No momento em que a política ambiental da presidenta Dilma Rousseff sofre maior questionamento por parte dos ambientalistas, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, reformula o comando do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), órgão com o qual acumulou atritos desde sua posse.
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A edição de hoje (6) do Diário Oficial da União trouxe a exoneração de mais um diretor da autarquia, responsável pelas unidades de conservação do país. O oceonógrafo Ricardo Soavinski deixou a diretoria de Criação e Manejo de Unidades de Conservação do instituto.
É a terceira baixa anunciada no órgão nos últimos 30 dias. No mês passado, Paulo Maier foi exonerado da diretoria de Ações Socioambientais e Consolidação Territorial em Unidades de Conservação. De acordo com o Diário Oficial, as duas exonerações foram solicitadas pelos próprios diretores.
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A saída deles, no entanto, está relacionada à do presidente do Instituto Chico Mendes, Rômulo Mello. Na véspera do Carnaval, Rômulo entregou uma carta de demissão à ministra Izabella, alegando estresse e problemas de saúde. Os jornais noticiaram, na semana passada, que a ministra havia decidido, por conta própria, demiti-lo do cargo, em mais um capítulo do longo histórico de divergências com o subordinado.
A assessoria de imprensa do instituto confirma a entrega da carta, mas nega a demissão do presidente. De acordo com a assessoria, Rômulo está de férias e só terá seu futuro decidido quando retornar, no final do mês. Só, então, a exoneração de Rômulo deverá ser publicada no Diário Oficial. Nesse período, responde interinamente pela presidência do instituto a diretora de Planejamento, Administração e Logística, Silvana Canuto.
Além de Silvana, permanece no cargo o diretor de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade, Marcelo Marcelino de Oliveira. Ricardo Soavinski será substituído por Pedro de Castro da Cunha e Menezes. No lugar de Paulo Maier, exonerado em fevereiro, assume interinamente Daniel Penteado.
“171 ambiental”
Em 2010, Izabella chegou a chamar Rômulo de “171 ambiental”, ao contestar números apresentados pelo presidente do ICMBio durante as comemorações pelos dez anos do Sistema Nacional de Unidades de Conservação. A criação de unidades de conservação gera divisões dentro do governo. No ano passado, por exemplo, a presidenta Dilma assinou uma medida provisória que reduziu sete unidades na Amazônia para a construção de hidrelétricas. A MP, aprovada pelo Congresso, sofre questionamento no Supremo Tribunal Federal (STF).
A decisão de criar o Instituto Chico Mendes, como desmembramento do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), partiu da ex-ministra Marina Silva, que tem criticado duramente os rumos da política ambiental no governo Dilma Rousseff. Izabella sempre teve restrições à existência da autarquia.
O Congresso em Foco procurou a assessoria do Ministério do Meio Ambiente, mas não houve retorno até o momento.
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