O presidente Lula convidou hoje (20) o filósofo Roberto Mangabeira Unger (professor de direito da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos) para assumir a Secretaria Especial de Ações de Longo Prazo do governo federal. Mangabeira Unger é vice-presidente do PRB, partido que tem o vice-presidente, José Alencar, em seus quadros.
A secretaria, que terá status de ministério e ainda será criada, vai reunir o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e o Núcleo de Assuntos Estratégicos (NAE).
Magabeira Unger foi um crítico do governo Lula durante o primeiro mandato do petista. O filósofo chegou a defender o impeachment de Lula, na época do escândalo do mensalão. Entretanto, no ano passado, ele se reaproximou do presidente e defendeu a sua reeleição. O filósofo ajudou o governo na elaboração do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Mangabeira coordenou o programa de governo da campanha de Ciro Gomes à Presidência da República em 2002. No segundo turno, Ciro apoiou a candidatura de Lula e foi nomeado ministro da Integração Nacional, após a vitória de Lula.
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Confira aqui artigos do filósofo Roberto Mangabeira Unger.
Petistas vêem com estranheza Mangabeira no governo
Participantes da reunião do Diretório Nacional do PT receberam com "estranheza" o convite feito pelo presidente Lula para que o professor e filósofo Mangabeira Unger se tornasse ministro. Unger aceitou e vai ocupar a Secretaria de Ações de Longo Prazo. O governo conta agora com 36 ministros.
Em 2005, no auge da crise do Mensalão, Mangabeira Unger escreveu em artigo que o governo Lula "era o mais corrupto da história". A deputada Maia do Rosáro (RS), segunda-vice presidente do PT, admitiu que é "estranho" a situação, mas afirmou: "que bom ele [Mangabeira] ter mudado de idéia".
Cargos
O ex-ministro da Saúde e membro da diretoria do PT, Humberto Costa, diz que o partido pretende até a próxima semana definir a ocupação dos cargos no segundo escalão. Segundo Costa, foram discutidas as situações dos diretórios estaduais.
"No meu estado [Pernambuco], por exemplo, não há nenhuma definição", reclamou. Esse é um dos assuntos da reunião da tarde, que começou por volta de 14h30. Um documento sobre a reunião, que estava para ser divulgado hoje, deve sair só amanhã, quando termina o encontro. (Lucas Ferraz)
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Lula: "Só uma bomba de pessimismo" vai parar o Brasil
O presidente Lula afirmou hoje (20), durante a inauguração de uma fábrica de veículos da Hyundai, em Anápolis (GO), a 150 Km de Brasília, que "só uma bomba atômica de pessimismo" impediria o Brasil de entrar para o grupo de países desenvolvidos.
Lula destacou o ajuste fiscal feito pelo seu governo em 2003. De acordo com ele, a medida proporcionou a solidez e a estabilidade da economia. "Às vezes, tinha-se a impressão de que o Brasil não ia dar certo, tamanha a desilusão. O que acabou acontecendo, de fato e de direito, é que o país precisava de um pouco de seriedade, precisava de alguém que não pensasse apenas num mandato de quatro anos, mas nas gerações", afirmou.
O presidente também ressaltou a importância de investimentos em educação e afirmou que os jovens que cometem crimes nas grandes cidades são "filhos das desventuras econômicas" das últimas três décadas. De acordo com Lula, "a inteligência está ligada à oportunidade".
Lula: redução da maioridade penal é um erro
Durante a inauguração do um centro de recuperação de computadores no Gama (DF), hoje de manhã, o presidente Lula desqualificou a redução da maioridade penal como uma alternativa para reduzir a criminalidade entre os jovens.
"Essa crianças não estão precisando de uma lei mais dura contra elas. Elas estão precisando de um sonho, de uma palavra. Um animal preso não fica domesticado, mas fica mais bravo e mais raivoso", afirmou.
Para o presidente, "o que leva o jovem pra o caminho sadio é a restauração da família brasileira e a educação". Durante a cerimônia, ele anunciou que na próxima semana o governo lançará um programa que vai garantir acesso à universidade para população carente. "Em 20 anos, teremos uma geração mais bem formada", disse.
Na opinião do presidente Lula, além de mais eficiente, investir em educação também é mais barato. "É muito mais barato fazer transporte escolar do que transportar Fernandinho Beira-Mar de cadeia em cadeia".
Escolas informatizadas
O presidente garantiu que, até o final deste ano, todas as escolas brasileiras de ensino técnico terão acesso à internet banda larga. Lula também prometeu que até o final de 2010, todas as escolas públicas no país terão acesso a redes de computadores sem fio.
De acordo com Lula, o governo lançará na próxima semana um novo programa na área de educação que, em suas palavras, "será o mais revolucionário já lançado no Brasil". (Carol Ferrare)
Em reunião do Conselho Político, Lula critica Ibama
Em reunião ontem (19) com o Conselho Político, o presidente Lula mostrou-se irritado com a demora na concessão de licença ambiental para a construção de usinas hidrelétricas no Rio Madeira. De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, Lula atacou diretamente o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e disse que terá uma reunião "muito dura" com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, e a direção do instituto.
Segundo o presidente, os atrasos na construção das usinas atrapalham o andamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e trazem riscos de falta de energia a médio prazo. Lula quer soluções para os entraves ambientais e não admite simplesmente a recusa na liberação das licenças.
"Agora não pode por causa do bagre, aí jogam o bagre no colo do presidente. O que eu tenho com isso? Tem que ter uma solução", reclamou, em referência a um dos argumentos do Ibama para barrar as usinas, que atrapalhariam a migração dos peixes. As usinas hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, no Rio Madeira, em Roraima, produzirão cerca de 6.450 MW de energia elétrica. O governo considera as obras vitais para garantir crescimento econômico de 5% nos próximos anos.
De acordo com O Estado, quando a líder do PT no Senado, Ideli Salvatti (SC), mostrou-se preocupada com um possível pedido de demissão de um dos diretores do Ibama, Lula foi irônico. "Em vez de problema, talvez isso seja solução", afirmou, reiterando a insatisfação com o trabalho do instituto.
Conforme declarações recentes à imprensa, a ministra Marina Silva está, de fato, pensando em trocar o comando do Ibama. Entre os demissionários está o presidente do instituto, Marcos Barros, do PT do Amazonas, que já estaria pronto para deixar o cargo.
De olho em possíveis mudanças no Ibama, o PMDB – "faminto de cargos", na definição dos petistas – indicou o ex-deputado José Priante, sobrinho do deputado Jader Barbalho (PMDB-PA), para substituir Barros.
Bolívia
Segundo O Estado, na reunião de ontem Lula também se queixou das dificuldades para chegar a um entendimento com a Bolívia em relação ao abastecimento de gás.
O presidente disse que Evo Morales tem mudado com freqüência de posição, o que está atrapalhando as negociações entre os dois países. Lula disse que a Argentina também tem tido dificuldades com a Bolívia. (Carol Ferrare)