Leia também
<<Conheça a trajetória de Geddel Vieira Lima, homem forte do governo Temer preso pela Polícia Federal
Na primeira denúncia, por obstrução de Justiça, o ex-ministro é acusado agir para garantir o silêncio de um dos operadores do PMDB em esquemas de corrupção, Lúcio Funaro, que está nos últimos procedimentos da negociação de delação premiada no âmbito da Operação Lava Jato, com informações que prometem comprometer toda a cúpula do governo e o próprio Temer. Corretor de valores, Funaro está preso em Brasília desde julho de 2016. Geddel é acusado de coagi-lo a não contar o que sabe às autoridades, entre outros atos, por meio de telefonemas para a esposa do delator.
De acordo com depoimento do próprio Funaro, o objetivo das ligações telefônicas de Geddel era monitorar a sua “disposição” em falar o que sabe, por meio do acordo de delação já em fase final de formalização. Caso seja condenado pelo crime de obstrução da Justiça, previsto na Lei das Organizações Criminosas (“quem impede ou, de qualquer forma, embaraça a investigação de infração penal que envolva organização criminosa”), Geddel pode ter que cumprir pena de 3 a 8 anos de prisão.
Na negociação de colaboração com a Justiça, Funaro apresentou à Polícia Federal registros dos telefonemas feitos por Geddel e reprodução de telas de celular com ao menos 12 ligações em nome de “Carainho”, como o ex-ministro era identificado na agenda telefônica da esposa de Funaro, Raquel. Os registros telefônicos foram feitos em oito dias diferentes depois da divulgação em 17 de maio, pelo jornal O Globo, das denúncias feitas pelos irmãos Joesley e Wesley Batista, além de executivos do Grupo JBS, envolvendo Temer, o deputado suplente Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), que também chegou a ser preso no desenrolar das investigações, e o senador Aécio Neves (PSDB-MG).
<<Os áudios em que Temer avaliza compra do silêncio de Cunha e procurador infiltrado na Lava Jato
Publicidade<<Os áudios que levaram ao afastamento de Aécio; transcrição detalha pagamento de R$ 2 milhões
Geddel também é acusado no caso que culminou com o pedido de demissão, em novembro do ano passado, do então ministro da Cultura Marcelo Calero. Naquela ocasião, Calero acusou Geddel de tê-lo pressionado a produzir um parecer técnico para favorecer seus interesses pessoais e disse que decidiu a deixar a pasta justamente devido a essa pressão.
Em entrevista à Folha de S.Paulo na ocasião, Calero afirmou que foi procurado ao menos cinco vezes, por telefone e pessoalmente, pelo articulador político do presidente Michel Temer para que o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) aprovasse um projeto imobiliário nos arredores de uma área tombada em Salvador. Segundo Calero, Geddel afirmou em duas dessas conversas que era proprietário de um apartamento, em andar alto, no condomínio La Vue Ladeira da Barra. Só com essa autorização do Iphan o imóvel sairia do papel.
“Entendi que tinha contrariado de maneira muito contundente um interesse máximo de um dos homens fortes do governo”, declarou Calero, dando o tom das ameaças que diz ter sofrido à época.
<<Conheça o luxuoso prédio pivô da saída de Calero e da denúncia contra Geddel
<<Cármen Lúcia manda PGR investigar Geddel; Calero diz que Temer o pressionou