos”, declarou Patriota. O episódio “introduz uma nota sombria sobre aquela que é uma marca do povo brasileiro”, o futebol, pontuou o chanceler. “O fato só pode enlutar a todos, mas eu gostaria de deixar muito claro o empenho do governo brasileiro, e do Itamaraty em particular, em garantir o pleno apoio consular aos 12 brasileiros detidos em Oruro.”
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Patriota se reuniu ontem (quarta, 3) com o presidente do Corinthians, Mário Gobbi, que recentemente disse, em entrevista de rádio, que a situação dos brasileiros presos “é pior” do que a do estudante morto. Depois da repercussão negativa da declaração, o cartola se reuniu também com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em busca de providências mais efetivas do governo brasileiro em relação ao caso.
Segundo o ministro, o consulado brasileiro tem feito “contato permanente” com os detentos, e mais de 20 visitas já foram feitas à penitenciária San Pedro, em Oruro. O presídio fica a 200 metros do Estádio Jesús Bermúdez, onde Kevin foi morto por um morteiro disparado por um corintiano. “As condições carcerárias são precárias, mas o que pode ser feito tem sido feito para evitar que piorem. Há poucos dias, uma médica foi visitar os detentos para cuidar da saúde deles, que estão tendo assistência de um advogado. E aqui, em parceria com o [ministro] Cardozo, já proporcionamos à justiça boliviana elementos que vão – e tenho esperança de que irão – garantir o equacionamento dessa questão no mais breve prazo”, disse Patriota.
Por sua natureza republicana, a situação do senador boliviano requer mais reserva, observou o ministro. Roger Pinto Molina faz graves acusações contra membros do governo Evo Morales, como o envolvimento de ministros com o narcotráfico. Já o governo boliviano aponta os diversos processos judiciais que envolvem Roger, questionando os propósitos de sua atuação política.
O ministro ressaltou ainda o “compromisso pessoal” da presidenta Dilma Rousseff com a integridade e a “máxima segurança” do senador assim que ele deixar a embaixada rumo ao Brasil, na hipótese de concessão de salvo-conduto. “De fato, é uma situação complexa”, disse, acrescentando que um grupo de trabalho já se debruça sobre o assunto em busca de uma solução eficaz.
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