O ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), voltou a criticar a Polícia Federal ontem (1º), em uma palestra realizada em São Paulo. Lembrando do protesto dos policiais quando ele concedeu habeas corpus liberando vários presos da Operação Navalha, o ministro avaliou: "Se órgãos policiais começam a discutir ordens judiciais, estamos em outro modelo que não é o do estado de direito".
"A Polícia Federal é uma polícia judiciária da união, exerce uma função determinada pela Justiça. Se a polícia começa a decidir quem prende e quem solta, se ela ganha autonomia, estamos em outro modelo. Estou falando em algo abstrato, não é o modelo constitucional brasileiro. Isso é KGB, Gestapo, são modelos clássicos de estado policial. E isso a gente sabe como começa e como termina", acrescentou.
A liberação dos presos gerou um mal-estar entre Mendes e a PF porque, afirmam os policiais, o ministro não conhecia a fundo o inquérito. Um homônimo de Gilmar Mendes estava entre os acusados da operação e a divulgação do nome, na opinião do ministro, foi uma tentativa de intimidá-lo. Em conversa com o ministro da Justiça, Tarso Genro, Mendes chegou a chamar os policiais de "canalhas". (Carol Ferrare)