A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, entregou hoje (13) seu pedido de demissão ao presidente Lula. Com a demissão, Marina deve voltar a ocupar o cargo de senadora, que atualmente é ocupado por seu suplente, Sibá Machado (PT-AC). De acordo com a assessoria, o pedido foi feito em caráter irrevogável. Desconhece-se, porém, oficialmente qual o motivo da saída de Marina.
Nos cinco anos em que esteve à frente do ministério, Marina enfrentou forte resistência de setores econômicos e de áreas do próprio governo. Por diversas vezes, sua posição em defesa do meio ambiente contrariou interesses da bancada ruralista no Congresso e do Ministério da Agricultura, evidenciando um racha entre os que defendem a redução dos entraves da legislação ambiental em favor de atividades econômicas.
Sibá falou há pouco sobre a decisão da ministra. Disse ter conversado com Marina e que ela "deixou claro que estava disposta a apresentar a carta de demissão". Para Sibá, a ministra sai depois de ter prestado "um excelente trabalho". "Essa missão ela cumpriu muito bem."
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O petista não quis entrar em detalhes sobre qual teria sido o motivo do pedido de demissão. O senador fez questão de ressaltar o "respeito" que o presidente Lula tem pela ministra, e que não houve nenhuma espécie de "isolamento" dela por parte do governo.
"É um assunto de foro íntimo da ministra, só ela pode responder isso", disse, não revelando, contudo, se Marina volta imediatamente a ocupar a vaga de senadora. Sibá acrescentou que irá, assim que ela voltar ao cargo no Senado, concluir o mestrado interrompido na Universidade Federal do Acre (UFAC). Ele descartou concorrer a algum cargo nas eleições municipais deste ano.
A petista Mariana Silva ocupava a pasta desde o primeiro dia do governo Lula, em 2003. Em 2002, ela foi reeleita ao Senado. O senador Geraldo Mesquita (PMDB-AC) afirmou ao Congresso em Foco que a demissão da ministra é uma “surpresa”. “Eu não sabia de nada que pudesse descambar nisso aí”, ressaltou.
Histórico de luta
Nascida no município de Seringal Bagaço, a 70 km de Rio Branco, Marina é reconhecida internacionalmente pela atuação em defesa dos recursos naturais da Amazônia. De origem pobre, alfabetizou-se já adolescente. Formou-se em História, em 1985, pela Universidade Federal do Acre.
Começou sua militância política nas comunidades eclesiais de base da Igreja Católica. Fundou o PT no estado ao lado do líder seringueiro Chico Mendes. É filiada ao PT desde 1985. (Rodolfo Torres, Fábio Góis e Tatiana Damasceno)