Em depoimento à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS, o ex-procurador Marcelo Miller, que atuou junto ao ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot nos casos envolvendo a Operação Lava Jato, negou que tenha sido “braço direito de Janot”. “Há um bocado de mistificação e desinformação em torno da minha relação funcional com o Dr Rodrigo Janot. Eu achei graça quando vi no jornal dizerem que eu era braço direito dele. Nunca fui”, rechaçou.
Miller foi convocado para prestar depoimento sobre o período em que trabalhou no Ministério Público Federal (MPF) e auxiliou no fechamento do acordo de delação premiada do empresário Joesley Batista, um dos donos da empresa e do grupo J&F.
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O ex-procurador, no entanto, assumiu que já estava negociando com a J&F antes de pedir exoneração do Ministério Público. “Não estou negando nada disso”, ressaltou. O contato, segundo ele, era para procurar entender qual trabalho ele realizaria na JBS, sendo necessário receber informações e responder perguntas. “De fato eu comecei a ter contato com a J&F antes da exoneração. Foi quando eu comecei a ter diálogos com eles”, ressaltou.
“Eu não cometi crimes, mas eu fiz uma lembrança. E é por isso que eu estou aqui. Eu não me atentei para as interpretações que isso poderia suscitar”. Ele também reconheceu que cometeu “um erro brutal de avaliação”.
Na gestão do ex-procurador Rodrigo Janot, Marcelo Miller foi acusado de atuar em favor da JBS durante o processo de assinatura de delação. Documentos trocados entre Miller e integrantes do escritório que o contratou comprovariam o “jogo duplo” no caso.
PublicidadeQuestionado na comissão pelo deputado Carlos Marun (PMDB-MS), relator do colegiado, sobre se saberia dizer se Eduardo Pelella, ex-chefe de gabinete de Janot, pode ter escondido informações da delação da JBS do chefe, Miller respondeu: “Eu juro pela vida dos meus filhos: eu não sei!”.
As suspeitas sobre a atuação de Miller foram questionadas após revelação de áudio gravado pelos próprios delatores, sem que eles soubessem, e entregue à PGR. Na gravação, em conversa ocorrida possivelmente no dia 17 de março deste ano, Joesley Batista e Ricard Saud falam sobre a possibilidade de Miller facilitar as negociações do acordo de colaboração.
Após deixar o cargo de procurador, Miller passou a atuar como advogado num escritório que trabalhou na negociação do acordo de leniência da JBS, espécie de delação premiada feita pela empresa. O escritório, no entanto, não chegou a concluir o acordo de leniência.
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